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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Quem nos avisa, nosso amigo é! Mas não é a UE...

A rede Social Watch (Observatório da Cidadania) exortou os governos europeus a colocarem o combate à pobreza no centro da agenda, apresentando o Egipto como um exemplo das “revoluções sociais” que podem ocorrer se houver injustiça social.
Os acontecimentos no Egipto marcaram em Bruxelas, a apresentação do relatório de 2010 da rede internacional de organizações não-governamentais (ONG) Social Watch sobre a resposta à pobreza, exclusão social e desigualdades na Europa e além da Europa, com os responsáveis do observatório a enfatizarem que o levantamento popular se deve a desigualdades, nas quais a UE também é responsável.
“É tempo de a UE estabelecer uma abordagem consistente à protecção social, tanto dentro como fora da União Europeia”, advertiu um dos responsáveis da rede, Fintan Farrel.
Por seu lado, o director de desenvolvimento da rede Eurostep, Simon Stocker, considerou que o relatório hoje apresentado “mostra uma pobreza crescente na Europa, que não está num plano suficientemente elevado na agenda europeia”, já que a chamada estratégia “Europa 2020 dá prioridade ao crescimento económico”, relegando para segundo plano as políticas sociais.
Apontando que “a emergência de bairros de lata em cidades europeias, habitados por imigrantes sem documentos, é a prova de que a justiça social deve ser colocada no centro da agenda política da EU”, os responsáveis da Social Watch estabelecem então um paralelo com o que se passa no Egipto, sustentando que o efeito dominó pode não se limitar ao Médio Oriente.
“A insustentabilidade de governos que não promovem a coesão social para todos é a principal mensagem que se extrai daquilo que a crise no Egipto nos está a dizer, e que pode afectar igualmente Estados-membros da EU”, considera Roberto Bissio, coordenador do Observatório.
Para este responsável, “as políticas do FMI falharam nos países em desenvolvimento e estão a vir agora para a Europa”, podendo causar os mesmos efeitos.
O documento enfatiza a pobreza e a exclusão social como “uma realidade para um grande número de europeus”, já que cerca de 17% da população da UE, cerca de 85.000.000 de pessoas vivem abaixo do limitar da pobreza, e “1 em cada 5 crianças nasce e cresce com privações económicas e sociais”.
Estes Relatórios, regra geral, não nos trazem grandes novidades, nem dizem o contrário do que pensamos e já dissemos, mas tem o mérito de ser dito por quem está no terreno, sem interesses(?) e com vontade de resolver, ou minorar os problemas da população que não tem direito, ou vontade, ou coragem de erguer a voz.
Quando dizem que o Egipto pode ser um exemplo das “revoluções sociais” que podem ocorrer se houver injustiça social, desigualdades, pobreza e exclusão social, situações que estão a crescer fora da Europa, com responsabilidades desta, mas que começa a alastrar no próprio território, com 85.000.000 de europeus a viver já abaixo do limiar da pobreza.
Entretanto, as notícias sobre o Egito são em catadupa, os governos aconselham o que não praticam e apostam forte na incerteza de uma solução que lhes convenha (aos governos ocidentais) e que a realidade nos obriga a colocar reservas e muitas…
E ao chamar a atenção para a agenda europeia, que dá prioridade ao crescimento económico, esquecendo as políticas sociais, vem também reforçar a evidência constatada de que as políticas do FMI falharam nos países em desenvolvimento, que estão a vir (impor) agora para a Europa, seguramente com os mesmos efeitos…
E como quem nos avisa, nosso amigo é… Mas não é a UE que nos avisa…

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