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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

“Leonem mortuum etiam catuli morsicant”, traduzindo: “A leão morto até os cãezinhos lhe mijam”

Um grupo de manifestantes interrompeu o presidente da Comissão Europeia quando discursava em Bruxelas sobre Administração Pública. Aconteceu no dia 29 de outubro e as imagens foram agora divulgadas no Youtube. 6 ou 7 cidadãos belgas exibiram uma faixa e subiram mesmo ao palco onde se encontrava José Manuel Durão Barroso. Do meio da sala, em “português”, um homem belga interpelou diretamente o responsável europeu sobre as políticas de austeridade, e acusou-o de estar ao serviço de uma política que destrói as finanças públicas, compromete o poder de compra dos cidadãos, contribui para o enriquecimento dos bancos, das grandes empresas e destrói o Estado social.
Falando primeiro em francês, o homem começou por dizer que tinha “uma mensagem dos cidadãos e dos trabalhadores” para o presidente da Comissão Europeia, “uma mensagem em defesa do serviço público europeu”.
“Sr. Barroso, Sr. Presidente, para quando uma administração pública ao serviço dos desempregados, dos trabalhadores, dos cidadãos, dos nossos filhos?”, perguntou. Com críticas à atuação dos governos europeus que “fecham os olhos” perante a fraude fiscal, e exigindo uma administração pública (Saúde, Educação, etc.) ao serviço dos cidadãos, o indivíduo acusou a Comissão Europeia de utilizar fundos públicos para promover uma agenda pró-negócios em detrimento de uma agenda pró-cidadãos. “Façam o favor de sair dos vossos gabinetes, vocês, gente da Comissão Europeia, e vão falar com os cidadãos, com os trabalhadores, os desempregados, os agricultores, os pensionistas e todos os outros”, apelou.
Depois, pondo a língua francesa de lado e voltando a dirigir-se de forma direta ao presidente da Comissão Europeia, o cidadão belga começou a enxovalhar Durão Barroso em português, com algum vocabulário e sotaque espanhóis à mistura.

“Senhor, (...) como pode fazer hoje como se fazia há 70 ou 40 anos? É um escândalo o que está a acontecer no seu país! As coisas do desemprego, as pessoas que não têm um teto para viver. São pessoas que todos os dias estão lutando... Há gente que ontem [ 28 de outubro 2013] morreu nas minas. Como pode estar aqui? Estão a fechar todos os sítios da saúde e do social no seu país. É um escândalo!”, afirmou, para depois retomar a intervenção em francês e declarar: “Exigimos justiça social!”.
Esta não foi a 1.ª vez que o presidente da Comissão Europeia enfrentou manifestações de desagrado em relação às políticas do executivo comunitário. No dia 9 de outubro, Durão Barroso foi recebido com protestos e insultos na ilha italiana de Lampedusa. A 17 de outubro 2 jovens lançaram ovos contra Durão Barroso durante um debate com cidadãos de Liège, no leste da Bélgica.
Num discurso em Frankfurt, na Alemanha, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, disse que, mais do que um desafio financeiro, a actual crise é sobretudo “uma prova de resistência política” e afirmou que nunca teria “tomado a dimensão que tomou” se não “houvesse dúvidas sobre a vontade dos europeus em resolver a crise em conjunto”. "A crise mudou de direcção no momento em que essas dúvidas se dissiparam", afirmou Barroso.
O presidente da Comissão Europeia destacou que “a determinação da Alemanha para apoiar o euro foi um factor decisivo", assim como a liderança da chanceler Angela Merkel. "É claro que a Alemanha agiu em defesa do seu próprio interesse nacional, mas isso não é um problema na medida em que é compatível com o interesse europeu", afirmou.
Durão Barroso disse ainda que a “Alemanha foi a que mais beneficiou do círculo virtuoso impulsionado pelo euro”.
Já há muito anunciada a “dispensa” do Zé Manel de presidente da CE, é agora anunciado o seu eventual sucessor, se entretanto o grupo socialista e social-democrata ganhar as eleições para o Parlamento Europeu, que, contra o que era praxis normativa, desta vez será eleito pelos deputados europeus, eleitos por famílias políticas.
Não é seguramente por se saber que Barroso está “nas últimas”, mas está criado o clima “do leão ferido” e que se sabe que vai morrer, que é o bastante para que qualquer gato-pingado ou cãozinho manso se disponha a enfrentar o leão, sem o respeito que um “rei” exige…
No caso do enxovalho por um cidadão belga, em português e em defesa de Portugal, temos que concordar com as críticas feitas sobre a austeridade, a “cegueira” sobre o gerado desastre social, assim como, em relação à UE, o compadrio com os poderosos (os ricos) em detrimento dos cidadãos.
Pela parte do leão, que sentindo o seu fim próximo, também justificará a denúncia (tão fora de tempo) do presidente da Comissão Europeia, que depois de gabar o esforço da Alemanha para apoiar o euro, veio de seguida “acusá-la” de ter sido quem mais beneficiou do círculo virtuoso impulsionado pelo euro, que é o mesmo que dizer que foi quem ganhou com a crise, como se não soubéssemos...
E a crise continuará, logicamente!
Só lhe faltou dizer que, ele próprio, tem culpas no cartório, talvez por jogar no seguro, à espera de uma reeleição…
Assim sendo, é lícito recorrer ao ditado, que diz que “A leão morto até os cãezinhos lhe mijam”, mas a culpa é só do leão, que nunca pensou virar sendeiro…
E lá teremos que aguentar o Zé Manel por cá, como candidato a PR, para fazer, aqui, tudo aquilo de que foi acusado…
E nós, que já estamos fartos de subserviência, até poderemos ser presididos por um subserviente…
Nesta selva, o macaco fica sempre a perder.

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