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sábado, 21 de julho de 2012

Governantes legislam em proveito próprio e do jet set?

As famílias portuguesas terão de gastar, em 2013, cerca de 2.200 euros por mês em restauração, alojamento, sectores de manutenção e reparação de automóveis, cabeleireiros e similares, para beneficiarem da dedução máxima em IRS de 5% do IVA gasto até ao limite de 250 euros. Isto quando o ordenado médio mensal no país não chega a 800 euros.
Este nível de consumo mensal fica longe do alcance da grande maioria das famílias em Portugal: em 2010, por exemplo, 83% das famílias – 3,9 milhões entre os 4,7 milhões de agregados que entregaram IRS – declarou rendimentos mensais inferiores a 2.000 euros brutos.
Em 2013 os portugueses vão poder deduzir, em sede de IRS, 5% do IVA pago em reparação e manutenção do automóvel, restauração, alojamento e cabeleireiro e similares. Podem, com isto, poupar 250 euros por ano, no máximo. Excelente notícia. Uma boa medida para compensar os portugueses pelas perdas com o aumento do IVA e, acima de tudo, lutar contra a fraude, levando as pessoas a pedir faturas.
As contas, para o português médio que queira ter uma devolução de IRS de 250 euros e, com eles, resolver grande parte dos seus problemas financeiros, são simples de fazer. Para chegar a este astronómico montante de benefício só tem de gastar 1.800 euros com o seu carrinho, a comer em restaurantes, em hotéis e a tratar do cabelo. Eu ajudo: gaste 200 euros, todos os meses, em pequenas reparações no seu veículo. Não há de ser difícil. Conheço alguns mecânicos excelentes para a função. Vá, todos os dias úteis, a um restaurante decente e pague pelo menos 30 euros. Somado, já vão 1.080 euros. Passe, pelo menos uma vez por mês, uma noite no Hotel Lapa Palace. E vão 1.445 euros. Por fim, esperemos que tenha cabeleira farta para ainda usar os 355 euros que lhe sobram a tratar do seu visual.
Vítor Gaspar pensa nos menos abonados e garantiu-lhes este bónus que os aliviará das suas provações. É verdade que os 1.800 euros que têm de gastar por mês para receber os 250 no final do ano é, mais coisa menos coisa, o que o um casal médio português ganha mensalmente. Isso pode causar pequenos contratempos. A de não sobrar dinheiro para o resto, por exemplo. Ainda assim, ficam os parabéns pela medida. A pensar nos que mais sofrem com esta crise. Podem perder a casa, mas o Estado não se esquece deles quando procurarem um bom hotel.
Daniel Oliveira

4 comentários:

  1. Caro Miguel Loureiro,

    Entre outros problemas, no plano dos temas económicos, Daniel Oliveira não sabe fazer contas. De qualquer modo, sobre este assunto, a minha opinião é, creio, suficientemente clara.

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    1. Caro Eduardo F.
      Claro que as contas do Daniel Oliveira estão mal feitas, mas é uma questão de matemática, que se corrige, passando os 1.800/mês para 2.250/mês.
      Mas o problema não é esse, nem é só um problema, muito menos económico, mas político e sociológico, como em parte abordou no seu poste, que eu já tinha lido, mais o problema que a DECO põe...
      Na verdade, nem sei se isto é política, estupidez, ridículo, incompetência, criancice, sei lá. Que só as mulheres deles e algumas tias profissionais são capazes de tais despesas mensais, não há dúvida, mas essas tem-no nos offshores e não precisam de fatura.
      Nem tudo é política, é semvergonhice...

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