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quarta-feira, 28 de março de 2012

A Lusofonia inspecionada como motor da economia…

“A minha pátria é a língua portuguesa”, escrevia o heterónimo de Fernando Pessoa, Bernardo Soares, no “Livro do Desassossego”. Esta citação encerra em si mesma uma oportunidade para a revitalização da economia portuguesa, tendo em conta o enorme potencial que confere a dimensão da lusofonia e da diáspora pelo mundo e que pode proporcionar às empresas que querem exportar os seus produtos.
“Pátria” de 254.000.000
De acordo com o estudo “Economia Portuguesa e a Lusofonia”, somos 254.000.000 de pessoas a falar português em todo o Mundo.
Estimando o potencial da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, um estudo da BES Research – Research Editorial tem em consideração, além dos países-membros – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste – também os dados relativos à Guiné-Equatorial (em processo de adesão) e Macau, em que a Língua Portuguesa, de acordo com os dados de 2010, traduz-se num PIB de 1.979 mil milhões de euros (4.6% do PIB mundial), 441.9 mil milhões movimentados no comércio internacional (2% do comércio internacional mundial), gerados por 253.700.000 de pessoas (3.6% da população mundial).
Tal como é reforçado neste estudo, a língua, como característica inovadora, exerce um forte impacto nas economias a vários níveis, nomeadamente, na dinamização das trocas comerciais, na promoção da globalização empresarial, no desenvolvimento das relações políticas e sociais, no intercâmbio de ideias, e no fluxo de pessoas. Desta forma, Portugal, que movimenta um PIB de 170 mil milhões de euros, pode, através da proximidade linguística e cultural, aproveitar um potencial que representa 11 vezes mais o nosso PIB.
Português: vantagem competitiva
A língua portuguesa e a presença de comunidades portuguesas no exterior constituem importantes ativos ao dispor do tecido empresarial português, conferindo-lhe vantagens comparativas muito relevantes na abordagem a mercados que hoje beneficiam de forte crescimento e potencial de projeção sobre áreas regionais adjacentes.
Diáspora: trunfo económico
Concentrando o âmbito do estudo ao nível da diáspora, a Espírito Santo Research – Research Sectorial revela que as comunidades portuguesas, cerca de 4.900.000 de portugueses emigrantes e luso-descendentes espalhados no mundo (equivalente a 46% da população residente em Portugal e 0.1% da população mundial) movimenta um PIB de 133 mil milhões (1.9% do PIB mundial). Tal como salienta este estudo, estas comunidades portuguesas projetam os negócios nacionais e potenciam a aproximação a mercados dinâmicos e em crescimento sendo que, ao nível das exportações, os últimos 3 anos confirmam um crescente interesse destes países pelos produtos portugueses.
De acordo com os dados referentes ao comércio internacional, o Centro de Estudos e Estatística do SISAB Portugal verifica crescimentos significativos nas importações de produtos portugueses por parte dos países tidos em conta para o estudo e com comunidades superiores a 15.000 portugueses. Tendo em conta os países fora da Europa, os EUA importaram mais 486 milhões de euros de produtos portugueses do que em 2009 e em 2011 mais 1.498 mil milhões de euros. Angola é o maior importador de produtos portugueses com 2.335 mil milhões de euros importados em 2011, mais 422 milhões do que em 2010. O Brasil é o 3º maior importador neste universo com 585 milhões de importações de produtos portugueses, um valor que cresceu 291 milhões de euros desde 2009.
Exportações em “português” crescem
A forte ligação de Portugal aos países de língua portuguesa é evidenciada também pelo volume de exportações de bens para estes países que, entre 2006 e 2011, apresentaram um crescimento médio de 14.8% (que compara com 3.5% para o mundo).
As exportações portuguesas de bens para países de língua portuguesa chegam a 3.6 mil milhões de euros e representam 8.4% do total de exportações, um número com tendência para crescer tendo em conta o crescimento recente das exportações portuguesas para fora da Europa.
Beneficiando de um sustentado crescimento económico nos últimos anos, Angola cresceu anualmente 14.1% de 2006 a 2011 e no mesmo período, o Brasil tem evoluído 18.1% anualmente, destacando-se também um crescimento significativo de Moçambique no mesmo período (24.2% por ano) e a Guiné-Bissau (18.9% por ano).
Para quem tem acompanhado a aposta e a dinâmica comercial da China nos territórios lusófonos, com a sua Plataforma de Macau, deteta de imediato a falta desses dados neste estudo, que alterariam, para melhor, as potencialidades e a performance da língua (história e cultura) comum, embora denunciasse uma certa vagareza de visão da CPLP, comparativamente com a China, o que não deixa de ser bizarro, porque a língua é “nossa”…

2 comentários:

  1. Vistas as coisas dessa forma... não deixamos de estar mal... num grupo de pretensamente ricos!

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    1. O problema é que os nossos governos não tem iniciativa e deixam à China a utilização "indevida" da Lusofonia...

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