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terça-feira, 9 de abril de 2013

Ali Vaivai (o nosso) e os 130.000 ladrões…

Houve o Wikileaks, agora substituído pelo OffshoreLeaks. Este gigantesco negócio revelado em 4 de abril por 36 meios de comunicação social do mundo inteiro expõe uma lista de personalidades que teriam colocado dinheiro nos paraísos fiscais. Explicações.
O que é uma conta num offshore?
Uma conta offshore, é uma conta aberta no estrangeiro por uma pessoa que vive e paga os seus impostos num outro país. A priori, esta atividade não é ilegal já que depois de 1990, todo o cidadão de um país da União Europeia pode abrir uma conta corrente num outro país que não seja o seu. Mas, onde a coisa se complica, é quando essas contas são abertas nos paraísos fiscais, tais como as Ilhas Virgens britânicas, as Ilhas Caimão, Samoa ou ainda Singapura. Elas servem então, muitas vezes, para fugir aos impostos.
O que é o 'OffshoreLeaks’?
Batizou-se de OffshoreLeaks a revelação pelos media do mundo inteiro em 4 de abril de uma  lista de personalidades e de empresas que tinham colocado dinheiro nos paraísos fiscais através de contas e de sociedades offshore. Rondariam cerca de 130.000 pessoas em 140 países, afirma o diário suíço Le Matin. E mais de 12.000 intermediários teriam ajudado a criar essas entidades offshore.
De onde vieram as informações?
Tudo começou há mais de um ano na Austrália. Um pacote foi enviado anonimamente pelo correio ao jornalista Gerard Ryle com um disco duro dentro, que continha 2,5 milhões de documentos! O equivalente a 260 gigabytes de dados, ou seja, 162 vezes mais do que os dados recolhidos pelo Wikileaks, sublinha Le Monde. Nestes dados, encontram-se, desordenados, contratos e faxes digitalizados, cópias de passaportes, e-mails, correspondência bancária e numerosos outros documentos de 2 sociedades especializadas nas domiciliações offshore: a Commonwealth Trust Limited, em Tortola, nas Ilhas Virgens britânicas e a Portcullis Trustnet sediada em Singapura. Estas teriam sido enviadas por ex-assalariados e diziam respeito a 122.000 sociedades offshore.
Como surgiram nos media?
O conjunto destes dados foi enviado à ICIJ, de que Gérard Gyle está à frente desde o outono de 2011. O ICIJ, é um consócio internacional de jornalistas de investigação fundado em 1997, por iniciativa do Center for public integrity sediado em Washington. Durante 15 meses, o ICIJ conduz as investigações antes de associar 36 meios de comunicação social de todo o planeta. Le Monde em France, mas também o Washington Post (EUA), a BBC e Le Guardian (Reino Unido) ou ainda Matin Dimanche (Suíça). 80 jornalistas ao todo dão-se ao trabalho de explorar esta massa de dados para lhes extrair toda a substância. Batizam-se "O ICIJ Offshore Project".
Em França, quem é visado?
Le Monde afirme deter a lista de 130 personalidades ligadas a estas revelações. Na quinta feira, ficamos a saber que o tesoureiro da campanha de François Hollande, Jean-Jacques Augier, tinha investido em 2 sociedades sediadas nas Ilhas Caimão. Outros nomes são citados como o da família Grossman, proprietária de Célio e os de 2 bancos franceses, o BNP Paribas e o Crédit Agricole, que teriam ajudado os seus clientes a criar sociedades offshore. A lista completa deverá ser revelada no dia 6 de abril.
Há alguma ligação com o caso Cahuzac?
Os 2 casos não tem absolutamente nenhuma ligação. A data de revelação conjunta do OffshoreLeaks foi decidida por 36 media do mundo inteiro há mais de um mês, muito antes que se soubesse em França da detenção de uma conta na Suíça pelo antigo ministro do Orçamento. E enquanto Jérôme Cahuzac é acusado de evasão fiscal, Le Guardian tem o cuidado de lembrar que "nada sugere que as pessoas mencionadas nestas listas [do Offshore Leaks,] tenham infringido a lei".
O relatório elaborado pelo Consórcio Independente de Jornalismo de Investigação (ICIJ) sobre dezenas de milhares de empresas “offshore” caiu que nem uma bomba, mas para já a informação que consta no documento é apenas a ponta do iceberg.
É apenas o começo. Analisámos 10% de tudo o que diz respeito a empresários suíços. Continuamos a analisar os documentos”, afirma Catherine Boss, do jornal helvético Sonntagszeitung.
O consórcio sediado em Washington compilou para já uma lista de 130.000 pessoas com dinheiro em contas “offshore”. A fuga de capitais tem um efeito nefasto no nível de vida do cidadão comum como explica Michael Hudson do ICIJ. “Os mais ricos têm muitas opções quando organizam financeiramente as suas vidas. Os cidadãos comuns do mundo inteiro têm muito poucas opções e normalmente acabam por pagar mais ou viver com menos serviços devido às fugas de capital dos seus países de origem.”
Ora aqui está a gruta de Ali Babá, onde os países podem ir resgatar tudo quanto lhes foi sonegado em impostos!
É pena que os nossos media não tenham entrado para esta “sociedade” e mais pena ainda que os governantes do nosso país não peçam a lista correspondente aos infratores nacionais para resolver, de uma penada, os problemas de tesouraria…
Chega a incomodar o silêncio que por cá se faz sobre o OffshoreLeaks, que parece ser interpretado, por quem devia fazer eco do que é realmente notícia, com implicações no mundo, nas nações e em cada cidadão…
¿Por qué te callas? 

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