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sábado, 6 de outubro de 2012

Da submissão à capitulação! V-E-R-G-O-N-H-A!

As mudanças no programa de ajustamento negociado por Portugal com a "troika" não terão de ser aprovadas no plenário do parlamento alemão, decidiu hoje, em Berlim, a comissão parlamentar do orçamento.
Em causa estava o adiamento de 2013 para 2014 da redução do défice estrutural para 3%, que o FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia aceitaram, após a última ronda negocial com o governo PSD/CDS, em agosto.
A oposição social democrata (SPD) e ambientalista (Verdes) no parlamento alemão tinha exigido que as alterações ao programa português subissem ao plenário, alegando que se podia abrir um precedente para a Grécia, em situação financeira ainda mais delicada do que Portugal.
Alterações semelhantes no programa da Grécia não escapam a aprovação no Bundestag
Após uma reunião extraordinária da comissão parlamentar do orçamento do Bundestag, o porta-voz dos democratas-cristãos (CDU/CSU) para assuntos financeiros, Norbert Barthle, anunciou, no entanto, que houve acordo entre as forças políticas representadas no hemiciclo para aceitar as alterações.
O porta-voz dos sociais democratas, Carsten Schneider, sublinhou, porém, que a concessão a Portugal de mais 1 ano para cumprir a meta do défice "é uma profunda alteração" do programa de ajustamento. Com esta decisão, o ministro das finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, já poderá aprovar as alterações ao programa português na reunião do Eurogrupo agendada para segunda-feira, no Luxemburgo, para que seja libertada a próxima "tranche" do empréstimo de 78 mil milhões a Portugal, que ascende a 4,3 mil milhões de euros.
Simultaneamente, a comissão parlamentar do orçamento decidiu que, caso sejam necessárias alterações semelhantes no programa de ajustamento da Grécia, estas terão de ser submetidas ao plenário do Bundestag.
A "troika" está a examinar, em Atenas, o cumprimento do referido programa, e só se houver luz verde do FMI e da União Europeia a Grécia receberá a próxima tranche do seu resgate de 110 mil milhões de euros, que perfaz 31,5 mil milhões de euros.
Ou seja, afinal os funcionários da troika devem ter uma avença do FMI, do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia, porque deve ser a Alemanha que lhes paga o grosso dos honorários, já que as suas propostas são consentidas, ou não, pelo Bundestag, que se arroga ao direito de as ratificar…
Isto quer dizer que o nosso OE 2013 já foi “aprovado” previamente (de conversa) pela Comissão Parlamentar do Orçamento do Bundestag, com a abstenção da aprovação formal no Parlamento alemão e só depois poderá ser “aprovado” pela Assembleia da República portuguesa… Se isto não é a humilhação de uma nação soberana – Portugal - e o domínio político-económico-financeiro, com direito aos despojos de guerra, o que é que se pode chamar?
Se aceitarmos esta palhaçada ditatorial, quer ao nível de todos os órgãos de soberania, quer dos cidadãos portugueses, estamos desde já a rendermo-nos ao “inimigo”, a capitular, sem uma assinatura formal nem outro documento que não seja o Memorando, que pensávamos que não era da jurisdição de um outro país-membro da “União”, que também já capitulou várias vezes, sem ter passado por humilhação maior, apesar de ter cometido crimes hediondos contra a Humanidade… Haverá também uma chamada “vingança do alemão”?
Inexplicável e de mau presságio, é que tenha sido o SPD e os Verdes (esquerda q.b.) e provavelmente os partidos do poder na Alemanha pós Merkel, que se tenham lembrado desta usurpação, o que quer dizer que vamos ficar na mesma, mesmo depois de mudarem as moscas, pela simples razão de serem todos alemães…
A seguir, numa fase mais avançada de pilhagem estará a Grécia a passar pelo mesmo método inquisitório, para lhe “oferecerem” mais uns trocos, para pagarem à Alemanha, para esta pagar à troika, que os dispensa de dar a cara neste jogo sujo…
E nesta trama em que nos enredaram, ainda gozam com o povo, e não merecem outra resposta que não esta:
“Monta os burros da feira e diz que são bestiais
O bispo das Forças Armadas acusou o Governo e particularmente Vítor Gaspar de usar “linguagem salazarista” ao referir-se aos portugueses como o “melhor povo do mundo”.
“É um Governo que monta os burros da feira e depois diz que são bestiais”, lamentou D. Januário Torgal Ferreira. “Nem andam a zurrar, nem levantam as patas. Fazem para aí uns barulhos de vez em quando, mas aceitam tudo. São o melhor do mundo”, acrescentou.
O bispo disse, ainda, que é uma linguagem que “vem na linha da de Pedro Passos Coelho quando este agradeceu a resignação dos pobres, humildes e ofendidos”.
Mas mais elucidativa da visão que já está interiorizada no subconsciente de quem nos governa, é esta deliciosamente ridícula submissão e de sub missão que para si própria aceita e com que nos quer convencer da inevitabilidade da capitulação…
Não há adjetivo que lhe sirva, nem carapuça para tão grande cabeça!

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Ecos da blogosfera - 6 out.

Os Europeus – 15

Após as guerras de libertação contra a hegemonia francesa, o Congresso de Viena, iniciado em 1814, restaurou a situação geopolítica na Europa anterior à Revolução Francesa de 1789.
Matthias von Hellfeld
Congresso de Viena, 1819
Mais de 200 delegados dos Estados europeus dirigiram-se à capital austríaca para discutir sobre a nova ordem do continente, entre 18 de setembro de 1814 e 8 de junho de 1815. Essa reorganização serviria, basicamente, para a restauração das antigas monarquias europeias, que durante o período da ocupação francesa tiveram que, não só aceitar perdas de territórios, mas também abdicar de parte da sua influência.
A restauração da Velha Europa foi, ao mesmo tempo, uma renúncia aos ideais da Revolução Francesa e às forças nacionais emergentes em muitos países europeus, que pregavam a formação de Estados nacionais.
O Congresso dança
Como cidade-anfitriã do Congresso, Viena embelezara-se, organizando uma oferta diariamente renovada de bailes e eventos sociais. A rápida sucessão de diversões dançantes inspirou o diplomata belga príncipe Charles Joseph von Ligne (1735-1814) a criar, pouco antes de morrer, a expressão "congresso dançante", em carta endereçada ao então ministro francês do Exterior, Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord (1754-1838): "O Congresso dança, mas não vai adiante. Também nada vaza para fora, além do suor desses senhores dançantes".
Os senhores, no entanto, não estavam só a dançar, pois foram tomadas decisões de grande repercussão na história europeia.
Restauração
Na Europa, o equilíbrio entre as 5 grandes potências França, Inglaterra, Prússia, Rússia e Áustria ("Pentarquia") foi restaurado. Embora tendo que devolver os territórios anexados durante a regência de Napoleão, a França acabou por ser quem mais lucrou com o Congresso de Viena. Afinal de contas, o país, com os seus esforços hegemónicos sob a liderança do imperador Napoleão I, tratara primeiro de tirar a Europa dos eixos. Agora, no entanto, a delegação francesa sentava-se à mesa de negociações em Viena!
Enquanto a França teve que ceder territórios, outras grandes potências os ganharam, assim como alguns Estados menores (Suécia, Países Baixos Unidos). Desde as Partições da Polónia dos anos de 1772, 1793 e 1795, aquela nação existia apenas como o pequeno Ducado de Varsóvia. Em Viena, o país foi restabelecido no mapa europeu como "Polónia do Congresso". Além disso, a neutralidade dos suíços foi reconhecida internacionalmente.
A Confederação Germânica
No centro do continente, a Confederação do Reno fundada por Napoleão foi dissolvida e substituída pela Confederação Germânica. Pertenciam a esta liga 35 principados e 4 cidades-Estado. Mas também a Prússia e a Áustria eram membros, ainda que partes dos seus territórios estivessem localizadas fora da Confederação Germânica. Ambos os países fizeram parte do Sacro Império Romano-Germânico até à sua dissolução em 1806, e reivindicavam direitos na Alemanha. O grémio principal da Confederação era o Parlamento (Bundestag), reunido em Frankfurt sob a presidência da Áustria.
A instituição da Confederação Germânica foi uma das principais decisões do Congresso de Viena. Mas não se pode ignorar os erros cometidos nesse nascimento. Por um lado, as grandes potências europeias queriam que os diversos Estados continuassem independentes, mas, por outro, pretendiam associá-los numa liga federativa, integrando-os nos seus interesses geoestratégicos através da participação da Áustria e da Prússia. Representantes de Estados alemães não participaram das negociações, de forma que pouca importância foi dada aos seus interesses.
Com o Congresso de Viena, a "questão alemã" foi condicionada novamente à aceitação dos europeus, pois cada mudança do status quo na Europa dependia da anuência da assim chamada "Santa Aliança", formada pela Prússia, Áustria e Rússia. Estas 3 monarquias cuidavam para que se mantivesse o estado de paz desenvolvido em Viena. Esta foi a 2ª tentativa dos Estados europeus para englobar todo o continente e criar uma ordem pacífica consensual, desde a Paz da Vestefália de 1648.
No entanto, esta "Conferência para a Segurança e Cooperação na Europa" fracassou do mesmo modo, pois os movimentos nacionais e, mais tarde, também os movimentos democráticos não quiseram submeter-se a formas de governo absolutistas ou patriarcal-cristãs.

Não há bem que sempre dura, só o mal é que perdura!

"UE fica sem fundos para financiar bolsas Erasmus", escreve La Vanguardia. Bruxelas terá pedido contribuições dos Estados-membros para salvar este bem sucedido programa de intercâmbio de estudantes, bem como outros projetos, como o Fundo Social Europeu, os Fundos Estruturais europeus e programas de investigação, cujos pagamentos são feitos nos últimos meses do ano. Este diário de Barcelona salienta que Bruxelas defendeu a causa simbólica do Erasmus na sua batalha com as capitais e com os deputados europeus, chamando a atenção para os problemas resultantes de cortes passados e futuros, em especial em países com dificuldades económicas, como a Espanha, cujas universidades são as primeiras no acolhimento de estudantes da UE com bolsas.
Citado pelo EUbusiness.com, Alain Lamassoure, presidente da Comissão do Orçamento do Parlamento Europeu, advertiu que o Fundo Social Europeu está falido e não pode reembolsar os Estados-membros. Na próxima semana, será o programa para estudantes Erasmus; no fim do mês, o Fundo para a Inovação e a Investigação.
Lamassoure estima os défices em 10 mil milhões de euros, pelo que será provável que, nas próximas semanas, o comissário do Orçamento Janusz Lewandowski peça aos Estados-membros "vários milhares de milhões de euros" extra para preencher a lacuna, refere o Dziennik Gazeta Prawna.
Embora a Comissão Europeia não tenha confirmado os números apresentados por Lamassoure, La Vanguardia anuncia a apresentação, em 23 de outubro, de um orçamento retificativo "substancial", para evitar a "suspensão de pagamentos". Entretanto, a Comissão já atribuiu 420 milhões de euros para pagamento das contas mais urgentes. Segundo o Dziennik Gazeta Prawna, é altamente improvável que os Estados-membros venham a desembolsar os fundos extra, visto que os problemas que os programas sociais da UE enfrentam são causados pelas medidas de austeridade introduzidas pelos contribuintes líquidos para o orçamento da UE, que, este ano, se elevam a 4 mil milhões de euros.
Já não sabemos se pegou moda, mas cortar para remediar os focos de gangrena parece ser o método, mais do que desusado, para tentar “salvar” o corpo do estropiado…
E até tem lógica que Bruxelas, que receita austeridade para os países-membros, também mude de vida, cortando no que à União diga respeito.
E por isso tem lógica, que como nos países-membros, os cortes sejam feitos aos fracos, para deixar mais para os mais protegidos, no caso, os milhares de funcionários, as centenas de deputados europeus e as centenas de governantes e assessores… Pois claro!
Como o objetivo do programa era formatar os jovens para a consciência de “cidadãos europeus” e antes que desse resultados, toca a implodir o “Erasmus”, por coincidência quando fazia 25 anos…
Assim, ficamos a que saber que acabando com a estratégia se pode subentender que se acaba com o objetivo e que a ideia de “cidadão europeu” já não interessa ao menino Jesus, muito menos à União. Será o prenúncio de algo mais profundo?
Erasmus, uma fábrica de Europeus
Desde que foi criado em 1987, 1.700.000 de estudantes europeus participaram neste programa de intercâmbio. 20 anos após a sua criação, poderemos concluir que o Erasmus contribuiu, de facto, para forjar um espírito europeu mais aberto?

Contramaré… 6 out.

O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) pediu a Cavaco Silva a apreciação preventiva da constitucionalidade do OE 2013, e denunciou que "o Governo continua a não querer respeitar a Constituição e o Tribunal Constitucional", por considerar que as medidas de austeridade anunciadas "recaem novamente sobre os mesmos, agravando até a sua já muito difícil situação económica".
O SMMP considera que existe "um desproporcionado e injustificado desequilíbrio entre os sacrifícios impostos aos titulares de rendimentos do trabalho e das pensões no setor público e os do setor privado".

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Depois venham queixar-se das TAXAS de abstenção…

Pedro Passos Coelho enviou para Bruxelas o documento de alterações à Taxa Social Única, sem dizer a António José Seguro que o fizera. Durão Barroso, de passagem por Lisboa fez a augusta revelação, adiantando que Bruxelas o aprovara sem reticências.
Baptista Bastos
Seguro soube da notícia pelos jornalistas, e não conseguiu ocultar a sua estupefacção. Direi, mesmo, que ficou espavorido de pasmo. Isto significa que, mais uma vez, o primeiro-ministro tem um solene desprezo por Seguro, e que possui da democracia e das suas liturgias um conceito de secundário.
Foi um espectáculo pungente, que as televisões, gravaram, assistir ao pesar de Seguro. Comentou: "É lamentável" e olhou, um a um, os presentes como se estivesse a viver um pesadelo sem remissão. Os jornalistas e os outros circunstantes expunham um ar compungido pela situação caricata. Havia qualquer coisa de piedoso nos sentimentos dos presentes, pela circunstância de um pobre homem ser tratado como um serviçal.
Mas Seguro não é criatura de bater com o punho na mesa. É responsável, com o interesse nacional sempre a bailar-lhe nas palavras e nos pensamentos. Ser enxovalhado desta maneira, e não é a primeira vez que tal acontece, seria caso de repulsa pública, com interjeições pelo meio, não fosse António José Seguro o António José Seguro que há.
O assunto não termina aqui. Na ocasião, estava já preparada a moção de censura ao Governo, apresentada pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda. O PS ameaçara, uma semana antes, que era em capaz de apresentar outra. Mas o PS, como Seguro não se cansa de afirmar, é "um partido muito responsável", e não deseja "causar embaraços ao Governo", sobretudo agora. Causa dó a estratégia da cegonha de que o Partido Socialista dá exuberantes provas. Aliás, não se sabe muito bem que estratégia é esta, debilitadora do partido e causadora da mais tenaz estranheza.
Percebe-se que o PS não queira ir para o Governo, com uma balbúrdia destas. Mas o País está a afundar-se diariamente, e as pessoas estão a perder a paciência e a compostura. Claro que o PS não vai salvar a pátria, e o conhecimento que todos temos dos seus fundamentos e acções é de molde a deixar-nos esvaziados e atónitos. Mas, assim, é de mais.
Passos, esse, faz o que quer e não dá cavaco (salvo seja!) a ninguém. Pela primeira vez na história da democracia, um primeiro-ministro não vai estar presente nas cerimónias do 5 de Outubro, efeméride que foi, aliás, banida do calendário nacional de comemorações. Com respeito à República, Passos Coelho demonstra o mesmo sentimento que acalenta por uma dor de cabeça. Vai viajar, o senhor, e não está para festas e romarias.
Temos, assim, que Portugal está a ir a pique, e tudo indica que as coisas irão agravar-se, parecendo que nada se faz para evitar o desastre. O PS "absteve-se" nas moções de censura dos partidos de Esquerda. A "abstenção", em certos casos, é como o adjectivo "interessante": quando alguém não quer comprometer-se com uma opinião, serve-se do "interessante", que não é carne, nem peixe, nem arenque vermelho. É, em mimosa análise, uma pequena cobardia.
Mas o PS é um "partido muito responsável", e prefere a companhia do CDS e do PSD, como já aconteceu inúmeras vezes, a estar ao lado do PCP e do Bloco. Francisco Assis, com aquele ar gélido de frigorífico que se lhe conhece, disse, à porta do partido, no Largo do Rato, que não estava inclinado a juntar-se, no propósito, à extrema esquerda neomarxista, um disparate que apenas serve para tapar o sol com a peneira de uma astúcia saloia. É esta, notoriamente, a "estratégia" deste PS, que recusa situar-se na área da esquerda, para abraçar o campo neoliberal. Não há que recear as palavras.
O mais de um milhão de portugueses na rua, no dia 15 de Setembro, e mais trezentos ou quatrocentos mil no Terreiro do paço e ruas adjacentes, na manifestação da CGTP, não comovem o PSD nem fazem estremecer o PS. Não sabemos o que quer esta gente. Sabemos, isso sim, que a pátria está mergulhada numa crise sem paralelo na nossa história, e que a orquestra continua a tocar.
Claro que esta passividade é aparente, e que "o país de costumes brandos e hábitos morigerados" não é o bovino manso que quase todos proclamam. Basta ter um módico conhecimento de História para se saber que as coisas não ficam por aqui. E que o esticar da corda não cabe no infinito: acaba por se partir. Então, as consequências serão imprevisíveis. As responsabilidades vão ser atribuídas a quem?

Ecos da blogosfera - 5 out.

Os Europeus – 14

Uma discreta carta de um general prussiano ao rei Frederico Guilherme III marcou o início da libertação da Europa da hegemonia francesa. Uma vitória da coragem pessoal sobre a hierarquia.
Matthias von Hellfeld
General Ludwig Yorck
Na sua carta a Frederico Guilherme III (1779-1840), o general prussiano Ludwig Yorck (1759-1830) incitava o rei a aproveitar a sorte do momento para selar uma coligação contra o imperador francês Napoleão Bonaparte, que por sua vez acabava de passar, na Rússia, pela 1ª derrota militar da sua vida.
Antes, o general tinha-se negado, pela primeira vez na sua carreira, a cumprir ordens superiores. O seu 10° batalhão de soldados fora recrutado à força por Napoleão (1769-1821), para passar a fazer parte de um exército violento, com cujas forças a resistência da Rússia deveria ser dobrada.
Junto com o czar russo, Napoleão tinha decretado um "bloqueio continental" contra a Inglaterra, através do qual a ilha deveria ser exaurida economicamente. Quando Nicolau I precisou contornar esse bloqueio, pois a Rússia dependia urgentemente das importações inglesas, o imperador francês resolveu atacar o último Estado independente do continente europeu.
A derrota de Napoleão
A empreitada fracassou por completo, o seu exército de 600.000 soldados estava tão mal preparado para o rigoroso inverno na Rússia como para enfrentar as grandes distâncias e a tática militar russa. Às margens do rio Beresina, o Exército francês foi derrotado de forma aniquiladora. Napoleão fugiu para Paris, o seu exército desintegrou-se, e apenas 90.000 soldados conseguiram regressar à capital francesa.
Foi aí que chegou a hora do general prussiano Yorck. No dia 30 de dezembro de 1812, selou na pequena cidade de Tauragé, na Lituânia, um armistício de paz com os comandantes russos. Com isso, deixou de acatar ordens superiores, indo contra – mesmo sob pena de violência – as palavras do seu rei de que era preciso obedecer ao rei francês a qualquer custo.
Ludwig Yorck não apareceu em público após a assinatura da Convenção de Tauragé junto ao general russo Hans-Karl von Diebitsch-Sabalkanski (1785-1831). Contava ele que seria punido com drásticas sanções por parte do rei prussiano, conhecido pela sua política temerosa a Napoleão.
Sugestão de uma coligação europeia
O general temia que a sua decisão autónoma acarretaria a sua expulsão desonrosa do Exército. Apesar dessas preocupações, redigiu uma carta histórica, que acabaria, afinal, iniciando a aliança europeia contra Napoleão.
Nunca houvera oportunidade mais propícia do que aquela para encerrar o domínio francês sobre a Prússia e outras nações europeias, escreveu o general a Frederico Guilherme III. De acordo com a carta, o rei deveria, a partir de então, tentar mover outras potências para a formação de uma coligação contra o imperador francês.
O general Yorck enviou esta carta no dia 3 de janeiro de 1813. Frederico Guilherme III resolveu, relutante e a contragosto, unir-se às aspirações do general Yorck. No dia 17 de março de 1813, publicou sua resposta.
"Ao meu povo!"
No jornal Schlesische Privilegierte Zeitung, foi estampado o apelo real intitulado “Ao meu povo”, no qual Frederico Guilherme III pedia apoio para a guerra contra a França, declarada por ele um dia antes. Como ficou conhecido, ao mesmo tempo, que o rei dos prussianos tinha conseguido selar uma aliança com outras potências europeias, espalhou-se pela Prússia um clima de euforia.
Por todos os lados eram realizadas assembleias, nas quais se recolhiam objetos de valor e dinheiro para a guerra iminente. Casais especialmente patrióticos trocavam as suas alianças de ouro por alianças de ferro, nas quais estava gravado o adágio "Troquei o ouro pelo ferro – 1813".
O confronto decisivo entre a aliança europeia e Napoleão aconteceu em Leipzig, na Batalha das Nações. Entre 16 e 19 de outubro, o Exército francês lutou contra as forças da Áustria, Prússia, Rússia e Suécia. Por fim, venceu a aliança, o que pôs fim à hegemonia francesa na Europa.
Fim amargurado
As "guerras de libertação" acabaram no início de 1815, quando Napoleão retornou do exílio mais uma vez a Paris, arrogando para si o poder e querendo desafiar uma última vez os povos europeus. Na Batalha de Waterloo, ele foi novamente derrotado e de novo condenado ao exílio.
No dia 5 de maio de 1821, Napoleão morreria, amargurado e dizendo-se incompreendido, na ilha britânica de Santa Helena, localizada no Atlântico Sul.
O general Ludwig Yorck recebeu diversas condecorações, tendo sido promovido a conde. No dia 10 de abril de 1830, morreu com a patente de general-marechal-de-campo Yorck von Wartenburg.
À sua pessoa é associada à coragem de um homem que, apesar de um grande peso na consciência, tomou uma decisão que poder-lhe-ia ter custado a carreira, mas que, afinal, encerrou a hegemonia francesa sobre o continente europeu.

Os lobistas locatários que puxem os cordões à bolsa!

Os testes de resistência efetuados nas centrais europeias revelaram muitas falhas na segurança das instalações. Já contestados pelos Estados-membros, esses resultados levantam a questão das competências da UE.
O comissário europeu para a Energia, Günther Oettinger, deve apresentar, a 4 de outubro, os resultados dos "testes de resistência" em matéria de segurança dos 134 reatores nucleares localizados no território da União Europeia. Esses testes vieram na sequência do desastre de Fukushima, em março de 2011. Evidenciam-se muitas falhas e estima-se em 10 a 25 mil milhões de euros o montante das obras necessárias para recuperação das centrais do Velho Continente. Mas estas conclusões suscitaram já vivas reações nos Estados-membros.
Le Monde dá assim conta da "tensão entre Paris e Bruxelas", uma vez que a França, o principal produtor europeu de energia nuclear, com 19 centrais e 58 reatores, é particularmente criticada no relatório da Comissão:
Salienta-se que os equipamentos de emergência, como é o caso dos geradores, não estão suficientemente protegidos contra os elementos, em caso de catástrofe natural em França [...]. Por último, as centrais francesas não possuem instrumentos de medição sísmica. [...] As autoridades francesas procuraram limitar o alcance das conclusões. [...] Em Paris, há uma grande desconfiança em relação a qualquer tentativa de centralização pela Europa da regulação do setor nuclear. [...] As autoridades francesas temem igualmente que os resultados deste exercício de grande fôlego venham a animar o debate sobre o abandono do nuclear.
Na Holanda, o diário Trouw adianta que Borssele "não passou no teste de segurança".
A central nuclear de Borsselle (...) não está de acordo com os requisitos internacionais de segurança em matéria de riscos de inundações. [...] Além disso, a central não é suficientemente segura contra terramotos.
No entanto, "os resultados de Borselle não são tão maus, se comparada com outras centrais da Europa", lê-se no jornal, que não se refere apenas a "uma superpotência nuclear, como a França", mas também às unidades da Europa de Leste e às 4 centrais da Finlândia e Suécia, onde o sistema de refrigeração de emergência não está dentro dos padrões "de risco de um cenário como Fukushima (fusão)".
A Bélgica, em compensação, foi felicitada pela Comissão pela forma de "comunicação das falhas nas centrais de Doel e Tihange", disse em entrevista ao Trouw um investigador que apoiou os trabalhos da Comissão. As duas centrais foram encerradas este verão, devido a fissuras nos tanques de 2 reatores. O relatório da Comissão não menciona este problema, porque "o teste não incidia sobre esses aspetos."
Em Berlim, Die Welt acha que "o verdadeiro escândalo é a impotência da UE”. O diário indigna-se com o facto de a UE ter pago durante meses a um grupo de peritos para verificar uma a uma as centrais do continente, quando "os factos estão há muito em cima da mesa. Bastaria um apelo à intervenção da Agência Internacional de Energia Atómica [AIEA]”. Mais,
o facto de os responsáveis pela execução dos testes de resistência se debaterem, visível e repetidamente, com a oposição de governos e empresas produtoras de energia aquando das visitas a cada central, dá uma ideia da real vontade de transparência de certos Estados-membros no domínio nuclear. Assim, qualquer teste de resistência não passa inevitavelmente de um remendo. [...] Bruxelas, que regulamenta até ao ridículo banalidades da vida quotidiana, não tem competência nas questões existenciais e pan-europeias, como a segurança nuclear e a eliminação de resíduos radioativos.
Veem com é barata a energia nuclear? Só para umas obrazitas são precisos 25 mil milhões de euros, ao que os Estados-membros não acham piada, porque são eles que as terão que pagar para serem feitas, para segurança dos seus concidadãos (e deles próprios, os governantes)…
Preocupante é que a maioria das centrais europeias estejam todas em risco, pondo em risco a vida do continente e do planeta, sem que se soubesse(?) e não houvesse qualquer preocupação, caso não tivesse ocorrido o acidente de Fukushima. Mas pensar-se que ninguém sabia é seguramente sinal de inocência, face à gulodice do lóbi do nuclear, para quem a vida das pessoas não entra nos cálculos dos custos…
E é um tanto esquizofrénica a preocupação dos que se preocupam(?) com a falta de competências da UE, pondo de parte a responsabilidade de cada país com centrais nucleares, tanto mais que não era preciso fazer o trabalho de inspeção, não só porque os factos eram de todos conhecidos e, quando muito, bastaria pedir à Agência Internacional de Energia Atómica para desempenhar tal tarefa.
Mas pelos vistos há muito dinheiro na UE, para distribuir por uns grupinhos de trabalho para reduzir a taxa de desemprego.
Lá como cá, e por isso e para isso estamos na Europa, mas o nuclear, não é o NUCLEAR!

Contramaré… 5 out.

“O povo português revelou-se o maior povo do mundo e o melhor ativo de Portugal”, começou por dizer Vítor Gaspar, homenageando o comportamento durante a manifestação de 15 de setembro, gerando forte burburinho nas várias bancadas parlamentares.
O ministro das finanças rematou o seu curto discurso para sublinhar que “a troika sairá do país em junho de 2014”.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Mais palavras para que? A “vitorespertice” da corja!



Depois de 5 (cinco) avaliações da troika, classificadas com EXCELENTE na aplicação do seu Memorando e EXEMPLAR nos resultados conseguidos, itens curriculares que Vítor Gaspar não rejeitou na Conferência de Imprensa, seria mais do que lógico que se esperasse um abrandamento da austeridade e medidas de crescimento. LOGICAMENTE!
Afinal, era tudo treta, mentira, hipocrisia nacionalizada pelo governo, que se demonstra pelas medidas anunciadas, fruto da incompetência do ministro das Finanças (que não a perfilhou)… E, ideologicamente, vem por em prática uma política de extrema direita, insistindo na mesma austeridade que nos vai sufocando, prevendo-se, por isso, uma morte anunciada da classe média, em benefício de todos os que se acoitam nos círculos do poder económico e financeiro, o que se percebeu nas entrelinhas do discurso “político” do ministro Gaspar.
De uma coisa, ninguém tenha dúvidas, se no passado as asneiras que advieram da austeridade imposta foram “sem querer”, depois dos resultados obtidos em “laboratório”, insistir nelas, com conhecimento prévio de que apresentarão os mesmos resultados, mas ainda piores, tal significa, que agora é “por querer”. POLÍTICA PURA!
E mais uma prova deste e de outros objetivos (ocultos) que orientam estes governantes, é o desplante com que Gaspar veio dizer que estas medidas são mais benévolas do que as que resultariam da aplicação da estapafúrdia medida da TSU… Então reconhecem que quando sugeriram aquele aborto social sabiam o que estavam a fazer? Tal como sabem(mos) que esta é a vingança contra um país que os rejeita, os apupa e começa a odiá-los…
Resta denunciar as “desculpas de mau cobrador”, quer com a TSU (que não é o centro do tsunami), quer com o “respeito” pelo acórdão do Tribunal de Contas (mais uma vingançazinha), que não sugere nada disto, a não ser que não o tenha lido, ou a iliteracia linguística seja o calcanhar de Vítor Gaspar.
No fim de tudo isto, só não se percebe por que o PS, estando totalmente em desacordo com as medidas e de acordo com as críticas apresentadas nas Moções de Censura se tenha abstido, viabilizando assim a continuidade dos homens do leme, quando é um dos que diz que o barco está a ir ao fundo, por causa destas manobras perigosas…
Porque se Seguro está à espera de governar em tempo de vacas gordas, bem pode esperar sentado, porque só quando estiver reformado e sem nenhum subsídio…
E entretanto é o povo (que tanto ama e “defende”) que continua a pagar a conta, mas um dia cobrá-la-á com os juros, proporcionais a tantos juramentos!
Já chega de canalhada!

Ecos da blogosfera - 4 out.

Os Europeus – 13

"Liberdade, igualdade, fraternidade": a partir da França esse slogan revolucionário inspirou a Europa do final do Século XVIII. E transformou irreversivelmente a história do continente.
Matthias von Hellfeld
“A Liberdade guia o Povo”, Eugène Delacroix
Enormes dificuldades monetárias atormentavam o rei da França Luís XVI (1754-1793). Por um lado, a culpa era do seu estilo de vida ostentatório no Castelo de Versalhes. Outra causa, porém, fora a participação militar do país na guerra de independência dos Estados Unidos, entre 1775 e 1783.
Por isso, em 5 de maio de 1789, convocou para Paris as três principais classes da sociedade francesa – o clero, a nobreza e os camponeses –, com o fim de obter a sua anuência para uma elevação das taxas e impostos.
Mas o rei não contara com a resistência dos delegados, que transformaram essa conferência numa "Assembleia Nacional Constituinte", a qual visava por termo às vicissitudes económicas que cada vez mais assolavam o país.
Proclamação dos direitos humanos
O rei tentou ainda demover os delegados da sua intenção, porém sem êxito, pois logo ficou claro que os cidadãos de Paris apoiavam a revolução que despontava. Esta era a esperança de uma melhoria das suas condições de vida, cuja discrepância em relação ao luxo da corte em Versalhes vinha, há décadas, tornando-se cada vez mais crassa.
Dentro de alguns dias ficou claro não se tratar da insurreição de alguns delegados, mas sim de uma rebelião popular. Rapidamente a Assembleia Nacional aboliu, um após outro, os privilégios da nobreza, reduziu as taxas eclesiásticas, confiscou os bens da Igreja. Em 26 de agosto de 1789, proclamou, por fim a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”.
Pela primeira vez, todos os cidadãos do país eram considerados iguais. Estes direitos ficaram selados na nova Constituição francesa de 3 de setembro 1791.
Hino sanguinário
As casas reais e príncipes europeus observavam com horror os acontecimentos revolucionários em França. Os monarcas temiam que a Revolução pudesse levar as agitações também aos seus países. Quando o duque de Braunschweig, Karl Wilhelm Ferdinand (1735-1806), anunciou a intenção de reduzir Paris a cinzas, os cidadãos revoltosos invadiram o palácio real das Tulherias, em 10 de agosto de 1792.
Entre os participantes estava um grupo de operários de Marselha. No caminho até Paris, entoavam uma canção bastante sanguinária, que os parisienses apelidaram “A Marselhesa”, declarando-a hino da Revolução. Numa versão um tanto menos brutal, ela é, hoje, o Hino Nacional da França.
Esgotado o primeiro impulso revolucionário, a nova ordem francesa também precisava de se defender contra os inimigos internos. Em nome da liberdade e da razão, os carrascos mandavam construir cadafalsos para a execução de milhares de supostos antirrevolucionários.
Talvez a ameaça dos carrascos nas próprias alas fosse o pior perigo, pois logo a Revolução começou a voltar-se também contra os seus iniciadores. No pricípio de 1793 começou o Regime do Terror. Diante da Assembleia Nacional, Jean Paul Marat (1743-1793) "justificou" assim a restrição das liberdades civis: "A liberdade deve fundamentar-se na violência [...] a fim de exterminar o despotismo dos reis."
Devorando os próprios pais
Quando, 3 meses mais tarde, Marat foi assassinado pela pró-realista Charlotte Corday (1768-1793), a Revolução ganhava o seu primeiro mártir. E a guilhotina – invenção de Joseph Ignace Guillotin (1738-1814) – ganhou a oportunidade de cumprir, em massa, a sua função assassina.
O mentor e líder do Terror foi Maximilien Robespierre (1758-1794). Em meados de 1794, com a promulgação da "Lei do Terror", começou a pior fase do regime. Diariamente entre 50 e 100 pessoas perdiam a vida em nome da Revolução, ao mesmo tempo que crescia o descontentamento contra a nova tirania.
Em 27 de julho, Robespierre sentiu na própria pele a loucura reinante. Por uma resolução da Assembleia Nacional, ele e os seus seguidores foram presos e, no dia seguinte, guilhotinados, diante de numeroso público.
A festividade popular que se seguiu sinalizava o fim do Regime de Terror. Os militantes de Paris fizeram com que a Revolução Francesa não sucumbisse nem à oposição dos poderosos europeus, nem às próprias imperfeições. E marcaram, assim, a trajetória da Europa de forma decisiva.

E os europeus e os PIIGS é que lhes pagam os erros?

30 anos após a sua chegada ao poder, a 1 de outubro de 1982, e 22 anos depois da reunificação alemã, a 3 de outubro de 1990, a Alemanha celebra a herança de Helmut Kohl. Mas para Wolfgang Münchau, o chanceler da unificação alemã é também aquele que semeou os germes da atual crise europeia.
Ele está de volta, ali, na sala do grupo parlamentar da CDU-CSU do Bundestag [a 25 de setembro, numa das suas raras aparições públicas, por ocasião de uma cerimónia em sua honra]. Ele, um dos últimos grandes europeístas dos democratas-cristãos alemães, rodeado por um batalhão de eurocéticos que o aplaudem educadamente durante a sua visita ao Reichstag. Hoje, Helmut Kohl teme pelo seu grande sonho de unidade europeia. E tem razões para tal.
Grande amante de metáforas, Helmut Kohl nunca perde uma oportunidade de nos falar das duas faces da mesma moeda: a unidade da Alemanha e a unidade da Europa. A fórmula era cativante e é muito provável que também ele a tenha amado e tenha acreditado nela. No entanto, revelou-se falsa. A unidade alemã não tem no seu verso a unidade europeia mas sim a sua antítese. A reunificação alemã não é apenas uma das causas profundas da crise europeia como está, também, na origem da nossa incapacidade para dela sair. Esta é, de facto, a tragédia do antigo chanceler: a realização da sua grande obra política (a reunificação alemã) trouxe dentro de si a destruição do seu maior sonho político (a unidade europeia).
A reunificação precipitada da Alemanha custou cerca de 2 biliões de euros de transferências sociais. É o melhor exemplo do mundo de má gestão económica. Um recorde prestes a ser batido pelo desastre europeu. Como podemos ficar surpreendidos por os cidadãos alemães que já tiveram (e ainda têm) de pagar a reunificação, recusarem agora continuar a meter a mão no bolso para pagarem a Europa?
Renovação institucional da União Europeia
Estou absolutamente convencido de que a antiga República Federal, não reunificada, teria sabido gerir melhor a crise do euro. Teríamos uma união bancária e financeira e a dívida da Grécia teria sido perdoada. A integração europeia era a razão de ser última da antiga República Federal. A crise teria sido a oportunidade de uma renovação institucional da União Europeia.
Em vez da união europeia, procedemos à união nacional. Mudámos de capital e, ao mesmo tempo, de cultura política, ficando mais próximo de Moscovo do que de Bruxelas, Paris ou Londres. Lembro-me da resposta que me foi dada, há alguns anos, por um deputado e alto responsável da CDU quando o interroguei sobre a coordenação das políticas económicas no espaço europeu: a Alemanha não coopera ao nível europeu mas sim ao nível do G-20, os 20 países mais industrializados do mundo. A Alemanha já não se considera como um membro da União Europeia mas sim como uma potência autónoma, que trata de igual para igual com os americanos, os russos e os chineses sem se preocupar com pequenos importunos como os Estados europeus.
Como chegámos aqui? A reunificação alemã escamoteou um parâmetro fundamental da dinâmica europeia que repousava sobre os 5 maiores países-membros (Alemanha Ocidental, França, Reino Unido, Itália e Espanha). Não é por acaso que os britânicos, depois da reunificação da Alemanha, perderam todo o interesse no projeto europeu. E o descomprometimento progressivo do Reino Unido só agravou ainda mais esse desequilíbrio.
Duas faces da mesma moeda
A Alemanha representa hoje mais de 1/4 do poder económico europeu mas tem repugnância em assumir um papel de líder que nunca quis ter na Europa. Parceiro como os outros, a antiga república Federal ter-se-ia portado como hoje faz a Holanda, ou seja, de maneira crítica mas construtiva.
Devo admitir que, durante muito tempo, fiz parte daqueles que acreditaram na metáfora de Kohl sobre as duas faces da mesma moeda. No início dos anos de 1990, era inconcebível que, um dia, a Alemanha se pudesse desligar do consenso pró-europeu. Este afastamento deu-se, em parte, com a chegada de responsáveis políticos da Alemanha de Leste, como Angela Merkel, que não têm ligações pessoais com o projeto europeu e voltaram as costas à integração europeia.
Mas a reintegração da ex-Alemanha de Leste, no entanto, não chega para explicar esta evolução. As prioridades também mudaram no ocidente do país. Uma das razões é económica. Por causa do peso da reunificação, a Alemanha adotou uma moeda única com uma cotação sobrevalorizada. Resultado, durante 10 anos, a política económica da Alemanha consistiu em aumentar a sua competitividade em vez de tentar reforçar a produtividade no conjunto do espaço europeu. E esta é uma das principais causas da atual crise.
A reunificação da Alemanha e a união da Europa não andam lado a lado, cada uma delas tem os seus próprios problemas económicos. Os futuros historiadores terão, penso eu, um olhar mais crítico sobre a reunificação e os méritos do chanceler Kohl do que atualmente acontece.
Endividada, Berlim recebeu de ajuda, nas últimas décadas, 45 bilhões de euros.

Contramaré… 4 out.

O líder do CDS e ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas escreveu ontem (25 Julho 2012) aos militantes do seu partido a avisar que "o nível de impostos já atingiu o seu limite" e o caminho a seguir é o de uma reforma fiscal mais favorável às empresas, famílias e trabalhadores. 
"Eu uso de franqueza, quando concordo, concordo. Quando discordo, discordo. E tenho que vos dizer isto com toda a franqueza. Subir impostos é aumentar a recessão. Disse-o ontem e digo-o hoje" (24 Março 2011)

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Faltará um ano para novas políticas na UE e no EURO?

Peer Steinbrück e Angela Merkel
O ex-ministro das Finanças Peer Steinbrück será o candidato a chanceler federal do Partido Social Democrata (SPD) nas eleições parlamentares alemãs de 2013.
Os principais temas da campanha eleitoral deverão ser o "adestramento dos mercados financeiros" e um "novo equilíbrio social para a Alemanha", afirmou o presidente do partido Sigmar Gabriel. "E, para esse objetivo e essa tarefa, Steinbrück é o melhor chanceler federal que a Alemanha pode ter."
"Eu aceito o desafio", disse Steinbrück, que disse que não quer substituir o governo de Merkel apenas "em parte", mas sim por um governo da coligação verde-vermelha (SPD e Partido Verde).
O nomeado Steinbrück, de 65 anos, é membro do SPD desde 1969 e considerado um homem de palavras claras. De 2002 a 2005, foi governador do estado da Renânia do Norte-Vestefália e, entre 2005 e 2009, ministro das Finanças da Alemanha. Desde então, é apenas deputado.
O candidato social-democrata à chancelaria federal alemã, Peer Steinbrück, disse que quer dar mais tempo para a Grécia resolver os seus problemas e não descartou um 3º programa de ajuda ao país em crise. Na avaliação de Steinbrück, o governo grego não conseguirá dinheiro no mercado financeiro pelos próximos 7, 8 anos e "Até lá nós teremos que ajudar", que desafiou a chanceler federal Angela Merkel a "finalmente dizer a verdade aos alemães" nessa questão.
A saída da Grécia do euro deve ser evitada, afirmou Steinbrück, que foi ministro das Finanças no primeiro governo Merkel, durante a grande coligação entre a CDU, a CSU e o SPD. "O choque político e económico [de uma saída da Grécia] seria devastador", completou.
Peer Steinbrück é tido como um social-democrata de tendências liberais. Mas a opção por ele não significa que o SPD esteja a dar uma guinada à direita: trata-se de uma estratégia para atingir um número maior de eleitores.
Steinbrück ocupava o cargo de Ministro das Finanças durante a crise gerada pela falência do banco Lehman Brothers, em 2008, e permaneceu na memória de muitos alemães como um competente gestor de crises e especialista em finanças. A sua nomeação reforça a competência do SPD quando o assunto é a crise da dívida europeia. Com Steinbrück, o SPD aposta num "homem de ação", coisa que o partido não tinha desde a saída do poder do ex-chanceler federal Gerhard Schröder.
O SPD não vai dar uma guinada à direita
A ala esquerda do partido teve que engolir a opção por Steinbrück, que era e é um dos adeptos da Agenda 2010, o programa de reformas iniciado na era Schröder que há anos é criticado como antissocial pelos setores mais à esquerda do SPD e que gostariam de alterar alguns pontos da agenda, como a diminuição gradual dos valores das aposentadorias.
Também a gestão da crise de 2008, quando Steinbrück atuou ao lado de Merkel, criou em muitos integrantes do SPD a impressão de que o então ministro das Finanças era mais amigo dos bancos do que dos trabalhadores. Mas, de lá para cá, Steinbrück parece ter feito concessões à ala esquerda do SPD: uma proposta recente dele prevê suspender a responsabilidade do Estado pelos bancos, proibir negócios financeiros altamente especulativos e separar os negócios de investimento dos negócios de depósitos dos bancos.
As pesquisas mostram que a maioria dos alemães escolheria Merkel e não Steinbrück se as eleições fossem hoje. O SPD e Steinbrück têm agora 12 meses para reverter a desvantagem em relação a Merkel.
Não nos podemos esquecer, que nestas questões eleitorais, os atores são todos políticos e cada vez mais as promessas feitas durante a campanha correspondem mais ao dizer que “sim” aos desejos dos cidadãos (o chamado marketing político), que não tem resposta igual após a vitória dos partidos que as fazem e estranhamente vamos caindo na armadilha, mesmo não as entranhando. Tudo isto para dizer que os temas anunciados para a campanha eleitoral, o adestramento dos mercados financeiros e um novo equilíbrio social para a Alemanha, podem querer dizer alguma coisa ou coisa nenhuma.
Ser social-democrata, hoje, não quer dizer que se pratique a social-democracia…
Há um tema, inevitável, que é comum aos dois candidatos, a Grécia e por arrastamento o Euro. Apesar de Merkel ter vindo, em crescendo, a jurar que quer o Euro e a Grécia no mesmo cesto, o candidato do SPD vem dizer o mesmo, aconselhando aquela a dizer a verdade aos alemães (e a todos os países membro, digo eu), tanto mais que ambos sabem que o choque político e económico da saída da Grécia (e o desmantelamento do Euro) seria devastador, principalmente para a Alemanha e para nossos azar, os dois são alemães…
Pelo que se diz, Steinbrück é um social-democrata de tendências liberais, o que quer dizer que será, um pragmático, o que quer dizer que governará à direita, como quando foi ministro das Finanças de Merkel e mostrou ser mais amigo dos bancos do que dos trabalhadores, embora digam que de lá para cá, já fez uma proposta para suspender a responsabilidade do Estado pelos bancos, proibir negócios financeiros altamente especulativos e separar os negócios de investimento dos negócios de depósitos dos bancos. Mas também dizem que se trata de uma estratégia para caçar um maior número de votos…
E perante este esboço de candidato, a que as sondagens não dão a vitória, hoje, mantendo Merkel à sua frente e que nos deixa sempre para trás, restam-nos pouca esperança de alterações significativas no nosso quotidiano, independentemente do ganhador, porque quem perderá sempre somos nós…
Falta um ano para as eleições alemãs, o que quer dizer (como digo há muito) que vamos ter as mesmas estratégias de “faz de conta que vamos resolver o problema, adiando”, até finais de 2013 e que os países mártires continuarão a ser martirizados…
De destacar, a(s) aliança(s) com outros partidos de esquerda (como aconteceu na Dinamarca há um ano) como a forma mais eficaz de derrotar o adversário (quando existe maioria no poder), moda que não pega nesta terrinha, por preconceitos e conformismo com uma alternância entre quem nos lixou ontem, nos lixa hoje e amanhã continuará a lixar e em crescendo…
Vamos esperando e sofrendo e nunca mais “cantando e rindo”…