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sábado, 7 de abril de 2012

Livro de Horas

Aqui, diante de mim,
Eu, pecador, me confesso
De ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
Que vão em leme da nau
Nesta deriva em que vou.
Me confesso
Possesso
Das virtudes teologais,
Que são três,
E dos pecados mortais
Que são sete,
Quando a terra não repete
Que são mais.
Me confesso
O dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas
E das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo
Andanças
Do mesmo todo.
Me confesso de ser charco
E luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
Que atira setas acima
E abaixo da minha altura.
Me confesso de ser tudo
Que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
Desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.
Me confesso de ser Homem.
De ser o anjo caído
Do tal céu que Deus governa;
De ser o monstro saído
Do buraco mais fundo da caverna.
Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
Para dizer que sou eu
Aqui, diante de mim!
Miguel Torga


Contramaré… 7 abr.

O FMI pede ao Governo que tome medidas urgentes para flexibilizar os salários em Portugal, ou seja, para os baixar. O alerta vem na sequência de mais uma “tranche” de 5 mil milhões de euros que foi libertada esta semana por este organismo. O FMI avisa ainda que Portugal tem um longo caminho pela frente e que é preciso tomar medidas urgentes para estimular a economia.

"Iniciativa de Cidadania Europeia" omitida nos media

No dia 1 de abril, a União Europeia tornou-se mais democrática. Eis o argumento dos defensores da Iniciativa de Cidadania Europeia (ICE), que entrou em vigor nesse mesmo dia. Doravante, os cidadãos da UE podem “convidar a Comissão Europeia a apresentar uma proposta legislativa”. Para tal, devem reunir1.000.000 de assinaturas “numa área onde a UE tenha competência para legislar”.
Neste caso, podem defender a sua proposta perante o executivo europeu e numa audição pública organizada pelo Parlamento Europeu. Após a entrega das assinaturas, os comissários dispõem de três meses para aceitar ou não a proposta, que entra, por fim, no processo legislativo comunitário habitual.
Enquanto a Comissão é vista, há anos, como um bastião de eurocratas isolados dos cidadãos e o Parlamento como uma assembleia de eleitos sem ligação real com os seus eleitores, a ICE representa indiscutivelmente um progresso.
Ainda assim, tendo em conta que o famoso “défice democrático” da UE, regularmente denunciado pelos eurocéticos, é atualmente apontado por intelectuais como Jürgen Habermas, e dado que outros, como Ulrich Beck, defendem uma Europa dos cidadãos, é espantoso que a entrada em vigor da ICE não tenha suscitado mais reações na imprensa europeia. Como se a ausência de dramatização política e de disparate tecnocrático retirasse todo e qualquer interesse a este assunto.
No entanto, trata-se claramente de um marco político europeu, embora a complexidade do processo obrigue a impor-lhe muitos limites. Tomemos por exemplo a forma como o 1.000.000 de assinaturas terá ser recolhido: deverão provir de pelo menos 7 países da União, recolhidos por um comité de 7 pessoas oriundas de 7 países; além disso, foi definido um número mínimo de assinaturas para cada país em função da sua população.
O que significa que uma proposta para ser válida, terá de superar as fronteiras, problemas nacionais e diferenças políticas e culturais. Por outras palavras, a ICE poderá, provavelmente, marcar a emergência de uma política verdadeiramente europeia, com debates e ações transnacionais. E, caso este processo se revele útil e eficaz, esta apontará o caminho para este processo utópico: a eleição dos deputados europeus com base em listas transnacionais, ou até mesmo a criação de verdadeiros partidos políticos pan-europeus. Algo que representaria uma reviravolta decisiva na construção europeia.
Mas ainda estamos longe disso, e os defensores da ICE têm de provar que a ICE garante mais democracia na União. Antes de mais, como é óbvio, é preciso ver se a Comissão tem em conta muitas propostas dos cidadãos. Mas também será preciso que as propostas sejam pertinentes e representativas. Ou seja, que não provenham de interesses de categoria ou de reivindicações baseadas na emoção no momento. A este respeito, o risco tanto surge de grupos ideológicos, mesmo que seja determinado que uma proposta de iniciativa dos cidadãos não deva ser “claramente abusiva, fantasista ou prejudicial”, como de lóbis económicos.
Uma vez que estes dois tipos de atores do debate público são quem poderá mais facilmente encontrar 7 pessoas em 7 países para formar um comité e mobilizar os seus simpatizantes. A ICE, instrumento sob o controlo da democracia participativa, merece portanto ser levada a sério e avaliada sem restrição, sob pena de se tornar mais um instrumento comunitário.
Eric Mauriceé, jornalista francês, é chefe de redação do Presseurop.
Imagem e Guia para a Iniciativa de Cidadania Europeia

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ecos da blogosfera - 6 abr.

Operação Páscoa: os pecados não confessados (confisco e devolução) não tem absolvição!

O ministro das Finanças, já na sua intervenção final no debate da primeira alteração ao OE2012 admitiu pela 1ª vez, que ao ter dito em entrevista à RTP que a suspensão dos subsídios de férias e natal terminaria com o programa, que acabaria em 2013, teria feito essas afirmações, mas que eram um “lapso”.
O Governo sempre disse que os portugueses iriam ficar sem subsídios até ao final do programa de assistência financeira a Portugal. Mas, afinal, quando é que termina esse programa? Vítor Gaspar falou em 2013. Miguel Relvas e Maria Luís Albuquerque também. O próprio Passos Coelho disse-o. Os jornais também. Por que nunca foram desmentidos, já que o memorando define a data limite como 2014?
13 de Outubro de 2011 - Passos Coelho anunciou as medidas. "Como explicaremos em breve aos partidos políticos, aos sindicatos e aos parceiros sociais, esta medida é temporária e vigorará apenas durante a vigência do Programa de Assistência Económica e Financeira" e acrescentou: "Mas estes não são os únicos compromissos inquebráveis do Estado".
De visita ao Brasil, Passos Coelho pediu para que um jornalista não confundisse a hipótese de distribuir os vencimentos por 12 meses (e não em 14, como até aqui) com a duração do corte de subsídios. “Peço que não confunda com aquilo que nós propusemos para os próximos dois anos, que significa, quer no caso das pensões, quer no caso dos salários públicos, que, temporariamente, eles não incluíssem o subsídio de férias e o subsídio de Natal, que são o 13º e 14º meses”declarou em 2011. Os dois anos seguintes apontavam para 2012 e 2013.
Nessa noite, as notícias avançadas pelos meios de comunicação social eram evidentes: 2013 era o último ano em que os portugueses ficavam sem estes vencimentos.
"Governo elimina subsídio de férias e Natal à função pública", intitula a "Agência Financeira", para logo depois escrever "medida temporária só dura em 2012 e 2013.
Contradições nas Finanças
Vítor Gaspar, pouco depois do anúncio de corte de subsídios por Passos Coelho em Outubro, também disse que o programa de assistência financeira acabava em 2013.
17 de Outubro de 2011 - Vítor Gaspar dixit a numa entrevista à RTP: “O que eu posso dizer é que o corte no subsídio de férias e de Natal é temporário e vigorará durante o período de vigência do programa de ajustamento económico e financeiro e o período de vigência desse programa acaba em 2013”.
No Parlamento, Vítor Gaspar voltou a dizer que as declarações à RTP se trataram, "naturalmente, de um lapso".
No Terreiro do Paço, os desencontros de afirmações não se ficaram pelo ministro que tutela as Finanças. A secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, afirmou, em Novembro passado, que o corte de vencimentos é uma medida "temporária" "para os próximos dois anos".
27 de Outubro - Miguel Relvas, ministro Adjunto de Passos Coelho, garantiu que o Executivo estava a trabalhar para que os dois subsídios fossem pagos em 2014. "A suspensão que está em cima da mesa neste momento", disse ainda em 2011, "é por dois anos", ou seja, 2012 e 2013.
4 de Abril de 2012 - Passos Coelho dixit a  à Rádio Renascença: "Eu creio que [a reposição dos 13º e 14º meses] é depois de 2014, porque o nosso programa de ajustamento decorre até 2014. Portanto, a partir de 2015 haverá reposição desses subsídios”, não na totalidade, mas de forma gradual.
Valor pode aumentar para 50% em 2016.
Como estamos no período da Páscoa, que para quem é praticante tem a obrigação de confessar os pecados cometidos, para a sua absolvição e uma penitência proporcionada, de modo a iniciar-se uma renovação, para quem tem essa cultura (maioritária no povo português), é chocante virem a público (algumas) mentiras dos Públicos Administradores do Estado, nossos representantes, nossos defensores e nossos servidores.
Nem sequer interessa discutir o cerne da questão, pela circunstância de vivermos numa “ditadura” de uma maioria absoluta (aleatória), que tem a força “democrática” para nos impor o que não é contestado pelos meios que a indignação gera amiúde…
O que podemos concluir é que Passos Coelho, que já deu provas de conviver diariamente (e bem) com a mentira, fala ad hoc (de improviso), navega à costa, sem outro objetivo que não seja a subserviência e sem outro método que não seja o “custe o que custar”.
O que podemos concluir é que Miguel Relvas, ministro-Adjunto de Passos Coelho, papagueia o que este diz e “justifica” o injustificável com banalidades ininteligíveis e apelando constante e repetidamente em transparência.
O que podemos concluir é que Vítor Gaspar, o génio tão endeusado, mesmo classificando de “lapso” o seu erro de contas, prova que a matemática não é o seu forte e que mente descarada e insolentemente (embora solícito e humilde com o ministro alemão das Finanças), sem que os parlamentares lhe respondam no mesmo tom e estilo.
O que podemos concluir é que a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, quando conversa com o seu ministro, diz o que ele diz e que quando não se encontram pensa pela sua cabeça e contraria o “lapso” do seu chefe.
O que podemos concluir é que os grupos parlamentares que apoiam este governo estão ao serviço dos partidos “justificando” todos os seus desmandos, não pensam por eles (nem individual nem grupalmente) e muito menos pensam em quem os elegeu, quando estes são penalizados, sem culpa nem razão.
O que podemos concluir é que “os vendilhões do templo” nem sabem quando e como vão devolver o confisco que fizeram a Funcionários Públicos e Pensionistas, mas o ano das eleições ha de inspirá-los (a mais enganos e mentiras), conforme manda o manual de marketing…
O que podemos concluir é que uma medida, que nem sequer consta do plano de “ajuda”, é da exclusiva responsabilidade deste governo e destes governantes, que nem precisavam sugerir qualquer ligação com o memorando, só porque não podiam imputá-la ao anterior governo.
O que podemos concluir é que apesar de todos os “sucessos” nos relvados e das avaliações “gabadas”, vamos de mal a pior, “de vitória em vitória, até ao descalabro total”…
O que começamos a concluir é que se não podemos mudar o povo, podemos mudar os governantes, por uma questão de  exigência, de rigor, de seriedade e transparência nas políticas!

Reflexão do Relvas… 6 abr.

Miguel Relvas, numa declaração aos jornalistas, sem direito a perguntas, a meio de uma reunião com os 36 secretários de Estado do Governo, começou por referir que a reunião "tem como objectivo, na véspera de fazer um ano que Portugal pediu ajuda externa, fazer a avaliação das políticas que foram seguidas e simultaneamente fazer também o acompanhamento da eficácia dessas mesmas medidas". "O que aqui nós queremos deixar hoje ao País com esta reunião de avaliação de políticas e da sua eficácia é um sinal de esperança e de convicção de que Portugal vai conseguir atingir os seus objetivos, mas também ter a consciência de que há muito trabalho a fazer", acrescentou.
Antes, Relvas considerou que há "ainda um longo caminho a percorrer, um caminho difícil, de medidas que vão ser ainda ter de ser implementadas, que exigem esforço" para cumprir o "plano de estabilidade e de consolidação" e as "políticas estruturais que têm de ser seguidas".
O Governo está a seguir "um princípio de exigência, de rigor e de seriedade nas políticas que temos seguido para que possamos no fim da legislatura poder dizer que estamos a construir um país mais equilibrado, um país mais próspero, e também um país mais feliz", afirmou. 
No final, Miguel Relvas escusou-se a responder às perguntas da comunicação social, desejando "uma boa Páscoa aos senhores jornalistas e a todos os portugueses".

Contramaré… 6 abr.

A ministra da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva, abertura da VIII Reunião dos Ministros da Cultura da CPLP, em Luanda, sublinhou que o património natural dos países da comunidade lusófona pode propiciar a sustentabilidade económica, através do fomento do turismo cultural. Por isso, defendeu a integração do turismo cultural na agenda de trabalhos da CPLP, e acrescentou que se trata de “uma forma de aproximação dos nossos povos, cuja sustentabilidade envolve a articulação dos vários segmentos sociais, que engajam os governos, o empresariado e as comunidades”.

Virou-se a deslocalização contra os deslocalizadores!

Foi um dos motores da renovação energética alemã. Mas a Q-Cells, a 4ª maior especialista em energia fotovoltaica da Alemanha, abriu falência. Por culpa da concorrência chinesa, mas também da política de subsídios gerida por Berlim.
Ainda não há muito tempo, a Q-Cells era considerada uma empresa de futuro. Era, então, o maior fabricante de painéis solares do mundo. Mesmo em plena tempestade financeira, a Q-Cells parecia um negócio rentável e um bom investimento.
Foi em torno do seu centro de produção, em Bitterfeld-Wolfen, numa antiga região hulhífera do Saxe-Anhalt, que se desenvolveu o "Solar Valley" [“Sonnental”, em alemão], assim batizado por referência ao Silicon Valley da Califórnia.
Enfraquecido já há algum tempo, o Sonnental atravessa hoje os seus momentos mais difíceis, com a falência da Q-Cells. O campeão da energia do futuro pode não ter futuro nenhum: em 2011, a Q-Cells registou prejuízos de 846 milhões de euros. O "Solar Valley", que ainda emprega cerca de 2.200 funcionários da Q-Cells, pode muito bem vir a sofrer grandes perdas.
Milhares de pequenas empresas afetadas
Esta falência representa um novo choque para a indústria solar alemã. A Q-Cells é a 4ª empresa do setor a declarar insolvência e o seu desaparecimento pode aumentar significativamente a dependência dos fabricantes de painéis solares alemães dos seus concorrentes asiáticos. E isto apesar dos milhares de milhões de euros de subsídios distribuídos pelo Governo e de se viver um momento em que a energia solar se está a tornar cada vez mais competitiva.
Mas não fica por aqui, porque o processo está a acelerar-se. Em dezembro de 2011, desapareceram 2 gigantes da indústria: a berlinense Solon e a empresa de Erlangen [na Baviera], a Solar Millennium. Uma empresa indiana, Microsol, assumiu o fulcro dos negócios da Solon e continua a empregar 400 dos seus mil funcionários. A falência da Solar Millennium afetou milhares de pequenas empresas.
Houve outras fábricas a declararem insolvência, em março de 2012, entre as quais a Scheuten Solar, que há 8 anos vinha apresentando em Friburgo o maior painel solar do mundo.
A crise da indústria solar alemã afeta todas as empresas que fizeram escolhas erradas: as que, apesar de um abrandamento recorde no setor, reagiram demasiado tarde ou com excessiva timidez.
A política de incentivos, desenvolvida pelo Governo, era uma ótima maneira de apoiar o desenvolvimento do setor das novas tecnologias ecológicas; mas é cada vez menos relevante num mercado hoje já maduro. A limitação desses subsídios não altera nada e não pode salvar empresas que acumularam erros de gestão ao longo de vários anos.
A Q-Cells é o melhor exemplo. Foi no verão de 2011 que a empresa começou a deslocalizar grande parte da sua produção para a Malásia. Já então era evidente que os trabalhadores alemães não podiam competir com os seus homólogos da Ásia.
Produtos fáceis de copiar
Há anos que havia quem alertasse a empresa para essa situação. As células fotovoltaicas não são uma tecnologia muito sofisticada e são fáceis de copiar.
Apesar de a produção ser grandemente automatizada, o facto é que tudo o que faz uma fábrica é mais barato num país como a China, das paredes às equipas de limpeza. Além disso, a indústria solar é uma das prioridades de Pequim, que fornece créditos aos fabricantes a taxas muito vantajosas.
As empresas que, como a Q-Cells, tinham o seu centro na Alemanha estavam, pois, há muito condenadas, por subestimarem a concorrência global. A promoção da energia solar conseguiu fazer crescer estrondosamente a procura, entre 2009 e 2011. Esta ganhou tal dimensão que mesmo as empresas sem credenciais conseguiam vender os seus produtos em grandes quantidades.
Este surto dos últimos anos selou o destino dos fabricantes alemães de painéis solares, incitando os fabricantes a produzir em massa, nomeadamente na China.
Só em 2011, o preço de um painel fotovoltaico baixou 30 a 40%, ou seja, muito mais depressa do que os custos de produção na Alemanha. Este ano, espera-se mesmo um grande aumento nesses custos de produção. Resultado, os países asiáticos alargam a sua vantagem. Em 2008, a China fabricava 33% [dos painéis solares] de todo o mundo; em 2011, este número passou para 57%.
Por outro lado, em 1 de abril, o Governo alemão reduziu significativamente os subsídios públicos para o setor da energia solar. A médio prazo, a concorrência global deve afetar outros setores da indústria solar alemã, como a Centrotherm, que fabrica máquinas para a produção de células fotovoltaicas. São realmente aparelhos cada vez mais sofisticados, mas, à escala do setor, os fabricantes asiáticos apresentam mais modelos.
No entanto, houve diversas empresas alemãs que não se limitaram a receber os subsídios e que desenvolveram modelos competitivos. É o caso da Juwi, que concebe grandes parques solares e aposta também na energia eólica.
O mercado alemão prepara a chegada de novos intervenientes, nomeadamente na área dos serviços. É o caso de empresas de manutenção de parques solares ou de intermediários para colocação da venda de energia dos fornecedores em bolsa. Apesar disso, vão apagar-se muitas luzes no "Solar Valley".
PERSPETIVAS - Solar não é a única a falhar
Segundo o Frankfurter Rundschau, depois da energia solar é agora a vez do segundo pilar do setor das energias renováveis, de que a Alemanha se pode orgulhar de ter sido a precursora, a estar ameaçado: a eólica.
Milhares de empregos [na energia solar] desapareceram ou vão ser suprimidos nos próximos dias. A mesma sorte está reservada às competências no domínio do desenvolvimento industrial e da pesquisa, que durante muito tempo beneficiaram de um enorme apoio por parte dos contribuintes. E isto por causa de uma política neoliberal que defende que as leis do mercado conseguem regular tudo. […] São precisas soluções políticas mais criativas, ou até mesmo um certo protecionismo económico. O setor da energia solar não será o último a falir. Também a energia eólica foi um sucesso sem precedentes na Alemanha. Desde 2011, a China tomou a dianteira deste setor, a nível mundial. As fábricas chinesas são frágeis e, ainda, tecnicamente atrasadas. Por enquanto.

Ecos da blogosfera - 5 abr.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Não é a isto que se costuma chamar promiscuidade?

O aprofundamento das relações entre a banca e os reguladores, e com o Governo, é uma das missões a que se propõe Faria de Oliveira, que foi hoje eleito presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB).
"Eu espero poder e saber atuar, em primeiro lugar, na defesa dos interesses dos associados, mas principalmente desenvolver uma ação de informação da opinião pública sobre a atividade bancária e a situação dos bancos, incentivando medidas que levem a um bom relacionamento entre os clientes da banca e a banca, e ao mesmo tempo estabelecer um diálogo muito profundo, quer com os reguladores, o Banco de Portugal e a CMVM [Comissão do Mercado de Valores Mobiliários], quer com o Governo", disse Faria de Oliveira.
"Obviamente, tenho o compromisso de atuar enquanto presidente da APB com total independência. Foi matéria que não deixei de falar com quem de direito e, designadamente, com os meus colegas dos outros bancos, e estou convencido que saberei perfeitamente distinguir as duas funções. Grande parte delas têm completa e total sintonia, noutras, poderá haver pontos de vista diferentes, mas eu saberei atuar com independência em cada um dos cargos que exerço", referiu o também presidente não executivo da Caixa Geral de Depósitos.
Troca deve permitir ganho de 4.630 euros por mês. No limite, banqueiro podia acumular duas remunerações.
O presidente não executivo da Caixa Geral de Depósitos deverá trocar o salário que recebe no banco público pela remuneração que lhe é devida, desde ontem, por ter sido eleito líder da APB. Uma opção que deverá permitir ao banqueiro aumentar o seu rendimento mensal bruto em 4.630 euros e que evitará que o novo representante da banca fique sujeito às limitações impostas pela aplicação do Estatuto do Gestor Público à CGD que, no limite, poderia levar a que Faria de Oliveira passasse a ter uma remuneração mensal igual à do primeiro-ministro.
Os funcionários bancários, à exceção dos do Banco de Portugal, vão na quinta-feira gozar de tolerância de ponto durante a parte da tarde, seguindo uma recomendação da APB do passado dia 20.
Há qualquer coisa, ou muitas coisas, que dão a perceber, cada vez mais descaradamente, que existe um “Estado” dentro do Estado, cumprindo-se aquele refrão cantado pelos neoliberais (confessados ou encapotados): “Menos Estado, melhor(?) Estado”, numa batalha política que deu o que deu e dará o que se verá…
Mesmo admitindo que uma pessoa (seja quem for) pode ser dirigente de um Banco (CGD) e acumular a presidência da Associação Portuguesa de Bancos, é muito difícil compreender a prossecução dos objetivos que se propõe e aqui elencados.
Em primeiro lugar, diz o nomeado, vai atuar na defesa dos interesses dos associados (Bancos e acionistas), o que é lógico e chegava e sobrava para cumprir a missão…
Que tome medidas que levem a um bom relacionamento entre os clientes da banca e a banca, nada de mais natural, porque é uma medida de defender os seus associados…
Já quanto à intenção de estabelecer um diálogo MUITO PROFUNDO com os reguladores (BdP e CMVM), apesar de as boas relações com quem nos fiscaliza e avalia não seja pecado mortal, cheira àquilo a que se costuma chamar de promiscuidade…
E no mesmo sentido, a mesma intenção de diálogo MUITO PROFUNDO com o Governo cheira ao mesmo… Promiscuidade entre o Poder e o Poderio, agravada pelas circunstâncias em que vivemos, com a Banca à cabeça das razões desta crise que lhes estamos a pagar…
Nesta conjuntura, obviamente que o compromisso de atuar com total independência (apesar de virtuoso) não é muito credível, pela acumulação de presidente (não executivo) da CGD.
E quando se lê que o nomeado, que até podia acumular as duas remunerações (CGD e APB) troca o vencimento da CGD pela da APB, aumentando-lhe o ganho em 4.630 euros por mês, tal escolha, desde logo, não lhe permitirá a “beatificação”. Se acrescentamos que esta decisão evitará que fique sujeito às limitações impostas pela aplicação do Estatuto do Gestor Público à CGD, o que o levaria a ter uma remuneração mensal igual à do primeiro-ministro, portanto muito inferior, a beatitude cai-lhe pelos pés de barro…
De “boas” intenções está a Banca cheia e as cadeias vazias…
Não deixa de ser folclórico, que o anterior presidente da APB tenha decidido no passado dia 20 dar tolerância de ponto durante a parte da tarde de quinta-feira aos bancos (CGD incluída), contrariando a “filosofia” de produtividade do governo, quando o atual podia ter revogado a recomendação…
Afinal, continuamos com o mesmo Carnaval…

Reflexão do Relvas… 5 abr.

O ministro Miguel Relvas, defendeu que Portugal "tem de proteger os talentos desportivos" e realçou que "o desporto é uma grande atividade exportadora".
Miguel Relvas disse que "os talentos desportivos são transacionáveis", mas referiu que "só o podem ser se tiverem uma oportunidade" de atuarem nas respetivas modalidades e salientou que Portugal tem "bons atletas" e "precisa de ter sucesso, mais do que um país grande".
O governante advogou a necessidade de criar "uma estratégia nacional" e de se aplicarem "políticas adequadas" para proteção dos talentos desportivos.

Contramaré… 5 abr.

Nova baixa no ministério da Economia. O diretor-geral da ADENE - Agência para a Energia é a 2ª baixa, em pouco menos de um mês, no Ministério da Economia. Alexandre Fernandes, que se encontrava à frente desta Agência desde 2006 e já ia no seu 2º mandato, que terminava no final de Julho, confirma a sua saída ao Económico. "Confirmo a minha saída", afirmou Alexandre Fernandes, alegando "razões pessoais".

O que já devia ter sido dito, mas sobre tudo, há muito!

É um “grito”, estima o Süddeutsche Zeitung, mas um que pretende provocar uma polémica internacional. O escritor Günter Grass publicou hoje no diário de Munique, e em conjunto com The New York Times, La Reppubblica e El País um poema intitulado “O que deve ser dito”, onde alerta para uma guerra entre Israel e o Irão.
Face à possibilidade de “uma extinção do povo iraniano”, o prémio Nobel da Literatura pede nomeadamente que Berlim não entregue mais submarinos a Telavive, sendo o poder nuclear israelita um “perigo para a paz frágil no mundo”, enquanto o Presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad é qualificado como um simples “fala-barato”.
Grass, que perturbou a Europa em 2006, quando revelou a sua parceria com a Waffen SS em 1944, explica que se manteve durante demasiado tempo em silêncio por medo do “habitual veredicto de ‘antissemitismo’”.
Na Alemanha, a polémica relativamente ao texto não se fez esperar. Dos três diários nacionais que a puseram em primeira página hoje, Die Welt destaca-se por ter o título mais chocante: “Günter Grass, o eterno antissemita”. O famoso cronista do diário berlinense, o polémico Henryk M. Broder considera que
Grass é o protótipo do antissemita cultivado, que deseja o melhor aos judeus. Assombrado pela culpabilidade e a vergonha, e desejoso de estabelecer uma contabilidade na História, este entra numa batalha ao defender as suas ideias para desarmar “a causa de um perigo percetível”.
Por qué guardo silencio, demasiado tiempo,
sobre lo que es manifiesto y se utilizaba
en juegos de guerra a cuyo final, supervivientes,
solo acabamos como notas a pie de página.
Es el supuesto derecho a un ataque preventivo
el que podría exterminar al pueblo iraní,
subyugado y conducido al júbilo organizado
por un fanfarrón,
porque en su jurisdicción se sospecha
la fabricación de una bomba atómica.
Pero ¿por qué me prohíbo nombrar
a ese otro país en el que
desde hace años —aunque mantenido en secreto—
se dispone de un creciente potencial nuclear,
fuera de control, ya que
es inaccesible a toda inspección?
El silencio general sobre ese hecho,
al que se ha sometido mi propio silencio,
lo siento como gravosa mentira
y coacción que amenaza castigar
en cuanto no se respeta;
“antisemitismo” se llama la condena.
Ahora, sin embargo, porque mi país,
alcanzado y llamado a capítulo una y otra vez
por crímenes muy propios
sin parangón alguno,
de nuevo y de forma rutinaria, aunque
enseguida calificada de reparación,
va a entregar a Israel otro submarino cuya especialidad
es dirigir ojivas aniquiladoras
hacia donde no se ha probado
la existencia de una sola bomba,
aunque se quiera aportar como prueba el temor...
digo lo que hay que decir.
¿Por qué he callado hasta ahora?
Porque creía que mi origen,
marcado por un estigma imborrable,
me prohibía atribuir ese hecho, como evidente,
al país de Israel, al que estoy unido
y quiero seguir estándolo.
¿Por qué solo ahora lo digo,
envejecido y con mi última tinta:
Israel, potencia nuclear, pone en peligro
una paz mundial ya de por sí quebradiza?
Porque hay que decir
lo que mañana podría ser demasiado tarde,
y porque —suficientemente incriminados como alemanes—
podríamos ser cómplices de un crimen
que es previsible, por lo que nuestra parte de culpa
no podría extinguirse
con ninguna de las excusas habituales.
Lo admito: no sigo callando
porque estoy harto
de la hipocresía de Occidente; cabe esperar además
que muchos se liberen del silencio, exijan
al causante de ese peligro visible que renuncie
al uso de la fuerza e insistan también
en que los gobiernos de ambos países permitan
el control permanente y sin trabas
por una instancia internacional
del potencial nuclear israelí
y de las instalaciones nucleares iraníes.
Solo así podremos ayudar a todos, israelíes y palestinos,
más aún, a todos los seres humanos que en esa región
ocupada por la demencia
viven enemistados codo con codo,
odiándose mutuamente,
y en definitiva también ayudarnos.
Günter Grass
Traducción de Miguel Sáenz.                                

Ecos da blogosfera – 4 Abr. 12

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Há “pirómanos” que lançam fumo antes do fogo…

A Comissão Europeia não afasta a hipótese dos cortes no 13.º e 14.º mês para a função pública e pensionistas serem permanentes, embora diga que tal cenário ainda não foi discutido.
“Teremos de ver se [a medida] se tornará permanente ou não. Mas isso agora ainda não foi discutido”, assegurou Peter Weiss, da direção-geral de Assuntos Económicos e Monetários da Comissão Europeia, e membro da missão de ajuda externa para Portugal.
Vítor Gaspar está a ser ouvido numa audição parlamentar da Comissão de Orçamento e Finanças. No seu discurso de introdução, o ministro salientou que o programa está a decorrer de acordo com o planeado e desmentiu a ideia ontem deixada por Bruxelas de que se poderia vir a implementar um corte permanente dos subsídios de férias e de Natal e à semelhança do que o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro já tinha dito ontem, salientou que o corte do 13º e 14º mês é temporário e vigorará apenas enquanto durar o programa de assistência económico-financeira, ou seja, até final de 2013.
“Esta é a posição que o Governo tem, é a que sempre teve”, garantiu Vítor Gaspar, salientando que esta questão não foi discutida na última avaliação. “Esta questão foi criada de forma inteiramente artificial”, afirmou.
Confrontado por Honório Novo, sobre se o Governo já manifestou a sua posição perante Bruxelas, Vítor Gaspar respondeu que fez isso “imediatamente” e que “não há relativamente a esta matéria qualquer posição da Comissão Europeia que contrarie a posição do Governo português”.
O presidente da CIP não afastou hoje a possibilidade de os cortes nos subsídios de férias e de Natal se tornarem permanentes e se estenderem ao setor privado, em função de uma "correta política salarial" assente na produtividade.
Nem vale a pena lembrar o ditado sobre o fumo, mas que há fogo, há! E quase todos são postos por pirómanos, ou a mando…
A que propósito vem este desconhecido estrangeiro lançar uma boca, da sua autoria, se nem tinha sido discutida na CE? Pirómano, ou mandatário?
E manda no governo português, com que autoridade? E que autoridade lhe reconhece o governo para o ouvir?
O ministro português das Finanças até já veio dizer que reagiu de imediato e que a questão foi criada artificialmente. Mas artificialmente foram também confiscados os dois subsídios por ele próprio, sem que a troika se tenha lembrado de tal (estas coisas não passam pela cabeça de pessoas sérias e cumpridoras de contratos assinados e garantidos na Constituição) e nós aguentamos, até com grande surpresa de Bruxelas.
E apesar do Moedas e do Gaspar virem “desmentir” a veracidade da medida, garantindo que estes confiscos vigorarão apenas enquanto durar o programa de assistência económico-financeira (ou seja, até final de 2013), até podemos acreditar neles, literalmente, mas… Se como já se diz à boca cheia que vem aí novo empréstimo, ou seja, novo programa de assistência económico-financeira, sabe-se lá até quando, podemos interpretar que o confisco CONTINUARÁ TEMPORÁRIO e vigorará enquanto durar o próximo programa e os próximos.E não estão a mentir, estão a enganar-nos com a verdade…
Mas vamos dar ao governo e aos governantes o malefício da dúvida, por causa da dívida…
Entretanto, mais uma vez, vem este ex-sindicalista apressadamente a reboque, não para apagar o fogo, mas deitar achas para a fogueira, achas vendidas pelos seus consócios, para ganharem algum e sacarem outro tanto a quem lhes cria riqueza. Não era mais fácil, ético, eficiente e profissional exigir o apoio da Banca, o embaratecimento da energia e os impostos?
O homem não aprende com a triste figura que já fez com a “mais ½ hora de borla” e lança sempre a cana, mas só se vê lata…
Aparecem sempre urubus quando há cadáveres adiados…

Reflexão do Relvas… 4 abr.

Questionado sobre a reestruturação a decorrer na televisão pública, Miguel Relvas realçou que “tanto a RTP como a Agência Lusa tiveram resultados positivos em 2011”, acrescentando que “ambas estão em reestruturação, estão bem e recomendam-se”. “Vamos chegar ao fim do ano de 2012 e atingir os objetivos. Estão a trabalhar bem, gastando menos”, insistiu.
Em relação à televisão pública, Relvas diz que tem recebido informação “da administração da RTP de que há uma confiança muito grande e uma grande capacidade para enfrentar o futuro”, adiantando que “está a ser bem gerida e o serviço público está garantido”. “Os profissionais de ambas as empresas sentem-se estimulados para prestar serviço público”, declarou, reiterando a intenção de alienar um dos canais de televisão “até ao final de 2012” e de vender a participação do Estado na agência de notícias.
No final, Inês Medeiros considerou “lamentável” que o ministro se tenha “recusado a responder às perguntas feitas pelos deputados sobre qual a razão para alienar um canal da RTP”. “Até hoje nunca conseguimos perceber porquê e para quê. Nos tempos difíceis em que vivemos, precisamos de um serviço público forte. Ou não quer dizer ou então não sabe porque tomou esta decisão”, declarou.

Contramaré… 4 abr.

A UE não está satisfeita com o que Portugal tem feito para combater as chamadas “rendas excessivas” na energia e diz que as medidas anunciadas pelo Governo português são pouco claras e insuficientes para acabar com as elevadas margens das empresas do setor. Ainda que algumas das medidas já tomadas pelo executivo possam vir a contribuir para uma redução do défice tarifário, a Comissão diz que não chegam.
Uma das medidas que continuam a faltar é a redução dos pagamentos aos produtores de eletricidade, uma das matérias prioritárias em que o Governo deve agir nos próximos meses.

Quem não ajuda os seus, vai “ajudar” estrangeiros?

Situada no antigo berço do milagre económico alemão, hoje em plena recessão, a região metropolitana do Ruhr é a mais endividada da Alemanha. Em causa estão as políticas de austeridade rigorosas e o preço da solidariedade com os Länder da antiga RDA. Um contributo que passou a ser posto em causa, a escassas semanas das eleições regionais.
Paul, o célebre polvo que traiu os alemães
Este luxuoso centro comercial Centro, situado na periferia de Oberhausen, não aparenta qualquer sinal de pobreza. Mas de acordo com Gabriele Daume, uma cliente elegante com um colar de pérolas, a totalidade do dinheiro vai para Leste, a antiga RDA, enquanto o Oeste empobrece.
Segundo esta, o Centro de Oberhausen tenta disfarçar a miséria. Oberhausen fechou 5 das suas 7 piscinas, a sala de concertos foi encerrada, a biblioteca móvel também, os empregos desaparecem, os jovens abandonam a região. “É o que acontece em todo o Oeste.”
O novo Leste, pobre e carenciado
De repente, o tema volta a estar em primeiro plano: a separação entre a Alemanha de Leste e a Alemanha Ocidental. Mas desta vez, é invertido 180º. Quem colocar a questão aqui, em Oberhausen, 22 anos após a queda do Muro, terá uma resposta inesperada: a Bacia do Ruhr, que outrora foi o berço do milagre económico da Alemanha Ocidental, tornou-se o novo Leste, pobre e carenciado.
Em plena campanha eleitoral na Renânia do Norte-Vestefália, a classe política contribuiu para esta manifestação de ira. Quatro presidentes de Câmaras Municipais sociais-democratas do Ruhr apoiaram a supressão do “Solidarpakt II”, o pacto de solidariedade instaurado há 20 anos pelo Governo, para que os alemães do Ocidente contribuíssem financeiramente para ajudar os seus irmãos de Leste após a queda do Muro. Este pacto foi alargado até 2019.
Os presidentes das Câmaras parecem ter atingido um nervo sensível. Até Joachim Gauck, o novo Presidente e primeiro-ministro alemão de Leste a desempenhar a mais alta função do Estado, compreende a ira do Ocidente.
O Ruhr continua a ter regiões ricas, mas em cidades como Duisburg e Dortmund, há locais parecidos, segundo Gauck, “com a RDA após a queda do Muro”. Há ruas cheias de buracos, casas inabitáveis.
Apelidada de “Grécia da Alemanha”, Oberhausen é a cidade mais endividada do país. Com uma dívida de cerca de 2 mil milhões de euros distribuída por uma população de 211.000 habitantes, um total de 8 mil euros por pessoa.
Foi imposta à cidade uma política de austeridade rigorosa. Com 12%, o desemprego corresponde à média dos Länder da antiga Alemanha de Leste. Por outro lado, a cidade deu um contributo para o Leste no valor de 270 milhões de euros, tendo que se endividar para poder pagar este montante.
Gabriele Daum e o seu amigo sabem como se chegou a este ponto. A Bacia do Ruhr continua a ter dificuldades devido ao encerramento progressivo, desde os anos 80, de diversas minas de carvão e de aço. A região não conseguiu orientar-se para uma nova economia moderna.
"O que tenho eu a ver com o que os meus antepassados fizeram?"