(per)Seguidores

sábado, 11 de junho de 2011

Serve para pessoas, grupos e governos…

Geralmente o cínico é avesso à sensibilidade alheia. É bastante indiferente ao outro. Parece que o mundo à sua volta não lhe agrada tanto quanto deveria. Tudo parece girar em torno do seu eixo e das suas verdades. O cínico é mesmo louco pelas suas ideias, vez por outra solta uns lampejos firmes de refinada inteligência e perspicaz visão da realidade, destruindo opiniões óbvias e correntes do seu tempo. Na maioria das vezes, é dissimulado, ríspido com os afetos e constantemente contrário a quase tudo. Nada ou quase nada lhe satisfaz, aliás, a satisfação não faz parte do seu vocabulário irónico, a não ser que esteja em jogo a natureza, pura e simplesmente. A saciedade não é coisa para espíritos fortes e intragáveis como os do cínico.
“Diógenes no seu barril, rodeado de cães” - Jean-Léon Gérôme
A pessoa cínica parece sofrer de síndrome da super sinceridade. É um super sincero potencial. A verdade, custe o que custar, é para o cínico como o seu pão de cada dia. Ele gosta, tem o maior prazer em falar a verdade na hora mais indelicada, no momento mais inconveniente. O cínico é despojado de bons costumes, de luxo, de uma vida opulenta e assim por diante. Um exemplo disso é a famosa vida desprendida do cínico Diógenes que, entre outras curiosidades que cerceiam a sua história, morava num tonel e gostava de fazer as suas necessidades sexuais nas ruas e praças, também fazia suas refeições ao ar livre sem escrúpulo algum. Vivia como um cão: “Perguntaram-lhe que espécie de cão ele era; a sua resposta foi: 'Quando estou com fome, um maltês; quando estou farto, um molosso – duas raças muito elogiadas, mas as pessoas, por temerem a fadiga, não se aventuram a sair com eles para a caça. Da mesma forma não podeis conviver comigo; porque receais sofrer'. A alguém que lhe disse: 'Muita gente se ri de ti', a sua resposta foi: 'Mas eu não rio de mim mesmo” (LAÊRTIOS, Diógenes. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Brasília, UNB. 1977. p. 166). A despeito disso, “enquanto Diógenes fazia a sua primeira refeição na praça do mercado os circunstantes repetiam: 'cão', e Diógenes dizia: 'Cães sois vós, que estais à minha volta enquanto faço a minha refeição!' Certa vez, Alexandre encontrou-o e exclamou: 'Sou Alexandre, o Grande Rei'; 'E eu', disse ele, 'sou Diógenes, o cão'. Perguntaram-lhe o que havia feito para ser chamado de cão, e a resposta foi: 'Balanço a cauda alegremente para quem me dá qualquer coisa, ladro para os que recusam e mordo os patifes” (idem, p. 167).
Na verdade, Diógenes, tratado por Platão e pela tradição filosófica de ‘cão’, talvez por possuir dentes finos e língua afiada, era muito sábio para ceder aos limites das convenções sociais e políticas da sua época. A sua vida foi toda ela ligada ao jeito socrático, irónico e impassível de ser. “A alguém que lhe disse: 'És velho, repousa!' Diógenes respondeu: 'Como? Se estivesse a correr num estádio eu deveria diminuir o ritmo ao aproximar-me da chegada? Ao contrário, deveria aumentar a velocidade. Conta Hecaton, no primeiro livro das suas Sentenças, que certa vez Diógenes gritou: 'Atenção, homens!', e quando muita gente acorreu, ele brandiu o seu bastão dizendo: 'Chamei homens, e não canalhas'. Conta-se que Alexandre, o Grande, disse que se não tivesse nascido Alexandre gostaria de ter nascido Diógenes” (idem, p. 160).
Não se incomoda em incomodar. É um inconformado por natureza. Não é passional a nada, a coisa alguma, menos ainda a algum tipo de sentimento. Resiste às críticas de modo infalível, e sai ileso de cada uma delas. Dificilmente um cínico se aborrece com as palavras de alguém. É muito nobre na arte de ironizar. Afinal de contas, a ironia é o seu grande negócio ou, até mesmo, a sua arma de defesa contra os seus inimigos, isto é, os seus opositores. “Durante o dia Diógenes andava com uma lanterna acesa dizendo: 'Procuro um homem!' Certa vez, estava imóvel sob forte chuva; enquanto os circunstantes demonstravam compaixão, Platão, que estava presente, disse: 'Se quiserdes compadecer-vos dele, afastai-vos', aludindo à sua vaidade. Um dia alguém o golpeou com o punho e Diógenes disse: 'Por Heracles! Esqueci-me de que se deve caminhar protegido por um capacete!' Alexandre, o Grande, chegou, pôs-se à sua frente e falou: 'Pede-me o que quiseres!' Diógenes respondeu: 'Deixa-me o meu sol'” (idem, p. 162).
Apto em atingir os seus oponentes com palavras afiadíssimas, o cínico é semelhante à pedra ou ao ferro, forte e cortante, devido à extraordinária resistência aos conflitos de ideias. Mostra-se hábil na arte de falar e de persuadir as pessoas. O cínico é uma verdadeira máquina de pensar e de guerrear com palavras. Os argumentos de um cínico são incrivelmente convincentes, aguçados e lógicos. Frio e pusilânime, por inúmeras peculiaridades, o cínico é encantador na forma de debater variados assuntos sobre a vida e de celebrar maravilhosamente a liberdade de expressão: “A alguém que lhe perguntou qual era a coisa mais bela entre os homens, esse filósofo respondeu: A LIBERDADE DA PALAVRA” (idem, p. 169).
Após a morte de um dos mais famosos cínicos da Grécia Antiga, ao lado de Antístenes, que difundiu tal escola, Diógenes legou supostamente uma imagem boa, de um homem abnegado das coisas materiais e supérfluas, que difundiu a ideia da felicidade pelos esforços requeridos à natureza, conforme à natureza simplesmente. Dele falaram: “Já não existe, ele, que foi cidadão de Sinope, famoso pelo seu bastão, pelo manto dobrado e por viver ao ar livre; foi para o céu, apertando os lábios contra os dentes e prendendo a respiração, tendo sido realmente um verdadeiro Diógenes de Zeus, cão do céu” (idem, p. 171).
Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva

Afinal, onde fica o paraíso?

“Porta do Paraíso”, de Lorenzo Ghiberti
Batistério de San Giovanni, Florença
As consequências da crise capitalista continuam a fazer-se sentir com contundência nos Estados Unidos. De acordo com os dados divulgados pelo Departamento do Trabalho, cerca de 14.000.000 de norte-americanos encontravam-se desempregados no final da semana passada, número que eleva para 9,1% o total de trabalhadores naquela situação no país.
A pressionar o segundo maior índice de desemprego registado no ano de 2011 está a fraca criação de postos de trabalho por parte do setor privado, apenas cerca de 54.000 durante o mês de maio, dizem as estatísticas oficiais.
A situação não deve melhorar durante o corrente ano, já que grandes empresas, como a Boeing, por exemplo, continuam a anunciar despedimentos coletivos. Só a construtora de aeronaves prevê rescindir o vínculo com mais de 500 trabalhadores, apresentando como justificação o fim do trabalho para o programa espacial.
No setor público, por outro lado, já foram despedidos, desde 2008, aproximadamente 446.000 funcionários públicos, sobretudo na Educação, total ao qual acrescem outros 28.000 trabalhadores estatais e municipais despedidos durante o mês de maio.
Fome em Nova York
Para além do desemprego, a pobreza extrema é outro dos flagelos mais sentidos pelo povo norte-americano no quadro da crise sistémica. Só em Nova York existem 1.400.000 famintos, revela a Coligação Contra a Fome daquela cidade. Segundo a organização, entre estas, cerca de 40% são crianças.
A corroborar os dados da ONG, o gabinete de estatísticas local alertou que o índice de pobreza entre os nova-iorquinos cresceu 14,2% em 2008 e 15,8% em 2009, números que já não se registavam desde 1992.
Apesar de já ter abordado aqui este assunto, há cinco meses (The “American way of life” or the “American dream”?), parece que o silêncio dos nossos media não reduziu o problema e coloca os americanos ao mesmo nível em que nos encontramos, no que às estatísticas diz respeito, sobre desemprego e pobreza, o que não nos conforta, nem nos remedeia.
E porque a crise é sistémica, por muito que nos queiram convencer do contrário, ou a aceitar a inevitabilidade de outras praxis político-económicas, também lá, onde o setor privado é rei, não há criação de postos de trabalho e como é lógico e decorrente, a situação não deve melhorar durante o corrente ano, nem nos próximos, a não ser com a ajuda das atividades bélicas, que a “Primavera árabe” lhes veio oferecer.
Por outro lado, como cá, o setor público recorre ao mesmo expediente, de despedir funcionários públicos, e pasme-se, sobretudo na Educação, que como cinicamente se diz, é a base do progresso e da saída da crise a médio prazo. Claro que para os EUA isso não será grande problema porque, como os grandes clubes de futebol, comprarão uns craques estrangeiros (com muitos portugueses incluídos), em quem os países de origem gastaram na formação e manterão, até ao limite, a decadência do sistema educativo americano, que tanto se endeusa…
A consequência, ou a evidência como agora se diz, de todos os desvarios financeiros, que continuam em grande e (voluntariamente) sem regulamentação mundial é o aumento da pobreza extrema, que também como cá, flagela cerca de 40% de crianças.
E é este o paraíso prometido…

Ecos da blogosfera – 11 Jun.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Ainda o dia da Criança, de Portugal e da Sociedade…

Milhares de exames genéticos, alguns dos quais preventivos de doenças graves e até fatais, como o teste do pezinho, estão por fazer num laboratório do Instituto Ricardo Jorge, devido à falta de um reagente, denunciou a Associação Portuguesa de Fenilcetonúria e outras doenças Metabólicas (Apofen), que revelou que o diagnóstico precoce em Portugal está parado desde quinta-feira passada.
Classificando a situação de muito grave, o presidente da Apofen, Rui Barros Silva, lembrou que o diagnóstico precoce – que faz por exemplo o rastreio pré-natal e o teste do pezinho – rastreia cerca de 27 doenças hereditárias do metabolismo, entre as quais a Leucinose ou a Doença do Ciclo da Ureia que podem conduzir à morte. “Pode estar em causa a vida de cidadãos, caso existam nas ‘fichas’ por analisar algum portador destas doenças raras e crónicas, em que a acção médica específica deve ser implementada até ao 7º dia de vida”, afirmou.
Um dos mais conhecidos testes é o do pezinho, que deve ser feito até ao 4º ou 5º dia de vida, pois o tratamento, quando necessário deve iniciar-se nos primeiros 10 dias e só em relação a este teste, entram no laboratório diariamente entre 400 e 500 amostras para análise.
A responsabilidade do Instituto Ricardo Jorge (INSA). “O programa de diagnóstico precoce tem mais de 30 anos e sempre teve autonomia. Dependia do Ministério da Saúde quando estava sedeado no Instituto de Genética Médica Jacinto de Magalhães, mas há anos atrás foi integrado no INSA e desde então começou a haver burocracia e problemas que não existiam, nomeadamente pagamentos em atraso”, afirmou Rui Vaz Osório, fundador do diagnóstico precoce em Portugal, que contou que desde a “anexação” já houve outras paragens, mas nunca durante tanto tempo.
O presidente da Apofen lembra que o diagnóstico precoce em Portugal tem a “inigualável percentagem de cobertura de cerca de 99% dos nascidos em Portugal”.
As doenças rastreadas são do foro metabólico e implicam uma dieta restritíssima que deve ser aplicada logo nos primeiros dias de vida do bebé, explicou Rui Barros Silva, dando como exemplo a “benéfica amamentação que em determinados casos pode matar o bebé, ou provocar lesões no sistema nervoso central, conduzindo a deficiência mental profunda”.
Rui Vaz Osório sublinhou ainda que, com esta semana de paragem, serão precisos meses para conseguir recuperar o atraso, já que estão em causa muitos milhares de análises.
Fonte do Instituto Ricardo Jorge confirmou este atraso, justificando-o com uma “ruptura no stock”, mas adiantou que o fornecedor vai disponibilizar ainda hoje os reagentes, que vêm da Alemanha para Lisboa.
Comentando esta justificação, Rui Vaz Osório lembrou que em 30 anos o fornecedor nunca falhou, desde que o pedido seja feito atempadamente.
Dada a seriedade do tema, da situação criada e das eventuais consequências, não comento, mas fico a pensar que o que está a progredir é a pobreza de Valores e o caos nas prioridades…

Qualificação científica e/ou qualificação pedagógica?

O bastonário da Ordem dos Psicólogos vai enviar cartas a todos os partidos políticos a exigir a urgente publicação de uma portaria que permita aos psicólogos lecionarem psicologia no secundário.
Os psicólogos consideram estranho que um licenciado em Psicologia não possa lecionar Psicologia, sendo a disciplina lecionada por professores licenciados essencialmente em Filosofia.
O caso já foi exposto ao Ministério da Educação, mas a publicação da portaria que regularizaria a situação tarda em ser publicada. “É até ridículo que quem nunca tenha tido uma cadeira de Psicologia possa lecionar e os psicólogos não”, explicou o bastonário dos Psicólogos, Telmo Mourinho Baptista.
Antigamente os psicólogos podiam exercer, esporadicamente, através de habilitação suficiente enquanto docentes, mas atualmente o regime legal de habilitações para a docência apresenta condicionantes inultrapassáveis para lecionar a Psicologia no Ensino Secundário.
Para o bastonário da Ordem dos Psicólogos, esta situação é tanto mais caricata quanto a Psicologia, sendo uma disciplina opcional no secundário, continua a ser uma das disciplinas mais escolhidas pelos alunos.
“O quadro legal que estabelece as habilitações para a docência parte de uma lógica que combina uma qualificação pedagógica e uma qualificação científica. Será particularmente premente considerar que os profissionais que atualmente exercem o ensino da Psicologia no secundário são desprovidos de qualificação científica para o mesmo exercício, sendo que a maioria dos cursos que frequentaram não tinham uma única disciplina de Psicologia”, explica a Ordem dos Psicólogos no memorando que já apresentou ao Ministério da Educação.
Realmente, há qualquer coisa que não bate certo, mas também não é a única, e no ME, desde que entrou uma certa bactéria, nunca mais funcionou a lógica (que é da filosofia) e vamos ver se ainda há remédio…
Para quem está de fora, é simples perceber que se para uns (os Psicólogos) é preciso ter formação científica, mais a formação pedagógica, tal exigência tem que abranger todos os docentes de Psicologia, e quem não tem a formação científica específica não pode, nem deve desempenhar funções para as quais não tem competências…
Mas já não sucedeu o mesmo, com os professores de espanhol, em que os licenciados em espanhol, foram preteridos a favor de licenciados em outras línguas, desde que tivessem uma cadeira (se bem me lembro, semestral) de espanhol?
Pode ser que as coisas mudem…
Pode ser… Não se sabe é se vai a tempo do próximo ano letivo e se será um problema prioritário, quer para o novo governo, quer para o parlamento.

TEMPO

Kraken
Da hipócrita imagem consciente
a carícia
que escorrega fácil
de ventre para ventre consentida.
Do ímpeto do boi
a arremetida do escárnio
sobre a face
onde se afogam as palavras com asas
que transportam sonhos.
Da impune força desmedida
o riso
a atravessar a lágrima.
Por tudo isto
e mais
és bem fome de vermes
pedra desnudada
limão azedo
minha terra amarga.
Soledade Martinho Costa
 poema do livro «A Palavra Nua»
Pode visitar o blogue da autora: Sarrabal

Ecos da blogosfera – 10 Jun.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

E uma RETOMA “tipo ioiô” não será a solução?

Os efeitos da "receita" das troikas
Chega de denegrir as chamadas dietas ioiô: todas valem a pena. Investigadores da Universidade de Ohio analisaram os efeitos da perda e da retoma sucessiva de peso em ratinhos e garantem que os resultados devem ser encorajadores para as pessoas que vivem na luta diária contra o peso.
“O estudo mostra que o simples acto de ganhar e perder peso não parece ser prejudicial para a esperança de vida”, diz o autor do estudo, Edward List. Apesar de considerar que a experiência deveria ser replicada em humanos, List defende que os modelos animais, e neste caso os ratinhos, fornecem resultados robustos para os efeitos da dieta na esperança de vida. Assim, os ratinhos que andaram em dietas ioiô durante quatro semanas viveram 2,04 anos, enquanto os que permaneceram obesos só viveram 1,5 anos e o grupo saudável, de controlo, viveu 2,09 anos.
Estima-se que os doentes com obesidade mórbida vivam menos 10 a 15 anos do que um adulto saudável.
Em Portugal, os últimos dados revelam que 40% da população tem excesso de peso.
Para além da época balnear estar à porta e tentar muita gente para dietas, parece que vamos ter pela frente as tais “medidas de austeridade”, o que provavelmente vai obrigar toda a gente (menos os de carteira mais obesa) a fazer as mesmas dietas, mesmo contra vontade, ou sem necessidade, por já estarem magros, ou a emagrecer…
E eis que nos chega este estudo, que “prova” que os efeitos da perda e da recuperação sucessiva do peso em ratinhos são benéficos e que os resultados deverão ser encorajadores para as pessoas, com efeitos no aumento da esperança de vida em 25%.
Se por um lado a notícia parece boa, para a Segurança Social seria um desastre, porque reduziria a tão apregoada “sustentabilidade” numa utopia, que para todos os efeitos já vai sendo… Se os doentes com obesidade mórbida vivem menos 10 a 15 anos, façam-se as contas…
Mas o novo governo (só por ser maioritário de direita) não deixará de ter em conta, nas contas, este pormenor, já que empobrecendo as famílias e aumentando a pobreza, vai muita gente emagrecer, vivendo mais tempo… Vai ser um dilema, porque em Portugal, os últimos dados revelam que 40% da população tem excesso de peso e 40% da população a viver mais 10 a 15 anos. É só fazer as contas…
Mas, se a coisa funciona com os ratos e até se poderá projetar nos humanos, não será também aplicável à receita da “retoma em curso”, pagando um ano mais e no outro menos e assim sucessivamente? Digo isto, porque os programadores troikianos também prevêem que depois da engorda que tivemos, emagrecendo agora, podemos engordar depois, o que só nos fará bem, aumentando o tempo de vida, mesmo que seja pior…
Provavelmente os “técnicos de direita” já conheciam este estudo e podiam ter-nos informado, porque com base científica os remédios e as terapias, mesmo de choque, são melhor aceites pelos pacientes…
Afinal a troika sabe mais do que nós imaginávamos e mais do que os lambe botas apregoaram…
A ver vamos, mas só depois da experiência (se esquecermos a Grécia e a Irlanda)! Se calhar a tal dieta ioiô mexe com o cérebro e prejudica a memória...

A praxis das teorias da conspiração…

O governo de maioria à direita resultante das eleições legislativas foi bem recebido pelas agências de ‘rating', que apontavam a instabilidade política como um dos factores de risco para a notação de Portugal.
"Um Governo maioritário tornará a implementação de medidas mais fácil e é por isso positivo", sublinhou Douglas Renwick, analista da Fitch Ratings, que acompanha a economia nacional.
"A Moody's atribui a Portugal a nota ‘Baa1' e o ‘rating' está sob revisão para possível baixa, que será determinada pela capacidade das instituições políticas recentemente eleitas em Portugal, continuarem o processo de consolidação orçamental e de reformas estruturais", sublinhou fonte da Moody's.
Para quem diz que não há Direitas, nem Esquerdas, tome note de que o governo de maioria À DIREITA resultante das eleições legislativas foi bem recebido pelas agências de ‘rating' (que são empresas técnicas) e fique a saber que afinal a Direita tem processos e instrumentos para impor os seus objetivos, sem ética, nem sentimentalidade. Mas...
O FMI alerta que o empréstimo da instituição a Portugal, no valor de 26 mil milhões, acarreta “riscos significativos”.
Diz o FMI num relatório, publicado no seu site, com data de 17 de Maio, que as medidas de austeridade impostas a Portugal em troca do resgate "podem não conseguir aliviar as preocupações em torno da dívida soberana, com um impacto adverso nas perspectivas de financiamento do Governo".
E o FMI, tão desejado e elogiado pelos vampiros cá do sítio, depois de nos impor um programa de austeridade, em condições de agiotas, vem alertar que, afinal podemos não conseguir aliviar as preocupações em torno da dívida soberana, lavando desde já as mãos de qualquer responsabilidade pelo tal programa, feito por eles e avisam que os ‘ratings’ podem descer…
E como devem ser bruxos, vieram logo os seus acólitos mexer nos cordelinhos…
"Este novo enfraquecimento no ambiente operacional está a ser causado pelas prováveis medidas de austeridade adicionais e reformas estruturais que Portugal terá de efectuar no curto e no médio prazos"
A agência de notação financeira norte-americana Moody's cortou, nesta terça-feira (7), o "rating" da PT em um nível, de "Baa2" para "Baa3", como resultado da pressão da concorrência e de uma possível deterioração do consumo dos consumidores no mercado doméstico e pelas prováveis medidas de austeridade adicionais e reformas estruturais que Portugal terá de efectuar no curto e no médio prazos para ultrapassar os problemas económicos e orçamentais do país.
Também a Standard & Poors baixou o "rating" de longo prazo da PT, na última sexta-feira, de "BBB" para "BBB-", com previsão negativa, deixando-a a um nível apenas de ser classificada como "lixo".
Pois!
Como do PROGRAMA DA TROIKA constam as privatizações do que dá money, nada melhor do que classificar como lixo, para comprarem ao preço do lixo, reduzindo a possibilidade de com a venda dos anéis podermos pagar os juros da “ajuda” e muito menos a dívida soberana, como alerta o FMI e ainda por cima por causa do PROGRAMA…
Já viram?
Pela primeira vez, Portugal subiu para esta posição no TOP 10 dos países de maior risco e distancia-se da Irlanda. Risco português está acima de 44%.
No quadro de um movimento geral de subida do risco de default (incumprimento da dívida soberana) extensivo aos seis países sob observação dos mercados da dívida - Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Itália e Bélgica -, Portugal acaba de ver a sua situação de crédito ainda mais agravada aos olhos dos investidores no mercado dos credit defaults swaps (seguros financeiros contra o risco de dívida), o que sucede pela primeira vez desde o início da crise da dívida soberana entre os países da zona euro.
A Grécia conserva a liderança desse TOP 10 com mais de 70% de risco de default.
Assim, a brincadeira vai longe demais! Então depois da vitória da Direita, Portugal vê a sua situação de crédito ainda mais agravada aos olhos dos investidores no mercado, coisa que acontece pela primeira vez desde o início da crise da dívida soberana entre os países da zona euro?
Estão com azar, porque aqui não temos extrema-direita (no ativo)…
Os planos da União Europeia para incluir investidores privados no segundo resgate grego são uma ameaça à credibilidade de Portugal e da Irlanda e podem elevar os custos do financiamento externo, dizem analistas citados pela Bloomberg.
O ministro das Finanças alemão propôs uma prorrogação de 7 anos dos títulos da dívida grega e exige que os credores privados participem nesta forma de reestruturação da dívida helénica.
Os juros da dívida irlandesa a dez anos subiram para os 10,72%, acima dos 9,06% de 31 de dezembro de 2010 e dos 5,5% de junho do ano passado.
Para a dívida portuguesa com a mesma maturidade, os juros elevavam-se a 9,96%.
E neste jogo, que até parece de putos, tudo aumenta nos países dos pepinos, até os juros das dívidas e não aparece uma bactéria que infete o Mercado?
Bem diz já muito boa gente (estrangeira, que dão mais credibilidade e não são de esquerda), que enquanto os “caloteiros” não se juntarem, para tratarem globalmente (como ELES fazem) do problema, isto vai de mal a pior, de dia para dia, de governo de “esquerda” para governo de direita, até à BANCA ROTA…
Ponhamo-nos a jeito…

Ecos da blogosfera – 9 Jun.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Finalmente! Vamo-nos safar dos submarinos!

Uma proposta da NATO para a reforma dos seus comandos e agências propõe a colocação em Oeiras de uma força da 6ª esquadra da Marinha americana e traz para Portugal a Escola de Sistemas de Comunicação e Informação da organização.
De acordo com esta proposta, Portugal deixa de ter um comando operacional da NATO sediado no seu território, não ficando também com um comando de componente naval, que era o objetivo inicial do Governo português.
Segundo disseram fontes aliadas, a proposta que o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, vai apresentar aos ministros da Defesa dos países-membros está a localização de uma força marítima dos EUA em Oeiras, que funciona na dependência do Comandante Supremo das Forças Aliadas (SACEUR, em inglês), almirante James Stavridis, que é em simultâneo Comandante das Forças Americanas na Europa.
Com a ignorância e uma grande repugnância por tudo que à guerra diga respeito, e por isso, dois apontamentos sobre a notícia, uma má e outra boa.
A má é, passarmos a ser “colonizados”, também pelos EUA e já nos bastava sê-o pela troika (eu sei que é chato insistir, mas é só para não esquecermos), com a vinda da 6ª Esquadra, que nem sequer nos vai aumentar o comércio, porque nem as hortícolas nos vão comprar (eles não usam a dieta mediterrânica), embora se preveja um aumento do consumo nos bares da Lisboa antiga e muita pancadaria, que faz parte da tradição…
A boa é, podermos alugar e com sorte vender, mesmo com perdas, os 2 célebres submarinos, que devem merecer a garantia (ainda estão dentro do prazo) por serem de fabrico alemão e o que é alemão é bom.
Podemos ainda beneficiar da nova paisagem, para fazermos uma nova coleção de postais ilustrados para turistas (mais americanos) comprarem…
Espanha vai pedir compensações à NATO caso se confirme a intenção da Aliança Atlântica de fechar o quartel de Retamares, em Madrid. Portugal ainda não tomou uma decisão sobre o possível encerramento da base de Oeiras.
A ministra espanhola Carme Chacón defendeu que o corte seja equilibrado e que se reconheça o peso de Espanha como 7º contribuinte da NATO.
Já o ministro português da Defesa mantém-se, para já, em silêncio sobre o possível fecho da base da NATO em Oeiras, desconhecendo-se o que Augusto Santos Silva vai dizer na reunião dos ministros da Defesa da NATO.
Parece que Santos Silva já disse alguma coisa, porque O ministro da Defesa diz que não vai aceitar tudo nas reuniões de hoje e amanhã em Bruxelas..
Em Espanha, as coisas são diferentes, porque eles tem a mania de serem compensados quando lhes retiram algum direito, mesmo que seja por linhas tortas. Mais uns “indignados”…
No fundo, o Kadhafi que se ponha a pau, se até lá sobreviver e todos aqueles que não deixam florir as “Primaveras”…
Afinal a indústria bélica dá tanto (e igual) dinheiro como a indústria dos rebuçados… e basta habituarmo-nos a chupar sem reclamar…

“É preciso restaurar a honra do pepino!”

A Comissão Europeia propôs um pacote de 150 milhões de euros para ajudar os produtores agrícolas cujos produtos vegetais viram as suas vendas caírem com o atual surto da E. coli.
Os Ministros da Agricultura da UE mantêm esta terça-feira uma reunião de crise sobre o assunto.
O comissário europeu da Agricultura, Dacian Ciolos, disse antes do encontro em Luxemburgo: "Proporei 150 milhões de euros hoje. Espero que as autoridades sejam capazes de dar uma resposta sobre a fonte da infeção quanto antes. Sem essa resposta, será difícil reconquistar a confiança dos consumidores, que é essencial para o mercado recuperar a sua força."
A indemnização cobrirá o período entre o final de maio e o final de junho, mas a quantia paga poderá mudar assim que os prejuízos de cada país ficarem conhecidos.
Segundo o comissário europeu da saúde, John Dalli, o surto é limitado ao norte da Alemanha e não necessita de controlos amplos de toda UE. Dalli também advertiu contra a divulgação de informações não confirmadas sobre o surto, dizendo que isso disseminava o medo e afetava de forma adversa a produção agrícola, declarações feitas durante uma sessão do Parlamento Europeu, antes da reunião de emergência.
Ao comentar o andamento da crise, ele disse que apontar inicialmente os pepinos espanhóis como fonte da contaminação foi um erro. "É crucial que as autoridades nacionais não corram a dar informações sobre a fonte da infeção quando não estiverem justificadas pela ciência", afirmou.
“A honra do pepino”
Após o discurso do comissário da Saúde, o deputado espanhol Francisco Sosa-Wagner discursou no Parlamento segurando um pepino e afirmou: "Precisamos restaurar a honra do pepino", disse. A Espanha diz que exigirá da Alemanha uma compensação por 100% das perdas verificadas pelos seus produtores após a acusação falsa contra os pepinos exportados pelo país. A associação espanhola de exportadores de frutas e hortaliças estima as perdas em 225 milhões de euros por semana.
Mas como é? Então os inteligentes fazem a asneira e os pacóvios (também os do sul) é que pagam?
Nós e os espanhóis, tesos até ao cotão, e a União (nestas coisas estão eles unidos) vai desembolsar 150 milhões de euros, que é de todos os Estados-membros, para beneficiar o infrator? Não dá para acreditar, muito menos para adjetivar, por decência… e se for preciso mais, lá vai barão!
O comissário europeu da saúde bem puxou as orelhas aos alemães, dizendo, exatamente, o que aqui já repeti, que não se pode dar informações sobre a fonte da infeção enquanto não estiver justificada cientificamente.
Pelo menos, haja humor, com a proposta de campanha do deputado espanhol a favor da honra do pepino. O que é preciso, é que os governantes espanhóis exijam, DA ALEMANHA, todos os prejuízos causados, porque se vierem a precisar de uma “ajudinha” vão pagar com juros e privatizações…
Realmente! A Europa está um circo, mas desde o dono até ao apresentador, todos pensam que todos somos animais e deixam a domadora chicotear a bicharada….
Estamos entregues… mas entretanto:
 E. coli. Indemnização proposta por Bruxelas desagrada a ministros

Ecos da blogosfera – 8 Jun.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Preguiçosa é a tia Angel(ic)a e os seus sobrinhos…

Os europeus do Sul trabalham muito mais e por vezes durante mais tempo que os alemães, refere um estudo que contraria as recentes declarações da chanceler alemã sobre um eventual laxismo social em Portugal, Espanha ou Grécia.
"Os alemães trabalham muito menos [por ano e durante a vida ativa] do que os europeus do Sul. E também não trabalham de forma tão intensiva", assegura Patrick Artus, chefe da secção de economia do banco francês Natixis e redator deste estudo que se baseia nos números da ODCE e Eurostat.
A duração anual média do trabalho de um alemão (1.390 horas) é assim muito inferior à de um grego (2.119 horas), de um italiano (1.773 horas), de um português (1.719 horas), de um espanhol (1.654 horas) ou de um francês (1.554 horas), referem as estatísticas publicadas em 2010 pela OCDE.
"O resultado da produtividade individual da Alemanha está na média dos países do Sul, a da produtividade horária está acima da média mas não é melhor que a da França ou Grécia", precisa o Natixis.
A idade legal para a reforma na Alemanha (65 anos atualmente, 67 no futuro) é mais tardia, mas os portugueses e espanhóis trabalham na prática mais tempo, com uma idade efetiva de início da reforma de 62,6 anos e 62,3 anos, contra 62,2 anos para os alemães, refere ainda o estudo. Os gregos não estão distantes desta média (61,5 anos) e a reforma das aposentações adoptada na primavera de 2010 na Grécia impôs o aumento da idade dos 60 para os 65 anos, com o objectivo de garantir uma idade média de 63,5 anos até 2015. Apenas franceses e italianos garantem hoje a reforma mais cedo que os alemães, precisa o estudo com data de 30 de Maio.
Quando uma ditosa senhora mandou a célebre “boca” sobre os preguiçosos sulistas, logo os jornais de cá demonstraram que, ou era mentira, ou era mentira. Para azar dessa ditosa senhora (e para alguns opinadores de cá, que trabalham pouco e falam muito) eis que surge um estudo, que contraria as recentes declarações da chanceler alemã Angela Merkel. Foi mesmo azar, mas a imprensa alemã não o deve divulgar e se o fizer, certamente não será lido…
Se se tiver em conta a “duração anual média do trabalho”, consta-se: 1º - Grécia - 2.119 horas; 2º - Itália - 1.773 horas; 3º - Portugal - 1.719 horas; 4º - Espanha - 1.654 horas; 5º - França - 1.554 horas e 6º - Alemanha - 1.390 horas.
Aldra…! São os alemães os que trabalham menos, o que corresponde a menos de 1 hora por dia, em relação aos portugueses…
Se se tiver em conta a “Idade de Reforma”, constata-se: 1º - franceses; 2º - italianos; 3º - gregos - 61,5 anos (em 2010, 63,5 anos) 4º - alemães - 62,2 anos; 5º - espanhóis - 62,3 anos e 6º - portugueses - 62,6 anos.
Aldra…! São os alemães os que se aposentam mais cedo, 3 meses antes dos portugueses…
Se se tiver em conta o resultado da “produtividade individual”, a Alemanha está na média dos países do Sul e apesar da “produtividade horária” estar acima da média, não é melhor do que a da França ou da Grécia (o que denuncia a campanha dos nossos opinadores contra os gregos)…
Aldra…! Afinal, em nenhum indicador ganha a medalha de ouro e o que diz não vem nos dossiês…
Pelos vistos, a diferença da Alemanha está no esforço de inovação e nas taxas de poupança das famílias e das empresas, o que não tem nada a ver com o trabalho. Aldra…
É bem verdade, que como se diz: “Quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro”.
Moral da história: “Dinheiro faz dinheiro”!

“Eleitores fantasmas” assombram os resultados…

À hora a que escrevo, PSD e CDS pareciam ter ganho a subida honra de, em vez do PS, virem a ser eles os feitores do FMI, UE e BCE, espécie de Miguéis de Vasconcelos do plano dos "mercados" para este seu protectorado à beira-mar plantado: recessão, pobreza, desemprego, despedimentos fáceis, destruição do SNS, da escola e da segurança social públicas, desoneração das empresas de qualquer responsabilidade social através de uma gorda redução da TSU que aumentará exponencialmente o número de Ferraris nas estradas das regiões mais deprimidas do país e redistribuição em "apoios" à banca dos recursos sociais afectados aos mais desfavorecidos.
Ao mesmo tempo, a crer na mensagem de sábado do presidente da República, cerca de 40% de portugueses maiores, vacinados e com direito de voto perderam "autoridade" (e "legitimidade") "para criticar as políticas públicas" do próximo Governo a fim de "honrar os compromissos assumidos" com os tutores internacionais em troca dos 78 mil milhões (12 mil milhões para a banca) que tiveram a bondade de nos emprestar a juros usurários.
Se o nosso sistema eleitoral não fingisse que esses 40% de portugueses não existem, haveria na próxima AR 90 e tal cadeiras vazias. E os partidos teriam um número de deputados adequado ao seu real crédito junto dos eleitores: pouco mais de metade dos que irão ter, o que, em linguagem de "mercados", significaria um "rating" de "lixo".
Manuel António Pina
Independentemente da substância do artigo, sobre o número e a percentagem dos abstencionistas, haveria retificações a fazer, sobre os tais eleitores fantasmas, que agoiram todas as eleições. Vejamos:
1 – Nas contagens, oficialmente votaram 5.554.002 e estavam inscritos 9.429.024;
2 – Se tivermos em conta que a população portuguesa conta com 10.649.902, segundo a PORDATA;
3 – Os não eleitores seriam 1.220.878, o que parece pouco;
4 – Se recorrermos de novo ao PORDATA, o total da população até aos 17 anos (não eleitores) é de aproximadamente 2.027.942;
5 – Já que a idade para votar é de 18 anos, os inscritos deveriam ser 8.622.056 (e não 9.429.024);
6 – Contas feitas, com as retificações possíveis, teríamos:
Votantes: 5.554.002 (64,4%)
Inscritos: 8.622.056 (há 807.064 eleitores fantasmas)
Abstenção: 35,6% (retificado)

Contas portuguesas controladas por portugueses!

O presidente do Tribunal de Contas europeu, o português Vítor Caldeira, à margem do VIII Congresso da EUROSAI (Organização das Instituições Superiores de Controlo das Finanças Públicas da Europa), defendeu uma investigação em Portugal sobre as causas da crise, considerando que o Tribunal de Contas português deveria ter um papel, na eventualidade de uma investigação.
“Se Portugal pode beneficiar dessa medida? Eu penso que sim. Se for feita de forma independente e objetiva, ela tem vantagens. Naturalmente neste caso, o Tribunal de Contas português teria um papel importante nesta matéria. Aí estamos já no domínio do seguimento político ao nível do Parlamento, e é uma área que ganhará em ser clarificada, sobretudo tendo em conta a necessidade de garantir, de forma séria, mecanismos públicos de responsabilização”, afirmou Vítor Caldeira.
O juiz português disse ainda que o Tribunal de Contas Europeu concluiu, recentemente, numa análise às consequências da crise, que há na Europa “um défice de responsabilização, no seguimento das políticas orçamentais e do controlo da execução, a termo, dessas políticas” e afirmou que, nesse contexto, uma investigação às causas da crise ganha mais relevância.
O presidente do Tribunal de Contas português, Guilherme d’Oliveira Martins, que nos próximos 3 anos vai presidir à EUROSAI - que reúne mais de 50 países e organizações - defendeu que, mais importante que fazer uma investigação às causas da crise portuguesa, é mais importante trabalhar para preparar o futuro, contrariando Vítor Caldeira, bem como Gylfi Zoega, do Banco Central da Islândia e Phil Angelides, presidente da Comissão de Inquérito à Crise Financeira (FCIC) dos EUA.
Em 2 de Junho pp, num post aqui publicado, Riam-se! Portugal preside (3 anos) à EUROSAI… achamos surrealista que a UE nos entregasse a presidência da Organização das Instituições Superiores de Controlo das Finanças Públicas da Europa e nem sabíamos que era um português que presidia ao Tribunal de Contas Europeu, que até pensa ser benéfica uma eventual investigação sobre as causas da crise em Portugal, embora antecipe que, numa análise às consequências da crise, que há na Europa, o TC europeu já concluiu haver um défice de responsabilização, no seguimento das políticas orçamentais e do controlo da execução, a termo, dessas políticas, conclusões já listadas na Islândia e nos EUA, mais ou menos idênticas, com sinalização dos atores/autores…
Já Guilherme d’Oliveira Martins, Presidente do TC português defendeu ser mais importante trabalhar para preparar o futuro do que fazer a investigação às causas da crise portuguesa, deixando no ar um contra senso, que é o de se poder construir um futuro melhor, sem se conhecer os erros do passado, como pensa e quer também o economista-chefe do Deutsche Bank
Adiante, porque entretanto o
O Tribunal de Contas (TC) Europeu vai fiscalizar a gestão das verbas do orçamento da União Europeia (UE) que integram o resgate internacional a Portugal.
O regulamento que cria o EFSM, diz que o Tribunal Europeu de Contas tem "o direito de desenvolver, nos Estados-membros beneficiários, todos os controlos financeiros e auditorias que considere necessários no que toca à gestão dessa assistência", mas o foco principal será sempre do lado da União Europeia, e não sobre a forma como os Estados estão a utilizar essas garantias. Trata-se sobretudo de verificar se as garantias suportadas pelo orçamento comunitário estão refletidas nas contas consolidadas da UE, "de forma verdadeira e fiel".
Nos próximos 3 anos, os 78 mil milhões de euros da assistência financeira a Portugal, correspondem a 26 mil milhões de euros da união ao abrigo do EFSM, 26 mil milhões do FEEF e 26 mil milhões do FMI.
Quanto ao FEEF, uma entidade privada, já foi nomeado um auditor privado.
O objetivo do Tribunal de Contas Europeu é "contribuir para uma estrutura de transparência, para salvaguardar uma suficiente auditoria pública".
Nas condições para a atribuição do empréstimo estão, entre outras, a consolidação das finanças públicas, incluindo a redução do défice orçamental para 3% do PIB até 2013.
E pelos vistos, o TC europeu vai fiscalizar a gestão da parte da verba do orçamento da UE que é parte do resgate internacional a Portugal, enquadrada no direito de desenvolver todos os controlos financeiros e auditorias que considere necessários sobre a gestão dessa assistência, nos Estados-membros que beneficiem da mesma.
E pelos vistos, o objetivo do TC europeu é apenas contribuir para a transparência e salvaguarda de uma auditoria pública suficiente.
E pelos vistos, vamos ter 2 portugueses a fazerem o controlo das finanças públicas, um no EUROSAI (que já o faz(ia) como presidente do TC português) e outro como Presidente do TC europeu, em defesa dos interesses europeus…
Ironia do destino, ou desperdício dos mais capazes para as funções mais prementes? Será que os mais fracos é que cá ficam a administrar-nos? Ou será a história dos santos da terra…?