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sábado, 4 de dezembro de 2010

Para os tempos de hoje, dos HOMENS de ontem

Roteiro – Sidónio Muralha
Parar. Parar não paro.
Esquecer. Esquecer não esqueço.
Se carácter custa caro
pago o preço.
Pago embora seja raro.
Mas homem não tem avesso
e o peso da pedra eu comparo
à força do arremesso.
Um rio, só se for claro.
Correr, sim, mas sem tropeço.
Mas se tropeçar não paro
- não paro nem mereço.
E que ninguém me dê amparo
nem me pergunte se padeço.
Não sou nem serei avaro
- se carácter custa caro
pago o preço.
Sidónio Muralha
Retrato, por Júlio Pomar, 1949

Desmascarar, resistir, propor e debater alternativas

Para uma Nova Economia - Petição Pública
Chegou ao fim a saga da aprovação do OGE 2011. E, agora, mais do que nunca, tem cabimento a questão: ficar-se-á pelo “business as usual”, isto é, deixar que permaneçam inalterados os fundamentos do quadro institucional da economia a que se deve a génese da crise ou, pelo contrário, será que a crise que conhecemos e se agudizará por efeito do tratamento de choque adoptado vai, finalmente, abrir caminho a que se afirmem novos rumos para o pensamento económico, de modo a que estes se imponham aos decisores políticos e aos agentes económicos?
O primeiro passo consistirá em vencer a inércia do conformismo com o pensamento neo-liberal dominante e abrir espaço a correntes teóricas com propostas diferentes que precisam de ser debatidas.
É o que o Grupo Economia e Sociedade da Comissão Nacional Justiça e Paz, juntamente com um número significativo de professores e investigadores da área da economia e das ciências sociais, procurou fazer elaborando o texto para uma tomada de posição pública.
Se quiser ler e estiver de acordo pode assinar a Petição Pública [AQUI]
Logicamente já assinei.

Sem abrigo, sem futuro, sem afecto…

Maria Manuela Dias Fernandes
RESUMO da Dissertação de Mestrado em Relações Interculturais – Universidade Aberta 2006
O fenómeno dos sem-abrigo, tal como se apresenta hoje na sociedade portuguesa, pode ser considerado muito recente. As características da população que pede nas ruas ou que nas mesmas pernoita, alteraram-se na última década. Com frequência nos cruzamos com pessoas dos dois sexos, de diferentes idades e etnias, estrangeiros que mal sabem falar português e que recorrem à mendicidade ou ao desenvolvimento de pequenas tarefas (arrumar carros ou lavar os vidros pára-brisas) para angariar uma pequena verba pecuniária.
A visibilidade deste problema social contribuiu para que se olhasse para o mesmo, de uma nova forma, procurando-se a sua compreensão no desenvolvimento socioeconómico da sociedade, na incapacidade de se gerarem mecanismos preventivos da situação de sem-abrigo. Ou seja, a responsabilidade individual, por doença ou ociosidade, normalmente atribuída a quem pedia uma esmola, foi diluída numa compreensão mais alargada do problema, dando-se ênfase a factores estruturais, como o desemprego, as baixas pensões e reformas, os baixos salários, as rupturas relacionais e simbólicas.
Pretendemos com este estudo, de carácter qualitativo e intensivo, dar voz a quem sobrevive em condições tão pouco dignas, para quem o exercício de cidadania, a assunção de direitos sociais, políticos e civis, se encontra arredado do seu quotidiano.
Procurámos que os sem-abrigo expusessem a forma como percepcionam o real, real este tradutor das suas vivências, das suas crenças, das suas aspirações. Realizámos entrevistas a indivíduos sem-abrigo que se encontravam em espaços públicos, abordámo-los directamente em jardins, praças e ruas da cidade do Porto.
……
REFLEXÕES FINAIS
Ao longo do trabalho empírico, tentámos aceder ao mundo interior de indivíduos sem-abrigo. Procurámos, através dos seus testemunhos, contribuir para um melhor conhecimento da sua realidade, das suas vivências, dos seus sentires, dos seus pensamentos e das suas crenças. Pretendemos fazer uma abordagem onde se desse ênfase ao ponto de vista dos próprios indivíduos sem-abrigo. Não procurámos uma representação estatística, nem resultados mensuráveis. Optámos pelo aprofundamento das temáticas analisadas de modo a evitar simplificações abusivas e reduções a evidências fáceis. Tivemos como primeira preocupação a obtenção do consentimento dos indivíduos entrevistados, não obstante nos questionarmos sobre até que ponto a “intrusão consentida” não interferiu com a privacidade, com a intimidade e mesmo com a identidade dos inquiridos, pela inevitabilidade de se induzirem respostas num contexto de disparidade social.
Despojados de bens materiais, maioritariamente associados a processos desqualificantes como o insucesso escolar, o abandono precoce da escola, a integração precoce e precária no mundo do trabalho, a sujeição a processos laborais desqualificados pelo (ab)uso da força manual, o desemprego de longa duração, as rupturas familiares e afectivas, a presença de hábitos alcoólicos e toxicodependentes, os inquiridos são simultaneamente tolerados e relegados pelos outros que os rodeiam. “Hoje em dia, a maior parte das vezes em que se fala de pobreza ou exclusão, tem-se em mente a situação dos sem-abrigo” (Costa, 1998: 80).
Ser-se sem-abrigo acarreta, para além de uma dimensão objectiva, o peso do estigma social de uma visibilidade incómoda. Vivenciam estes sem-abrigo um percurso descendente, (Gonçalves, 1994: 142), manifesto numa avaliação ou interiorização negativa da sua actual situação. O processo de identificação é um processo construído por interacções sociais recentes nos trajectos de vida dos indivíduos. As referências identitárias dos inquiridos manifestam-se, tal como o afirma Paula Guerra (1992), no dia-a-dia, na repetitividade dos seus actos, na ocupação que fazem do espaço, na forma como vivem o tempo. A ritualização quotidiana (Guerra, 1992), concede a possibilidade da transmissão de segurança, de protecção contra o desconhecido, de uma forma de contornar as incertezas ou mesmo a percepção da ausência de um futuro. Esta ritualização ganha tanto mais importância, por se tratar de pessoas sós, que foram perdendo ao longo da vida, principalmente desde que se encontram na situação de sem-abrigo, as suas tradicionais referências identitárias e que se vêem incapacitadas de reivindicar os seus direitos, de exercerem os seus direitos de cidadania.
A investigação científica sobre a problemática dos sem-abrigo, como já vimos, é muito recente no nosso país. Procurámos, com este trabalho, dar um pequeno contributo para o conhecimento desta população, tendo consciência que muitas temáticas ficam ainda por aprofundar, senão mesmo por serem analisadas. Neste enquadramento, consideramos que se poderão privilegiar questões de género, questões relacionadas com os papéis sociais atribuídos ao homem e à mulher. Numa sociedade em que a família ocupa um lugar de destaque e de reconhecida importância na socialização dos seus elementos, onde são definidos em primeira instância os papéis sociais em função do género, cabendo ainda à mulher o papel principal de orientação e de organização das tarefas domésticas, onde se inclui os cuidados a dependentes (crianças e idosos), poder-se-á questionar se é no seio das famílias que se encontrarão as razões subjacentes ao número inferior de mulheres na situação de sem-abrigo relativamente aos homens.
Numa outra linha de análise, consideramos que uma das questões que poderá e deverá ser analisada com maior acuidade é a relação entre o tempo de permanência na situação de sem-abrigo e as hipóteses de superação da mesma, cruzando diferentes eixos de investigação que vão desde uma avaliação macro, condições reais que a sociedade poderá e deverá proporcionar para colmatar situações de insolvência económica, passando pelo papel das instituições (reforço da situação ou autonomização dos indivíduos sem-abrigo), até ao nível micro, relacionado com condições pessoais, com atitudes e comportamentos de adaptação/acomodação à situação de sem-abrigo.
No livro de Bento e Barreto (2002) os sem-abrigo são abordados sob o prisma da ausência do amor nas suas vidas, sabendo que o mesmo só existe na e pela interacção social, nomeadamente “quando envolve o reconhecimento e o interesse pela outra pessoa na individualidade própria” (Bento e Barreto, 2002: 243). A este propósito recordamos um registo que efectuámos no nosso Diário de Campo.
Dia 8 de Outubro de 2004 – 14 H – Jardim da Trindade.
Estava sentada num banco, estava sozinha. Não pedia. Estava com a cabeça ligeiramente inclinada para o chão. No final da entrevista dei-lhe algum dinheiro.
Aceitou, pois tinha dito que ainda não tinha comido. Perguntei-lhe se queria que lhe tirasse uma fotografia. Manifestou contentamento e arranjou-se para a fotografia.
Fiquei de lha entregar. Fiquei ainda de lhe levar alguma roupa. Tinha ficado admirada com o gravador, parecia que nunca tinha visto um gravador. Deixei-a ouvir a sua voz gravada, ficou admirada, espantada, como uma criança.
Fechados no silêncio, os sem-abrigo vivem a (in)certeza de uma vida esquecida ou a esquecer, de uma vida intransponível e parada no tempo. Silêncio sentido e vivido ou silêncio atribuído? Ou ainda silêncios, múltiplos silêncios, um muro de incomunicabilidades que os fecha e os reduz a um mundo interior, a uma dor secreta feita de solidão.
Os Sem-abrigo, que quase nem os vemos, ou não os queremos ver, por serem um problema humanamente tão chocante na sociedade de hoje, mas que o futuro breve nos faz adivinhar que vão aumentar pelas causas que estão na sua génese e “a pedido de várias famílias”, merecem que pensemos neles, só por sermos seus semelhantes.
Do que procurei e que fosse sucinto, não encontrei muitas publicações sobre pessoas (50% referiam-se a animais) e por isso deixo este trabalho como sugestão, publicando apenas o Resumo e as Reflexões Finais, para abrir o apetite da leitura, ou caso não aconteça, se fique a saber alguma coisinha desta “coisa”, que incomoda.
E o reconhecimento de todos nós, aos voluntários que os vão amparando.

Evidências à vista (des)armada

No País mais desigual da Europa o salário mínimo não pode ser actualizado para uns miseráveis 500 euros. E nesse mesmo País o Parlamento chumbou a possibilidade dos accionistas da PT pagarem impostos pelos seus dividendos.
O governo recuou na intenção de actualizar o salário mínimo para 500 euros. Parece que as empresas não estão capazes de sustentar tamanha loucura. Iriam, dizem muitos, à falência. Uma má notícia: quem não consegue pagar 500 euros por mês a um trabalhador já faliu. Apenas ninguém o avisou. Porque se a nossa única salvação para conseguir crescer e exportar é dar competitividade às nossas empresas não há como o fazer com trabalhadores semi-escravos. Para isso já existe a China, que consegue pagar ainda menos. Empresas que fecham se pagarem 500 euros (que pura e simplesmente não dá para viver) a um trabalhador não têm futuro. Ponto final.
Este recuo é especialmente grave quando se sabe que somos o país mais desigual da Europa, com salários baixos demasiado baixos e salários altos demasiado altos. Segundo um estudo publicado ontem, os 20% mais ricos ganham 6,1 vezes mais do que os 20% mais pobres. Cerca de um milhão de trabalhadores (com emprego) vivem próximos do limiar de pobreza. Esta desigualdade é mais do que um problema social: é um problema económico. Como podemos nós acrescentar algum valor ao que produzimos se quem produz vive no limiar da sobrevivência?
No mesmo momento em que se recua neste compromisso de dignidade mínima, o Parlamento chumbou uma proposta do PCP que obrigaria os accionistas da PT, dentro dos limites da lei, a pagar, como devem, impostos sobre os dividendos que recebem. Ou seja, a contribuir para o esforço nacional de endireitar as contas públicas.
Conclusão: quem recebe o salário mínimo e vive próximo da miséria apesar de ter emprego tem de compreender que estamos em crise e aceitar mais este sacrifício. Quem recebe os lucros de um negócio - onde, por acaso, o Estado desempenhou um papel central - não pode ser incomodado com obrigações para com a comunidade.
Daniel Oliveira, “Antes pelo Contrário” – Expresso de 3/12/10

Foto

A Comunicação Social, em português, também nos liga

O canal público TV Brasil Internacional, da EBC, passa a ser distribuído em Portugal, pela operadora Meo-TV, do Grupo Portugal Telecom, que entra no pacote básico da operadora, não sendo necessário pagar um valor adicional para o assinar.
O canal internacional conta com a programação da TV Brasil, mas com arranjos horários adaptados a cada país. Assim, o Repórter Brasil, telejornal diário da TV Pública que vai para o ar às 21 horas no Brasil, é exibido em Lisboa às 7 da manhã. A grelha internacional tem ainda programas voltados exclusivamente para os brasileiros residentes no estrangeiro, como o "Brasileiros no Mundo", "Conexão Brasil" e "Fique Ligado", este último uma agenda de eventos culturais brasileiros no exterior.

O Canal, que começou a ser transmitido para 49 países africanos em Maio, começa a sua incursão na Europa através de Portugal, devendo chegar em breve à Espanha. No próximo dia 15, terão início as transmissões para os EUA, através da operadora Dish Network. Na América Latina, A TV Brasil continua a ser distribuída pelas operadoras que antes exibiam o canal Integración. Além disso, pode ser captada pelo satélite NSS806.
Não deixa de ser uma boa notícia para os lusófonos, aumentando a oferta de programas em português que se junta a outros media, ligando toda a comunidade, não só através da Língua, mas também das respectivas Culturas.
Bom, bom, é para os brasileiros aqui residentes. 

Ecos da blogosfera - 4 Dez.

Magnífico Título

 


Do EDUCAÇÃO S.A.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A língua portuguesa não é nossa, também é nossa!

O politólogo Adriano Moreira defendeu que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o mar são “janelas de liberdade” que Portugal precisa de cultivar num momento de crise.
Para o académico, que é também jurista e sociólogo, “a língua e a memória histórica são referências basilares da identidade de uma nação”.
“A língua transporta valores, por isso não é neutra. Também ela sofre a contaminação das culturas diferentes por onde passou no exercício da soberania colonial ou da evangelização”, disse, referindo: “a língua não é nossa, também é nossa”.
Adriano Moreira proferiu uma conferência na Faculdade de Filosofia (FacFil) da Universidade Católica, integrada no Colóquio Internacional “Cultura Portuguesa - interculturalidade e Lusofonia”.
Na ocasião, defendeu a manutenção de uma instituição como o Instituto Internacional de Língua Portuguesa, actualmente instalado em Cabo Verde, em toda a CPLP.
Adriano Moreira disse ser necessário que as instituições, como o Instituto Luís de Camões, “disponham de recursos humanos e financeiros para cuidarem do processo de fortalecimento da língua e das suas diversas funções conforme as latitudes, sendo gritante o caso de Timor”.
Na sua opinião, a pluralidade das funções da língua vai reflectir-se no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. “Espero que isto não surpreenda os economistas, que a língua tem peso no PIB”, ironizou.
A Língua (portuguesa), o Mar (de todos os PLOP) e o PIB (que os chineses já interiorizaram), uma trilogia que cada vez mais vai sendo falada e associada, à espera de eco, mas esperemos que seja em benefício dos países lusófonos.
É mais uma voz, que se há-de multiplicar até ser ouvida e posta em prática.

Só para aquecer as mãos e esquecer o friiiiiiioooooo...

Nós também não falamos americano...

Se dúvidas houvesse sobre a Dívida…

A dívida e as dúvidas - Helena Cristina Coelho
A economia mundial está a tornar-se numa espécie de jogo global de estratégia e espionagem – com a diferença de que, ao contrário de um normal jogo, tem tido pouco de diversão e muito de sustos.
Há países que espreitam as movimentações dos vizinhos à espera que cometam um passo em falso para lhes ganharem a dianteira. Há os que negoceiam alianças e acordos para conseguirem manter-se em jogo. E depois há países que estão a ser constantemente insuflados com informações e alertas perigosos, que lançam a instabilidade e o caos, como se o objectivo fosse dividir para reinar.
A Europa, não é novidade, tornou-se no centro das atenções deste jogo, sobretudo países como Portugal. E os Estados Unidos são se limitam a ser atentos observadores - estão a influenciar (e muito) o jogo. O aviso deixado esta semana pela agência internacional Standard & Poors, de que tem Portugal sob vigilância e que poderá até cortar o ‘rating', deixou os mercados ainda mais nervosos do que o habitual. E levou os investidores a exigirem ainda mais juros pela compra da dívida portuguesa.
Também esta semana, a administração Obama decidiu enviar um alto quadro do Tesouro à Europa para avaliar as implicações da crise de dívida soberana. Uma missão com pouco de secreto e que o próprio porta-voz da Casa Branca fez questão de explicar: o presidente norte-americano está a receber informações diárias sobre a situação que, admite, é fonte de preocupação para o país e para a economia mundial. O guardião e amigo de (quase) todas as nações está até disponível para apoiar um aumento da capacidade do fundo de estabilidade europeu, através do papel do FMI em futuros resgates.
No meio de tanto ruído, com informações negativas a inundarem mercados tão sensíveis ao mínimo rumor, é difícil que países como Portugal consigam manter o controlo da situação. Se alguém decide segredar que os portugueses são os próximos a pedir ajuda internacional, é fácil pensar que é o que vai acontecer a seguir. Ontem o Governo português decidiu alinhar no jogo: o secretário de Estado do Tesouro, Carlos Costa Pina, subiu ao palco dos jogos e disse aos mercados que não será fácil tombar Portugal. E que se, a União Europeia fosse mais eficaz a estancar a crise da dívida soberana, o cenário europeu talvez não fosse tão problemático.
Mas a mensagem-chave no meio do discurso é quando Costa Pina diz que Portugal não precisa de resgate, "não precisa de nenhum ‘bailout'" e que espera que os rumores sobre pressões da União Europeia para o país aceitar ajuda "acabem depressa". Refere ainda que "os desafios da Europa não estão nos países pequenos, periféricos e do sul. Os desafios estão no centro. Qualquer discussão lateral é errar o alvo". Num jogo onde a informação, nesta fase, é a moeda mais valiosa, é importante que Portugal aprenda rapidamente estas regras. Pelos vistos, começa a aprender. Resta saber se ainda vai a tempo de matar as dúvidas e recuperar o tempo (e dinheiro) perdido.
Helena Cristina Coelho, Subdirectora do jornal Económico

Salários de Administradores vs Produtividade

A DECO disse hoje que as empresas com Capitais Públicos são as mais mal governadas entre 338 nacionais e internacionais cotadas em bolsa, analisadas num estudo da DECO, que conclui haver pouca independência da Administração, falta de transparência e remunerações exageradas.
"As conclusões são decepcionantes: num máximo de 10 pontos, foi atingida uma média de 5,1, aquém dos 5,4 do ano passado", refere fonte da Proteste Poupança, numa nota hoje divulgada com o título "Empresas acusam falhas na governação".
Os países com melhor desempenho no estudo "Governo das Sociedades" são:
Reino Unido (6,1);
Suíça (6);
Alemanha (5,8) e
Holanda (5,7).
"Com um valor de 5,3, as empresas nacionais estão pela primeira vez acima da barreira dos cinco pontos", lê-se naquela nota.
No ano passado, as empresas portuguesas atingiram 4,9 pontos e, na tabela global, 10 sociedades portuguesas posicionaram-se entre as 100 melhores, quando apenas 2 conseguiram tal proeza no último estudo.
As melhores empresas
Em Portugal, a Jerónimo Martins (12º), ligada ao sector da distribuição, e a Impresa (18º), ligada aos meios de comunicação social, lideram nas melhores práticas, segundo a Proteste Poupança. Ainda entre as cinco melhores destacam-se a Sonae Industria (33º), a EDP Renováveis (35º) e a Martifer (45º).
As piores empresas
"Os maus exemplos vêm, muitas vezes, das empresas com mais peso na nossa bolsa: Galp, REN, EDP e Portugal Telecom, que acusam a influência do Estado na gestão", afirma fonte da DECO.
A pior entre as portuguesas foi a Galp Energia, em 321º lugar, seguida pelo BCP (318º), Cofina (308º), Altri (307º) e Banif (303º).
As 'golden shares'
A DECO defende a eliminação das 'golden shares' e das limitações ao direito de voto, considerando que os Conselhos de Administração devem ser compostos por uma maioria de membros independentes.
Os Auditores têm de ser mudados com regularidade e impedidos de prestar outros serviços às empresas que analisam, salienta a associação, acrescentando que, para promover a transparência, devem ser proibidas as filiais em paraísos fiscais (off-shores) e as despesas confidenciais.
"A associação de consumidores vai denunciar à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, entidade que regula o sector, os resultados do estudo e as suas exigências", conclui a Associação naquela nota.
Tanta treta, tanta treta sobre os Funcionários Públicos e a produtividade e afinal veja-se a competência a “ir ao debaixo”. Mas, era bom que a par da “produtividade” comparada dos Administradores, constassem os respectivos Salários (nacionais e estrangeiros), para se ter uma leitura mais aquilatada da justeza dos mesmos.
E depois dizem que a culpa é da baixa produtividade dos trabalhadores!  
Pessoalmente não concordo com a eliminação das 'golden shares'. Até porque essa é uma “imposição da Comissão Europeia, de que devemos sempre desconfiar e recusar, a bem da soberania.
Quanto aos Auditores poderem prestar serviços às empresas que analisam, até dá vontade de rir, para não chorar, de tanta falta de moralidade e deontologia.
Proibir filiais em off-shores e despesas confidenciais! E pode?
Como já sabíamos, é só fachada e trabalho “com rede”…

A prova dos nove do que já desconfiávamos

Renato Miguel do Carmo, investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE, ouvido pela TSF, considerou muito preocupantes as desigualdades sociais em Portugal.
Renato Miguel do Carmo é autor de um livro feito com base em estatísticas sobre a realidade portuguesa e as desigualdades sociais.
“Tendo sempre como referência a comparação europeia, percebemos que em muitos indicadores estamos numa situação bastante preocupante. Por exemplo, ao nível do rendimento somos dos países mais desiguais da Europa, o que já não era desconhecido, mas isso agrava-se quando percebemos que ao nível de escolarização estamos muito aquém da média europeia”, referiu.
A obra vai ser apresentada ao final da tarde, desta quinta-feira, no ISCTE pelo antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, e também por Diogo Freitas do Amaral.

Ecos da blogosfera - 3 Dez.

 

 


Do Democracia em Portugal?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Serviço Nacional de Saúde, um Direito Seguro(?)

Em Portugal cerca de 2.300.000 de pessoas terão até ao final do ano Seguros de Saúde, anunciou hoje a Associação do sector, destacando que os resultados do ramo doença apontam para "uma tendência de equilíbrio".
O número de pessoas em Portugal "que têm seguros de doença deverão situar-se entre os 2.200.000 e os 2.300.000 no final deste ano, o que corresponde a uma evolução natural e positiva, prevendo-se que os resultados neste ramo da actividade seguradora apontem para uma tendência de equilíbrio", disse o Presidente da Associação Portuguesa de Seguradores, num encontro que serviu para fazer um ponto de situação sobre a actividade seguradora no "Ramo Doença" em 2009, face ao ano anterior.
Não sendo contra o Sector Privado nas áreas em que penso que até deve ser obrigatória a sua actividade, concretamente fora das áreas dos Direitos Sociais e Políticos, faz-me espécie que, tendo Portugal um Serviço Nacional de Saúde (SNS), que por muito mal que se diga dele, até funciona, haja uma crescente e forte adesão aos seguros privados.
É lógico que não são as más notícias sobre o SNS que assustam as pessoas, mas são certas pessoas e sobretudo os anúncios/ameaças do sector do Governo, com grande eco na Comunicação Social, que empurram as pessoas para tais opções.
Sabemos todos que estamos muito longe da situação dos EUA, ou do Brasil, em que os Seguros de Doença são incomportáveis pelos cidadãos, porque a alternativa que o Estado oferece, é pior do que muito má. Ressalvo os EUA, em que no ano, Barak Obama, conseguiu impor um SNS, contra a vontade dos políticos mais poderosos, de direita e de esquerda, conseguindo uma vitória para o seu povo, que inacreditavelmente contestou esse direito, seguramente por manipulação, porque de racionalidade nada tinha.
Mais um bocadinho e todos os portugueses terão um Seguro de Doença (privado), por enquanto relativamente barato, mas que subirá vertiginosamente quando for “monopólio” e o Estado (neoliberal) deixará então cair mais um dos Direitos Sociais.

O Mercado Soberano é selectivo com as vítimas

Com uma das dívidas públicas mais elevadas do mundo e uma crise política que pode acabar com Silvio Berlusconi, a Itália corre o risco de virar a bola de vez na Europa, diante da ameaça de contágio com a crise financeira.
"A boa notícia é que a Itália, a terceira economia da zona do euro, não é como a Irlanda ou a Grécia. A má notícia é que a Itália é como Portugal", que "cresce tão lentamente" que o seu rendimento fiscal poderia ser insuficiente para cobrir suas necessidades de financiamento, escreveu Irwin Stelzer, economista do Hudson Institute. A "pior notícia" é que a economia italiana é maior que a da Espanha, país considerado "grande demais para quebrar", mas que a zona euro não poderia salvar, acrescentou.
Por enquanto, a Itália não sofre uma ameaça directa de um possível contágio, no entanto, o país poderia ser apanhado pela tempestade por causa da sua Dívida Pública, pois é uma das mais elevadas do mundo e representa 120% do seu PIB.
Na segunda-feira, o Tesouro italiano disponibilizou cerca de 7 mil milhões de euros em obrigações, mas a sua taxa de juros aumentou com força desde então.
É por esta e por outras, que não se entende (penso que nem os especialistas) qual é o critério do Mercado na escolha das suas vítimas, porque a dar crédito ao Relógio da Dívida Pública (no topo do blogue), Portugal não deveria ser apetitoso, porque há maiores economias em pior situação. Claro que estrategicamente, para acabar com o Euro, é mais fácil começar por abater os mais fracos, mas os mais fortes têm a obrigação de perceberem a armadilha, mas...
Os bancos de Portugal estão a comprar os bónus do Governo do país num ritmo mais rápido, uma medida que pode gerar um risco para as instituições e destaca as contradições que as autoridades europeias estão a enfrentar para tentar salvar as economias da região.
As autoridades europeias estão a fornecer financiamentos baratos para os Bancos através do BCE, e os economistas dizem que os bancos parecem estar a usar esse dinheiro para comprar bónus do Governo, tornando o sistema bancário vulnerável a riscos associados com dívidas soberanas.
De acordo com o Banco de Portugal, as instituições financeiras, incluindo os bancos, investiram este ano 17,91 mil milhões de euros nas Dívidas Públicas do país até Setembro.
A compra de dívidas do governo pode ser lucrativa, já que o BCE empresta aos bancos a uma taxa de cerca de 1% e estes títulos actualmente oferecem um juro de quase 7%.
Mas o medo dos investidores de que países europeus não sejam capazes de pagar as dívidas, vale também para o Sector Privado.
Quando Louçã denunciou esta patranha, o silêncio dos “acusados” foi denunciador. Agora são os jornalistas a exporem na comunicação social a “verdade dos factos”, ou seja, são os “nossos” Bancos, que depois de terem mamado no Estado os nossos impostos, estão a lucrar com a crise que criaram, continuando a mamar-nos.
Grande patriotismo hipócrita e grande oportunismo consentido pelo Estado (Social) “regulador”…

Ecos da blogosfera - 2 Dez.

 


Nisto até éramos um exemplo positivo, éramos…

Os números da mortalidade infantil pioraram em Portugal no ano passado, particularmente na região de Lisboa. Dados do INE apontam uma subida da mortalidade infantil (até um ano) de 6,5% no País, mas que atinge 16% na região de Lisboa, sobretudo devido ao crescimento dos partos prematuros e, por isso, dos bebés com baixo peso e maior risco.
Este é um dos indicadores que pioraram em 2009, já que só em 2005 houve mais óbitos. Apesar de em termos absolutos se terem registado apenas mais 22 mortes no País, na Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo houve mais 23, 27% do que em 2005. Mas há regiões com redução.
Maria do Céu Machado, alta comissária da Saúde e pediatra, explica que esta subida se deve sobretudo "à subida dos óbitos neonatais e isso é associado ao crescimento do número de bebés prematuros".
As causas da prematuridade, associada à maior mortalidade, têm aumentado de ano para ano. "As mulheres têm filhos cada vez mais tarde, têm mais problemas de infertilidade e são cada vez mais fumadoras. O aumento de tratamentos de fertilidade, traz aumento do número de gémeos e de prematuros, de igual forma”. Em Lisboa, "há ainda um grande número de emigrantes africanas, que contribuem muito para a natalidade. No entanto, têm mais prematuros devido a um problema na membrana amniótica", justifica.
Se a mortalidade infantil é "uma bandeira da saúde portuguesa", refere, a verdade "é que tentamos salvar prematuros cada vez mais pequenos, o que também influencia estes indicadores".
Os óbitos perinatais (fetos mortos com mais de 22 semanas e óbitos até sete dias) subiram 22% na região de Lisboa, com um acréscimo de 43 casos em relação a 2008. No País, essa subida foi de 13,4%.
Números, números, números, para não explicar concretamente por que estamos a deixar o proveito de sermos um país em que a mortalidade infantil era das menores, depois de termos recuperado de outros números muito negativos que pareciam uma fatalidade e vencemos em pouco tempo.
Não haverá mais motivos, que tenham a ver com a Saúde em geral, ainda por causa da crise?
A "Redução da Mortalidade Infantil" é o 4º Objectivo do Milénio e "Melhorar a Saúde das Gestantes" o 5º!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Património construído, também fala a nossa língua

Interior da Sé Catedral, arquitectura colonial Portuguesa, Velha Goa 
O 12.º Encontro do Conselho Internacional de Arquitectos de Língua Portuguesa (CIALP), que vai realizar-se em Macau no próximo fim-de-semana, vai discutir a inclusão de Goa como membro efectivo da organização.
O anterior encontro de Arquitectos Lusófonos foi em São Paulo, no Brasil, em 2009. Este ano, a reunião regressa a Macau, hoje Região Administrativa Especial da China, depois de ter sido realizada pela primeira vez no território em 1999, na recta final da Administração Portuguesa.
A Assembleia-geral do CIALP está agendada para sexta-feira e sábado na Casa Garden e “será discutida a inclusão de Goa como membro efectivo”, disse o Vice-Presidente da Associação dos Arquitectos de Macau – que organiza este ano o encontro -, Rui Leão.
“Esta inclusão de Goa, que até agora tem sido membro observador do CIALP, tem sido um trabalho desenvolvido pela Associação de Arquitectos de Macau”, salientou o responsável, acrescentando que “todos os locais onde exista arquitectura de matriz portuguesa têm muitos pontos de contacto ao nível da profissão”.
“O facto de Goa não ser um território lusófono desfavorece a sua inclusão numa série de iniciativas em que faz sentido participar, por ter muito património de matriz portuguesa e uma vertente cultural ainda muito ligada a Portugal”, disse Rui Leão e referiu ainda que durante a reunião do Conselho serão discutidas outras questões relacionadas com o “estabelecimento de relações entre as diferentes associações de arquitectos de língua portuguesa, através de protocolos, acordos e relações interprofissionais, bem como projectos de divulgação da arquitectura dos diferentes territórios”.
O 12.º Encontro do Conselho Internacional de Arquitectos de Língua Portuguesa congrega mais de 100.000 arquitectos representados pelas respectivas Ordens e Associações e contará com a participação de cerca de 25 arquitectos da lusofonia e uma delegação de Goa.
Se a língua algum dia deixasse de servir de instrumento de comunicação entre comunidades, o Património Construído, continuaria, sempre em silêncio, a apregoar a Cultura que lhe deu origem e a conviver, pacificamente, com a(s) Cultura(a) do(s) território(s) onde foi implantado.