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sábado, 5 de novembro de 2011

O G20 no feminino…

Em Cannes, os chefes de Estado e de Governo deram conta do seu apoio aos países europeus em dificuldades, mas recusaram ajudar com dinheiro. “Quase nenhum país aqui disse estar disposto a participar no fundo de resgate da zona euro”, observou Angela Merkel.
ELA ainda vai ficar para a história como a “empata”: “…nem sai de cima!” e ainda quer que os outros lhe sacudam a água do capote…
A incompetente interesseira!

A primeira-ministra australiana Julia Gillard apelou à União Europeia para solucionar a crise financeira "a bem da economia global" e manifestou-se preocupada perante a aparência de que os líderes europeus "apenas procuram sair" da crise e assinalou que o "desejo e esperança de convencer os mercados a fazerem uma análise mais rigorosa da sua situação são claramente insuficientes".
Julia Gillard considerou que até agora só foram concretizados "intenções ligeiras" para enfrentar o problema e feitos muitos jogos e auditorias. "A União Europeia enviou gente à Grécia para criticar durante muito tempo a sua situação fiscal, mas não houve uma ação real para acompanhar a situação", disse.
A primeira-ministra australiana teve a coragem de denunciar o “faz de conta” que a dupla Merkozy tem entretido o povo, deixando claro, que confiar nos mercados não chega e que o comportamento com a Grécia não passou de jogos e auditorias, para empatar…
Corajosamente descomprometida!
A presidente Dilma Rousseff descartou a possibilidade de uma contribuição do governo brasileiro para o FEEF e reiterou que o Brasil está disposto a contribuir com recursos para o FMI, na busca de evitar o agravamento da crise financeira internacional.
A presidente relatou ainda que a preocupações do encontro do G20 foram a estabilidade global e as consequências sociais da crise económica. Segundo ela, as nações em desenvolvimento voltaram a pedir a mudança de governança do FMI.
O Brasil concorda com uma taxação global sobre operações financeiras cujos recursos seriam destinados a investimentos sociais.
A presidente brasileira mandou o FEEF às favas, dispondo-se a contribuir para o FMI, mas apelando a mudanças na sua atuação, provavelmente porque, como todos os outros líderes, as consequências sociais de uma crise económica também os assusta.
De salientar ainda a aceitação de uma taxação global sobre operações financeiras…
Sinceramente nacionalista!
A presidente argentina, Cristina Kirchner, pediu aos seus parceiros do G20 que acabem com o que chamou de "anarcocapitalismo financeiro" e exigiu "mudar de remédio" para regular os mercados e tirar a economia mundial da crise.
"Isto que estamos a viver, senhores, não é capitalismo. Isto é um anarcocapitalismo financeiro total, onde ninguém controla ninguém", denunciou a presidente.
Kirchner chamou os "líderes mundiais" a "dar soluções claras e concretas sobre o sistema de regulação financeira", após lamentar que se limitem a "ver em que cada país gasta" o seu dinheiro, sem controlar "o que cada banco de investimento ou cada agência de classificação de risco faz", em alusão aos programas de ajuste impostos aos países fortemente endividados como Grécia, Portugal ou Irlanda, declarações que foram aplaudidas por uma parte da centena de pessoas.
Como é habitual nos seus discursos, a presidente argentina voltou a atacar o FMI, que acusou de voltar a ser o "médico" que impõe o tratamento de sempre aos países endividados, como fez com a Argentina antes do calote feito há 10 anos. "Quando um doente não recebe solução, (a sua doença) se agrava", declarou. "Se alguém testou durante 3 anos determinados remédios com determinados médicos e o doente piora cada vez mais, não será necessário mudar de médico e de remédios e tentar outros tratamentos?", questionou Kirchner.
"Está na hora (...) de estabelecer soluções que tenham a ver com a regulação daqueles que provocaram o problema", afirmou, em alusão à especulação financeira, mas advertiu que a situação económica mundial "está pior" do que 3 anos atrás.
A presidente argentina, disse TUDO o que TODA A GENTE constata, pensa e pede há milénios:
1 - Regulação dos mercados, com soluções claras e concretas sobre o sistema de regulação financeira, já que o “anarcocapitalismo” permite que ninguém controla ninguém;
2 - Controlo do que cada banco de investimento ou cada agência de rating faz, a propósito dos programas de ajuste (memorandos) impostos aos países fortemente endividados como Grécia, Portugal ou Irlanda;
3 – Mudar o "médico" e o “remédio” de sempre que o FMI impõe aos países endividados, que pioram sempre com os tratamentos;
4 – Constatar e interiorizar que a situação económica mundial está pior do que há 3 anos.
Clara visão global e de estadista!
Razão por que terá levado a esta posição, em que Obama diz que EUA, França e Alemanha devem aprender com Kirchner, mas que afinal se revelou como pura hipocrisia, como se de Bush se tratasse, porque afinal Barack Obama rejeitou a aplicação de um imposto sobre as transacções financeiras, contribuindo para que não saísse nenhuma decisão sobre a taxa Tobin: G20 não chega a acordo sobre taxa Tobin.
Obrigados, por NADA!

Contramarés sem contrapé… 5 nov.

Milhares de manifestantes fecharam o porto de Oakland, na Califórnia, o 5º mais movimentado dos Estados Unidos, depois de um dia de greve ao qual aderiram centenas de trabalhadores, com o objetivo de conseguir parar o "fluxo de capital". É a partir do porto de Oakland que seguem várias mercadorias dos Estados Unidos para a Ásia, como vinho, arroz e frutas, e onde chegam importações americanas, designadamente de equipamentos eletrónicos e automóveis de marcas como a Toyota, Honda, Nissan e Hyundai.

Só contra o atual Diktat defenderemos a Europa…

Irresponsabilidade, jogada de póquer... As reações ao referendo grego mostram a energia com que o “Santo Ofício de Bruxelas” se agarra aos seus dogmas. E muito bem, diz o redator-chefe do Die Presse, pois a heresia é a última oportunidade da Europa.
Galileu diante do Santo Ofício - Joseph-Nicolas Robert-Fleury
O anúncio de um referendo na Grécia sobre o plano europeu de resgate surpreendeu toda a gente e os comentários que suscitou permitem compreender melhor o quotidiano dos fazedores de opinião da União Europeia. As suas práticas são muito parecidas com as das seitas religiosas.
A Comunidade dos Europeus de Profissão (são criticados por serem um Leviatã do funcionariado, mas é injusto porque não são tantos como isso), gente razoável que vive em Bruxelas e se considera “a Europa”, celebra uma espécie de liturgia da palavra. Os participantes recitam mutuamente preces registadas pelos jornalistas presentes para a posteridade.
As fórmulas mais importantes do rito europeu atualmente em vigor são as seguintes: o primeiro-ministro grego terá tentado um “golpe de póquer irresponsável”, um “não dos gregos teria consequências imprevisíveis”, as questões em debate são simplesmente demasiado complexas para serem submetidas a decisão popular – mesmo antes de as medidas serem postas em prática! –, mas, sobretudo, a variante nacional contemporânea da democracia parlamentar não será apropriada para gerir corretamente os problemas globais.
Um sistema normativo sofisticado
À semelhança do Santo Ofício romano, os profissionais da Europa criaram um sofisticado sistema normativo para impor o respeito pela ortodoxia. De acordo com a complexidade do mundo pósmoderno, desta feita europeu, nada define claramente a apostasia. Mas só quando, por exemplo, uma pessoa se agarra obstinadamente à ideia de que os interesses nacionais são um elemento legítimo e também talvez mesmo decisivo da política europeia é que se pode esperar que seja excomungada. Tudo o resto é negociável, como é típico da UE.
Para os crentes, a existência de uma tal instância superior nos assuntos dogmáticos é vital. Imaginamos que cada europeu tenha uma ideia própria sobre a questão de saber se é preferível resolver a desintegração dos estados da zona euro com uma redução do número de participantes na moeda única ou com a criação de um governo central que, com a imposição das mãos, sara a fratura entre a economia da Holanda e a da Grécia. É quase como esperar que cada fiel presente numa missa católica tenha a sua própria interpretação da transubstanciação. Impossível, para não dizer intolerável.
Quando todos pensam o mesmo, ninguém pensa
Os grandes capelães europeus são assim um beneplácito e nós devíamos pensar inclusivamente em organizar pequenas perseguições aos hereges que se atrevem a desafiar a santa fé do estado central europeu unido, o que seria apenas um sinal de respeito. Em todos os tempos, foi a colocar questões que apareceram os hereges. Quem diz questões, diz dúvidas e a dúvida é o fim do dogma.
Assim sendo, que será que nos querem dizer os comentadores da Europa unida quando afirmam, com a voz a tremer de indignação, que uma rejeição do plano de Bruxelas pelos gregos terá “consequências imprevisíveis”? Será que estão com isso a insinuar que as consequências das “medidas” decididas até hoje eram previsíveis? Será que os acontecimentos do ano passado são disso prova?
Por que motivo não hão de os cidadãos ter direito a pronunciar-se sobre um projeto que reduz consideravelmente a soberania do seu país? Será culpa sua não perceberem o que se passa, ou culpa dos que nada lhes explicam? E não é verdade que estes não lhes explicam nada porque nem eles percebem o que se passa? Por conseguinte, que direito têm eles de tomar decisões sobre coisas que entendem tão mal como as pessoas a quem escondem o que andam a fazer?
Que os guardiões da fé entrem no debate é bom. Sem dogmas não há heresias e sem hereges a Europa não se salva. Quando toda a gente pensa o mesmo, já não se pensa muito. Quem se bate contra o atual Diktat está realmente a defender a Europa.

Ecos da blogosfera – 4 nov.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

OE2012: Seguro, seguro é não termos líderes seguros!

O secretário-geral do PS, António José Seguro, afirmou hoje que terá como preocupação central que o Orçamento do próximo ano poupe 1 dos 2 salários que o Governo pretende cortar aos trabalhadores do setor público e aos pensionistas.
A Comissão Política Nacional do PS aprovou por larga maioria a abstenção dos socialistas na votação da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2012.
"É profundamente injusto retirar dois salários aos funcionários públicos e aos pensionistas. Em alguns casos estamos até a falar em quatro salários, porque há famílias com dois funcionários públicos. É uma violência", vincou o secretário-geral do PS.
Nem vale a pena gastar tinta e tempo para injustificar o justificado, que é estar-se contra o OE e deixar correr, sem sequer deixar em ata essa posição, até porque tanto faz votar a favor, votar contra, ou abster-se, que a maioria absoluta está lá para assumir o testamento.
Mais uma fraqueza de outro homem fraco, que nos calhou na rifa de líderes e só se espera que não venha pedir desculpa, nem pelas culpas no cartório…
Mas o maior sinal de fraqueza e de insegurança no campo político é Seguro disfarçar-se de Paulo Portas e vir chorar a injustiça de se retirar 2 salários aos funcionários públicos e aos pensionistas (coitadinhos!), sem qualquer referência à legalidade do saque e à legitimidade da opção (de que nem sequer a troika se lembrou) e sem abordar a questão do direito aos direitos contratuais, num Estado de Direito.
Mas a questão está apenas no incumprimento da obrigação e não na sua amplitude, porque então poderíamos perguntar a Seguro quantos salários pode sacar o Estado? UM É BOM? E porque não os 2, ou 3, ou 4…? É quase certo que a proposta será aceite, porque a tática é velha, ameaçar com com muito, "oferecer"  um bónus e o POVO ficará agradecido...
Se a medida nem estava no memorando que o PS assinou, por que vai “assinar” esta e tantas outras penalizações, contra a filosofia do partido, que se intitula de “socialista/social democrata”, continuando a praticar o que o seu antecessor tinha estômago para fazer, à boleia da 3ª via e do pragmatismo do alcoólico Sr. Blair?
PPC segue Merkozy e Seguro segue-lhe os Passos… Mudou o quê e para quê?
Estamos condenados! Não dizem os JOTAS com as perdigotas…

Contramarés sem contrapé… 4 nov.

"Brutal", "excessivo", "iníquo", "desproporcionado", "desrazoável", "gravíssimo", "punitivo" são adjectivos que constam do Manifesto em Defesa da Democracia, num apelo à classe política subscrito por dezenas de personalidades, académicos, professores, médicos, economistas, filósofos e arquitectos.

“Secret Story - País dos segredos”

Aqui há tempos havia um enigma. Como podiam os mercados deixar a Bélgica em paz quando este país tinha um défice considerável, uma dívida pública maior do que a portuguesa e, ainda por cima, estava sem governo? Entretanto os mercados abocanharam a Irlanda e Portugal, deixaram a Itália em apuros, ameaçaram a Espanha e mostram-se capazes de rebaixar a França. E continuaram a não incomodar a Bélgica. Porquê? Bem, — como explica John Lanchester num artigo da última London Review of Books — a economia belga é das que mais cresceu na zona euro nos últimos tempos, sete vezes mais do que a economia alemã. E isto apesar de estar há dezasseis meses sem governo.
Ou melhor, corrijam essa frase. Não é “apesar” de estar sem governo. É graças — note-se, graças — a estar sem governo. Sem governo, nos tempos que correm, significa sem austeridade. Não há ninguém para implementar cortes na Bélgica, pois o governo de gestão não o pode fazer. Logo, o orçamento de há dois anos continua a aplicar-se automaticamente, o que dá uma almofada de ar à economia belga. Sem o choque contracionário que tem atacado as nossas economias da austeridade, a economia belga cresce de forma mais saudável, e ajudará a diminuir o défice e a pagar a dívida.
A Bélgica tornou-se assim num inesperado caso de estudo para a teoria anarquista. Começou por provar que era possível um país desenvolvido sobreviver sem governo. Agora sugere que é possível viver melhor sem ele.
Isto é mais do que uma curiosidade.
Vejamos a coisa sob outro prisma. Há quanto tempo não se ouve um governo ocidental — europeu ou norte-americano — dar uma boa notícia? Se olharmos para os últimos dez anos, os governos têm servido essencialmente para duas coisas: dizer-nos que devemos ter medo do terrorismo, na primeira metade da década; e, na segunda, dizer-nos que vão cortar nos apoios sociais.
Isto não foi sempre assim. A seguir à IIa. Guerra Mundial o governo dos EUA abriu as portas da Universidade a centenas de milhares de soldados — além de ter feito o Plano Marshall na Europa onde, nos anos 60, os governos inventaram o modelo social europeu. Até os governos portugueses, a seguir ao 25 de abril, levaram a cabo um processo de expansão social e inclusão política inédita no país.
No nosso século XXI isto acabou. Enquanto o Brasil fez os programas “Bolsa-Família” e “Fome Zero”, e a China investe em ciência e nas universidades mais do que todo o orçamento da UE, os nossos governos competem para ver quem é mais austero, e nem sequer pensam em ter uma visão mobilizadora para oferecer às suas populações.
Ora, os governos não “oferecem” desenvolvimento às pessoas; os governos, no seu melhor, reorganizam e devolvem às pessoas a força que a sociedade já tem. Se as pessoas sentem que dão — trabalho, estudo, impostos — e não recebem nada em troca, o governo está a trabalhar para a sua deslegitimação.
No fim do século XIX, isto foi também assim. As pessoas viam que o governo só tinha para lhes dar repressão ou austeridade. E olhavam para a indústria, e viam que os seus patrões só tinham para lhes dar austeridade e repressão. Os patrões e o governo tinham para lhes dar a mesma coisa, pois eram basicamente as mesmas pessoas. Não por acaso, foi a época áurea do anarquismo, um movimento que era socialista (contra os patrões) e libertário (contra o governo).
Estamos hoje numa situação semelhante. Nenhum boa ideia sai dos nossos governos. E as pessoas começam a perguntar-se para que servem eles.
Rui Tavares – Historiador, Deputado Independente ao Parlamento Europeu 

Ecos da blogosfera – 3 nov.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Agências de “rating” classificam regimes políticos…

Hoje, quem quer consultar o seu povo é considerado como uma ameaça por toda a Europa. É esta a mensagem que os mercados – e também os políticos – passam desde 31 de outubro, denuncia o chefe de redação do Frankfurter Allgemeine Zeitung.
Dois dias: foi quanto durou o sentimento de aparente estabilidade reencontrada pelas elites europeias. Dois dias entre a imagem da matriarca Merkel, em quem o mundo inteiro tinha os olhos postos, e a imagem da depressão. Um terapeuta poderia dizer-nos do que se trata: é uma doença. Poderia descrever até que ponto a psique coletiva está doente, até que ponto os fantasmas de grandeza e de autoconfiança que essa psique cria são falsos e enganadores.
Consternação na Alemanha, na Finlândia, em França e até no Reino Unido. Consternação nos mercados financeiros e nos bancos. Consternação em toda a parte porque o primeiro-ministro grego, Georges Papandreou, põe a hipótese de um referendo para obter resposta para um problema decisivo para o destino do seu país.
Esta terça-feira [1 de novembro] pudemos ver, minuto após minuto, os banqueiros e os políticos brandirem a ameaça da queda das Bolsas. A mensagem era clara: se disserem sim, os gregos são idiotas. Quanto a Papandreou, agiu precipitadamente, porque lhes fez a pergunta. No entanto, antes que a espiral do pânico se descontrole, seria sensato tentar compreender, com algum distanciamento, aquilo que está a passar-se diante dos nossos olhos. É o espetáculo do abastardamento dos valores que, em tempos, se considerava serem incarnados pela Europa.
Nos mercados financeiros, alguns protagonistas analisam, sem pestanejar, a história desta decadência anunciada. O britânico The Daily Telegraph dá conta de uma piada que circula nos meios financeiros e claramente, também, no seio do Governo britânico: seria bom se uma junta militar tomasse o poder na Grécia, porque nenhuma junta militar poderia ser membro da UE.
E a Forbes, que não é uma publicação qualquer no mundo das finanças, vai um pouco mais longe"Esta brincadeira é ainda mais triste e amarga na medida em que, para falar francamente, se nos abstrairmos do ligeiro problema da transformação da Grécia em ditadura militar, essa seria uma boa solução para o país."
Luta de poder entre economia e política
Não é preciso conhecer todas as ligações de tal piada com o subconsciente para compreendermos que estamos prestes a assistir à destruição massiva dos princípios morais nascidos no pós-guerra, determinada por razões económicas e financeiras superiores. Esses processos desenvolvem-se sub-repticiamente, desenrolam-se nos limites da consciência, por vezes durante décadas, até desembocarem numa nova ideologia. Foi o que se passou durante as fases de incubação dos grandes fenómenos de autoritarismo do século XX.
Há que referir o que disse Papandreou, aquilo que ficou nos ouvidos da Europa como as divagações de um louco imprevisível: "A vontade do povo impor-se-á." Se o povo rejeitar o novo acordo com a UE, esse acordo "não será aprovado". Recorde-se que, ainda há apenas alguns dias, na Alemanha, se entendia por democracia a sanção do poder legislativo. Imposta pelo Tribunal Constitucional e aceite por todos os partidos. Por causa disso, até foi preciso adiar uma cimeira da UE. Hoje, nada disso continua a ser válido para a Grécia.
O que tem a iniciativa grega de insuportável? Resposta: o facto de o primeiro-ministro submeter o destino do seu país ao julgamento do seu próprio povo. Perante essa decisão, os pretensamente cidadãos modelos regrados que são os alemães e os seus dirigentes políticos entram em pânico, mas apenas porque os mercados financeiros entraram em pânico. Porque todos são agora prisioneiros das profecias dos mercados, antes mesmo de estas serem expressas.
Torna-se cada vez mais evidente que a crise que a Europa atravessa não é um problema passageiro mas a expressão de uma luta pela supremacia entre o poder económico e o poder político. Este último já perdeu imenso terreno mas, agora, as coisas acontecem mais depressa.
Papandreou tem razão
A incompreensão total que o gesto de Papandreou suscita é igualmente uma incompreensão do espaço público democrático e do facto de a democracia ter um preço que temos de estar dispostos a pagar.
Não seremos capazes de ver que, cada vez mais, submetemos os processos democráticos à apreciação das agências de notação, dos analistas e dos agrupamentos bancários? Nas últimas 24 horas, todos esses atores foram assaltados com perguntas, como se tivessem alguma coisa a dizer sobre a vontade do povo grego de decidir o seu próprio destino.
A pretensa racionalidade dos mecanismos financeiros revelou velhos atavismos inconscientes. O discurso que consiste em tratar um povo inteiro como um bando de ladrões e preguiçosos parecia ter desaparecido, ao mesmo tempo que o nacionalismo. Hoje, assiste-se ao regresso dessa mentalidade, com o apoio de "provas razoáveis". A deterioração do parlamentarismo, em função das leis do mercado, não justifica apenas as decisões do povo enquanto "legislador extraordinário"; no caso da Grécia, obriga os cidadãos a manifestar a sua vontade. Na Alemanha, todos os deputados que seguem os que a sua consciência lhes dita podem ter a certeza de que, tão depressa, não voltaremos a ver a sua "cara". O que aconteceu a um deputado alemão enquanto indivíduo, diz igualmente respeito a um Estado e, não tardará muito, a toda a Europa.
Papandreou não tem apenas razão para fazer o que fez: também está a apontar uma via para a Europa. A Europa deveria fazer tudo para convencer os gregos de que a solução que apresentou é a melhor. Para isso, teria também de se convencer a si mesma. Para os outros países europeus tão endividados como a Grécia, tratar-se-ia de um excelente meio de dar mostras de lucidez e de defender o preço que estarão dispostos a pagar em nome de uma Europa unida.

Contramarés sem contrapé… 3 nov.

Mais de uma centena de utentes de Avis invadiram as instalações do centro de saúde local contra a redução do horário de funcionamento da unidade e o fecho de extensões de saúde em 3 freguesias. A acção, vigiada de perto pela GNR, terminou ao início da noite, sem incidentes.
A Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano decidiu reduzir o horário de funcionamento de 10 centros de saúde do distrito de Portalegre.

O recado de PP: “(não) Comam e calem-se!”

O ministro dos Negócios Estrangeiros português manifestou em Caracas, a sua “apreensão” perante o anúncio do primeiro-ministro grego de fazer um referendo sobre o plano de resgate europeu, considerando que cria “um fator de insegurança e imprevisibilidade”.
O governante aproveitou para endereçar um recado aos portugueses para valorizarem a “estabilidade e o consenso” que existem em Portugal relativamente às medidas para combater a crise e as metas estabelecidas pela “troika”: “Permitam-me que diga aos nossos compatriotas que, quanto mais virem noutros países sinais de instabilidade e de divisão, mais os portugueses devem valorizar a estabilidade e o consenso em Portugal, porque é isso que faz de Portugal um país diferente, um caso singular, sermos vistos como um país estável e cumpridor”, declarou.
Pois, também para PP foi uma jogada de que não estava à espera e estava estavelmente indiferente ao drama do povo grego, tal como com o nosso, preocupando-se apenas com os “mais desfavorecidos”, os velhinhos e os pensionistas, que são os seus objetivos mínimos...
Quanto ao recado para os portugueses valorizarem a estabilidade e o consenso, até parece que os gregos não defendem a estabilidade e o consenso, lutando pela sobrevivência pessoal e nacional, contra todas as humilhações a que estão a ser sujeitos.
E esqueceu-se de dizer que o REFERENDO é um processo democrático, legítimo e constitucional.
Mas sobretudo esqueceu-se de dizer que a receita que a troika nos deu é exatamente igual à que prescreveram para a Grécia, que só deu miséria e que pelas mesmas razões será o fruto que também vamos colher…
Se o recado viesse de quem não é parte interessada, ainda vai que não vai, mas a estabilidade e o consenso de que PP fala é para o governo se aguentar, cortando, cortando, cortando e para que o povo coma e cale…
Obrigado “papá”, mas não vai haver papa para todos!
Simon Johnson, professor do MIT, considera que o referendo ao 2º pacote de resgate à Grécia faz algum sentido, porque vai definir o futuro do país num curto espaço de tempo.
A Grécia vai entrar em incumprimento, na opinião do antigo economista-chefe do FMI, Simon Johnson e os líderes gregos não vão ser capazes de explicar à população qual a necessidade de haver um novo pacote de resgate ao país, que o primeiro-ministro George Papandreou pretende levar a referendo.
Pelos visto, quem sabe mais do assunto e não é juiz em causa própria, vem dizer o contrário do que PP disse.
Hoje em dia, qualquer leigo já percebeu (e os especialistas já não tem dúvidas) que a Grécia vai entrar em incumprimento por causa das medidas de austeridade e os líderes gregos, sejam quais forem, não vão ser capazes de explicar à população a necessidade de haver um novo pacote de resgate para continuarem com mais austeridade até descerem ao inferno.
E disso é que PP tem receio, porque com os olhos abertos vemos todos muito melhor…

Ecos da blogosfera – 2 nov.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Mas são títulos classificados de “Ah! Ah! Ah!”?

Os líderes europeus chegaram a acordo para reduzirem a dívida grega. Esperam que os países ricos fora da UE contribuam com parte dos fundos do plano de resgate. A China, com a sua enorme reserva de moeda estrangeira, tornou-se o alvo principal.
A Europa desenvolvida volta-se para a China em busca de dinheiro. Coisa chocante para muitas pessoas, tanto na Europa como na China. Alguns europeus defendem que a Europa ainda não está tão mal que tenha de mendigar à China. A ideia dominante é que a Europa deve pedir financiamento à China, mas não lhe deve conceder mais nenhum outro benefício.
Na China, o debate sobe de tom. São muitos os que não percebem  porque é que a China tem de estender a mão para ajudar a Europa, numa altura em que uma das suas cidades, Wenzhou, vive uma crise de financiamento.
Neste momento, ambos os lados estão a fazer contas.
Mercados têm de abrir
Talvez a extensão da participação da China no plano de resgate da zona euro tenha sido decidida por interesses comuns e desconfianças mútuas dos dois lados. A China não ficará isolada, uma vez que os seus interesses estão estreitamente ligados à Europa em matéria de globalização.
Mas, por outro lado, a China não trará uma “grande surpresa” à Europa. Até mesmo as economias mais ricas da zona euro se sentem relutantes em ajudar a Grécia.
Se a UE quer realmente o financiamento da China, tem de considerar uma maior abertura dos seus mercados, bem como reconhecer a posição da China como economia de mercado.
Para os chineses, ligar o plano de resgate da zona euro com a crise da dívida de Wenzhou é ignorância. O resgate europeu significa usar as reservas de moeda estrangeira da China, dinheiro que não pode ser utilizado para salvar as empresas de Wenzhou abandonadas pelos patrões em fuga.
Uma Europa avarenta
Enquanto potência mundial, a China tem de ajudar os países atingidos por crises ou desastres. Os chineses têm de perceber que um país não pode apenas defender os seus interesses, ignorando os valores morais.
Mas os europeus também têm de refletir sobre si próprios quando acusam a China de ser avarenta. Discriminam o sistema chinês e não querem exportar tecnologia para a China.
Sempre que uma empresa chinesa faz um investimento na Europa, a opinião pública local reage mal. Temem que a China aprenda demasiado com eles e passe a ter mais sucesso. Querem continuar sentados nos seus lugares e estarem sempre à frente.
Esta mentalidade faz da Europa uma avarenta. A participação da China no plano de resgate da zona euro não pode ser demasiado politizada. Deve ser um acordo civilizado, e as regras tácitas são cristalinas para as duas partes envolvidas.
CONTRAPONTO
Ignorar os direitos humanos a troco da generosidade chinesa?
A Europa está a “tentar o dragão” para salvar a zona euro, titula o Gazeta Wyborcza. Mas, segundo o diário de Varsóvia, tal pode custar-nos muito caro. “A Europa deposita as suas esperanças na China. Um país que tem o maior número de execuções [de penas de morte] do mundo e que envia os seus dissidentes para campos de trabalhos forçados. O Estado que persegue os tibetanos e o povo de Uyhhur e censura a Internet.”
“Ao contarem com a China para fortalecerem o FEEF, os líderes da UE têm de responder a uma pergunta essencial”, escreve o Gazeta Wyborcza. “Se aceitarem os milhares de milhões [da China] para salvarem a Grécia e a Itália, continuarão a ter coragem para condenar a violação de direitos humanos no Tibete ou em Sinkiang? [...] A Europa pode ter medo de ficar sob o pé da China ou pode, simplesmente, sentir-se tola uma vez que não se pode pedir ajuda e, ao mesmo tempo, dar reprimendas [ao doador].”
Ou seja, a inevitabilidade da austeridade para os PIIGS, é a mesma inevitabilidade de a Europa penhorar os seus principais valores, que se baseiam no respeito aos “Direitos Humanos”. Está na hora de nos perguntarmos: O que é isso dos Direitos Humanos?
Mas para além da crise da dívida de Wenzhou, já é notícia (calada) a eventualidade de rebentar uma bolha imobiliária na China idêntica à que estourou nos EUA, o que complicará a estrutura financeira a nível mundial e o “milagre” chinês deixará de ser dogma.
Entretanto:
E se a China não tiver meios para ajudar a Europa? No dia em que o presidente chinês Hu Jintao visita a Áustria, Die Presse adverte contra “a falsa esperança de um salvador chinês”. A força financeira que a China reivindica no estrangeiro não consegue esconder os problemas que o Governo de Pequim enfrenta no interior do seu próprio país, porque a China corre o risco de ver a sua própria dívida explodir.
Em 2008, o país iniciou “um enorme pacote de relançamento pesando o equivalente a 440 mil milhões de euros, com o objetivo de proteger o império da crise financeira desencadeada nos Estados Unidos”. O problema: apenas 133 mil milhões vieram do orçamento de Estado, o resto foi emprestado por bancos e empresas do Estado e particulares. “Hoje em dia, metrópoles como Xangai e Pequim, mas também outras cidades, estão muito endividadas junto dos bancos do Estado.”
Do lado chinês, o diário oficial China Daily afirma que “a China não pode ser nem o salvador da Europa nem o remédio para todos os males, mas fará o que puder estendendo uma mão amiga. Mas a amizade não funciona só num sentido. A China já investiu enormes montantes em obrigações europeias e quer algumas garantias de que o seu investimento é seguro”.
Ou como disse a nossa “irmã” Dilma, os conselheiros só arriscam que os seus governos comprem títulos classificados de AAA… Ah! Ah! Ah!
Quer dizer…

Contramarés sem contrapé… 2 nov.

Os níveis de insolvências decretadas pelos tribunais judiciais em Portugal atingiram um novo máximo histórico, ultrapassando os 2.428 processos no segundo trimestre deste ano. Os particulares são os mais afectados, em consequência do desemprego e das medidas de austeridade, sendo já as insolvências decretadas nos tribunais de 55%, superando o número de falências de empresas. Desde o início do ano, a média é de 14 famílias falidas por dia.

Quem semeia ventos, só pode colher tempestades…

Os dirigentes da zona euro reduziram a dívida grega e aumentaram o montante da ajuda a prestar. Mas para o Eleftherotypia, que destaca na primeira página que a aquisição de "tanques alemães faz parte do plano de resgate", esta decisão coloca os gregos e todos os europeus sob a alçada de Berlim.
Encorajada pelos mais de 80% de deputados que lhe deram luz verde, Angela Merkel dirigiu-se à cimeira de Bruxelas de resolução do problema grego.
Só que a decisão assumida pelos dirigentes europeus foi, quase ponto por ponto, a submetida pela chanceler ao seu próprio Parlamento! Aparentemente, nem sequer teve em consideração a troca de opiniões com os demais líderes europeus, como se não houvesse outros intervenientes na Europa.
Claro que todos sabem que a Alemanha é o ator mais forte na Europa e que a sua opinião pesa mais do que as outras. Mas não pode ter sempre a última palavra. Porque, em política, não se aplicam as mesmas regras do futebol, onde "no final, são sempre os alemães que vencem", para citar um antigo jogador inglês.
Na verdade, da maneira como as coisas estão a correr, temos o cenário oposto. Porque, no futebol, os alemães muitas vezes perdem, enquanto na Europa continuam a impor sempre os seus pontos de vista. Nem se deparam com qualquer objeção. Até o Presidente francês é criticado pela imprensa do seu país, por apoiar as posições alemãs.
A chanceler está a fazer o que quer
Outros dirigentes, como o primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker, manifestam-se preocupados com a hegemonia alemã. Mas não serve de nada. A chanceler Merkel está a fazer o que quer. Em relação à Grécia, impôs a solução que envolve uma descida de 50% na dívida e reformas estruturais profundas, com medidas de austeridade imperativas.
Essa é realmente a contrapartida da "benesse" da re-estruturação da dívida: o rigor. Ainda que Merkel tenha explicado aos seus deputados que tem todo o "respeito" pelos sacrifícios feitos pelos gregos, isso não muda a realidade da austeridade. O que vale tanto para a Grécia como para os outros países que estão na mira – como a Itália, apesar das reticências de Berlusconi.
A Grécia, como o conjunto da zona euro, está, pois, à mercê da Alemanha. Quando estão em debate decisões importantes e, no final, as soluções são impostas por um país que não recua perante nada, os outros fazem obrigatoriamente marcha atrás. Se continuar a não haver outros países que imponham os seus pontos de vista, nada de bom espera a Europa, em especial os países pequenos, elos fracos da cadeia.
Depois de Sarkozy ter mandado para canto o Cameron, que nem é da zona euro, o próprio levou um “chega pr’a lá” da (in)fiel amiga Merkel, que assim ficou sozinha, literalmente, mas sem prever que a coisa ia dar uma volta…
Isto vem a propósito do referendo que a Grécia anunciou sobre a nova “ajuda” e talvez estejam aqui as razões da indignação do próprio governo grego, que tem a mão da Sra. Merkel, que apesar do "respeito" que diz que tem pelos sacrifícios dos gregos, não muda a realidade da austeridade:
A aquisição forçada de tanques alemães faz parte do novo plano de resgate da Grécia;
Pelo “resgate da Grécia, impôs a descida de 50% na dívida e reformas estruturais profundas, com medidas de austeridade imperativas;
A Grécia, como o conjunto da zona euro, está à mercê da Alemanha.
Só que, se em política, não se aplicam as mesmas regras do futebol, onde no fim, são sempre os alemães a vencer, a ver vamos e enquanto isso…
"Bem-vindo, senhor Presidente!", titula o Handelsblatt após o "sim" definitivo de Angela Merkel à nomeação do governador do Banco de Itália, Mario Draghi, para a presidência do BCE, no próximo mês de outubro. Apanhada desprevenida pela reforma do "seu" candidato, o patrão do Bundesbank, Axel Weber, a chanceler alemã hesitou. "Em plena crise do euro, achou que não poderia impor aos alemães um banqueiro oriundo de um Estado campeão da inflação e do endividamento".
A tarefa mais urgente e delicada do presidente do BCE é evitar, por um lado, a reestruturação da dívida grega e, por outro, conseguir que a economia da Grécia – num prazo razoável – retome o funcionamento normal que lhe permita regularizar as suas dívidas. Uma política idêntica será aplicada à Irlanda e a Portugal, dois países também atingidos por uma grave ‘doença financeira’.
De desconfiar que o previsto presidente do BCE fosse alemão (é tudo nosso, diz ELA!) Mas numa coisa tem razão, ao desconfiar num banqueiro de um Estado campeão da inflação e do endividamento e nós também, mas como já lá tem o “nosso” Constâncio, só falta um grego, um irlandês e um espanhol… O critério deve ser mesmo o de “pau mandado”. Competência para quê?
A iniciativa da Grécia é que veio entornar o caldo e a coisa parece que vai ficar quente, para um lado ou para o outro, porque o Governo grego muda as chefias militares do Estado-maior
O atual ministro das Finanças grego era antes da última remodelação era o ministro da Defesa. Será que os gregos vão usar os submarinos, os aviões e os tanques de guerra que compraram à Alemanha? E será contra os alemães ou contra os seus concidadãos?
Valha-nos Zeus, que Eolo anda furioso!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ecos da blogosfera – 1 nov.

Governo engrossa os “Indignados”: “Não pagamos”!

O primeiro-ministro grego George Papandreou anunciou a realização de um referendo sobre o acordo a que os 17 países da zona euro chegaram na passada semana e que reduz em cerca de 1/3 a dívida grega.
"A vontade do povo grego vai comprometer-nos", disse Papandreou, em declarações aos deputados do Partido Socialista grego, no governo. "Eles querem adotar o novo acordo ou rejeitá-lo? Se os gregos não o quiserem, não será adotado", acrescentou Papandreou, quando, na passada semana, o país enfrentou uma nova vaga de protestos contra medidas de austeridade adicionais decididas pelo governo, que estão a empurrar os gregos, em 2012, para o quarto ano seguido de recessão.
Temos que reconhecer que isto é uma tática “à Mourinho”, que passa a iniciativa do jogo para o adversário, que de tão convencido da sua superioridade se esqueceu da defesa…
Afinal o contra-ataque parece ter virtudes que a inevitabilidade desconhecia e que passa por devolver ao POVO a decisão do seu destino, que mais não é do que o cerne da democracia.
E fica provado, que de tanta humilhação, depois do POVO, são os próprios Estados que tem que forçar a mudança de rumo da história no futuro breve, obrigando a tal quem, sem direito, tem brincado com uma civilização e com os seus valores.
4 anos de muito sacrifício de muitos para NADA! Soluções inteligentes…
A Comissão Europeia afirmou hoje que ainda não foi formalmente notificada pelo Governo grego sobre o referendo.
"Até termos, por exemplo, uma carta, ou algo parecido, do primeiro-ministro, não será de esperar uma reacção da nossa parte", frisou.
Burocraticamente, a CE espera a confirmação em papel, fazendo mais uma vez o papel “do último a saber”, fazendo saber que nem lhe passou pela cabeça tal jogada…
O presidente francês vai falar esta terça-feira ao telefone com a chanceler alemã pelas 12 horas para discutir a decisão grega de realizar um referendo sobre o plano de ajuda ao país decidido na semana passada em Bruxelas.
Merkozy, que veem os (seus) planos furados, parece que perderam repentinamente a arrogância e o “poder” usurpado, porque sabem muito bem que um afogado, quando o tentam salvar, leva consigo o “salvador” ao fundo… Onde estava o Plano B?
Preocupações quanto ao futuro da zona euro penalizam moeda única. Há momentos, o euro recuava 2,13% para 1,3846 dólares, a caminho da maior queda desde Agosto de 2008.
Os mercados estão longe de estar descansados quanto ao novo plano para estancar a crise da dívida.
E a jogada grega (bem arquitetada) deixou a defesa em pantanas, mexendo com o euro e pondo os mercados em sentido, coisa que nem Merkozy, nem os patrões do mundo conseguem (porque não querem ou lhes dá jeito), mas vão ter que rever a tática, se houver segunda parte, ou segundo jogo...
Na primeira parte dominaram o jogo, “mamaram” o que quiseram impingindo material de guerra desnecessário, cobraram taxas incomportáveis para lhes pagar os “brinquedos” adquiridos, preparavam-se para lhes sacar os anéis com as privatizações, mas…
As bolsas europeias abriram esta manhã em queda acentuada. O primeiro-ministro assegurou que a decisão saída do referendo será vinculativa, ou seja, se o plano for chumbado, a Grécia não o aplicará.
A notícia arrasou a confiança dos mercados. Atenas, sem surpresas, lidera, a cair 7,3%, Milão desce 4,07%, mas Paris, Madrid e Frankfurt também caem cerca de 3,5% cada. Em Lisboa, o PSI20 recua 3,43%.
Cá dentro, como lá fora, são os bancos que mais sofrem.
O referendo grego está também a deprimir as cotações do petróleo e do euro.
E se o referendo resultar em nega, a zona euro, a UE, os EUA e todas as economias do mundo, vão perceber que o poder político pode reassumir a governação no mundo e recuperar a soberania.
A Grécia, de tanto se falar em dominó, resolveu jogá-lo e deixar aos adversários ir ao monte e encher-se de peças que não encaixam e não servem para nada.O sistema foi posto à prova, com uma jogada inesperada e que não estava nos livros e que leva de enchurrada tudo que de financeiro havia pela frente…
A oposição grega criticou a decisão do Executivo de George Papandreou de submeter a referendo o novo plano de ajuda financeira.
O líder do partido da Nova Democracia disse que o anúncio do primeiro-ministro é “perigoso” e que Papandreou “está a atirar a Grécia ao ar como se fosse uma moeda”, acusando-o de não saber governar.
As oposições (internas) tem sempre estas tiradas, por não serem oposição ao assalto do exterior e seguramente por razões de ordem familiar, politicamente falando, a ponto de não entenderem que quem andava a atirar a Grécia ao ar como se fosse uma moeda (falsa) eram o/as Merkozy…
É pena que por cá não haja coragem para se fazer o mesmo, evitando as extrapolações abusivas dos resultados eleitorais, que “dizem” lhes conferiram autoridade para nos massacrarem.
E com este exemplo de “imolação” coletiva que os gregos nos dão esperemos que hoje seja o primeiro dia do resto das NOSSAS VIDAS!
Cartoon do Felizardo Cartoon

Contramarés sem contrapé… 1 nov.

Um quarto das pessoas que se suicidaram em 2010 em Portugal (cerca de 1.500 pessoas põem fim à própria vida anualmente) tinham mais de 60 anos e na base da decisão estiveram, sobretudo, doença física, solidão e condições socioeconómicas, disse a presidente da Associação Portuguesa de Gerontopsiquiatria. Os grandes centros são os mais atingidos sendo Lisboa um dos distritos mais afectados.

Só se fala das subvenções. E por que não falar de exclusividade e acumulações?

Marinho e Pinto não desiste de lutar contra os deputados que exercem advocacia e diz que há "uma promiscuidade absoluta" porque existem deputados que enquanto advogados representam interesses económicos que beneficiam das leis que são feitas no Parlamento - "Estamos a falar de corrupção e de tráfico de influências".
É uma guerra antiga do bastonário da Ordem dos Advogados que denuncia as más práticas do passado e sublinha que, hoje em dia, continuam a acontecer. Mas Marinho e Pinto recusa falar de casos concretos - "Não me peça para dar nomes", responde peremptoriamente e deixou os outros dois participantes estarrecidos.
Jorge Lacão, ex-líder parlamentar socialista, ex-ministro dos Assuntos Parlamentares e advogado com a actividade suspensa, diz que é "uma pura ingenuidade imaginar que um deputado, só por si, conseguiria influenciar a feitura de uma lei". "O Parlamento está permanentemente debaixo dos holofotes e tem um trabalho colegial onde os grupos parlamentares se controlam uns aos outros".
José Matos Correia, deputado do PSD e presidente da Comissão parlamentar de Defesa não escondeu a irritação que lhe provocam as acusações do bastonário, nem o mal-estar pelo retrato dos advogados. "É preciso não conhecer o Parlamento para achar que 1, 2 ou 3 deputados podem introduzir ‘à má fila' umas soluções para beneficiar clientes", diz o deputado do PSD. "A imagem que o bastonário está a transmitir dos deputados, julgo que involuntariamente, é que há uns advogados que vão para o Parlamento para fazer uns negócios" e "eu não conheço essas situações e, sem serem detalhadas, não as posso comentar".
A Marinho e Pinto não lhe escapou o confronto: "Eu não disse isso, mas também é verdade. Há uns advogados que perdem clientes por serem deputados, outros que saem de lá ricos por tráfico de influências".
Numa coisa os três convidados alinharam discursos: a lei pode ser mudada e a malha de controlo pode ser apertada sobre o tipo de clientes que podem ser representados por advogados que são, simultaneamente, deputados. Marinho e Pinto é, dos 3, o que quer ir mais longe e pede a criação de um impedimento para que um deputado "seja obrigado a suspender a sua actividade de advogado enquanto estiver no Parlamento". Os deputados ganham pouco, questiona o bastonário para, logo de seguida, responder: "Os presidentes de câmara também e muitos suspendem a sua actividade de advogado".
Jorge Lacão mostrou-se "disponível para aprofundar o regime de impedimentos para, não apenas limitar o advogado que é deputado de defender causas contra o Estado, mas também, de defender o Estado". José Matos Correia "acompanha a ideia de que algumas coisas deveriam ser clarificadas" mas descola da proposta de Marinho e Pinto porque o Parlamento "só beneficia com as várias experiências: seja de advogados, politólogos, médicos ou psicólogos".
Pelos vistos a guerra do bastonário da OA é antiga, é dura, mas não se veem resultados e ele até deve saber do que fala, mesmo que haja quem contrarie a prática, mas não totalmente o critério.
E numa altura em que se faz de conta que a ética política e a moral vão vingar de estaca, empurrada pela crise, que afinal é e sempre foi de VALORES, nada melhor do que reduzir as ocasiões, com o aumento da lista de incompatibilidades, porque com “caldos de galinha” não se vai lá.
Bem pode, quem está dentro do sistema inventar todos os argumentos em defesa do status quo, mas para quem está de fora e tem da política o conceito de serviço público, não entende como se pode prosseguir o bem comum e trabalhar em simultâneo em favor do bem pessoal ou grupal.
Quando tanto se fala das subvenções vitalícias com que a democracia presenteou quem se dedicou voluntariamente a ela, dever-se-ia falar desta nebulosa prática de acumulações, seja no setor público, seja no setor privado, que pelo que se vê não deixa lugar à exclusividade, única forma de se cumprir o ideal de quem se predispõe a trabalhar (ganhando) para a comunidade que o elegeu, delegando-lhe o poder do povo (já estou a delirar…).
À parte os interesses denunciados acima, regista-se abaixo o que ainda nem sequer foi questionado e era a hora, pelas mesmíssimas razões.
Há quem não receba um cêntimo pelo que faz fora da Assembleia da República. Outros ficam com um segundo salário.
De acordo com o estatuto do deputado são permitidas outras actividades profissionais desde que não atrapalhem os trabalhos parlamentares. Existem outras regras, como não poderem desempenhar funções no público, a não ser que seja professor universitário. Mas se assim for, têm de abdicar do vencimento. Se estiverem no privado, recebem o salário a que têm direito.
Foram analisados 184 registos de interesses. No site do Parlamento, 1 em cada 4 deputados tem outras actividades remuneradas e 6 em cada 10 eleitos mantêm um ou mais empregos. A maioria é de consultores em escritórios de advogados. Também há comentadores, colunistas e gestores.
Dos que têm direito a remuneração, 46 deputados ao todo, a maior parte foi eleita pelo PSD: 25 ao todo, seguem-se o CDS-PP com 6, o PS com 2, o PCP com 2 e o Bloco de Esquerda com 1.