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sábado, 9 de julho de 2011

O FMI com Lagarde será um FMI “à Lagardère”?

Ainda há poucos anos Christine Lagarde era uma desconhecida para os franceses até ser nomeada ministro do Comércio Externo no governo de Dominique de Villepin e mais tarde ministro da Economia.
Agora, e depois de Dominique Strauss Kahn ter sido "eliminado" por ser demasiado "mole" e não apoiar devidamente os interesses dos grandes grupos financeiros, Lagarde, pertencendo ao restrito Clube de Bilderberg, é nomeada para a direcção do FMI.
Como vamos ver, compreende-se porquê...
Quem é Christine Lagarde?
Christine Lagarde é uma advogada de sucesso, especializada em direito social e em 1981 ingressa no prestigiado gabinete Baker & McKenzie em Chicago. Progride rapidamente na carreira até se tornar membro do comité executivo desse gabinete com 4.400 colaboradores em 35 países do mundo. Em 2004 torna-se presidente do seu comité estratégico e no ano seguinte membro do conselho de vigilância de um dos maiores grupos financeiros mundiais, a holandesa ING Groep.
Chistine Lagarde, torna-se assim uma mulher muito influente, está na 5ª posição na classificação das mulheres de negócios europeias segundo o Wall Street Journal e 76ª posição nas mulheres mais poderosas do mundo segunda a revista Forbes.
Nos bastidores dos negócios
Uma das facetas menos conhecida do grande público é o facto de Lagarde pertencer ao Center for Strategic & International Studies (CSIS) americano. Este é um "think tank" sobre a influência e estratégia americana no mundo do ponto de vista político, económico, tecnológico e em matéria de segurança. Nele encontramos no conselho administrativo, Henry Kissinger, mas também Zbigniew Brzezinski com o qual Lagarde partilhava a comissão de Acção USA/EU/Polónia, mais precisamente o grupo de trabalho das indústrias de defesa USA-Polónia.
Foi durante as comissões presididas por Christine Lagarde que Bruce Jackson conseguiu o contrato do século para a americana Lockheed com a venda de 48 caças F-16 à Polónia no valor de 3,5 mil milhões de dólares. Esta encomenda foi paga pelo governo polaco com os fundos da União Europeia destinados à preservação do sistema agrícola da Polónia.
Uma americana em Paris
Em 2007 o jornal satírico francês "Le Canard Enchaîné" revela para grande espanto de todos que a ministra da economia Christine Lagarde escreve e obriga os seus colaboradores a escrever em língua inglesa. No dia 16 de outubro de 2010, o deputado Brard faz uma pergunta a Lagarde, na Assembleia Nacional, em inglês! O presidente da Assembleia Nacional Francesa atrapalhado decidiu que essa intervenção deveria ser retirada do relatório da sessão por a única língua oficial da república ser o francês.
Estes episódios caricatos revelam que a (actual) ministra francesa da economia e (futura) responsável do FMI trabalha e faz trabalhar os seus próximos em língua inglesa para facilitar as suas relações políticas e económicas com o seu grande aliado, os Estados Unidos. Os americanos não poderiam sonhar ter um melhor defensor dos seus interesses no FMI.
Dos grandes amigos de Christine Lagarde constam: Brzezinski, fundador da Comissão Trilateral em 1973 juntamente com David Rockfeller, ou então Dick Cheney que dispensa qualquer apresentação, é o (ex) vice-presidente que desencadeia guerras para entregar a reconstrução dos países bombardeados à sua empresa, a Halliburton.
Se são factos, não há comentários…

O prometido é DE VIDA!

Os países lusófonos têm registado progressos nas áreas da educação e da saúde. Os dados foram revelados, no relatório sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio 2011, divulgados pela ONU.
"Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) já ajudaram a retirar milhões de pessoas da pobreza, a salvar as vidas de inúmeras crianças e a assegurar que elas possam ir à escola", diz Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, no relatório de 2011 sobre os ODM.
Este relatório refere que Moçambique e São Tomé e Príncipe tiveram progressos na Educação e Igualdade de Género. Em Timor-Leste, as melhorias são na área da Saúde. São Tomé e Príncipe está no grupo de 7 países africanos que estão "próximos de alcançar o objectivo de educação primária universal" o que, no relatório, é apontado como o sinal de que "alguns dos países mais pobres deram os maiores passos na Educação".
No relatório acrescenta-se que:
- O Mundo está no "caminho para alcançar a meta de redução da pobreza" e até 2015, a taxa de pobreza global deve diminuir até alcançar os 15%;
- O número de mortes de crianças com menos de 5 anos sofreu uma diminuição, de 12,4 milhões em 1990 para 8,1 milhões em 2009;
- As infecções pelo vírus da SIDA também têm diminuído: de 2007 para 2009 registou-se uma queda de 21%;
- O acesso a fontes de água potável tem aumentado e, entre 1990 e 2008, mais 1.100.000.000 de pessoas em áreas urbanas e 723.000.000 em áreas rurais conseguiram esse acesso.
O secretário-geral da ONU considera que é necessário, a partir deste momento e até 2015, "assegurar que as promessas feitas sejam promessas mantidas. Os líderes mundiais devem mostrar não apenas que se importam, mas que têm a coragem e a convicção para agir".
Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio criados na Cimeira do Milénio das Nações Unidas em Setembro de 2000 têm como meta temporal 2015.
Para nós, que estamos inseridos e vamos fazendo alguma coisa pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), composta por 8 países, é satisfatório que se tenham registado progressos nas áreas da educação e da saúde, mas é com pena que esse registo seja apenas em 2 dos 8 ODM e apenas 3 desses países, mas pelo acompanhamento que tenho feito aqui, devem faltar outros indicadores, em outros ODM, pois no Brasil a redução da pobreza foi dos que teve maior êxito a nível mundial. Para todos os efeitos, não vale a pena embandeirar em arco…  
A nível mundial, não deixa de ser uma desilusão, que se tenha obtido relativo sucesso, apenas em 4 dos 8 ODM e que apesar de terem fixado a meta temporal em 2015, já se saiba que tal não vai acontecer nessa data, por causa da CRISE, mas não só…
E o não só… quer dizer que os líderes mundiais, para além de não mostrarem que se importam com as “pragas”, mostram também que não têm a coragem bastante e a convicção suficiente para agir, a não ser com as guerras que fazem e apoiam, reduzindo o número das pessoas e em consequências os valores para as estatísticas.
É chato dizer sempre estas coisas, mas também é chato que estas coisas estejam sempre a acontecer… e quem quiser notícias mais animadoras, basta ligar a TV.
Imagem - por Tuválkin

Ecos da blogosfera – 9 Jul.

 

Da DaNação

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Oh colega, com uma ADD isso da Educação resolve-se!

É no Brasil, é certo, mas tem tanta denúncia de tanta falácia, que o poder político tenta encaixar na cabeça dos professores como paradigmas, pragmatismo e inevitabilidade, mesmo sabendo que nós sabemos que eles sabem, que tudo não passa de uma etapa da proletarização da função docente.
Só falta aqui, mas há de surgir rapidamente, o tema da Avaliação do Desempenho Docente, para culparem o estado do Ensino, com o ensino do Estado, como se houvesse relação, em vez de ralação…
Depois, seguir-se-ão as etapas já traçadas pelo Big Brother e que estão a ser implementadas, religiosamente, na política para a Educação, que constam do programa deste governo.
Para conferir a afirmação, vejam com muita atenção o documento que se segue, cortando as etapas já cumpridas e confirmando as que se sequem (por essa ordem) e não precisarão de consultar a bruxa, nem arranjar argumentos para contrariar, porque o “que tem que ser, tem muita força” e quem tem muita força, faz com que tenha que ser:
Os grandes eixos do neoliberalismo na Educação (já publicado em tempos no ProfBlog do Ramiro).
Agora oiçam com atenção a professorinha, que se agigantou, sem medo, perante uns trutas da mesma espécie que há por cá e aos magotes...
Depoimento da Professora Amanda Gurgel - a Educação no Brasil


Cartoon recebido por mail

A UE não é uma potência, é uma impotência!

Sílvio Berlusconi é um homem "superior tanto física como intelectualmente e pode manter seis relações sexuais por semana, apesar de precisar descansar no sétimo dia", comentou o médico pessoal do chefe de Governo italiano, que é deputado do partido fundado por Berlusconi, o Povo da Liberdade (PdL).
O médico contou ainda que mencionou ao seu paciente a possibilidade de aplicar injecções na base do pénis para estimular o fluxo sanguíneo e aconselhou-lhe uma única coisa para manter a sua energia intacta: uma soneca de 45 minutos todas as tardes.
Afinal e ao contrário do que diz Pedro Santos Guerreiro, no seu artigo “You bastards”, pelo que nos dizem e querem fazer crer, nem toda a UE sofre do mesmo problema, mais comum nos homens, mas em política até as mulheres parece que podem ser afetadas. No caso, e retirando a circunstância de o médico ser deputado do partido do “homem superior”, retira-lhe alguma credibilidade, a não ser que jure como testemunha.
Quanto às qualidades físicas do citado dirigente europeu, até pode ser que sim e até pode ser que o tratamento resulte. Quanto às qualidades intelectuais, ainda tem que nos demonstrar, mas não se notam grandes evidências, quando muito, inteligência emocional (esperteza). Mas falta aqui uma referência às suas qualidades morais e éticas, em que não parece ser abonado, pelos truques legislativos que vai tentando aprovar em proveito próprio…
E como qualquer “deus” que se preze, tem que descansar ao 7º dia, mas com uma sesta diária, porque um homem não é de pau…
Processo mais fácil para o problema dos políticos europeus parece ter sido redescoberto pelos orientais, que à primeira vista parecia que não precisavam, mas o melhor é precaver-se, para continuarem com a vontade inquebrável e o poder inquebrantável…
Foram apreendidas no aeroporto da Catumbela, na província de Benguela, 4 malas contendo “Pau de Cabinda”. A mercadoria tinha valor comercial e presume-se que seria escoada para a China.
Os 3 cidadãos de nacionalidade chinesa transportavam o produto de forma ilegal e depois de retirada a mercadoria pelos serviços alfandegários, os chineses puseram-se em fuga e encontram-se foragidos.
Proveniente da casca de uma árvore com o mesmo nome, só é possível encontrá-lo nas florestas do Mayombe, em Cabinda. Descrito como afrodisíaco 100% natural, o “Pau de Cabinda” combate o problema de frigidez e impotência e não é aconselhável o seu uso sem prescrição médica. Na Europa o produto já é comercializado em algumas farmácias. Em Portugal, uma embalagem com 40 cápsulas pode ser vendida por 35 euros.
Dentro da tradição chinesa de que “o que é natural é que é bom”, para que usar Viagra, se o “Pau de Cabinda” é eficaz? Com uma vantagem sobre a receita de Berlusconi, este remédio não obriga ao descanso e pode-se trabalhar continuamente, que é a única forma de se aumentar a produtividade (embora ganhem sempre o mesmo nico).
Embora o contrabando do produto se destinasse à China, parece que sobra algum para a UE, onde já é consumido em Espanha e Portugal, mas parece que sem qualquer efeito, o que prova que afinal os genéricos não são a mesma coisa que os de “marca”, mesmo que os preços sejam mais acessíveis…
Era bom que todos os políticos europeus, mesmo aqueles que parecem e merecem estar reformados (são quase todos), seguissem o exemplo de Berlusconi, ou dos consumidores chineses, a ver se isto levanta e ganham coragem para fazer “frente” à Moddy’s, porque com jeitinho, a seguir vão as outras duas agências de “ratos” e “já nos safemos”.
Força velhada!

Só fala quem tem que se lhe diga…

Um dos documentos preparatórios do relatório da ONU sobre o Desenvolvimento Humano declara uma "profunda preocupação" com a situação da sociedade alemã: crianças atingidas pela pobreza, imigrantes discriminados, direitos de educação e emprego drasticamente amputados. O Governo de Angela Merkel desvaloriza o diagnóstico, rotulando-o de "provisório".
Segundo o documento, 1 em cada 4 estudantes secundários alemães vai todos os dias para a escola sem ter tomado o pequeno-almoço.
Há necessidade de um programa de combate à pobreza, facilitação do acesso ao sistema de saúde e combate à discriminação dos imigrantes no acesso à educação e ao emprego e particularmente no tocante acolhimento aos refugiados, para "se nivelar com as normas internacionais".
A comissão da ONU declara-se "profundamente preocupada" com a indiferença das autoridades alemãs perante recomendações anteriores no mesmo sentido. Merkel, o seu partido e o seu Governo não são, os únicos alvos da crítica. Anteriores governos, nomeadamente o social-democrata, chefiado por Schröder, tinham-se notabilizado por políticas que degradaram a paisagem social do país.
As regiões do Leste, da antiga RDA, 20 anos depois da reunificação continuam a sofrer uma taxa de desemprego dupla da taxa ocidental - apesar de as reformas do mercado de trabalho terem permitido reduzir o desemprego.
Quanto aos idosos residentes em lares de terceira idade, muitas vezes "vivem em condições indignas de um ser humano".
Cá está a descoberto o paradigma da eficácia política, económica e social, com que todos os países sonham e os cidadãos também, por puro desconhecimento, ou encobrimento dos media.
Se esta for a meta que se pretende atingir, Nein, danke!
P’ra melhor está bem, está bem. P’ra pior já basta assim!
Embora tenha autoridade para fazê-lo, desta vez nem é o governo que faz as últimas projeções sobre o desenvolvimento futuro do Brasil. O banco Santander divulgou estudos do seu Departamento Económico, pelos quais em 2025 o Brasil será a 6ª economia mundial, atrás da China, Estados Unidos, Índia, Japão e Rússia.
Melhor ainda: estes estudos indicam que a continuidade nos próximos anos do crescimento económico e da expansão da classe média colocarão o Brasil num patamar social próximo ao das grandes potências mundiais, e em breve o país terá menos pobres que os EUA.
O vasto conjunto de políticas sociais desenvolvidas pelos governos Lula nos últimos 8 anos e a continuidade delas no governo Dilma - dentre as quais se destacam o Bolsa Família e o Brasil Sem Miséria - tem tudo para assegurar a continuidade dessa caminhada e confirmar os estudos do Santander.
Para quem sonha(va) e garante, que os EUA são o máximo dos máximos, onde até um Bush pode ser Presidente, só pode ser por puro desconhecimento, pela manipulação dos media, ou pela indústria cinematográfica… A realidade é bem diferente e em constante degradação.
Falta saber se é o Brasil que vai crescer, se são os EUA que vão regredir, ou se o primeiro sobe enquanto o segundo desce.
Em ambos os casos, o da Alemanha e o americano, nenhum nos deve trazer qualquer conforto, muito menos um niquinho de prazer, mas podem abrir-nos os olhos e as mentes, para não nos mentirem…
Regista-se!

Basura, Müll, Σκουπίδια, Ordures, Fielth, ou 垃圾?

Cartoon do Antero do blogue “anterozóide”
Obrigado.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Já demos para o peditório da ingenuidade!

Choque. Escândalo. Lixo. Resignação? Não. Mas sim, lixo, somos lixo. Os mercados são um pagode, e nós as escamas dos seus despojos.
Isto não é uma reacção emotiva. Nem um dichote à humilhação. São os factos. Os argumentos. A Moody's não tem razão. A Moody's não tem o direito. A Moody's está-se nas tintas. A Moody's pôs-nos a render. E a Europa rendeu-se.
As causas da descida do "rating" de Portugal não fazem sentido. Factualmente. Houve um erro de cálculo gigantesco de Sócrates e Passos Coelho quando atiraram o Governo ao chão sem cuidar de uma solução à irlandesa. Aqui escrevi nesse dia que esta era "a crise política mais estúpida de sempre". Foi. Levámos uma caterva de cortes de "rating" que nos puseram à beira do lixo. Mas depois tudo mudou. Mudou o Governo, veio uma maioria estável, um empréstimo de 78 mil milhões, um plano da troika, um Governo comprometido, um primeiro-ministro obcecado em cumprir. Custe o que custar. Doa o que doer. Nem uma semana nos deram: somos lixo. 
As causas do corte do "rating" não fazem sentido: a dificuldade de reduzir o défice, a necessidade de mais dinheiro e a dificuldade de regressar aos mercados em 2013 estão a ser atacadas pelo Governo. Pelo País. Este corte de "rating" não diagnostica, precipita essas condenações. Portugal até está fora dos mercados, merecia tempo para descolar da Grécia. Seis meses, um ano.
Só que não é uma questão de tempo, é uma questão de lucro, é uma guerra de poder. Esta decisão tem consequências graves e imediatas. Não apenas porque o Estado fica mais longe de regressar aos mercados. Mas porque muitos investidores venderão muitos activos portugueses. Porque é preciso reforçar colaterais das nossas dívidas. Porque hoje todos os nossos activos se desvalorizam. As nossas empresas, bancos, tudo hoje vale menos que ontem. Numa altura de privatizações. De testes de "stress". Já dei para o peditório da ingenuidade: não há coincidências. Hoje milhares de investidores que andaram a "shortar" acções e dívidas portuguesas estão ricos. Comprar as EDP e REN será mais barato. Não estamos em saldos, estamos a ser saldados. Salteados.
Portugal foi um indómito louco, atirou-se para um precipício, agarrou-se à corda que lhe atiraram. Está a trepar com todas as forças, lúcido e humilde como só alguém que se arruína fica lúcido e humilde. Veio a Moody's, cuspiu para o chão e disse: subir a corda é difícil - e portanto cortou a corda.
Tudo isto não é por causa de Portugal, é por causa da guerra entre os EUA e a Europa, é por causa dos lucros dos accionistas privados e nunca escrutinados das "rating". Há duas semanas, um monumental artigo da jornalista Cristina Ferreira no "Público" descreveu a corrosão. Outra jornalista, Myret Zaki, escreveu o notável livro "La fin du Dollar" que documenta o "sistema" de que se alimentam estas agências e da guerra dólar/euro que subjaz.
Ontem, Angela Merkel criticou o poderio das agências e prometeu-lhes guerra. Não foi preciso 24 horas para a resposta: o aviso da Standard & Poors de que a renovação das dívidas à Grécia será considerado "default" selectivo; a descida de "rating" da Moody's para Portugal.
Estamos a assistir a um embuste vitorioso e a União Europeia não é uma potência, é uma impotência. Quatro anos depois da crise que estas agências validaram, a Europa foi incapaz de produzir uma recomendação, uma ameaça, uma validação aos conflitos de interesse, uma agência de "rating" europeia. Que fez a China? Criou uma agência. Que diz essa agência? Que a dívida portuguesa é BBB+ (semelhante ao da canadiana DBRS: BBB High). Que a dívida americana já não é AAA. Os chineses têm poder e coragem, a Europa deixou-se pendurar na Loja dos Trezentos... dos americanos.
Anda a "troika" preocupada com a falta de concorrência em Portugal... E a concorrência ente as agências de "rating"? Há dois dias, Stuart Holland, que assinou o texto apoiado por Mário Soares e Jorge Sampaio por um "New Deal" europeu, disse a este jornal: é preciso ter os governos a governar em vez das agências de “rating” a mandar.
Não queremos pena, queremos justiça. A Europa fica-se, não nos fiquemos nós. O Banco Central Europeu tem de se rebelar contra esta ditadura. Em Outubro, o relatório do Financial Stability Board, que era liderado por Mário Draghi, aconselhava os bancos e os bancos centrais a construírem modelos próprios para avaliarem a elegibilidade dos instrumentos financeiros por estes aceites e pôr termo ao automatismos das avaliações das agências de “rating”. Draghi vai ser o próximo presidente do BCE. Não precisa de acabar com as agências de "rating", precisa de levantar-se destas gatas.
Este corte de "rating" é grave. É uma decisão gratuita que nos sai muito cara. Portugal é o lixo da Europa. As agências de "rating" são os cangalheiros, ricos e eufóricos, de um sistema ridiculamente inexpugnável. As agências garantem que nada têm contra Portugal. Como dizia alguém, "isto não é pessoal, apenas negócios". Esse alguém era um padrinho da máfia.
Pedro Santos Guerreiro, Director do Jornal de Negócios

Reduzir, Reutilizar e Reciclar! Mais? O quê? Quem?

O corte de rating só “acrescenta elementos especulativos à situação da dívida na Zona Euro”, pelo que a União Europeia vai “reforçar”, a partir de agora, a “regulamentação sobre as agências de rating”.
Diz Durão Barroso que “queremos reduzir a dependência” em relação a estas agências, “olhar para as questões de responsabilidade civil”.
O presidente da CE adiantou ainda que há a possibilidade de ser criada uma agência de rating europeia.
O Estado e as empresas portuguesas pagam 9 milhões de euros por ano a estas entidades.
Cuidado Agências, que o Durão vai aí!
Só agora é que descobriram que havia especulação e que é preciso regular as agências de “ratos” e ainda estão a pensar (há um ano, pelo menos) em criar uma agência europeia, que contrarie as americanas e lhes façam o mesmo que estão a fazer à Europa. Não andem tão depressa, que trabalhar cansa…
E vão mesmo olhar para a questão, na perspetiva da responsabilidade civil e criminosa, como fez um grupo de economistas portugueses, apresentando queixa ao Procurador de Justiça? Mas também ainda não há resposta, se sim, se sopas. Entretanto, segue o baile.
Atualizando:  Queixa contra agências de rating: PGR pede parecer à CMVM
Mas o mais irónico (deve haver outro adjetivo mais forte e mais correto) é que o Estado, os bancos e as empresas que querem transformar em lixo, pagam às tais agências de “ratos” 9.000.000 €/ano! ISTO É SURREALISMO!
E agora vem os crentes e defensores do Mercado, chorar lágrimas de crocodilo!
O presidente da Caixa Geral de Depósitos, Faria de Oliveira, considera “imoral e insultuosa” a descida do rating de Portugal pela agência de notação financeira Moody’s, salientando que as autoridades europeias devem reagir a este “ataque”, porque ofende por igual a “União Europeia, a Comissão Europeia e os Estados Membros, e também o FMI, que deram o seu aval ao acordo que agora começou a ser implementado”.
O economista João Duque sublinhou, que “o mercado estava a reconhecer algum efeito das medidas do Governo e a Moody’s vem contrariar o próprio mercado”.
Por sua vez Luís Mira Amaral, antigo ministro do PSD e presidente do BIC, classificou a decisão da Moody's de "infeliz e terrorista".
A deputada do PS, Maria de Belém, acusou as agências de rating de estarem ao serviço de empresas que querem lucrar com as próximas privatizações em Portugal, fazendo cair o valor das empresas.
O presidente da Unicer, António Pires de Lima, afirmou hoje que as agências de rating "insistem" em descer a notação de Portugal "ao mesmo ritmo que os governos decidem aumentar os impostos", considerando "um momento conturbado" para o País.
O economista Luís Cabral declarou-se hoje "surpreendido" com o momento em que a Moody's decidiu a baixa da notação da dívida soberana portuguesa, especialmente por ocorrer num momento em que de Portugal têm saído "boas notícias".
O vice-presidente da Companhia Portuguesa de Rating, Poças Esteves, considera "surpreendente" e "preocupante" a decisão da Moody's de cortar o rating de Portugal, mas diz que o impacto pode ser desvalorizado se não for acompanhado por outras agências de 'rating'.
O professor de economia, Braga de Macedo, defendeu hoje que a resposta à decisão da agência de notação Moody's de baixar o rating da dívida de Portugal para lixo é “fazer mais e melhor” e “as medidas aprovadas pelo Governo vão nesse sentido”.
Então estes senhores, mais a lista que vai aumentando, não sabem com quem estão a lidar? Não usam a mesma cartilha? Não lhes conhecem a doutrina? Andaram a ajudar à missa e foram-se pondo a jeito… Agora, quem paga? O POVO, “meus”!
Quem lhes desse mesmo um murro no estômago…

Ecos da blogosfera – 7 Jul.


Do El Blog Salmón

quarta-feira, 6 de julho de 2011

No Canto Lírico, “santa da terra fez milagre”!

Raquel Camarinha
Raquel Camarinha foi considerada como a melhor jovem cantora lírica portuguesa da actualidade ao obter o 1º prémio de voz feminina no Concurso Nacional de Canto Luísa Todi de 2011, arrecadando também o Prémio Ana Lagoa, para a melhor interpretação de Ária de Ópera.
A estudar em França, onde concluiu o Mestrado em Canto no Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris com “Mention Très Bien”, Raquel Camarinha atribuiu bastante significado a este prémio pois reconhece tratar-se de “um importante concurso a nível nacional que confere visibilidade aos premiados que, de outra forma, não era possível”, acrescentando que participar no concurso e ser distinguida com o primeiro prémio também a fez sentir-se ligada ao seu país.
Tenho feito aqui o acompanhamento do percurso da Raquel Camarinha e esta é a oitava referência, por ligações pessoais, que remontam a 2004, em que foi homenageada pelo Rotary Club da Póvoa de Varzim como a melhor aluna do concelho no Ensino Secundário e em que me coube a honra de a apresentar, mas sobretudo porque lhe adivinhei o talento que transbordava aquando da primeira vez em que a ouvi.
E já aqui registei que era uma jovem soprano em ascensão, uma voz maviosa e uma intérprete excepcional, parâmetros já reconhecidos em França e agora confirmados com os dois prémios obtidos.
E também disse aqui e repito, que a Raquel é muito boa gente e é solidária quando é preciso…
Provavelmente a Raquel já não se lembrará, mas em 2004, deixei-lhe este lema de vida de Nadia Boulanger, que ela já o seguia e de que fez prova: "Vencer não é nada, se não se teve muito trabalho; fracassar não é nada se se fez o melhor possível."
Raquel, simplesmente, Parabéns!

Canto Luisa Todi - Atuação de Raquel Camarinha


Educação: A PARIDADE DE TODAS AS DISCIPLINAS!

Howard Gardner 
O cientista norte-americano Howard Gardner ganhou o Prémio Príncipe das Astúrias das Ciências Sociais 2011, pelo trabalho feito na área da cognição e aprendizagem, onde desenvolveu a teoria das Inteligências Múltiplas. O prémio de 50 mil euros será entregue no Outono.
Gardner apresentou a sua teoria das inteligências múltiplas em 1983, com a qual mudou radicalmente o modo de entender a cognição, a inteligência e a educação.
O cientista, nascido em 1943 nos Estados Unidos e que obteve um doutoramento em psicologia social, pela Universidade de Harvard, em 1971, defende que não existe uma inteligência única. Considera que cada indivíduo possui pelo menos oito habilidades cognitivas. Estas inteligências são a linguística, lógico-matemática, corporal-cinestésica, musical, espacial, naturalista, interpessoal e intrapessoal.
Segundo a teoria, as oito não têm um valor intrínseco e “o comportamento do indivíduo na sociedade, fazendo uso da sua inteligência, constitui uma questão moral fundamental”, diz o comunicado em que é divulgada a atribuição do prémio. A teoria é em si mesma uma grande crítica à forma como se via a inteligência e como esta era avaliada, por exemplo através dos testes de QI.
“Estou entusiasmado e honrado por receber este prestigioso prémio”, disse em comunicado Howard Gardner, acrescentando que sempre se considerou um cientista social.
O norte-americano criticou a prevalência quase absoluta dos métodos quantitativos nas ciências sociais anglo-saxónicas, e disse ter ficado contente pelo “prémio reconhecer uma vertente das ciências sociais que envolve análises qualitativas e uma síntese alargada do conhecimento”.
Desde 1972, Gardner é co-director do Projecto Zero, na Universidade de Harvard, onde tem vindo a desenvolver um modelo de uma “escola inteligente”, na qual a aprendizagem é fruto do acto de pensar. A maior parte do trabalho está a ser aplicado em escolas públicas norte-americanas, principalmente em bairros pobres.
O cientista já publicou 25 livros, traduzidos em 28 línguas, e recebeu 26 doutoramentos honoris causa. Ganhou em 1984 o Prémio Nacional de Psicologia dos Estados Unidos. Em 2005 e 2008 foi considerado um dos 100 intelectuais mais influentes do mundo pelas revistas Foreign Policy eProspect.
Muito preguei e durante muito tempo sobre a importância das Inteligências Múltiplas na Educação e nas aprendizagens, contra a predominância dada à Língua Materna e à Matemática pelo nosso Sistema Educativo e pelo PISA, quase sempre entendido como um lunático, que aceitava uma teoria quase esotérica.
Fiquei feliz, por ver agora reconhecido o autor da teoria (quase desconhecida pelos professores, projetistas e construtores do Sistema Educativo), só porque também é para mim o reconhecimento de uma feliz visita ao futuro, que fiz há anos, de onde trouxe um instrumento que me auxiliou ao sucesso na docência.
E fica aqui, só um resumo, que pode ser o começo para muitos…

PassarELA para o passarão

terça-feira, 5 de julho de 2011

Do “Estado Social” para o “Estado da Misericórdia”…

"As 7 obras da Misericórdia", de Caravaggio
O combate à fome em países pobres poderá não atingir os níveis definidos na mudança do milénio, admite José Graziano da Silva, o novo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
A incerteza em relação ao preço dos alimentos e as políticas adotadas em relação à crise económica são os principais fatores que ameaçam a concretização dos Objetivos do Milénio.
Uma das missões de Graziano será aumentar a produtividade e reduzir as despesas adicionais em 34,5 mil milhões em comparação com despesas já programadas.
Papa critica políticas exclusivamente de emergência
Bento XVI defendeu a adoção de medidas concretas para combater a fome no mundo com uma política baseada na solidariedade. "A alimentação é uma condição que aborda o fundamento do direito à vida", sublinhou o representante máximo da Igreja Católica, no Vaticano, dirigindo-se aos representantes da FAO.
Bento XVI sublinha que o desenvolvimento das economias deve ser baseado na solidariedade e não no lucro. Notando que a pobreza e o subdesenvolvimento resultam de atitudes "egoístas" que partem dos homens, o Papa pede uma “reflexão completa sobre as causas” da pobreza.
O Papa também criticou as políticas meramente de emergência. "Apesar dos compromissos e obrigações consistentes, a assistência e o apoio prático são muitas vezes limitados a situações de emergência, esquecendo que uma conceção coerente de desenvolvimento deve ser capaz de projetar um futuro para todos, família e comunidade, e também por um longo período", defendeu Bento XVI.
Quanto ao novo diretor da FAO, o brasileiro Graziano, só podemos desejar que tenha o mesmo sucesso na redução da fome, como a que obteve no Brasil, enquanto ministro e que consiga alterar a mentalidade do poderio mundial.
Quanto a Bento XVI, também achamos que já chega de conversa e o que é preciso é adotar-se medidas concretas para combater a fome no mundo, mas ao contrário, achamos que uma reflexão completa sobre as causas da pobreza não é necessária, porque toda a gente já as conhece e por isso as políticas meramente de emergência, só servem para institucionalizar a pobreza, eternizando-a.
Por acaso, tendo nós no novo governo um partido democrata cristão, com o ministro da Segurança Social do mesmo partido, detetamos no Programa respetivo as fontes das desigualdades:
A redução das desigualdades sociais deve começar, por um lado, pelo combate à apropriação indevida da riqueza, à fraude e evasão fiscal, à delapidação de recursos públicos, à economia informal, ao abandono escolar precoce e pela adopção de medidas de apoio à família e, por outro lado, pelo justo reconhecimento do mérito e do esforço de cada um.
e constatamos a tal emergência reprovada, ainda por cima diminuindo a intervenção direta do Estado na solução e passando-a para o 3º setor.
O Programa de Emergência Social será estruturado na base desse novo modelo de inovação, através de uma Rede Nacional de Solidariedade (RENASO) em que Estado, Autarquias Locais e, sobretudo, organizações da sociedade civil, designadamente as Misericórdias, as Mutualidades e as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) irão convergir. São estas as entidades que melhor podem contribuir para acudir às situações de emergência social que não param de crescer.
O Programa de Emergência Social apostará numa menor intervenção directa do Estado nas tarefas do quotidiano e por uma maior transparência na definição de normas.
Será que é o Papa que está enganado?
“As 7 obras da Misericórdia”, de Caravaggio
Esta é uma obra complexa onde se encontram as 7 obras de Misericórdia resumidas em diferentes figuras, ou atitudes. O fundo é iluminado por uma vela, enquanto um sacerdote enterra um cadáver. A misericórdia de visitar os presos é assimilada à de dar de comer a quem tem fome, sob o tema clássico da Caridade romana. Um jovem vestido de militar (vestir os nus) e Sansão aparece bebendo de uma golfada (dar de beber a quem tem sede). Todas estas cenas são observadas pela Virgem numa explosão espetacular de glória.

Não digam que as “partes douradas” vão ser dadas…

A eliminação das “golden shares”, prevista no memorando de entendimento com a troika, deveria ser paga pelos accionistas dessas empresas, defendem economistas.
De acordo com o memorando, o Estado terá de se desfazer das acções de empresas que lhe permitem um direito de veto nas decisões das respectivas administrações. Mas segundo Luís Campos e Cunha, Abel Mateus e Franquelim Alves, esses direitos deveriam ser recompensados pelos accionistas, já que sem as “golden shares”, as restantes acções valem mais. Resta saber como e se a troika o autoriza.
O ex-ministro das Finanças Campos e Cunha considera que “o Estado deveria vender as ‘golden shares’ às empresas”, uma vez que “quando as acções foram vendidas na privatização foram mais baratas porque existia a ‘golden share’ e, por isso, quando esta deixa de existir deveria haver lugar a uma compensação ao Estado por esse facto”. Foi o que aconteceu com a operadora holandesa KPN que vendeu as acções ao valor nominal.
Franquelim Alves, consultor financeiro e ex-presidente do Instituto de Gestão do Crédito Público, considera que o fim do direito de veto por parte do estado aumenta o poder dos restantes accionistas e esse poder tem um valor. A sua eliminação na PT por exemplo, “aumenta o valor da PT, uma vez que transfere para a totalidade dos accionistas, sem restrições, o poder de decidir o futuro da empresa em todas as matérias”.
Abel Mateus, ex-administrador do Banco de Portugal e ex-presidente da Autoridade de Concorrência, admite que o fim da “golden share” valoriza as acções das empresas, mas acha que vai ser difícil quantificar esse valor e, consequentemente, da compensação.
Nem se discute por que é que o Estado se tem que desfazer das “golden shares”, que por alguma razão se chamariam em português “partes douradas”, que são sua (nossa) propriedade e não é senão uma questão política e não técnica, até porque a troika mandou e o Governo assim fez constar no seu Programa: “Eliminação dos direitos especiais do Estado enquanto accionista (golden shares)”. Lá vem a legitimidade democrática estragar a discussão…
O que nunca passaria pela cabeça de ninguém, e pelos vistos não passa, é que o direito inerente à parte mais valiosa de uma empresa não seja pago e bem pago pelos seus accionistas. E por isso, há economistas (do sistema) que entendem que o Estado deveria (que remédio) vender as “golden shares” às empresas, porque o fim do direito de veto por parte do Estado aumenta o poder dos restantes accionistas e valoriza as acções das empresas e esse poder tem um valor. Pois claro! Até um merceeiro chega lá…
Mas… dizem que vai ser difícil quantificar esse valor e da respetiva compensação, pelo que se pode depreender que o melhor será dá-las, que é o que deve fazer na sua vida particular, quem disse tal coisa. Ele há cada um(a)!
Ah!, mas falta saber se a troika vai autorizar… Dar, ou vender? Ele há cada um(a)!
Mas a venda das “golden shares” não era para angariar verba para ajudar a pagar ao cego para nos cantar o fadinho? Ele há cada um(a)!