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sábado, 28 de janeiro de 2012

Ecos da blogosfera - 28 jan.

O Parlamento aboliu mais uma vez a Pena de Morte!

Silva Pereira, ex Provedor da Santa Casa da Misericórdia da 
Póvoa de Varzim, recentemente falecido, que lutou toda a vida
pelos paramiloidóticos, teria ficado satisfeito com esta notícia.
O Parlamento aprovou hoje resoluções do PCP, Bloco de Esquerda, PSD e CDS favoráveis à disponibilização no SNS do medicamento Tafamidis para o combate à paramiloidose, a chamada “doença dos pezinhos”.
No debate, ficou patente uma divisão entre as resoluções da oposição (que defendiam a solução do medicamento Tafamidis ser urgentemente comparticipado pelo SNS) e os diplomas da maioria PSD/CDS, que recomendam ao Governo a aceleração do processo do Tafamidis junto do Infarmed, tendo em vista introduzir o medicamento ao combate à paramiloidose.
O deputado socialista Manuel Pizarro abriu o debate, dizendo que a disponibilização do Tafamidis sem custos “representa a defesa da dignidade humana”, enquanto o deputado do Bloco de Esquerda criticou o PSD e CDS por “procurarem proteger a posição do Governo” nesta matéria.
Na mesma linha, o deputado comunista Jorge Machado disse não ignorar a necessidade de se negociar o preço do medicamento, mas considerou que “nada justifica os sucessivos atrasos”.
Pela bancada do PSD, Nuno Reis criticou sobretudo a posição do PS.
O deputado do CDS Ribeiro e Castro referiu que o seu partido “tem um grande histórico” em termos de acção para o combate à chamada doença dos pezinhos e considerou estar-se perante “uma questão de responsabilidade social da indústria farmacêutica”.
Finalmente o Parlamento deu um passo decisivo na eliminação da Pena de Morte, que ainda subsistia em Portugal e era de ordem genética e sem culpa dos condenados.
Sabe-se que o tratamento é caro, mas também se sabe que a solução alternativa (o transplante do fígado) tinha sido suspensa, não havendo assim alternativa de vida para os “condenados” à nascença.
Pondo de lado o desvio do tema da conversa de um deputado do PSD, parece que a maioria teve consciência do peso da decisão na matéria e nas consequências e a humanidade veio ao de cima. E outra coisa não seria de esperar, mesmo tendo em conta os encargos, mas quanto custa uma vida? E quando pesa na consciência individual a condenação à morte de um garantidamente inocente?
Ainda bem que tudo acabou bem e espera-se que a decisão não demore tempo demais a por-se em prática, que permita que entretanto haja “execuções” evitáveis.
Cá está uma boa ocasião para dizer bem, porque me foi dada a oportunidade…

Contramaré… 28 jan.

O Financial Times divulgou um documento de condições para um segundo pacote de resgate exige que a prioridade no uso dos rendimentos do estado grego seja o pagamento futuro do serviço da dívida. As exigências, atribuídas à Alemanha, obrigam à transferência total da soberania sobre o orçamento nacional e inclusive uma emenda constitucional.
Vários analistas interpretam estas exigências como um encostar à parede do governo e do parlamento gregos e um convite a este membro da zona euro sair da moeda única, além de outras eventuais consequências políticas.

Somos o que fazemos para mudar o que somos…

“Não há na Terra, de acordo com a minha opinião, felicidade igual à de alcançar a liberdade perdida.” - Cervantes
"Liberdade", foto de Gonçalo Coelho
A liberdade, a partir das concepções modernas, associa-se a outras virtudes como a justiça e a igualdade. Pela liberdade garante-se a vontade individual, mas cada um torna-se responsável pelas suas atitudes e ações. Como ideia estruturadora das relações sociais, a liberdade move os ideais democráticos. A liberdade humana é sempre um valor pelo qual muitos resolvem pagar alto preço.
Descrever sobre os fenómenos depois que os mesmos aconteceram é sempre mais fácil do que prevê-los, antecipando desfechos. Mas se é tão difícil prever antecipadamente os desfechos, aprendamos com eles a partir dos seus substratos (aquilo que forma a essencialidade do ser, sobre o que repousam os seus atributos, o que serve de base a um fenómeno).
A queda das ditaduras nas nações árabes da África e do Médio Oriente demonstra que o povo até suporta ditaduras, desde que as mesmas não usem dos mesmos artifícios de opressão daqueles que foram destituídos por estes que agora estão no poder. O povo não suporta a traição, o povo não suporta que alguém se declare dono de tudo e de todos. O povo não tolera privilégios inescrupulosos. Quando isto acontece, levanta a voz, grita por liberdade e luta por possibilidades de vida menos tiranas, mesmo não sabendo prever até quando usufruirá desta nova conquista. A esperança de dias melhores, em todos os sentidos, é sempre o horizonte de quem luta por liberdade.
Fica claro que houve quebra de confiança entre líderes e liderados no momento em que os primeiros se julgaram acima de tudo e de todos. Sintomaticamente, caíram por falta de legitimidade junto àqueles que diziam liderar. Mais do que isto, demonstraram o quão foram incapazes de ler a realidade, julgando que, ao fim e ao cabo, os seus liderados iriam defendê-los e quiçá, morrer por eles.
O desafio dos líderes está sempre na relação construída junto aos seus liderados, seja pela representação, seja pela condição de amálgama (mediação). Como afirma Walter Lippmann, "os líderes são os guardiões dos ideais de uma nação, das crenças que ela cultiva, das suas esperanças permanentes, da fé que faz uma nação de um mero agregado de indivíduos." Por outro viés, escreve John Maxwell: “o meu alvo não é formar seguidores que resultem numa multidão. O meu alvo é desenvolver líderes que se transformem num movimento”. Certo é que não há legitimidade de liderança quando os anseios e necessidades do povo não são respeitados. Certo também que os ventos de inspiração não sopram só aos que se consideram “iluminados”. A realidade, associada à capacidade de resignação e organização do povo, produz efeitos capazes de construir novos horizontes, novas utopias.
Nenhuma ditadura merece defesa. Todas as ditaduras tolhem a liberdade. A liberdade não se reduz a “poder dizer”. A liberdade sempre é “poder viver”: autenticamente, com dignidade, com segurança, com prazer, na ausência de “sofrimentos provocados”, com soberania. Resta perguntar se todos aqueles que pegaram em armas, morreram e pagaram o preço por mais liberdade no seu país sabiam que estas ditaduras, agora em cheque, já não interessam mais nem aos seus países nem ao resto do mundo por conta de novos posicionamentos de ordem política e económica. O que farão agora os EUA e a Europa: continuarão a ditar regras e a explorar os povos, sem a escora das ditaduras patrocinadas? O fim das ditaduras significa fim da opressão?
O desafio da liberdade é combater todas as formas de alienação. Onde houver alienação, não há como nascer liberdade. Ainda há muito a aprender, como ensina Eduardo Galeano: “somos o que fazemos, mas principalmente o que fazemos para mudar o que somos”.
Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos

Ecos da blogosfera - 27 jan.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Não para lembrar, mas para não nos esquecermos…

Em 27 de janeiro de 1945, perto de 7.500 prisioneiros (ou 3.000 segundo outras fontes), pesando entre 23 e 35Kg, foram liberados pelo Exército Vermelho do Campo de Concentração de Auschwitz.

Contramaré… 27 jan.

Doentes com dificuldades financeiras estão a deixar de ir aos serviços de saúde por recearem ter de pagar taxas moderadoras e outros adiam as consultas para o dia em que recebem as pensões.
O presidente da Caritas admitiu estar “muito preocupado” com os relatos que têm chegado à instituição sobre pessoas que se recusam a recorrer ao SNS por temerem já não estar isentos do pagamento das taxas moderadoras. “Está dito que há isenções para as pessoas que não podem pagar mas isso não foi bem explicado. Devia haver uma informação concisa para que as pessoas, cuja iliteracia é muito grande, possam saber como fazer para aceder a essas possibilidade de redução e não pagamento das taxas”, criticou.

Reinventar-se ou morrer? “Nós fazemos parte!”

Antiga praça forte da indústria têxtil, a cidade aposta no estatuto de capital europeia da cultura, em 2012, para sair do marasmo em que o desmantelamento das fábricas a deixou, há mais de 20 anos.
A crise, as várias crises simultâneas, cercam Guimarães, a bela cidade portuguesa de 50.000 habitantes, sede de município na região do Vale do Ave. Nos anos 1980 e 1990, as imensas fábricas têxteis que se estendiam por este vale foram sendo abandonadas por causa da pujante concorrência chinesa. Desde então, languidescem como velhos dinossauros inúteis.
O próprio centro histórico de Guimarães, muito bem conservado à sombra do velho castelo, está rodeado de fábricas vazias com chaminés de tijolo mortas. Mas os habitantes da cidade decidiram devolver-lhes a vida enchendo-as de quadros e de concertos e de peças de teatro para, assim, sobreviverem eles próprios.
Fábricas reconvertidas em espaços culturais
A Capital Europeia da Cultura, inaugurada no sábado nesta cidade situada a 150 quilómetros de Vigo, prevê a recuperação de muitas destas fábricas como cenários culturais, ecrãs de cinema ou residências para artistas bolseiros. Reinventar-se ou morrer.
A fábrica de Ramada, uma velha indústria de curtumes, fechada há muitos anos, albergará em setembro uma escola de design, mas antes disso servirá como sala de ensaios para a orquestra da organização. A fábrica ASA, que no seu tempo era especialista em colchas e toalhas, situada fora de Guimarães, a meio caminho entre Vizela e Santo Tirso, deixou definitivamente de funcionar em 2006. Agora, graças a um investidor privado, vai transformar-se numa espécie de centro comercial de lojas baratas. Mas, antes, os seus 24.000 m2 servirão para albergar as exposições de pintura.
E na fantasmagórica fábrica têxtil do Conde de Vizela, onde no século XIX trabalhavam mais de 4.000 empregados e que até tinha moeda própria, Víctor Erice e outros cineastas como Jean-Luc Godard ou Aki Kaurismäki (o finlandês vive perto de Guimarães) rodaram um filme coletivo. A cidade não está disposta a que o cinema passe por aqui a pretexto de 2012 e depois se vá embora, por isso adquiriu equipamento de produção de filmes para se converter em cidade-destino para os cineastas: “Já temos produções que iam para o Leste da Europa apalavradas para 2013. O próprio Erice disse que gostaria de vir rodar um filme aqui”, garante o responsável do setor audiovisual de Guimarães 2012, Rodrigo Areias.
Areias diz isto numa outra fábrica de Guimarães, reconvertida – graças ao impulso de um grupo de jovens arquitetos da cidade – no Centro para Assuntos de Arte e Cultura. Cada uma das salas tem uma missão, desde residências para artistas estrangeiros convidados a laboratório audiovisual especializados em robôs animados e jogos de computador que faz as delícias de qualquer louco da informática aplicada ou de qualquer louco simplesmente.
Solidariedade na adversidade
“As pessoas da cidade veem aqui à noite”, diz Areias com um sorriso. Talvez seja este o segredo da cidade: as pessoas desta cidade que, em 2001, foi eleita Património Cultural da Humanidade, vivem a Capital Cultural mais como uma oportunidade do que como uma festa. Para muitos é uma espécie de comboio que talvez não volte a passar por ali. Os organizadores deixam muito claro: “Não queremos que venha a Filarmónica de Berlim, que além disso é muito cara, que toque, muito bem, e depois se vá embora e adeus”, explica um dos porta-vozes da candidatura. “Queremos fazer qualquer coisa que perdure, que sirva para recolocar a cidade e queremos fazê-lo com as pessoas de cá”, acrescenta. Por isso, um dos lemas é: “Eu faço parte”. Há crachás com esta frase presos às lapelas e aos blusões de quase todos os habitantes de Guimarães.
O orçamento é magro (os 110 milhões de euros iniciais passaram, devido à austeridade, a 70 milhões para renovação urbana e 25 para a programação cultural), consequência de um ano em que Portugal joga – literalmente – a sua sorte como Estado solvente, ameaçado pela bancarrota e supervisionado pela troika. Por isso foi preciso puxar pela imaginação.
Um exemplo: a 28 de janeiro o inovador grupo Buraka son Sistema, um dos exemplos da modernidade portuguesa, dará um concerto no Pavilhão Multiusos. Também para esse dia está previsto um programa a que chamaram Mi Casa Es Tu Casa, em que os habitantes do centro histórico da cidade emprestam o seu apartamento, a sua sala, o seu corredor para que grupos musicais dêem recitais. Já há 40 casas dispostas a abrir as suas portas. Os orgulhosos habitantes de Guimarães, pois, respondem. Não é em vão, segundo os historiadores, Portugal nasceu aqui, tal como o seu primeiro rei, Afonso Henriques, que morou no famoso castelo que, com o tempo, foi ganhando o aspeto de velha fábrica abandonada. Não foi por acaso que, no domingo, o programa oficial arrancou com um documentário sobre música portuguesa intitulado, sintomaticamente, Vamos Tocar Todos Juntos para Ouvirmos Melhor.
AUSTERIDADE: Capitais europeias da cultura com orçamento limitado
“Nunca uma capital europeia da cultura terá sido organizada com um tão baixo orçamento”, sublinha o Expresso. Os 25 milhões de euros previstos para Guimarães 2012 são coisa pouca, se comparados com os 226 milhões de que gozou o Porto em 2001. Tal fica a dever-se à “situação económica vivida no espaço europeu e (...) às alterações introduzidas ao longo dos últimos anos no conceito de capital europeia da cultura”, explica o semanário lisboeta: adotado em 2007, o modelo atual prevê duas cidades por ano, de média dimensão (Guimarães partilha o título com Maribor, na Eslovénia). Se outrora as cidades aproveitavam para construir equipamentos culturais, hoje domina a ligação com o tecido cultural da região. É por isso que o filósofo português Eduardo Lourenço se interroga “se estas celebrações têm tido efeito, para lá do impacto interno” e se a iniciativa ainda terá sentido, numa altura em que já pouco resta das esperanças europeias que a fizeram nascer.

Ecos da blogosfera - 26 jan.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ainda vamos gastar mais cera com fortes defuntos?

O fundador do Fórum de Davos, já deu o tiro de partida: "O capitalismo, na sua forma actual, não se adequa ao mundo à nossa volta." Declarações que bem poderiam vir dos Occupy WEF, uma réplica dos movimentos anticapitalistas que começaram em Wall Street, estenderam-se a outros pontos do globo e ergueram agora um acampamento de iglôs na montanha suíça a 1.500 metros de altura. Contudo, esta é uma discussão que terá de ser feita pelos "homens de Davos", ou seja, muitos dos banqueiros que tiveram de pedir a ajuda dos Estados, dos economistas que não previram a crise e dos líderes políticos que continuam sem dar uma resposta convincente aos problemas actuais.

Apesar das críticas que tem recebido em relação ao seu "autoritarismo", Angela Merkel reafirma o seu total apoio aos valores e ideais europeus. Para a chanceler alemã, a Europa deve continuar a sua vocação histórica e defender a manutenção de direitos democráticos no continente como a dignidade humana, a liberdade de opinião, a liberdade de imprensa ou o direito à manifestação.
A chanceler insiste que as contas públicas em ordem são a base de uma economia saudável, mas que é preciso fazer mais pelo crescimento e emprego. Garante que Berlim apoiará fundos comunitários para esse fim. Quanto a "eurobonds", não diz que não, mas só numa fase bem mais avançada da integração económica.
“Vai ser preciso tempo para resolver os défices, mas estamos determinados a fazê-lo”, afirmou Merkel, enquanto a directora-geral do FMI, Christine Lagarde tinha apelado aos líderes da zona euro para que abrandassem as suas políticas de austeridade, avisando para o risco de a estratégia seguida até agora pela Europa poder colocar a economia mundial perante uma nova Grande Depressão.
"A minha visão é a União Política, porque a Europa tem de seguir o seu caminho próprio e exclusivo. Temos de nos aproximar passo a passo, em todos os âmbitos políticos. Porque o certo é que cada vez percebemos com maior nitidez, que cada tema do vizinho nos diz respeito. A Europa é política interna", afirmou a dirigente alemã em resposta a uma questão sobre os Estados Unidos da Europa.
De acordo com Merkel, "no decurso de um longo processo" vão ser transferidas mais competências para a Comissão Europeia, que funcionará como um "Governo europeu para as competências europeias", o que implica um Parlamento Europeu forte.
A chanceler alemã apelou a que os estados-membros da União Europeia cedam mais competências a Bruxelas para gerir a moeda única.
Pois! Já toda a gente sabe que o problema da crise financeira e económica é sistémica e vivendo nós num sistema capitalista de variados tons cinzentos, o que é preciso é discutir-se a base “ideológica”, mas…
Numa reunião de capitalistas e de Estados capitalistas, a discussão tem forçosamente que ser orientada na defesa do sistema, em benefício dos próprios e continuando a jogar com as pessoas como de simples peões de tratassem, com uma rainha e tudo, que se defende do xeque mate…
Por outras palavras, o que sair de Davos servirá apenas a 1% da população mundial e os restantes 99% continuarão ainda mais “Indignados” com as políticas de continuidade, se não de agravamento das medidas e do cerceamento lento, mas firme, da democracia, até ao levantamento das resistências.
Pelos vistos, ELA ouviu o nosso João Jardim, mas esperemos que, como ele faça de conta que pode cumprir o que assumiu…
Sem esquecer que a Sra. não foi designada por Deus e foi apenas eleita pelos seus concidadãos, o que lhe confere autoridade democrática apenas sobre o seu próprio país, a usurpação do poder na UE e o autoritarismo que tem exibido assente na condição de credora (sem ser acusada de instigadora ao consumo e aos empréstimos) faz soar a falso esta conversão aos “direitos democráticos”, embora só a defesa da dignidade humana possa ter implicações económica, porque a liberdade de opinião, de imprensa e de manifestação, são de borla, ou quando muito, custam os ordenados da polícia…
Só é pena que não tenha enumerado os erros do passado!
Temos que concluir que a Sra. é lenta, para além de todos os outros defeitos que se lhe podem apontar.
Só agora é que conseguiu compreender que é preciso crescer para se ganhar dinheiro para se poder pagar a dívida, mas insiste que primeiro estão as contas e só depois o crescimento e o emprego e talvez “eurobonds”. Só que, ELA própria reconhece que a crise vai levar muito tempo, o que quer dizer que o crescimento e o emprego vão chegar depois do enterro. Está melhor, mas ainda muito mal!
E até a anterior ministra das Finanças da França (que está a ficar enrascada) e agora chefe do FMI (que já sabe tudo) apela a toda a hora aos líderes da eurozona que abrandem as políticas de austeridade, mas a tudo, “orelhas moucas” até à depressão (económica) coletiva…
E como se vê, só agora é que ela percebeu que a economia e as finanças funcionam em rede e que o “mal do vizinho, vem-te a caminho”… E quer ser líder de um continente?
E de acordo com a sua vontade, que pode deixar de ter validade em 2013 (quando perder as eleições na Alemanha), e por imposição sua, vão ser transferidas(?) mais competências para a Comissão Europeia (que não foi eleita e que ELA manipula), que funcionará como um Governo Europeu. Pergunta-se mais uma vez: Eleito por quem? Mas levanta a hipótese de o Parlamento Europeu (o único órgão eleito da União) mandar qualquer coisinha, talvez porque o próximo presidente é alemão, é do contra e quer exercer o poder...
E insiste para que os estados-membros da União Europeia cedam mais competências a Bruxelas, ou seja, deem mais poderes à Comissão Europeia (sem qualquer processo democrático) em que ELA manda, mandando assim na UE.
Minha senhora, vá dar uma volta ao bilhar grande, remeta-se à sua insignificância (mesmo que haja quem a adore e lhe reconheça poder por ter dinheiro que nos foi sacado) e não se esqueça que os valores da Europa ainda são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que o Iluminismo nos legou e a Sra. de iluminada tem muito pouco e menos terá se "decapitada", ou deposta da cadeira do PODER!
Há um ano registamos: Srs. Banqueiros, Dá vos jeito mais umas moedinhas?
"O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão!” - Immanuel Kant

Contramaré… 26 jan.

A Organização Mundial de Saúde sugere que cerca de 6% da despesa pública em saúde acaba por ser em vão. Tendo em conta os 9,2 mil milhões euros para a saúde em 2011, as fraudes poderão ter custado 555 milhões euros. A verba daria para financiar o funcionamento anual de todos os hospitais e unidades locais de saúde do Alentejo e do Algarve e ainda sobravam quase 100 milhões.

Estudo comparativo (desatualizado) e já em dólares…

Veja o tamanho da família, a dieta alimentar de cada país, a disponibilidade de alimentos e a despesa com comida para uma semana (no passado recente).
É pena que não haja dados sobre o nosso país, cujas famílias são mais pequenas, consome-se cada vez menos e paga-se cada vez mais… mas tudo é relativo.
Curioso é que em nenhum destes países 23% do que os seus cidadãos comem seja para o Estado, que nem assim fica saciado…
1 - Alemanha: Família Melander de Bargteheide: $ 500.07 dólares
2 - EUA: Família Revis da Carolina do Norte: $ 341.98 dólares
3 - Itália: Família Manzo da Sicília: $ 260.11 dólares
4 - México: Família Casales de Cuernavaca: $ 189.09 dólares
5 - Polónia: Família Sobczynscy de Konstancin-Jeziorna: $ 151.27 dólares
6 - Egito: Família Ahmed  do Cairo: $ 68.53 dólares
7 - Equador: Família Ayme de Tingo: $ 31.55 dólares
8 - Butão: Família Namgay da vila de Shingkhey: $ 5.03 dólares
9 - Chade: Família Aboubakar do campo de refugiados de Breidjing: $ 1.23 dólares
Recebido por mail (provavelmente sem qualquer critério científico).

Ecos da blogosfera - 25 jan.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Por que pagamos muitos milhões de euros para nada?

Em Atenas, a guerra de nervos entre o governo e os credores privados está a entrar na fase final. Para receber os 130 mil milhões de euros de ajuda financeira, a Grécia tem de apresentar provas de reformas efetuadas. Mas a boa vontade nem sempre é suficiente.
Todos os dias, repetem-se as mesmas imagens. Homens sisudos entram pelas portas giratórias de edifícios anónimos e desaparecem na sombra. A cena passa-se em Atenas e os atores são os encarregados das negociações entre o Governo grego e os representantes da banca, que se encontram todos os dias para uma partida de póquer em torno da redução da dívida grega. Por pressão dos governos reunidos na cimeira europeia de outubro passado, os bancos privados e os fundos de investimento comprometeram-se a perdoar quase 100 mil milhões de euros.
O gesto é impressionante, mas ainda nada foi feito. Os credores foram apanhados na armadilha: os parceiros europeus e o Fundo Monetário Internacional elaboraram o segundo plano de emergência na previsão do perdão da dívida grega. São 130 mil milhões para reerguer o país até 2020. Caso contrário, será a falência.
A participação de instituições financeiras privadas na crise provou ser um grande erro. Os financiadores já o perceberam, especialmente o Governo alemão, fortemente envolvido no processo. O que parecia correto em substância, tem sido posto em prática com tal diletantismo que até Berlim reconhece "danos colaterais significativos". Em Bruxelas, um diplomata europeu explica o que isso significa: "A situação voltou-se contra nós, porque os investidores recusam-se a comprar dívida europeia de longo prazo, à exceção da dívida alemã." É uma pessoa que conhece bem a situação grega. Para ele, é "a primeira vez que se corre um risco real de perda do controlo da situação, sem nos darmos conta disso."
Ninguém está contente
Este desaire em relação aos credores privados não é a única armadilha que pode apanhar os “salvadores” da Grécia. Desde o início que vêm subestimando o volume da ajuda necessária. Constantes ajustes dos programas de auxílio acabam por pôr todos descontentes. De um lado, os gregos, que têm de pagar impostos cada vez mais altos com salários cada vez mais baixos. Por outro, os investidores, que, temendo o enfraquecimento do consumo, não investem mais dinheiro, o que significa que quase ninguém quer ficar com as empresas públicas colocadas à venda. Por último, os cidadãos europeus, que sentem que estão a pagar muitos milhões de euros para nada.
Estes elementos combinam-se todos, aos olhos do diplomata, para criar um clima "especialmente explosivo". Fala-se de funcionários do Ministério das Finanças grego cujo salário teve uma redução de 40%, com retroatividade. Os funcionários públicos não só receberam 40% a menos no último trimestre de 2011 como os seus salários vão ser cortados nos três primeiros trimestres deste ano. Mostram os seus recibos e perguntam, desesperados, do que vão viver.
Depois vem a questão da tributação. Como os colegas gregos, os franceses começaram a implementar um novo sistema, que, se forem rápidos, vai demorar no mínimo dois anos a estar operacional. Têm de lançar concursos a nível europeu. Há prazos a cumprir, um processo de seleção, um processo de decisão e depois a configuração do sistema. Tudo tem de ser encomendado, comprado e instalado; e depois os funcionários têm de ser formados. Cobrar impostos com eficácia não depende apenas da boa vontade dos gregos. O problema, explica o diplomata, é que os objetivos do plano de austeridade são demasiado ambiciosos. Depois toda a gente se espanta por ver que a Grécia não consegue alcançá-los.
Principal erro corrigido
E assim se fecha uma vez mais a armadilha grega. Se os que querem salvar a Grécia aderissem às suas próprias exigências, deixavam de conseguir alimentar o país financeiramente. Mas é realmente isso que querem para um país que está a entrar num processo de recuperação?
Enquanto isso, o principal erro do plano europeu foi corrigido, nomeadamente em termos de taxas de juro. Em maio de 2010, o Governo alemão ainda tinha esperanças de ganhar dinheiro com a ajuda à Grécia. A chanceler explicava então que a Grécia tinha que pagar os seus empréstimos a taxas de mercado ou mesmo superiores. Parecia que pretendia punir os gregos e apaziguar os seus concidadãos.
Um ano depois, foi obrigada a reconhecer que essas taxas apenas enterravam cada vez mais a Grécia na crise. É precisamente sobre a questão das taxas que incidem as atuais negociações com os bancos privados. Jogam com décimas percentuais, que escondem milhares de milhões de euros. Estamos a "um milímetro" de um acordo, declararam banqueiros e políticos na sexta-feira passada.
No entanto, o negociador por parte da banca, Charles Dallara, foi-se embora sem ter transposto esse último milímetro. E quer mais uma coisa: o compromisso político de que, após o perdão da dívida grega, os bancos privados vão deixar de ser chamados a pagar mais. Não o devem conseguir antes da próxima cimeira europeia, na segunda-feira.
NEGOCIAÇÕES: Eurogrupo volta a pressionar
"Os ministros das Finanças da Zona Euro rejeitaram, a 23 de janeiro, um acordo que os detentores privados de dívida grega apresentaram como oferta 'máxima' para as perdas que estão dispostos a assumir", relata o Financial Times. Isso "abre um novo ciclo na estratégia de corda bamba das tortuosas negociações para diminuição da dívida do país". A ajuda europeia de 130 mil milhões de euros só será entregue à Grécia se Atenas conseguir um acordo com os bancos.
Os ministros pediram que a taxa de juros dos títulos a 30 anos – que os bancos obteriam em troca da desistência de parte da dívida atual da Grécia – seja em média inferior a 3,5%. Uma taxa mais elevada permitiria aos bancos não perderem mais de 65 ou 70% dos seus créditos, mas pesaria demasiado sobre a dívida grega a longo prazo.

Contramaré… 25 jan.

A crise europeia pode rapidamente transformar-se num desastre mundial se os líderes europeus não estiverem à altura do desafio. Para isso, é urgente actuar em 3 frentes: dosear a austeridade na Europa; acompanhar centralmente os planos de desalavancagem dos bancos; e aumentar a capacidade financeira disponível para garantir que o risco de contágio a países como Espanha ou Itália seja travado em caso de incumprimento grego.

E o caso do Japão? Qual Japão? E Chernobyl? E…?

A refinaria suíça Petroplus, da qual Patrick Monteiro de Barros é accionista, não conseguiu chegar a acordo com os credores e vai declarar insolvência.
A empresa assume que as negociações com os credores "não tiveram êxito", pelo que não teve outra possibilidade que não declarar insolvente sobre as suas obrigações financeiras que ascendem a 1,342 milhões de euros.
A administração da Petroplus assume que a prioridade da empresa será fechar as cinco refinarias na Europa, o mais rápido possível de forma a minimizar a perda de mais valor.
Ponto prévio – Tenho um especial “carinho” por Joe Berardo e este Patrick Monteiro de Barros, por serem duas pessoas que subiram a vida a pulso, o primeiro à custa dos pincéis dos outros e o segundo pela insistência na energia nuclear a qualquer preço.
Anteontem ao assistir ao Jornal das 9, na SIC Notícias e ao deparar com Patrick Monteiro de Barros para comentar o estado da economia nacional e internacional, sabendo já da notícia acima, fiquei de pé atrás, porque já sabia ao que vinha, sem compreender o papel de Mário Crespo, que tem sido muito controverso nas posições que vem assumindo, bastante à direita dele próprio há meses atrás. A certa altura, até pensei que MC estava a desmascarar o entrevistado…
É bizarro, no mínimo, dar crédito às análises e comentários sobre economia de um senhor que teve um falhanço nessa área dos pés à cova, mas pronto, a notícia será a ignorância do comentador…
É bizarro, no mínimo, que numa entrevista de 21:51, apenas 4:51 tenham sido destinados a “análise” e os restantes 17:00 à defesa da energia nuclear, em que o “comentador” é insistentemente parte interessada no negócio e só por vir a Portugal fazer uma pequena “charla” (foi o próprio que a classificou) sobre o tema, que é bem sério…
Foi insultuoso para quem ouviu as meias verdades, as omissões e a charlatanice do “Sr. Nuclear”, mas foi também insultuoso para quem assistiu, que o entrevistador não apresentasse o contraditório (como é seu hábito), para nos convencer de que se tinha preparado para o assunto e ficássemos convencidos de que estávamos perante um momento informativo…
Não vou contradizer o que o “comentador” disse, porque factos são factos e interesses são interesses e pessoas são pessoas e o planeta é só um…
Quem quiser assistir a uma boa peça melodramática, gaste algum tempo a ver o vídeo…

Ecos da blogosfera - 24 jan.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Em 4.710, no Ano Novo chinês, Esperança e Cautela…

A cultura chinesa despediu-se no passado domingo do Ano do Coelho e começou segunda feira, o Ano do Dragão, o mais esperado e temido dos 12 animais que formam o seu calendário lunar, ocasião que reúne a maioria das famílias na festa mais celebrada do Oriente.
Nos dias anteriores, os chineses seguem o costume de limpar suas casas da sujeira e dos "maus espíritos" e decorá-las com enfeites alusivos ao animal que honrarão durante o ano. O dragão é o símbolo da figura do imperador que inspira muito respeito nos chineses.
Segundo os astrólogos orientais, o ano do dragão não será tão conflituoso como 2011, e, por outro lado, será uma boa época para fazer reformas, progressos e mudanças.
Será bom para o meio ambiente, porque é composto por água e terra. É um ano recomendável para casar e ter filhos, ou para iniciar qualquer atividade nova, já que o dragão traz sempre sorte e felicidade, segundo os chineses.
No entanto, por essa mesma composição de água e terra, os adivinhos também preveem desastres naturais, como terramotos e inundações. Alguns dos piores terramotos foram precisamente em anos do dragão, como o do Alasca de 1964 ou o que em 1976 causou a morte de 250 mil pessoas na cidade chinesa de Tangshan.
Por tudo isso, os chineses, que muitas vezes se autodenominam "herdeiros do dragão", esperam o novo ano com um misto de esperança e cautela.
Há já décadas que somos aculturados pela civilização e cultura chinesa (oriental), talvez pela compensação espiritual que foi desvanecendo na cultura e civilização ocidental e nos advinha daquela, pelo que o Ano Novo chinês já não nos é estranha e até já se entranhou a nível mundial.
Pelas circunstâncias que dominam hoje o nosso dia a dia, mais se justifica identificar os nossos “patrões”, para um conhecimento mútuo, que permita uma comunicação com respeito mútuo pelos usos e costumes…
E assim sendo, como se diz que o ano do dragão (2012) não será tão conflituoso como 2011, é bom acreditar, apesar de todas as análises e estatísticas… E, se vai ser boa uma época para fazer reformas (mesmo), progressos (para todos) e mudanças (para melhor), vamos acreditar no Dragão (apesar de o FCP estar em 2º)…
Por outro lado, preveem-se terramotos e inundações, a outra face da moeda, o que leva os chineses a esperarem o novo ano com um misto de esperança e cautela, como convém, por muita fé que nos inunde…
Mas como a China também se tem ocidentalizado, sobretudo na adoção das regras da economia de mercado, correndo os mesmos riscos e as mesmas consequências por que estamos a passar, e como já há meses que se fala de uma bolha imobiliária superior à dos EUA, também nós estamos sujeitos, pela globalização da economia, a sofrer com os eventuais estilhaços da explosão dessa bolha, despoletada pelo bater das asas da borboleta na China, que no caso seria do rugir e do fogo lançado pelo Dragão…
Entre o pior, é melhor acreditar no que mais nos convier e no fim faremos os prognósticos…
CIDADES FANTASMAS - A FARSA DO CRESCIMENTO CHINÊS

Contramaré… 24 jan.

Cerca de 3.300 estudantes cancelaram inscrições nas universidades desde o início do ano lectivo, mais 6% face ao ano passado. Para os responsáveis de algumas das universidades, o principal motivo por trás deste movimento de fuga é óbvio e chama-se crise económica. Isso mesmo é revelado num inquérito realizado na Universidade do Algarve, onde esta foi a resposta mais votada pelos alunos desistentes.

Não se casa nem por nada!

A CULPA
A culpa é do pólen dos pinheiros
Dos juízes, padres e mineiros
Dos turistas que vagueiam nas ruas
Das 'strippers' que nunca se põem nuas
Da encefalopatia espongiforme bovina
Do Júlio de Matos, do João e da Catarina.
A culpa é dos frangos que têm HN1
E dos pobres que já não têm nenhum.
A culpa é das prostitutas que não pagam impostos
Que deviam ser pagos também pelos mortos.
A culpa é dos reformados e desempregados
Cambada de malandros, feios, excomungados,
A culpa é dos que têm uma vida sã
E da ociosa Eva que comeu a maçã.
A culpa é do Eusébio, que já não joga a bola,
E daqueles que não batem bem da tola.
A culpa é dos putos da casa Pia
Que mentem de noite e de dia.
A culpa é dos traidores que emigram
E dos patriotas que ficam e mendigam.
A culpa é do P.S. e Partido Social Democrata
E de todos aqueles que usam gravata.
A culpa é do BE, do CDS e do PCP
E dos que não querem o TGV.
A culpa até pode ser do urso que hiberna
Mas não será nunca de quem governa.
Recebido por mail, de Autor desconhecido

Ecos da blogosfera - 23 jan.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Finalmente vamos ter uma política social “omanizada”!

Chineses pagam prémio de 40%, omanenses de 30%. Encaixe de 600 milhões, mais mil milhões para financiar a REN. Foi por um triz: rating ameaçou negócio.
Quando, na semana passada, a Standard & Poors cortou o "rating" de Portugal, os alarmes soaram no Ministério das Finanças. A dias das propostas finais para a REN, os interessados mostraram dúvidas de última hora. O preço acabou por ser menos elevado do que se chegou a supor, mas a privatização da REN caminha para o sucesso: os chineses da State Grid propuseram comprar 25% oferecendo um prémio de 40% face à cotação da REN na sexta-feira; os omanenses da Oman Oil querem comprar 15% pagando um prémio de 30%. E assim o Estado pode vender todo o lote de 40%, encaixando 600 milhões de euros.
A proposta dos chineses aproxima-se dos 2,90 euros por acção e os dos omanenes acerca-se dos 2,70 euros, valores que comparam com os 2,07 euros de fecho na sexta.
Apesar de no passado recente se ter discutido as PRIVATIZAÇÕES, só por si, tal “solução” para “ajudar” a pagarmos as dívidas já não é posta em causa, como não foi a da EDP e Águas de Portugal, por se ter desviado a conversa para os administradores…
Se bem me lembro, ouvi e li que a REN era mais valiosa do que a EDP, até estrategicamente falando, mas parece que não é verdade, porque se 21,3 % da EDP valeram 2,69 mil milhões de euros ao Estado, como é que 40% da REN só valem 600 milhões? De tanto se falar em milhões e milhares de milhões, que o comum dos mortais nunca visualizará, é fácil ficarmos confundidos…
Mas, se o montante é tão pouco, em que é que este número ridículo, que fechará torneiras de receitas para o Estado, vai ajudar a reduzir a dívida? Ainda bem que vieram omanenses, a ver se “omanizam” a nossa sociedade e a orientação política do “nosso” governo para não se insistir na estafada “piada” de mais um "negócio da China”…
Mais do que discutir a nacionalidade dos candidatos, interessa perceber se é um bom negócio para o Estado português e tudo indica que sim.
Primeiro, Portugal tinha que vender porque a ‘troika' impõe. Perante isto, os candidatos complementam-se. Os chineses podem ser um parceiro industrial, uma vez que têm experiência no sector. Já o fundo Oman Oil será um accionista com interesses financeiros.
Depois, as propostas parecem boas. O prémio associado à oferta dos chineses deverá ser de 50% relativamente aos valores actuais das acções.
Por último, nenhum dos novos accionistas deverá ter lugares executivos no conselho de administração da REN, o que deverá garantir que os interesses nacionais vão continuar a sobrepor-se na gestão da rede eléctrica.
Há ainda um aspecto político. Se a operação da REN for concluída com sucesso, como tudo parece indicar, o Governo fecha duas privatizações importantes. Isto é um sinal relevante para o exterior. Mostra que apesar da má situação económica e da classificação de lixo, há investidores estrangeiros interessados nas empresas portuguesas. Isto é obviamente positivo.
A justificação da bondade do negócio, pelos vistos, assenta na premissa de Portugal ter que vender, PORQUE A ‘TROIKA' IMPÕE… e pronto!
Pelo que nos é dado a conhecer, nenhum dos novos acionistas deverá ter lugares executivos no conselho de administração da REN o que dispensa o governo de partidarizar o preenchimento de tais lugares e ser acusado de coisas feias… mas deverá haver umas trocas de cadeiras, caso contrário até parecerá que o governo não tem autoridade…
E pelos vistos há quem veja vantagens POLÍTICAS com as privatizações da EDP e da REN, por mostra que apesar da classificação de lixo, há estrangeiros que se dedicam à reciclagem. Só não vislumbramos onde entra nisto a política e em que é positivo, se nos livramos do que nos era rentável. Mas há quem o diga e ache positivo, provavelmente por se estar a falar de eletricidade e de pólos…
Enfim, todos mais pobretes, mas mais alguns mais alegretes…

Contramaré… 23 jan.

As empresas portuguesas que abriram subsidiárias financeiras na Holanda têm essencialmente motivações fiscais, disse o eurodeputado Rui Tavares, ironizando que não é "por gostarem de tulipas" e com o eurodeputado holandês Bas Eickhout, Tavares enviou 2 perguntas à CE sobre os efeitos da "competição fiscal" de países como a Holanda, o Luxemburgo ou a Irlanda sobre outros estados-membros da União.

Um “Tratamento Económico de Choque” à Friedman?

Os dirigentes europeus utilizam o espetro da guerra a torto e a direito, para justificar as suas políticas para salvar o euro. Mas este argumento já não pega, defende o filósofo holandês Paul Scheffer. O apoio dos cidadãos deve ser conquistado com verdadeiros argumentos. Excertos.
São imagens que ficam na memória: um Willy Brandt arrependido, de joelhos no gueto de Varsóvia; Helmut Kohl e François Mitterrand de mão dada no campo de batalha de Verdun; e, recentemente, Vladimir Putin e o primeiro-ministro Donald Tusk, diante da vala comum de Katyn. Estes gestos de reconciliação selam a culpa e a vergonha sobre as guerras na Europa. E ao contrário do que muitos pensavam, essas emoções não diminuíram com o tempo.
O mesmo se passa com palavras de advertência surgidas, nos últimos meses, da Polónia, da França e, é claro, da Alemanha, como as de Angela Merkel: "A história mostra que os países que têm moeda em comum não se guerreiam entre si.” O presidente da UE, Herman van Rompuy, deu a versão sintética: "Com o euro, é a União que cai e, portanto, a principal garantia de paz."
Não é fácil argumentar contra este "isso nunca mais". Durante demasiado tempo, sempre achei que a referência à guerra devia estar no centro do ideal europeu. No entanto, o uso desse "isso nunca mais" já não tem eficácia. Imagens angustiantes de um possível retorno a conflitos violentos desviam as atenções. Pior: invocar a guerra é um argumento gasto e cansado.
A Europa existe com o consentimento dos cidadãos
Uma lição importante a tirar da crise do euro é que a Europa não foi suficientemente objeto de debate democrático. Isso ficou patente no referendo [holandês] sobre a "constituição", em 2005. As pessoas que queriam votar “Não” (feitas as contas, 61%) eram sistematicamente interpeladas: "Mas leu o texto?" Essa pergunta nunca foi feita aos que queriam votar a favor da constituição, pois estavam do lado certo da história.
Assim, o slogan "guerra, nunca mais" leva rapidamente a um défice democrático. A Europa existe ou cai com o consentimento dos cidadãos. No referendo sobre a constituição, houve pouco debate racional sobre custos e benefícios, objetivos e meios.
Nunca foi dito claramente que, com a criação de um destino comum na Europa, Berlusconi era também nosso político, que o défice orçamental da Grécia era também nosso, que os trabalhadores ilegais legalizados em Espanha eram também nossos futuros cidadãos.
Por outras palavras: exportamos estabilidade na Europa, mas também importamos instabilidade. Poderemos, depois, pesar os prós e contras, mas é preciso que as coisas sejam faladas.
Para lá do "isso nunca mais", precisamos de uma nova justificação para a integração europeia. Temos de começar por considerar o re-equilíbrio das relações de força no mundo. A montanha de dívidas do Ocidente e o excedente orçamental da China indicam uma mudança fundamental no mundo. Na última década, mais de 3/4 dos países em desenvolvimento tiveram um crescimento maior do que a América do Norte ou a Europa.
Para contar uma nova história da Europa, temos de escolher não Berlim mas Pequim como ponto de partida. Não pode começar em Paris, mas em São Paulo. Por outras palavras: só é possível compreender a Europa a nível nacional se tivermos uma nova representação do estrangeiro.
Uma forma de eurocentrismo
O slogan "guerra nunca mais" é uma forma de eurocentrismo. O olhar é dirigido involuntariamente para o interior, quando existe um motivo essencial de integração fora do continente. "A Europa" é a única escala em que podemos estabelecer um modelo de sociedade no quadro da economia global. Se funcionar, quando se fala de integração europeia, deixa de se tratar de uma perda de soberania, mas de uma influência crescente através de uma ação conjunta. Em princípio, o euro pode contribuir para isso.
Outra razão relaciona-se com as nossas fronteiras externas comuns. O alargamento da União é uma conquista importante, mas tem um preço. Devido ao alargamento, a União está agora delimitada por regiões instáveis. Estamos rodeados por uma cintura de países, como os do Norte de África, os Balcãs, o Médio Oriente e as repúblicas da antiga União Soviética, que é das menos seguras do mundo.
Mais cedo ou mais tarde, a União terá de se tornar uma comunidade em termos de segurança, para gerir uma fronteira externa comum. Neste domínio, temos um grande défice: só conseguiremos encontrar uma nova justificação para a integração europeia quando a União proporcionar não apenas abertura, mas também proteção.
No entanto, um apelo para "mais" Europa não tem o peso de um desejo de "mais" democracia, especialmente agora que uma nova união orçamental está a ser fabricada, à pressa e em cima do joelho, nas costas dos eleitores. É uma iniciativa muito arriscada: repetem-se os erros feitos com a introdução do euro. A crise do euro não é uma fatalidade, mas um convite a assumir responsabilidades.
União das democracias sociais
Se o euro pode realmente ser salvo através da transferência para Bruxelas de responsabilidades orçamentais essenciais, é preciso pedir ajuda sendo convincente. E se a união monetária continuar a ser uma união de transferências, essa repartição entre regiões mais ricas e mais pobres deve ser desejada e defendida.
Se, em última análise, as maiorias dentro dos Estados-membros considerarem, depois de referendos ou eleições, que uma união orçamental é um passo excessivo, há um veredicto que é vinculativo. A consequência extrema pode ser os países saírem da zona euro ou o euro não ser viável como tal.
Não, não é muito agradável. É por isso que políticos como Merkel e Van Rompuy invocam a instabilidade e falam de guerra. Mas se é possível demonstrar de forma convincente que o fim do euro terá consequências económicas e políticas muito negativas, porque há tão pouca confiança na possibilidade de ganhar maiorias para a causa? Porque preferem contar com o efeito dissuasor do passado, em vez de utilizar a atração de um futuro próximo?
A busca de uma nova justificação para Europa, para lá do "isso nunca mais", não significa ajoelhar-se perante um realismo de custos-benefícios ou uma escolha do menor divisor comum.
Pelo contrário: o ideal é uma economia de mercado dominada por justiça, sustentabilidade e abertura. A união das democracias sociais é, por excelência, o que a Europa pode manifestar ao mundo como possibilidade. Esse é o objetivo, os meios são-lhe subordinados. Por isso, é essencial continuarmos a lembrar-nos da última guerra, e de nunca mais a utilizarmos como desculpa.
A Doutrina do Choque (The Shock Doutrine)