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sábado, 16 de outubro de 2010

Dois filmes, duas fitas, a mesma (ir)realidade

11 de Agosto de 2009  | 138.278 visualizações

14 de Outubro de 2010  | 71.268 visualizações

Beber em boas fontes, não nos intoxica

Paul Krugman, Economista e Prémio Nobel 2008
A insuficiência do plano Obama de estímulos à economia está à vista e deixou o presidente sem argumentos para responder à campanha contra a imagem falsa da administração gastadora.
Lemos em toda a parte que o presidente Barack Obama tem sido responsável por um enorme aumento do peso do Estado mas mesmo assim o desemprego continua alto, o que prova que os gastos públicos não criam emprego.
Ora convém que se saiba que tudo isto não passa de uma mentira. Não houve qualquer aumento dos gastos públicos. Aliás, tem sido essa a grande falha da política económica americana durante a administração Obama. Nunca tivemos um aumento da carga fiscal como seria necessário para criar os milhões de empregos de que precisamos.
De resto, procure lembrar-se: quais foram os grandes programas federais iniciados desde que o presidente tomou posse? A reforma do sistema de saúde em grande parte ainda não foi posta em prática, portanto não pode ser por aí. Há grandes projectos de infra-estruturas em curso? Não. Grandes benefícios para pessoas de fracos recursos? Também não. Então onde foram feitos os grandes gastos de que passamos a vida a ouvir falar? Não foram feitos.
Para sermos justos, os gastos com programas de protecção social, sobretudo com os seguros contra o desemprego e de saúde, aumentaram, isto porque, para quem não tiver reparado, também aumentou muito o número de americanos sem trabalho e a precisar de ajuda. Além disso houve gastos substanciais com o resgate de instituições financeiras em risco, embora tudo indique que o Estado vai reaver a maior parte desse dinheiro. No entanto, quando as pessoas denunciam os gastos governamentais, em geral têm em mente o reforço das burocracias e os grandes programas estatais. Ora isso é que na realidade não existiu. Há um facto em particular que talvez o surpreenda: o número total de funcionários públicos nos Estados Unidos desceu no tempo de Obama, não subiu. O pequeno aumento federal foi largamente compensado pela enorme descida nas administrações estatais e locais - sobretudo devido aos despedimentos de professores. O número total de empregados do Estado baixou mais de 350 mil desde Janeiro de 2009.
É um facto que o emprego directo não é uma medida perfeita do peso do Estado, uma vez que este também emprega de forma indirecta, quando compra bens e serviços no sector privado. E as compras de bens e serviços feitas pelo Estado têm subido. No entanto, se fizermos o cálculo com as correcções devidas à inflação, só subiram 3% nos últimos dois anos - ou seja, a um ritmo inferior ao dos dois anos anteriores e ao ritmo normal de crescimento da economia.
Em resumo, como eu disse, o tal crescimento do peso do Estado de que todos falam na realidade não aconteceu. Isto levanta duas questões. Para começar, sabemos que o Estado aprovou um pacote de estímulos no princípio de 2009. Por que razão não se traduziram esses estímulos num aumento da despesa pública? Em segundo lugar, se esse aumento na realidade não aconteceu, porque é que todos estão convencidos do contrário?
Parte da resposta à primeira pergunta é que o estímulo não era assim tão grande se tivermos em conta o tamanho da economia. Além disso, não se concentrou no aumento dos gastos do Estado. Se considerarmos o custo aproximado de 600 mil milhões de dólares do Recovery Act de 2009 e 2010, mais de 40% saiu de cortes fiscais enquanto outra grande parte representou ajudas às administrações estatais e locais. Apenas o restante envolveu gastos governamentais directos.
A ajuda federal às administrações estatais e locais não foi suficiente para compensar a descida em flecha das receitas fiscais numa situação de retracção económica. Assim, tanto os estados como as cidades, sem capacidade para assumir grandes défices, foram obrigados a reduzir os gastos de forma drástica, o que mais que compensou a modesta subida dos orçamentos federais.
A resposta à segunda pergunta - porque existe uma impressão generalizada de que os gastos do governo aumentaram quando isso não é verdade - é que a direita tem conduzido uma campanha de desinformação baseada na habitual mistura de afirmações sem base factual e de números manipulados. Esta campanha tem sido parcialmente bem-sucedida porque a administração Obama não lhe tem respondido de forma eficaz.
A verdade é que este governo tem dificuldades de comunicação em matéria económica desde que iniciou funções, altura em que lançou um programa de ajuda que muitos considerámos insuficiente dada a profundidade dos problemas da economia. Pode argumentar-se que Obama conseguiu aquilo que era possível - que um plano mais ambicioso não teria sido aprovado no Congresso (o que é discutível) e que um plano de estímulos insuficiente é melhor que nada (o que é verdade). Só que a administração nunca disse isto. Pelo contrário, sempre insistiu que assim é que estava bem, uma afirmação que, com a economia cada vez mais estagnada, se está a tornar difícil de justificar.
Um dos efeitos secundários desta postura inábil é que os seus responsáveis não conseguem encontrar argumentos eficazes contra a ideia de que aqueles gastos imensos não conseguiram resolver os problemas económicos - sobretudo não podem dizer que, devido à insuficiência do Recovery Act, os gastos nunca tiveram lugar.
Mas se eles não o dizem digo eu: se o investimento público não consegue reduzir o desemprego na era Obama, não é por a medida não ser eficaz, é porque nunca foi realmente tomada.
por Paul Krugman, Economista e Prémio Nobel 2008
Hoje não dá para falar da nossa “economia”, fruto do choque e para não entrar em pânico.
Para entendermos(?) o nosso “destino” e a força do PODERIO a nível mundial, nada melhor do que ouvir quem sabe, que não consta que seja de esquerda, que conhece da poda e pode fazer emergir as razões do nosso desassossego.
Paralelismos…
Foto

O BURACO



Cartoon do Felizardo do blogue “FELIZARDO CARTOON”
Obrigado.

Funcionário Público? A RR faculta um simulador (aqui)

O Governo anunciou cortes salariais para a Função Pública. A partir do próximo ano, quem auferir mais de 1500 euros, vai sofrer cortes que vão de 3,5% até um máximo de 10%.
Se é funcionário público e quer saber de que forma é que as novas regras vão alterar o seu vencimento, consulte o simulador que a Renascença preparou para si e clique AQUI.
Ainda não aprovado…

Assim, sim! O OE já pode ser aprovado por PPC

Os 4 embaixadores da Banca, que não pagam a crise
Os três planos de austeridade anunciados pelo governo para 2011 deverão custar cerca de 11.500.000.000 de euros, entre cortes na despesa pública e aumentos da receita, sobretudo na área dos impostos. No entanto, deste bolo, as medidas dirigidas aos mais ricos já quantificadas valem pouco mais de 1.300.000.000 de euros, cerca de 11% do esforço total pedido aos portugueses.
O Governo pretende prorrogar até 31 de Dezembro do próximo ano a possibilidade de os bancos emitirem dívida com garantia do Estado ou recapitalizarem-se com Fundos Públicos. O valor destas duas linhas subiu de 20.000.000.000 para 20.180.000.000 de euros.
Montepio só pagará 22,4% sobre a remuneração bruta dos seus trabalhadores, enquanto os restantes bancos pagam 23,61%, como ficou definido no acordo de princípio assinado na segunda-feira entre os sindicatos bancários, a banca e o Governo.
Só para não deixar em branco, nem deixar esquecer:
1 – E há quem pense que este PS é de esquerda e quem não pense que seja neoliberal;
2 – E há quem pense, que a crise é do País e que os sacrifícios são o salvar, mas recapitalizar a Banca, é empresta(da)r-lhes dinheiro dos Fundos Públicos (vale a pena chorar…);
3 – Até nos Bancos há uns que são mais abençoados que outros…
Assim, este PSD de Pedro Passos Coelho já pode aprovar este OE, que é um bom início e o resto fará ele, se lá chegar e chega (só não se sabe é o ano).

prémio nobel??...

Cartoon do Antero do blogue “anterozóide”
Obrigado.

O Pai Natal existe, o Subsídio de Natal não!

O 13º mês não existe!
Fala-se que o governo poderá vir a não pagar aos funcionários públicos o 13º mês. Se o fizessem, seria um assalto sobre outro assalto. Porquê? Porque o 13º mês não existe.
O 13º mês é uma falácia do sistema e é justamente aquela em que os trabalhadores mais acreditam.
Como ponto prévio é bom saber que na Inglaterra, bem como noutros países, o salário é pago à semana, tal como em tempos idos, na maioria dos países, inclusive o nosso. Dito isto, vamos à demonstração aritmética e modesta, que desmonta o equívoco em que caíram os assalariados:
1 - Suponhamos que ganha € 700,00 por mês. Multiplicando esse salário por 12 meses, teremos como resultado: € 700,00 x 12 = € 8.400,00. Em Dezembro, o patrão manda então pagar-lhe o 13º mês, mais conhecido como Subsídio de Natal;
2 – Contas feitas, você recebe anualmente € 9.100 = € 8.400,00  (salário anual) + € 700,00 (13º mês).
O assalariado vai para casa feliz e agradecido.
Agora veja o que acontece quando nos predispomos a fazer umas simples contas do 1º Ciclo:
3 - Se o trabalhador recebe € 700,00/mês e o mês tem 4 semanas, fazendo uma conta de dividir, chegamos ao seguinte resultado: € 700,00 (salário mensal) : 4 (semanas do mês) = € 175,00 (salário semanal)
4 – Se o ano tem 52 semanas e usarmos a operação de multiplicação: € 700,00 (salário semanal) x 52 (número de semanas anuais) = € 9.100.00.
O resultado acima (Salário anual pago semanalmente) é igual ao valor do Salário anual + o 13º mês.
Então, de onde vem o 13º Mês? A explicação é simples, embora ninguém nos tenha dado conta desse facto simples, nem nós, até agora.
A resposta é que o patrão lhe retém uma parte do salário durante todo o ano, pela simples razão de que há meses com 30 dias, outros com 31 e também meses com 4 ou 5 semanas (ainda assim, nos meses de 5 semanas o patrão só paga 4 semanas) o salário é o mesmo, tenha o mês 30 ou 31 dias, 4 ou 5 semanas. No fim do ano o patrão “presenteia” o assalariado com um “13º mês” (Subsídio de Natal), correspondente ao dinheiro que não entrou no tempo certo no bolso do trabalhador.
5 - Se algum governo retirar o 13º mês (Subsídio de Natal) aos Funcionários Públicos, ou permitir que as entidades patronais façam o mesmo no sector Privado, é usurpação duplicada.
Conclusão: O Subsídio de Natal, não é um subsídio, mas sim o retorno do salário referente ao trabalho realizado e retido durante o ano.
Bom seria, que o “13º mês” fosse dividido por 12 (meses) e o 1/12 fosse acrescentado ao salário mensal e seria a melhor forma de acabar com a “regalia” e as ameaças.
Recebido por mail e revisto

As TVs e os sabonetes que lavam a crise

Manuel Alegre defendeu hoje que os canais de televisão devem ouvir diferentes economistas sobre a crise e não convidar "apenas ex-ministros das Finanças que acabam por cortar a esperança e o direito ao sonho”.
Num debate com estudantes e professores da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, subordinado ao tema “Inovação e emprego - Que futuro para as novas gerações?”, insurgiu-se contra o alegado privilégio que os canais de televisão concedem aos “campeões do corte”, especialistas que insistem “em cortar mais, cortar mais…”. “Acabam por cortar nas prestações e nos salários, como acabam por cortar a esperança e o direito ao sonho”, reiterou. Em tempo de crise, “isso faz mal à saúde da República e faz mal à saúde das pessoas”, referiu. “Eles já foram ministros das Finanças e não impediram que Portugal chegasse onde chegou”, acusou.
Segundo Alegre, as televisões portuguesas devem ouvir também a opinião de “grandes economistas que ensinam nas universidades” e “gostaria muito que dessem voz a outros economistas, como José Reis, José Maria Castro Caldas, João Rodrigues, João Augusto Ferreira do Amaral e Miguel Santos”, entre outros.
“Quem vai à televisão são ex-ministros da Finanças que quando lá estiveram (no Governo) conduziram o país às mesmas situações”, acentuou. Esses economistas “não foram capazes de prever as crises e utilizam as mesmas receitas e os mesmos remédios” para a crise, criticou.
Sobre o futuro das “novas gerações” no actual quadro político-económico do país, Alegre exortou os jovens a protagonizarem uma “revolta pacífica” contra a precariedade no emprego: “Não se pode aceitar a inevitabilidade da precariedade” e “a nova geração não deve aceitar a precariedade como uma fatalidade” pelo contrário, afirmou, os jovens “devem organizar-se e dar um sentido colectivo à sua intervenção cívica e contribuir para mudar o país”.
Pensado e dito, já eu o tenho feito, aqui e em outros fóruns, mas ninguém me liga.
Por isso é bom que alguém que se faz ouvir, denuncie estas evidências, embora não tenha referido que esses ex-ministros, ainda trabalham no sistema e são a estrutura do mesmo, ao serviço da Banca, de Administrações Públicas, Privadas e Público/Privadas (sem falar no envolvimento político-partidário).
Só faltou falar nos Banqueiros, a quem têm dado o mesmo papel, pelo mesmo preço.
Nunca se viu nas TVs, tanto Economista e Banqueiro por metro quadrado e todos a repetir a “cassete” em defesa dos seus interesses, que são os interesses da Nação, obviamente…

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Um tema/problema transversal a todos os CIDADÃOS

Todos os sinais indicam que o planeta continua dirigir-se para o desastre climático.
A Administração Nacional Oceanográfica e Atmosférica dos Estados Unidos já publicou o "Relatório sobre o Estado do Clima" que analisa os meses entre Janeiro e Maio. Os primeiros cinco meses deste ano foram os mais quentes desde que os registos começaram em 1880. Maio foi o mês mais quente de sempre. Intensas ondas de calor estão, actualmente, a atingir muitas partes do planeta. E ainda assim não tomamos medidas eficazes.
Há várias razões para isto. E devemos entendê-las para sair do impasse em que nos encontramos. Em primeiro lugar, o desafio económico de controlar as alterações climáticas provocadas pelo homem é verdadeiramente complexo. As alterações climáticas provocadas pelo homem resultam de duas fontes principais de emissões de gases com efeito de estufa (principalmente, dióxido de carbono, metano e óxido nitroso): a utilização de combustíveis fósseis para gerar energia e a agricultura (incluindo a desflorestação para criar novos terrenos agrícolas e de pastoreio).
Alterar os sistemas energéticos e agrícolas do mundo não é uma tarefa pequena. Não basta agitar os braços e declarar que as alterações climáticas são uma emergência. Precisamos de uma estratégia prática para reestruturar dois sectores económicos que são centrais na economia global e que envolvem toda a população mundial.
O segundo maior desafio para resolver as alterações climáticas é a complexidade da própria ciência. O entendimento que temos actualmente do clima da Terra e da componente das alterações climáticas provocada pelo homem é o resultado de um trabalho científico extremamente difícil, que envolve milhares de cientistas de todas as partes do mundo. Este entendimento científico está incompleto e continuam a existir muitas incertezas sobre os perigos, a magnitude e os "timings" das alterações climáticas.
Naturalmente, a opinião pública tem dificuldade em entender esta complexidade e incerteza, especialmente porque as alterações no clima ocorrem ao longo de décadas e séculos, e não meses e anos. Além disso, de ano para ano e mesmo de década para década, as variações naturais do clima misturam-se com as alterações climáticas provocadas pelo homem, tornando ainda mais difícil determinar o dano gerado pelo homem.
Isto provocou um terceiro problema na resolução das alterações climáticas, que tem origem na combinação das implicações económicas e na incerteza que existe em torno do problema: a brutal e destrutiva campanha contra a ciência climática por parte de interesses poderosos, que aparentemente pretendem criar uma atmosfera de ignorância e confusão.
O "The Wall Street Journal", por exemplo, o mais importante jornal de negócios dos Estados Unidos, realizou durante décadas uma agressiva campanha contra a ciência climática. Os indivíduos envolvidos nesta campanha são, não só mal informados em termos científicos, como nunca mostraram nenhum interesse em melhorar os seus conhecimentos. Recusaram diversos convites de cientistas do ambiente para realizar encontros e discussões sérias sobre o tema.
As grandes companhias petrolíferas e outros grandes interesses corporativos também fazem parte deste jogo e vêm financiando campanhas de descrédito da ciência que estuda as alterações climáticas. A sua abordagem passa por exagerar as incertezas da ciência do clima e deixar a impressão que os cientistas estão envolvidos numa conspiração para assustar a opinião pública. É uma acusação absurda. Mas acusações absurdas podem ter o apoio da opinião pública se forem apresentadas num formato inteligente e bem financiado.
Se reunirmos estes três factores - o enorme desafio económico de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, a complexidade da ciência climática e as campanhas deliberadas para confundir o público e descredibilizar a ciência - chegamos ao quarto problema que abarca tudo o resto: a falta de vontade ou incapacidade dos políticos norte-americanos para formular uma política sensata sobre as alterações climáticas.
Os Estados Unidos têm uma responsabilidade desproporcionada por inacção na questão das alterações climáticas, já que foi durante muito tempo o maior emissor de gases com efeito de estufa - no ano passado foi superado pela China. Actualmente, as emissões norte-americanas per capita são quatro vezes superiores às da China. Ainda assim, apesar do papel central dos Estados Unidos nas emissões globais, o Senado norte-americano não fez nada para combater as alterações climáticas desde que ratificou, há 16 anos, o Tratado das Nações Unidas sobre as alterações climáticas.
Quando Barack Obama foi eleito presidente houve esperança no progresso. E se é verdade que Obama gostaria de fazer mais e chegar mais longe nesta questão, também é verdade que, até agora, tem seguido uma estratégia falhada de negociações com Senadores e indústrias para tentar alcançar um acordo. Até agora, os grupos de interesse dominaram o processo e Obama não conseguiu dar passos na direcção necessária.
A administração Obama devia ter tentado - e devia continuar a tentar - uma opção alternativa. Em vez de negociar com estes interesses nas salas da Casa Branca e do Congresso, Obama devia apresentar um plano coerente ao povo americano. Devia apresentar uma estratégia sólida para os próximos 20 anos para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, realizar a conversão para carros eléctricos e expandir as fontes de energia renovável, como a energia eólica e solar. Obama devia, depois, apresentar um custo estimado para a implementação destas alterações e demonstrar que os custos seriam modestos quando comparados com os enormes benefícios.
Estranhamente, apesar de ser o candidato da mudança, Obama não optou por apresentar planos de acção reais para a mudança. A sua Administração está cada vez mais enredada no domínio paralisante dos grupos de pressão. É difícil saber se esta situação é intencional, para que Obama e o seu partido continuem a mobilizar grandes contribuições de campanha, ou é o resultado de más decisões políticas. É possível que seja um pouco das duas coisas.
O que é claro, é que desta forma nos estamos a aproximar do desastre. A natureza não se preocupa com as nossas maquinações políticas. E a natureza está a dizer-nos que o nosso actual modelo económico é perigoso e suicida. A não ser que, nos próximos anos, se encontre uma verdadeira liderança global, vamos aprender essa lição da pior forma possível.
Jeffrey D. Sachs é professor de Economia e director do Instituto da Terra na Univerdade de Columbia. É também conselheiro especial do secretário-geral das Nações Unidas para os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
Quem lê e ouve especialistas desta matéria, fica com a noção exacta de que há divergências / contradições, entre os cientistas e os “outros”, deixando-nos com a pulga atrás da orelha, porque os primeiros é que devem ter razão.
Por outro lado, verificamos que para além do negócio das empresas e países poluidores, a área do AMBIENTE, hoje em dia é das mais emergentes, economicamente falando e quase toda a gente vai atrás. Mesmo sabendo que sou heterodoxo na aceitação dos novos comportamentos verdes, faz-me impressão pagarmos para a recolha do lixo, transportarmos o lixo para os contentores (antes passavam pelas nossas casas e não havia prejuízo) e separarmos o mesmo lixo (que antes era separado por pessoas, criando emprego) para benefício de quem? Faz-me lembrar o negócio das bombas de gasolina, em que antes havia quem nos fornecesse o combustível, serviço incluído no preço. Agora, somos empregados dessas bombas e não nos fazem descontos, com base nos dos salários que deixaram de pagar, a quem, ainda por cima, nos chamava de Sr. Engenheiro.
Para não dizerem que sou eu a falar, passo a palavra a Jeffrey Sachs, que denuncia “a brutal e destrutiva campanha contra a ciência climática por parte das grandes companhias petrolíferas e outros grandes interesses corporativos, que aparentemente pretendem criar uma atmosfera de ignorância e confusão”, mas “acusações absurdas podem ter o apoio da opinião pública se forem apresentadas num formato inteligente e bem financiado” e Obama devia apresentar um plano coerente ao povo americano e acrescento eu, aos cidadãos de todo o Mundo.
Falta informar, que os chamados países emergentes, também são emergentes na deterioração do clima, na proporção directa do aumento da riqueza desses países e não só no clima…
A propósito, onde anda o AL Gore? Depois do Prémio Nobel da Paz, por defender o Ambiente, tinha a obrigação de recomeçar e com mais empenho, a campanha que mundializou.

Uns assuntos para o Venerável Kuing Yamang analisar

O Partido Comunista da China está reunido em Pequim a partir desta sexta-feira para traçar os planos económicos do país para os próximos cinco anos. A agenda é secreta, mas especialistas afirmam que, ao contrário de procurar um ritmo mais rápido para o crescimento, os líderes chineses devem dar prioridade à diminuição da discrepância entre ricos e pobres e entre os moradores do interior e do litoral da China.
As linhas gerais da estratégia da liderança chinesa são conhecidas. As autoridades têm deixado transparecer sua intenção de fazer com que o crescimento do país fique menos dependente das exportações e mais centrado no consumo interno. Após anos de crescimento acelerado, o governo chinês estaria a dar mais atenção à distribuição dos frutos dessa expansão.
O encontro anual, que definirá as linhas do regime até 2015, acontece no meio do questionamento da comunidade internacional sobre o desrespeito dos Direitos Humanos na China, depois de o dissidente Liu Xiaobo ter sido laureado com o Prémio Nobel da Paz de 2010. A decisão irritou o governo chinês e originou retaliações diplomáticas e económicas contra a Noruega.
No início desta semana, um grupo de 23 ex-dirigentes do PC chinês divulgou uma carta aberta exigindo a abertura política do regime chinês. Muitas das críticas dirigidas à liderança retomam formulações e reivindicações expressas na Carta 08, documento assinado por mais de 300 personalidades chinesas, incluindo Liu Xiaobo, que é um dos seus autores. A carta reivindica a democratização da China.
No início do mês, a China censurou a reprodução de declarações sobre a necessidade de abertura política feitas à rede de TV CNN pelo primeiro-ministro Wen Jiabao, que garantiu que até 2012, data da transferência de liderança no PCC, faria "tudo o que pudesse para desencadear reformas políticas". Esta declaração - assim como outra anterior, em que reconhecia ser necessário "melhorar o sistema de eleição democrático, de forma que o poder estatal esteja de fato nas mãos do povo e sirva os interesses dele" - não foi retransmitida na China.
Leiam os dois links para melhor entenderem a profundidade da análise que o Venerável fez à vida dos europeus e perceberem porque o Professor se esqueceu de incluir os Direitos dos Trabalhadores.

Isto é que se chama “falar barato”!

Um relatório da ONU divulgado em 14 de Outubro indica que os telemóveis podem ajudar a melhorar as condições de vida dos mais pobres em países em desenvolvimento. Segundo o documento, os governos devem criar políticas responsáveis para assegurar que os benefícios da tecnologia atinjam o maior número de pessoas de forma eficaz.
O número de assinaturas de telemóvel no mundo atingiu a marca de 5 mil milhões este ano – quase um aparelho por pessoa, disse o Secretário-geral da Conferência. A penetração do mercado em países desenvolvidos já é de mais de 100%, uma vez que muitas pessoas têm mais de um aparelho ou assinatura.
Nos países em desenvolvimento, a taxa de assinaturas é de 58% e cresce aceleradamente. Entre os países mais pobres e menos desenvolvidos, a taxa cresceu de 2% para 25% em apenas alguns anos.
Benefícios
A Conferência de Comércio e Desenvolvimento das Nações Unidas afirma que os benefícios económicos do telemóvel vão além do acesso à informação. Os aparelhos móveis também geraram riqueza por meio de microempresas, que oferecem emprego para pessoas mais pobres e com pouca educação.
A chave para o sucesso no uso de telemóveis é o preço barato, segundo o relatório, uma lição que muitos países africanos já aprenderam.
Pode ser que o Relatório diga mais que a notícia, já que esta não apresenta argumentos, nem factos, nem dados, para reforçar ou justificar o desenvolvimento da Tese. Pode-se dizer, que tal como é apresentada, não passa de mera publicidade, enganosa até e diria mais, é desastrosa.
Qual é a relação entre o telemóvel e a eliminação da miséria? Por oferecer algum emprego? E o fabrico de papel higiénico, ou outro produto qualquer não tem o mesmo efeito? Até o armamento!
Pelo contrário, o telemóvel, hoje, cria mais pobreza do que se pode imaginar. Desde o surgimento do dito aparelho e sem lhe retirar as vantagens para quem as tem, a grande maioria das pessoas decuplicou as despesas mensais. Prova disto são os montantes astronómicos ganhos pelas operadoras, que ao contrário do que pensamos, são cerca de 3 vezes superiores aos da Banca. Como prova, vejam os seguintes números, registados às 13H06, hoje, 15 de Outubro de 2010:
Lucros da Banca (valor monetário dos lucros da Banca em Portugal até este momento): 2.126.746.796 €. Portugal em Números
Proveitos das Operadoras (proveito monetário das operadoras telefónicas em Portugal até este momento: 6.695.318.178 €.  Portugal em Números
Podemo-nos interrogar como pode o telemóvel criar riqueza, se os gastos são deste montante, embora se tenha que descontar o uso da Internet. Podemo-nos perguntar até, porque é que o Governo não taxa mais sobre as telecomunicações, se é a actividade que maiores proveitos apresenta.
Concluindo, parece repetir-se a novela da Gripe A, desta vez com efeitos secundários na saúde económica das famílias (mais pobres) e grandes lucros para quem os faz, os vende e os interliga e mais uma vez com a mesma proveniência.
É muito Relatório, com que nos ralam as ideias…

Já todos dizem a verdade. O POVO ESTÁ PREPARADO!

Se a coisa está má, de que, ou de quem se riem? 
O Orçamento de Estado para 2011 deverá provocar uma desaceleração da economia e o aumento do desemprego. É o primeiro e o principal dado que sai da reunião do ministro das Finanças com os partidos políticos.
Os banqueiros terão procurado sensibilizar Passos Coelho para as consequências de um eventual chumbo do OE, nomeadamente nos juros da dívida da República, e por ricochete na dívida dos bancos. Terão ainda falado nas dificuldades que já estão a sentir, desde há um ano, em obter fundos nos mercados internacionais, tendo em conta o corte das linhas de crédito da banca estrangeira aos bancos portugueses, que actualmente só se financiam junto do Banco Central Europeu.
Não se deixe enganar. José Sócrates e Pedro Passos Coelho não se preparam para abrir uma crise institucional por causa do orçamento. Ambos sabem que, ao ponto em que as coisas chegaram, já não há, já não pode haver, um orçamento de PS e outro, substancialmente diferente, do PSD. É bem verdade que aquele será trágico nas suas consequências sociais e económicas, mas nem por isso se pode dizer que é certo ou é errado. É o que tem que ser, é o que nos é imposto, e nenhum dos dois líderes políticos tem já poder para alterá-lo de forma significativa. Repito, portanto: não se deixe enganar. A crise, que pode bem acontecer, nada tem a ver com o orçamento. Acontecerá a pretexto do orçamento, mas está longe de ser provocada por divergências económicas ou técnicas. Em bom rigor, a questão nem sequer é política. É muito simplesmente do âmbito da politiquice.
Pedro Norton
1 – O Governo vem dizer, claramente, que a economia vai piorar e o desemprego aumentar, depois de ter dito o contrário, contrariando o óbvio.
É verdade de La Palisse que depois de descer (quanto mais melhor) só depois é que pode subir. Então para que serve o Governo?
E se a coisa está feia, estão a rir-se de quê, ou de quem?
2 – Os Banqueiros vêm dizer, claramente, que vai haver ricochete na dívida da Banca e que há um ano têm dificuldades em obter empréstimos.
Estou farto de dizer que a crise é da Banca e não do Povo e confirma-se.
Se eles estão confiantes, nós temos que estar preocupados e não só…
3 - A crise, que pode bem acontecer, nada tem a ver com o orçamento, em bom rigor, a questão nem sequer é política, é muito simplesmente do âmbito da politiquice.

engenharia financeira

Cartoon do Antero do blogue “anterozóide”

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

“Para que não digam que não falei de flores…”

Durão Barroso aproveitou as jornadas de estudo do grupo PPE no Parlamento Europeu, que decorrem na Madeira, para dizer que «é um dos melhores exemplos» que há em toda a Europa do sucesso da política de coesão económica e social.
«Aqueles que vêm agora, pela primeira vez, nem imaginam como era a Madeira antes de Portugal aderir à Comunidade Europeia. Era uma das regiões mais atrasadas e mais pobres da Europa, mas hoje já está claramente acima da média, com uma grande ajuda, também – e é preciso dizê-lo - dos Fundos Estruturais europeus», afirmou, por entre elogios ao presidente do Executivo madeirense.
«Ao longo destes anos, o Governo Regional conseguiu dar uma utilização muito eficiente aos fundos. A Madeira tem uma excelente taxa de execução e é por isso que estamos aqui, numa Região que é um bom exemplo do que pode fazer a UE em coesão económica, social e territorial em termos de solidariedade», sublinhou o presidente da Comissão Europeia, acrescentando que «sem solidariedade não há união nem vale a pena o projecto da União Europeia».
Barroso falou também do Orçamento da União Europeia, cujas linhas gerais serão apresentadas no próximo dia 19 e salientou que, «mais importante do que a quantidade, é preciso ter em conta a qualidade», ou seja, onde se justificam as despesas.
Relativamente aos mercados financeiros, prometeu regulamentação apertada e lembrou que já houve um acordo unânime dos Estados membros para aceitarem as autoridades financeiras europeias que, com base na coordenação nacional, vão fazer a supervisão dos mercados nas várias áreas a partir de Janeiro de 2011.
«Vai haver um esforço coordenado europeu que, em princípio, estará mais apto a verificar, por exemplo, certos movimentos de capitais, certas disfuncionalidades, nomeadamente, nas instituições que são transnacionais. Hoje em dia há bancos que têm acções em vários países e, como tal, é preciso saber quem é que os supervisiona. Não pode ser uma competência meramente nacional», avisou. Há outras propostas no Parlamento, que visam acabar com a falta de transparência que há em muitos mecanismos e entidades financeiras. «O princípio terá de ser o de que nenhuma entidade financeira deve continuar na clandestinidade», disse.
Já à margem, questionado sobre o Centro Internacional de Negócios e se esta supervisão apertada será extensiva a esta praça financeira, Durão Barroso considerou que a UE é a favor da transparência em todas as entidades, pelo que todas deverão sofrer o mesmo tipo de supervisão. Ainda assim, assegurou que «não há um problema específico com este caso».
1 - Um bom exemplo do que pode fazer a UE na área da coesão económica, social e territorial, em termos de solidariedade e sem solidariedade não há União, nem vale a pena o projecto Europeu;
2 – No Orçamento da União Europeia e dos respectivos Países-membros é preciso ter em conta onde se justificam as despesas e naturalmente a necessidade de cortes cegos, prejudicando os cidadãos e os seus direitos;
3 - Os mercados financeiros, terão uma regulamentação apertada, com um esforço coordenado europeu e mais apto a verificar certos movimentos de capitais, certas disfuncionalidades nas instituições que são transnacionais.
Pela importância das medidas, inverteria a ordem das mesmas, já que com as últimas, a regulamentação e a fiscalização, se dificultaria o “far west” financeiro, as fugas aos impostos em massa, a opacidade dos especuladores, a concentração do capital, a redução das desigualdades e seria devolvido o poder à Política, devolvendo-o simultaneamente ao cidadão europeu e aos de todos os países “livres”.
O pior é que as promessas são promessas e ontem, por acaso foi o dia 13 de Outubro, sem milagres… Oremos irmãos.

Uma radiografia Direita, por um cidadão de Esquerda

Dá-me um certo gozo (por um lado, porque, por outro, tenho náuseas) ver que agora quase toda a gente diz que Sócrates, como político (mesmo de um criticável PS) não presta. Logo em 2006, para não falar já da campanha, escrevi que Sócrates era um político de plástico (ou pior ainda de bakelite, que era uma espécie de plástico antigo que se partia), vendido pelo marketing político, como quem vende um sabonete, um detergente, ou um lixiviado lava tudo (desde o chão às sanitas).
Sócrates prima por não ter uma estratégia para o País (ou se a tem ela caminha a passos largos para o desastre). É verdadeiramente um produto político sem alma (ou se tendo alguma, por ínfima que seja, a vendeu ao Diabo), que nos governa agarrando-se ao poder pelo poder, distribuindo benesses pelas clientelas, que se constituem em rede, que sustentam a criatura e o seu regime.
Mas se Sócrates é isto, em termos de estratégia, para Portugal, em termos de táctica é um mestre, para não falar já na sua grande habilidade para construir factos políticos, para gerir a sua imagem nos media, para agarrar a mínima falha dos adversários e dela se aproveitar, para se sair por cima (até o mestre Louçã se deixou levar, na campanha eleitoral, com a história dos PPRs, das deduções fiscais, de que Sócrates, agora, da pior maneira, se apropriou, como se a crítica, que, nessa campanha, fizera a Louçã, não tivesse existido e, deste modo negando-se e desdizendo-se, com uma lata própria de um charlatão vendedor da mais falaciosa, aldrabona, banha da cobra).
Foi, de facto de mestre, em termos tácticos, este plano de medidas de austeridade (que produz cortes brutais, a começar, desde logo, pelos salários da classe média baixa da Função Pública) para deixar o Passos Coelho e o seu PSD, com as calças na mão.
Se eles (Passos e companhia) queriam cortes na despesa, então o mestre Sócrates, aplica cortes drásticos na despesa; e, assim, tira das mãos do seu adversário, do PSD, o “brinquedo”. Digamos, pois, que se o plano do ponto de vista da eficácia nos conduzirá a uma abismal recessão e de um ponto de vista, estratégico (desde logo para combater o flagelo do desemprego) é um desastre, do ponto de vista da pura táctica política é, sem sombra de dúvida, de mestre. Até o Medina Carreira baixou o volume da crítica à criatura Socrática!
Depois Sócrates soube, também, como um mestre escolher o tempo próprio para o anúncio, quando Cavaco já não tinha oportunidade de intervir e apenas pode fazer figura de mestre-de-cerimónias. Em suma, uma jogada de mestre que nos conduz ao abismo, mas que lhe garante a iniciativa política. Mesmo que no seu PS comece a haver estilhaços (vozes dissonantes), quem mais fica em fanicos, com abundantes contradições no seu seio, é o PSD, de Passos, que se encontra na situação de ser “preso por ter cão e por não o ter”. Faça o PSD o que fizer com a votação do Orçamento, sair-se-á sempre mal. Pedindo ou não desculpa, Passos estará, provavelmente, “lixado” (há quadros técnicos sindicais do PSD a gritar a plenos pulmões pela Greve Geral).
E com isto, com Orçamento ou sem Orçamento, Sócrates que já tinha ganho o Poder até ao Verão do próximo ano (por causa do calculismo eleitoral de Cavaco, a braços com a reeleição), ganhou um novo” élan” e a iniciativa política, por muito tempo e só a esquerda, à esquerda do PS, poderá capitalizar o descontentamento (ou o mestre Paulo Portas, um pouco menos, se continuar a usar a sua habitual demagogia).
Claro que quem com isto se “lixa” é o País, que de impasse em impasse, de desastre em desastre, caminha para o desastre final. Portugal precisava, como de pão para a boca, de um conjunto de combinadas estratégias para o seu desenvolvimento, para fazer face à crise. Produzir, produzir, devia de ser a nossa palavra de ordem, mas temo que se passe o contrário, que a crescente recessão leve a muitas mais falências e, consequentemente, a um desemprego ainda mais extenso.
Fernando Rocha – Deputado Municipal do Bloco de Esquerda nas Caldas da Rainha
Pondo de lado, porque não é preciso, qualquer manual sobre políticas de Esquerda ou de Direita, esta análise vinda de um “Bloquista”, não deixa de ser lúcida, isenta de vírus partidário e um retrato a cores da realidade a preto e branco.
Mesmo pecando por omissão, assino por baixo, claro!