(per)Seguidores

sábado, 11 de maio de 2013

O “bezerro de ouro” vai perdendo os seus crentes…

Depois de Paulo Portas ter criticado abertamente os chamados "senhores da troika", o ministro das Finanças aproveitou a presença em Bruxelas para deixar bem claro que, do seu ponto de vista, nem a Comissão Europeia nem a troika são responsáveis pela austeridade que o Governo está a impor em Portugal.
"As necessidades de consolidação orçamental em Portugal não são impostas pela Comissão Europeia nem pela troika - são impostas por realidades orçamentais e financeiras. Devemos procurar alcançar o equilíbrio orçamental e a sustentabilidade das finanças públicas", afirmou Vítor Gaspar.
“Adoração do Bezerro de Ouro” de Nicolas Poussin
Embora mantendo-se fiel ao papel de bom aluno, Vítor Gaspar aproveitou a ocasião para deixar um apelo, ainda que numa formulação vaga. "A União Europeia tem que permitir que os seus Estados-membros possam proporcionar os bens sociais que os seus cidadãos exigem. E se me permitem fazer um apelo, basta olharmos para o aumento dramático do desemprego juvenil, em particular nos países sob programa, para perceber exactamente o que é que este apelo significa na prática", disse.
O Conselho Económico e Social (CES) critica a ausência de políticas de relançamento da actividade económica que permitam a criação de emprego no Documento de Estratégia Orçamental (DEO) apresentado pelo Governo.
De acordo com o projecto de parecer do CES, "não são apresentadas políticas de relançamento da actividade económica com maior efeito multiplicador no emprego, agravada pelo facto de em todo o período até 2016 as taxas de crescimento do PIB (em termos reais) serem inferiores a 2%" e reconhece que o DEO para o período 2013-2017, ao contrário do anterior, refere a evolução do desemprego, mas alerta para o elevado nível de desemprego resultante dos custos de ajustamento.
"Embora não prevendo variações significativas na taxa de desemprego, o valor actualmente atingido e previsto para 2013 e 2014 (18,2% e 18,5% respectivamente) justificam a reafirmação do alerta do CES no parecer sobre o DEO 12-16, não só sobre o nível de desemprego, como também sobre a repartição dos custos de ajustamento", lê-se no documento.
O CES enfatiza que o DEO "é o único documento oficial de política económica de médio prazo" e apela ao rigor. "Para sermos mais rigorosos, e no caso presente da economia portuguesa, o DEO deverá ainda ser complementado pelo documento Estratégia para o Crescimento, Emprego e Fomento Industrial 2013-2020, recentemente apresentado pelo Governo", recomenda o parecer.
Ainda no que respeita ao DEO, o CES considera positivo "o diagnóstico financeiro que justifica em parte o debate sobre a reforma do Estado", mas "não pode, contudo, deixar de sublinhar as contradições que poderão existir, como já existiram no passado recente, entre política orçamental e política de desenvolvimento, a qual comprometeu e poderá vir a comprometer os objectivos de consolidação orçamental".
Ora bem! Se a austeridade não é imposta pela troika, nem pela Comissão Europeia (que faz parte da troika), só pode ser opção deste governo, por sugestão do ministro das Finanças (Vítor Gaspar), apoiado “tecnicamente”, apenas, nas realidades orçamentais e financeiras e nos métodos constantes dos livros que lê, que dizem, se resume a uma folha de Excel, que por acaso estava viciada, para não falar de outro “erro” denunciado pelo FMI dos “multiplicadores”, que até hoje nem leu, nem lhe deu qualquer importância…
Ou seja, nem Gaspar se confessa responsável por esta tragédia, desenhada por ele, nem mesmo quando reconhece que tudo deu para o torto, com a evidência do desemprego (só o jovem?) e só. E vem agora, sem fazer mea culpa, sussurrar um apelozinho à União Europeia para lhe por à disposição umas moedinhas para disfarçar o problema (criado por ele), que já confessou que durará por mais de 25 anos…
Entretanto, o CES, como no ano anterior, no seu parecer sobre o DEO 2013/16, vem mais uma vez (no ano passado foi contundentemente crítico e acertou) criticar o desenho, chamando mais uma vez a atenção para a ausência de medidas para o crescimento e emprego, que é uma “preocupação” de Gaspar.
E já não bastava a hipocrisia de Vítor Gaspar e a crítica do CES, para se juntar Boaventura Sousa Santos, que vem dizer que Portugal vive sob "brutalismo político" e a democracia está suspensa, por se orientar pela matriz definida pelo ministro das Finanças, que fez transbordar a paciência de seus anteriores apoiantes, que deixaram de acreditar no “deus com pés de barro” e aconselham-no a ir dar uma volta, já que não consegue dar a volta à situação…
"Vítor Gaspar restabeleceu a confiança dos mercados e teve sucesso nas suas políticas de voltar a inserir Portugal nos mercados financeiros mas, neste momento, eu julgo que o país precisa de uma nova etapa neste combate tremendo à crise económica financeira e social em que estamos e que o tempo político de Vítor Gaspar terminou", afirmou Carlos Abreu Amorim. 
Já vem tarde, o desmascaramento do “bezerro de ouro”, mas talvez venha a tempo de repor a democracia, o social e o humanismo à frente da miopia financeira, cuja doutrina já imolou pessoas demais…

Ecos da blogosfera – 11 mai.



Do Lua

Um retrato com pinceladas (muito) cor de rosas…

Os pessimistas de todo o mundo dizem que a União Europeia está condenada devido a falhas estruturais e à crise económica. Mas são vários os setores onde a União consegue fazer frente a potências mundiais como os Estados Unidos ou a China, afirmam Mark Leonard e Hans Kundnami. Excertos.
“A Europa passou à história”
Não. Hoje em dia, muitos falam da Europa como se já não tivesse qualquer relevância. Com o seu fraco crescimento, a omnipresença da sua crise e a complexidade envolvida nas suas tomadas de decisões, a Europa tornou-se claramente um alvo fácil para os detratores. E o desenvolvimento económico de países como o Brasil e a China nos últimos anos levou muitas pessoas a acreditar que o Velho Mundo estava destinado a cair no esquecimento. Mas os declinólogos deveriam relembrar-se de alguns factos persistentes. Além de a Europa ser uma das maiores economias a nível mundial, tem também o 2.º maior orçamento da defesa a seguir aos Estados Unidos, tendo mais de 66.000 militares destacados por todo o mundo e cerca de 57.000 diplomatas (a Índia conta aproximadamente com 600). O PIB per capita da UE em termos de poder de compra é cerca de 4 vezes superior ao da China, 3 vezes mais elevado do que do Brasil e quase 9 vezes mais do que o da Índia. Se isto é sinónimo de declínio, nem quero imaginar o que seria feito destas potências em ascensão noutras circunstâncias.
O poder não se baseia apenas nos recursos que um país possui, mas na forma como estes são convertidos para produzirem resultados. Aqui a Europa também se destaca claramente: de facto, à exceção dos Estados Unidos mais nenhum outro país teve o mesmo impacto no mundo do que a Europa nos últimos 20 anos. Desde o fim da Guerra Fria, a UE cresceu de forma pacífica, acolhendo mais 15 novos Estados-membros e transformando drasticamente as regiões vizinhas ao reduzir os conflitos étnicos, ao exportar o Estado de direito e ao desenvolver economias desde os Estados Bálticos até aos Balcãs. O crescimento da China, por outro lado, tem vindo a suscitar medo e movimentos de resistência em toda a Ásia.
É verdade que a UE se encontra atualmente perante uma crise existencial. Mas apesar de estar em apuros, consegue contribuir mais do que outras potências na resolução de conflitos regionais e problemas globais. Quando a Primavera Árabe rebentou em 2011, a UE, que estava alegadamente em crise, angariou mais fundos para ajudar a democracia no Egito e na Tunísia do que os Estados Unidos. Quando o antigo chefe de Estado líbio Muammar Khadafi esteve prestes a realizar um massacre em Bengasi, foi a França e o Reino Unido que lidaram com a situação. Este ano, a França interveio para impedir a invasão do sul do Mali pelos jihadistas e os traficantes de droga. Os europeus não fizeram muito para travar o conflito na Síria, mas o mesmo se pode dizer dos outros países.
Por um lado, é verdade que a Europa está a sofrer um declínio inexorável. Durante 4 séculos, a Europa foi a potência dominante nas relações internacionais. Era portanto inevitável – e desejável – que outros atores viessem progressivamente reduzir o fosso que os separava, tanto a nível económico como em termos de poder. Desde a II Guerra Mundial, esse processo acelerou-se. Mas os europeus beneficiaram disso: ao longo da sua interdependência económica das potências em ascensão, incluindo as da Ásia, o PIB dos países europeus nunca parou de crescer e a sua qualidade de vida melhorou. Por outras palavras, tal como os Estados Unidos – e ao contrário, por exemplo, da Rússia na fronteira oriental do Continente – a Europa está em declínio, mas não está condenada.
“A zona euro está numa situação financeira desastrosa”
Não está totalmente certo. Muitos descrevem a zona euro, os 17 países que aderiram ao euro, como uma catástrofe económica. No entanto, de um ponto de vista geral, tem menos dívidas e é mais competitiva do que muitos outros países. Por exemplo, o FMI prevê que o défice dos Governos de 2013 da zona euro, expresso como percentagem do PIB, atingirá os 2,6% – aproximadamente 1/3 do dos Estados Unidos. A dívida pública bruta (em percentagem do PIB) equivale quase à dos Estados Unidos e é bem inferior à do Japão.
A principal diferença entre a zona euro e os Estados Unidos ou o Japão é o facto de esta sofrer de desequilíbrios internos (mas não é um país), e de ter uma moeda única, sem no entanto, ter um Tesouro Comum Europeu. Portanto, os mercados financeiros consultam os países com os piores dados – como a Grécia e a Itália – em vez de valores agregados. Sobretudo, a crise do euro é mais um problema político do que económico.
“Os europeus vêm de Vénus”
É pouco provável. Em 2002, o autor norte-americano Robert Kagan escreveu: “os americanos vêm de Marte e os europeus de Vénus”. Em 2010, Robert Gates, antigo secretário da Defesa norte-americano, alertou para a “desmilitarização” da Europa. Mas, além das forças militares europeias serem uma das mais poderosas do mundo – esta avaliação também subestima uma das maiores proezas da civilização humana: um continente, que outrora gerou um dos maiores conflitos na história, decidiu tornar-se pacífico. Além disso, na Europa existem diversas posições em relação ao uso e abuso da força militar. Os países mais favoráveis, como a Polónia e o Reino Unido, são mais próximos dos Estados Unidos do que da Alemanha. E ao contrário das potências em ascensão, como a China, que defende o princípio de não-ingerência, os europeus não deixam de estar preparados para intervir no estrangeiro. Basta perguntar aos habitantes da cidade de Gao, ocupada durante cerca de um ano por islamitas extremistas até as tropas francesas os expulsarem, se consideram os europeus pacifistas tímidos.
Pela mesma altura, os Estados Unidos retiraram-se das guerras no Afeganistão e no Iraque para se focarem “na construção da sua nação”, uma atitude particularmente digna de um vesuviano.
Segundo o Transatlantic Trends, um inquérito preliminar publicado pelo German Marshall Fund, apenas 49% dos americanos considera que a intervenção na Líbia era o mais acertado, comparado com 48% dos europeus. Há quase tantos americanos (68%) como europeus (75%) a querer a retirada das tropas do Afeganistão.
Muitas das críticas americanas à Europa apontam para os baixos níveis de despesas militares do continente. Na verdade, segundo o Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo, os europeus reuniram juntos 20% dos gastos militares mundiais em 2011, em comparação aos 8% da China, 4% da Rússia e menos de 3% da Índia.

Contramaré… 11 mai.

Primeiro-ministro jantou com os líderes das distritais do seu partido e terá ouvido várias críticas, tantas que Passos Coelho se irritou, quando questionado sobre as políticas do Executivo, e terá chegado a dizer que não estava no jantar para discutir políticas sectoriais em detalhe.
Os líderes das distritais responderam dizendo que estavam ali para retratar as dificuldades com que os portugueses se deparam no dia-a-dia. Passos Coelho terá até chegado a dizer que não podia estar sempre a “ir a despacho” às distritais.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

É avisado e obstinado! É vidente e mente!

O constitucionalista Jorge Miranda afirmou que a diminuição retroativa de pensões contributivas é "manifestamente inconstitucional" e uma "violação do princípio da proteção da confiança e do direito de propriedade".
O ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, disse ter visto a entrevista do secretário de Estado da Administração Pública, que suscitou protestos da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública, da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados e do PS e sustentou que Hélder Rosalino falou numa diminuição retroativa das pensões dos funcionários públicos "no plano das hipóteses".
O professor catedrático das Faculdades de Direito da Universidade de Lisboa e da Universidade Católica ressalvou não conhecer a proposta mas sublinhou que "nas pensões contributivas dos funcionários públicos não se pode admitir que se venha retirar aquilo que as pessoas deram". "Qualquer esquema desse género, de aplicação retroativa aos já aposentados de qualquer regime restritivo das pensões a que têm direito, é manifestamente inconstitucional, é violação do princípio da proteção da confiança e até do direito de propriedade, porque as pessoas contribuíram, deram dinheiro, em larga medida é dinheiro das pessoas", sustentou.
"Tenho dificuldade em admitir que o Governo vá para a frente com uma ideia desse género", acrescentou Jorge Miranda.
Por outro lado, o professor de Direito criticou "pensões de titulares de cargos políticos", não contributivas, "que continua a haver e são escandalosas". "Aí é que eu gostaria de ver manifestações de solidariedade com as pessoas a renunciarem a essas pensões, mas ainda há dias vi um antigo deputado a reclamar por uma dessas pensões", referiu, numa alusão ao socialista Vítor Baptista, antigo deputado do PS e governador civil de Coimbra.
Miranda considerou ainda que a sociedade vive atualmente "uma erosão de valores éticos e de solidariedade intergeracional".
Constitucionalistas e sindicatos não têm dúvidas. Provedor de Justiça também acredita que medida será chumbada pelo TC.
Uma das vozes é a do constitucionalista Bacelar Gouveia, para quem o corte, a ser definitivo e retroativo, pode chumbar no crivo do Tribunal Constitucional (TC).
Para a Frente Comum dos sindicatos da função pública, a medida é inconstitucional.
O próprio Provedor de Justiça tem dúvidas e admite que o corte possa ser sujeito ao aval do TC.
Primeiro-ministro avisa que os cortes não se farão nas pensões futuramente pagas, mas naquelas que já "estão a pagamento", que tenham iniciado o seu regime contributivo antes de 2005.
Perante a insistência do líder socialista, o primeiro-ministro admitiu a retroatividade das pensões, que sem usar o termo "retroatividade", admitiu baixar as pensões dos funcionários públicos, que tenham iniciado o seu regime contributivo antes de 2005, que já "estão a pagamento". "Evidentemente", sentenciou o primeiro-ministro.
Esta possibilidade - da retroatividade dos cortes das pensões da Caixa Geral de Aposentações - tinha sido admitida pelo secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino.
"A partir de 2005", afirmou o primeiro-ministro, as pensões estão asseguradas "para o futuro", mas, disse depois, "não está para aqueles que hoje são pensionistas da CGA".
Os 2 partidos da maioria omitiriam o tema nas intervenções dos dois líderes parlamentares, Luís Montenegro, do PSD, e Nuno Magalhães, do CDS.
O primeiro-ministro, Passos Coelho não negou a possibilidade de existência de retroatividade no regime de pensões dos funcionários públicos, como consequência da convergência entre os regimes público e privado.
O secretário-geral socialista disse que a medida era “inaceitável” e que tinha sérias dúvidas sobre a sua constitucionalidade. “O senhor primeiro-ministro terá o PS pela frente”, garantiu.
Também Jerónimo de Sousa, do PCP, e Catarina Martins, do BE, insistiram no tema da convergência das pensões, lembrando a possível inconstitucionalidade da ideia.
Como seria de esperar, os pareceres dos constitucionalistas (e não só) começaram a emergir, logo depois da boca (de um governante) sobre cortes nos montantes das pensões e das reformas, mesmo “no plano das hipóteses”, não só sobre os cortes em si, mas pela burla (jurídica) de se basearem numa eventual lei, com efeitos retroativos…
Para além da Frente Comum dos sindicatos da Função Pública (que não representa os reformados que já estão a receber), vem Bacelar Gouveia, o Provedor de Justiça e Jorge Miranda (que traz à liça as escandalosas pensões de titulares de cargos políticos…) chamar a atenção do governo para a inconstitucionalidade de tais medidas e espera-se que outros se juntem, para que o governo não diga que não foi avisado. Estes pareceres vieram a público no dia anterior ao Debate Quinzenal na AR.
Entretanto pode ser que apareçam outros (haverá?), que defendam esta aberração jurídica, que qualquer leigo conhece e reconhece, e se tiver uns aninhos de vida lembrar-se-á de que Marcelo Caetano começou a ser “deposto” com uma medida sobre a fusão de bancos, com retroatividade…
Pelo que se constata, na AR, Passos Coelho contrariou liminarmente a interpretação de retroatividade feita pelo seu ministro Marques Guedes, garantindo que os cortes serão mesmo feitos retroativamente (mesmo avisado das inconstitucionalidades), garantindo (imagine-se!) que haverá dinheiro para os futuros reformados (em 2035, será vidente?) e que não haverá, entretanto, para os que estão a receber e que confiaram ao Estado as parcelas exigidas pelas leis em vigor, no tempo… Dito assim, até parece que já não são apenas cortes, mas tudo. Ui, que medo!
Logicamente que o PS, o PCP e o BE disseram estar contra e avisaram o PM da inconstitucionalidade, depreendendo-se que tomarão as medidas para que o “aborto” passe pela incubadora do TC… Logicamente!
Logicamente que o PSD e o CDS sobre o assunto nada disseram, o que pode traduzir-se por concordância com a oposição, opondo-se…
Mas atenção, que estamos a falar de políticos, o que quer dizer que o que dizem não é o que fazem e o que fazem não é bem o que dizem. Manuela Ferreira Leite disse que a avançar tal medida, seria o fim da coligação, com base na coerência das palavras de Paulo Portas, como se ele tivesse dito que estava contra os cortes dos pensionistas e reformados… Mas o que o líder do CDS disse, é que discorda frontalmente da proposta anunciada por Passos Coelho de impor uma contribuição aos pensionistas e reformados (chamada TSU), sem se referir aos cortes, dizendo até que estava a favor da “convergência” entre os sistemas Público e Privado. O Portas sabe muito e quer muito mais…
Voltando a Jorge Miranda, quando diz que tudo isto seria uma violação do princípio da proteção da confiança, é preciso lembrar que confiança o governo já não tem nenhuma (nem mesmo do seu partido), pelo que é possível que o tente fazer e quanto à violação do direito de propriedade, de que mais provas precisamos para concluir que os “esticões” são a toda a hora e nunca fizeram outra coisa, com a originalidade de agora quererem fazê-los aos velhotes, que não podem correr atrás deles?
Mas podem corrê-los! Ai podem, podem!
Estejamos vivos, que outros hão-de ir à frente…
Nota Estou a ouvir os noticiários nas TVs e estranho que estejam a anunciar as medidas como se já estivessem decididas (no Debate Quinzenal?) e prontas a vigorar, ficando-me a dúvida se os senhores jornalistas não conhecerão os trâmites do processo legislativo ou se estarão a colaborar no processo manipulatório de que o governo é “useiro e vezeiro”. Está tudo doido ou comprometido?

Ecos da blogosfera – 10 mai.

Se a União Europeia está mal a Eurozona nem se fala!

9 de maio: Dia da Europa
Assente em critérios económicos, políticos e geopolíticos, a UE terá de ser julgada de acordo com estes mesmos critérios. E o veredicto do historiador britânico Niall Ferguson é irreversível.
Thank you. Merci. Mersi. Grazie. Gracias. Grazzi. Go raibh maith agat. Dziekuje. Danke. Aitäh. Köszönöm. Multumesc. Dêkuji. Paldies. Ačiū. Dakujem. Obrigado. Hvala. Dank u. Kiitti. Blagodaria. Merci villmahl. Efharisto. E o meu favorito, tak.
A Deusa Europa
Há 23 maneiras de dizer obrigado na União Europeia e parece-me que isso, por si só, ilustra por que motivo a experiência europeia redundou num fracasso. Recorda-se daquelas experiências que fazia em criança com o estojo de química? Juntava substâncias químicas, umas atrás das outras, para ver quando se dava a explosão. Foi o que fizeram na Europa. Começaram com 6; não era suficiente. Passaram para 9... e nada. 10... e apareceu um bocadinho de fumo e nada mais. 12... e nada. 15... e outra vez nada. 25... e começou a borbulhar. 27... e explodiu!
Tenho a certeza absoluta de que Lord Mandelson e Daniel Cohn-Bendit vos vão dizer que a experiência europeia foi bem-sucedida porque tem havido paz na Europa desde que esta surgiu, no início da década de 1950. Será que não poderíamos deixar morrer esta ideia? A integração europeia não tem absolutamente nada que ver com a paz na Europa desde a II Guerra Mundial, que foi uma conquista da NATO. A criação da União Europeia não foi sobre guerra e paz pois, se assim tivesse sido, teria havido uma Comunidade Europeia de Defesa, que foi vetada pela Assembleia Nacional Francesa em 1954.
Avaliação económica
A Europa tem de ser julgada em termos económicos, visto que os seus próprios termos têm sido sempre económicos. E como resultou isso? Na década de 1950, a economia da Europa integrada cresceu a um ritmo anual de 4%. Na década de 1960, era praticamente igual. Na década de 1970, o crescimento foi de 2,8%; na década de 1980, desceu para 2,1%; na década de 1990, foi de apenas 1,7%; e por aí adiante, até ao zero.
À medida que a integração europeia continuava, o seu crescimento declinava. A parte da Europa no PIB global tem vindo a registar uma descida desde 1980 de 31% para apenas 19%. Desde 1980 que a UE registou um crescimento mais rápido do que o dos EUA em apenas 9 anos num total de 32. A sua taxa de desemprego nunca foi inferior à dos EUA.
Será que os meus leitores são investidores? Quais foram os piores mercados de valores dos últimos 10 anos? Grécia, Irlanda, Finlândia, Portugal, Holanda e Bélgica – foram os piores do mundo. E, para além disto tudo, temos a União Monetária – a mais recente experiência correu mal.
Nós avisámos, meus senhores. Dissemos que uma União Monetária sem integração do mercado de trabalho e sem qualquer federalismo acabaria por explodir. Foi a minha previsão em 2000. É o que está a acontecer, em tempo real, num laboratório de química, do outro lado do Atlântico.
Mas esta também foi uma experiência política que correu mal. Sabem que experiência foi esta? Foi ver se os europeus podiam ser forçados a uma união ainda mais coesa – independentemente das suas vontades – pela via económica, visto que as estratégias políticas não deram resultado.
Perda de legitimidade política
E quando os povos europeus votaram contra uma maior integração, os seus governos receberam indicações para tentar outra vez. Foi o que se passou com os dinamarqueses em 1992 e duas vezes com os irlandeses: em 2001 e novamente em 2008. Estes cidadãos deram a resposta errada no referendo e foi por isso que os seus governos fizeram outro. Isto diz-nos alguma coisa sobre o motivo que levou esta experiência a fracassar – fracassou porque deixou de ter legitimidade política. E vemos isto não apenas na Grécia, mas em todos os sucessivos governos por essa Europa fora. Desde que a crise começou, há 2 anos, que já caíram 13 governos e nos próximos meses vão cair mais.
Por último, a experiência europeia tem sido um fracasso geopolítico. Esperava-se que a União Europeia servisse de contrapeso aos EUA. Recordam-se do discurso de Jacques Poos, em 1991, “a hora da Europa”, onde anunciava que a Europa ia resolver a guerra na Bósnia? [De facto, o seu discurso foi proferido depois de estalar a guerra na Eslovénia e na Croácia.] Isto passar-se-ia em 1991. Mas nessa guerra morreram 100.000 pessoas e houve 2.200.000 de deslocados e o conflito só terminou quando os EUA finalmente intervieram e puseram fim ao conflito.
Ficou famosa a pergunta de Henry Kissinger, “A quem hei de telefonar quando quiser falar com a Europa?”. A resposta chegou alguns anos mais tarde: telefone à baronesa Ashton de Upholland. Nunca mais ninguém soube dela, nem ouviu falar dela. Meus senhores! Sendo canadianos, sabem como é difícil gerir um sistema federal com apenas 10 províncias e 2 línguas oficiais; por isso compreenderão mais depressa do que a maioria das pessoas por que motivo a experiência europeia, com 27 países e um número impressionante de 23 línguas, redundou num vergonhoso fracasso. Felizmente que agora aqui no Canadá só tenho de usar 2 ou talvez 3 palavras: Thank you e Merci.
Este artigo é uma transcrição da intervenção de Niall Ferguson como orador a favor do “sim” no Munk Debate sobre o tema “Será que a experiência europeia falhou?”. Fez parte da história de capa da revista IL do jornal Il Sole-24 Ore sobre “A Europa debaixo de fogo”, publicada em abril de 2013.

Contramaré… 10 mai.

De acordo com dados do INE, a taxa de desemprego em Portugal aumentou de 16,9%, no 4.º trimestre de 2012, para 17,7%, no 1.º trimestre deste ano, o que significa que 952.200 pessoas estão sem trabalho.
No 3.º trimestre de 2012 a percentagem da população desempregada era 15,8%. Um ano depois, a taxa chega a 17,7%, o que evidencia o agravamento da crise e o fracasso social das políticas de recessão que têm sido impostas ao país pelo governo da coligação PSD-CDS.
Em 12 meses, o número de portugueses desempregados aumentou 133.000 e 2,8%.
Economistas indicam que o desemprego real atinge mais de 1.500.000 de portugueses, somados os números do desemprego oficial e os inativos.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Eles Pensão com as mãos…

O Governo não exclui que os atuais reformados, possam ser afetados pela convergência da Caixa Geral de Aposentações com a Segurança Social, ou seja, com as regras do privado.
O Executivo de Passos Coelho admite também que a convergência possa ter efeitos retroativos. Os jornais já antecipam cortes de 10% para os atuais reformados do Estado.
O secretário de Estado Hélder Rosalino que tutela a administração pública admitiu, que o processo pode ter efeitos retroativos notando que quer discutir o assunto com os sindicatos. “O objetivo do Governo é acelerar a convergência entre as regras da CGA e da Segurança e essa convergência tem que ser alargada, mas ainda tem que ser estudada com os sindicatos”, adianta.
Ana Avoila, da Frente Comum, duvida da constitucionalidade de um acerto com esse teor e não acredita na disponibilidade para o diálogo. “O Governo escusa de estar com a conversa de que tem que ouvir os sindicatos, porque já demonstrou que resolve tudo com os amigos do Conselho de Ministros e depois finge que negoceia”, realça.
Também a FESAP não acredita que a retroatividade passe no crivo da constituição. Para Nobre dos Santos mais do que uma probabilidade essa é uma certeza. “É uma situação intolerável, que não aceitaremos em condição alguma, porque não podemos andar a brincar e não podemos quebrar a confiança entre as partes quando uma pessoa está no ativo e faz os seus descontos para a reforma”, realça.
Se a hipótese posta em cima da mesa pelo secretário de Estado avançar, a Associação de Aposentados e Reformados avisa desde já que recorre para os tribunais. A presidente Maria do Rosário Gama também considera que estamos perante uma inconstitucionalidade.
Parece que o governo endoidou de vez e os executores perderam o juízo, ultrapassando o Sr. Relvas (ou terá uma avença?)!
1. Uma convergência pode ser feita de cima para baixo ou de baixo para cima (óbvio!);
2. Numa ou noutra solução, só poderia ser daqui para a frente, com novos contratos, novas regras e novos “beneficiários” (se houver seriedade!);
3. Alterar um contrato, unilateralmente, prejudicando uma das partes, é caso para o Tribunal do Trabalho (com condenação certa!);
4. Alterar uma lei, acrescentando-lhe retroatividade, com prejuízo para uma das partes, é caso para o Tribunal Constitucional (limpinho, limpinho!);
5. Conversar com os Sindicatos, se concordassem com tais propósitos, nunca teriam a chancela de constitucionalidade (para que serviria o TC?);
6. E qual é o Sindicato dos Reformados e Pensionistas (mesmo que exista uma APRe)?
Tudo isto mostra que quem se mete com o Coelho/Gaspar, leva!
Depois de o TC ter contrariado as ideias malucas desta dupla, mais não fizeram do que tentar dar a volta ao acórdão, rebatizando as novas “soluções”, de modo a conseguirem o montante que “perderam” no jogo (o subsídio de férias), continuando a jogar às vingançazinhas (batendo mais uma vez nos mesmos)…
Só se estão a esquecer, que o Orçamento Retificativo terá que passar de novo pelo TC, a não ser que pensem que Cavaco Silva tenha voltado a não ter dúvidas (aquela reunião…) e não o reenviará para o TC… Mas os deputados podem! E enquanto vai e vem, eles vão-se rindo e dando este espetáculo triste, que alimenta os media e emagrece os cidadãos e a procura interna...
Se houvesse seriedade política e honestidade intelectual, não seria bom que antes de mandarem estas bocas foleiras e estas ideias de cadastrados, começar por (in)formalmente pedirem um conselho prévio aos juízes do TC?
Entretanto espera-se que os constitucionalistas da praça se pronunciem rapidamente para que os grisalhos não morram de susto com tamanha ladroagem… Se o golpe fosse só com as novas notas de 5 euros, vai que não vai, mas mesmo assim é de se chamar a PJ ou a GNR (ultimamente, é só burlões)…
E nunca mais acabam com esta (in)Segurança Interna!
Irretroatividade é a qualidade de não retroagir, não ser válido para o passado. As leis e atos normativos em geral, são publicadas para que passem a valer para o futuro, desde a data da publicação ou a partir de um período fixado, geralmente no final do seu texto.
A principal razão para isso é que, se o ato passa a ser de cumprimento obrigatório, não poderia ser exigido antes do seu conhecimento dos que devem cumpri-lo. Isso não impede, todavia, que uma lei que institua um benefício a ser concedido pelo Poder Público (um aumento salarial aos servidores públicos, por exemplo), gere efeitos retroativos, como exceção à regra geral.
Atualizado às 21:10

Ecos da blogosfera – 9 mai.

E por que não decidirem o sexo dos anjos? Ou é isso?

A UE está a preparar diretrizes destinadas aos diplomatas europeus no estrangeiro, para que estes se encarreguem de promover a liberdade de religião e a separação entre a Igreja e o Estado, nos países onde estão colocados. Uma questão delicada, uma vez que a UE se encontra no mínimo dividida e tem uma posição ambígua nesta matéria.
Muitos países da UE não são neutros no que se refere à religião. A rainha de Inglaterra é a chefe da Igreja Anglicana, os euros holandeses têm cunhada a divisa “God zij met ons” (“que Deus nos proteja”) e o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem não se opõe a que haja crucifixos pendurados nas paredes das escolas públicas italianas.
A despeito desta grande tolerância perante a interação entre a Igreja e o Estado no seio da União, os diplomatas da UE irão receber em breve diretrizes que lhes exigem que promovam, no estrangeiro, a neutralidade dos poderes públicos e a proteção da liberdade de culto.
Isto parece contraditório, declararam, em 25 de abril, vários participantes num debate no Parlamento Europeu sobre a liberdade de religião.
Definir a identidade europeia
“Antes de enveredarmos por essa via, devíamos começar por saber como definir a identidade europeia”, observou Lorenzo Zucca, jurista ligado ao King's College, de Londres, que foi convidado para o debate. “Toda a gente sabe que é extremamente complicado falar de religião, à escala europeia.” Dois bons exemplos dessa dificuldade são a forte oposição ao facto de o Governo húngaro fomentar o catolicismo nas instituições públicas e o aceso debate que rodeou a referência à “tradição judaico-cristã” da Europa na Constituição Europeia que foi rejeitada.
Robert-Jan Uhl, conselheiro para os direitos do homem da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa, considera que a UE deveria manter uma abordagem muito pragmática. “O importante são os direitos elementares: que medidas tomar para que as pessoas possam importar e difundir literatura religiosa ou, ainda, para que os detidos possam fazer refeições conformes com a sua religião”. Uhl refere a situação de budistas polacos detidos que, inicialmente, não tinham acesso a refeições vegetarianas. “O caso foi remetido para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, que decidiu que era preciso fornecer essas refeições.”
O direito a não ser crente
Robert-Jan Uhl menciona outro problema: em muitos países, uma religião minoritária só passa a ser protegida depois de as pessoas se inscreverem oficialmente. “É absurdo. As pessoas devem poder rezar com quem quiserem, sem terem de se inscrever previamente. A UE poderia intervir no que se refere a este tipo de problemas.”
Dois deputados europeus holandeses têm desenvolvido uma intensa atividade de lóbi em favor das diretrizes, que deverão ser aprovadas em junho pelos ministros da UE. Peter van Dalen (partido da União Cristã) e Dennis de Jong (do Partido Socialista) esboçaram o conceito no qual se baseia agora o Serviço Europeu para a Ação Externa.
“Um aspeto importante a defender é também o direito a mudar de religião e a não ser crente. Em alguns países, é-se excluído, mas a liberdade de culto e as convicções religiosas também incluem o direito a não ser crente.”
Introspeção da UE
Jean-Bernard Bolvin, do Serviço Europeu para a Ação Externa, reconhece que existem na Europa situações inadmissíveis no plano religioso. A Comissão Europeia não dispõe praticamente de competências neste domínio e as decisões do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem são frequentemente demasiado demoradas e nem sempre são aplicadas.
“Isso não impede que possamos estar atentos [a essas situações], ao definirmos a nossa política externa. Não é nossa intenção insistir sem cessar em que a única boa solução é um Estado secular. Mas, se há grupos da população que são objeto de discriminação, se há pessoas enforcadas por causa da religião, mais vale que os nossos representantes saibam quais os argumentos jurídicos que devem evocar.”
Em seu entender, este debate também produzirá efeitos no seio da União Europeia. “Vai incitar os Estados-membros da UE a realizar espontaneamente um trabalho de introspeção.”

Contramaré… 9 mai.

O presidente do BES, Ricardo Salgado, considerou que a austeridade "está a chegar ao limite", e defendeu que a troika deve mostrar algum "pragmatismo" para ajudar a economia portuguesa, comentando o necessário ajustamento ao Orçamento do Estado para este ano devido ao chumbo de 4 medidas pelo Tribunal Constitucional.
Salientando que o euro é do "interesse fundamental" da Alemanha, Merkel sublinhou que a solidez das finanças públicas e as medidas de incentivo ao crescimento económico devem andar de mãos dadas nos países da zona euro.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Uma falácia 1.000 vezes repetida nunca terá lógica!

Quase metade dos portugueses (4.800.000) depende da Segurança Social para viver, um número acima da população empregada (4.500.000). São sobretudo pensionistas, a que se somam os desempregados.
É assustador, mas com as despesas do Estado com prestações sociais sempre a subir e as receitas próprias da Segurança Social a cair, a falência do sistema é uma inevitabilidade. Pela 1.ª vez em mais de 10 anos, o saldo da Segurança Social ficou negativo no ano passado em cerca de 800 milhões de euros, quando antes havia excedentes. E a tendência é só para piorar.
Há estudos que apontam para fim da sustentabilidade do sistema em 25 anos.
Por um lado, há fatores de ordem demográfica que não se podem evitar, como a esperança média de vida a aumentar e a natalidade a descer, tornando cada vez mais difícil o equilíbrio entre as receitas e as despesas. Por outro lado, a descapitalização da Segurança Social agravou-se, devido à crise, com o aumento do desemprego e o número de contribuintes a diminuir, enquanto crescem as necessidades em termos de prestações sociais, como os subsídios aos desempregados.
Em março, todos os dias houve mais 7.774 portugueses a deixarem de pagar o empréstimo ao banco. O consumo continua a ter o maior peso no malparado das famílias, segundo o Banco de Portugal.
As dificuldades das famílias são evidentes e, segundo o BdP, voltaram a aumentar no primeiro trimestre deste ano: +1,97%.
O governo já confirmou que os trabalhadores em mobilidade especial que não forem recolocados na administração pública terão duas opções: escolher uma licença sem vencimento ou rescindir com o Estado. 
Como o secretário de Estado Hélder Rosalino admitiu, os trabalhadores que forem passados para o novo quadro de mobilidade especial terão 18 meses para tentar um novo posto, mas caso isto não aconteça ou ficam num regime de vínculo sem retribuição ou optam pela cessação do contrato de trabalho. 
Se optar pela licença, o trabalhador "fica ligado ao Estado sem retribuição, mas tendo prioridade na colocação dentro da administração". "Não há uma desvinculação" do posto de trabalho e por isso o "entendimento [do governo] é que é legal"
A outra opção passa pela cessação do contrato de trabalho, o que pressupõe o "direito a uma indemnização idêntica à que está prevista para as rescisões e cessação de contrato de trabalho por motivo objetivo". Isto significa que os trabalhadores que saírem do Estado depois do programa de mobilidade terão apenas 20 dias de indemnização por cada ano de trabalho. 
No caso dos trabalhadores que rescindem por mútuo acordo, as condições são bem mais favoráveis, tendo direito até 1,5 salários por cada ano de trabalho, consoante a idade do funcionário.
A “narrativa” desta notícia podia ser extraída de um comunicado do ministério da Segurança Social ou de uma comunicação ao país, pelo PM (ou pelo PDS), porque são tantas as falácias, que se traduzem na “justificação” de mais cortes dos habituais carniceiros.
Sejam 4.800.000, a maioria (cerca de 4.000.000) pensionistas, a que se somam os desempregados (cerca de 800.000), com quase outros tantos que já nada recebem, mas se os desempregados “dependem” da Segurança Social para viver, já os reformados e pensionistas (mais uma misturada mentirosa e repetida) dependem dos descontos que fizeram durante 36/40 anos, de que são proprietários e que foi muitíssimo mal gerido. Aonde foram parar os montantes desses descontos? Se cada um de nós fizesse PPRs durante o mesmo tempo, cada um de nós teria associado o seu nome aos depósitos feitos e aos respetivos juros.
A maior falácia difundida pelo Poder, pelos dependentes do Poder, pelo Poderio e pelos media, é a de que quem trabalha hoje paga as pensões e reformas dos que já trabalharam e descontaram e são considerados “beneficiários”, o que só tem “justificação” de operacionalidade de tesouraria. E mais nada! No meu caso, desculpem pessoalizar, que descontei durante 39 anos e estou a “beneficiar” da reforma há quase 2 anos, o Estado já esgotou o montante dos meus descontos e respetivos “juros”? E isto traz outra falácia, quando se fala de reformados e pensionistas, ao não entrar com os anos de “benefício” de reforma, igualando todos, independentemente do tempo de que usufruíram…
Quanto aos fatores apontados como a fonte da “eventual falência” do sistema, com mais desemprego, com mais subsídios, agravados com um saldo negativo da Segurança Social, pela 1.ª vez em 10 anos, só mostra o péssimo (ótimo!) trabalho do governo e a falência (sucesso!) do neoliberalismo, que assentando no regime dos mercados, na economia privada e em políticas financeiras como estrutura social do Estado e como motor do desenvolvimento, teve (e terá sempre) o resultado inverso para o cidadão incógnito, mas resulta em pleno para os tubarões, nacionais e estrangeiros… Haja governos, como tem havido, que vão por aí!
Quem cria ou acaba com os empregos? Os privados? Vê-se! Empresas sem dinheiro, sem empréstimos da Banca, com os bancos descapitalizados (emprestaram dinheiro de plástico) e com prejuízos (se não emprestarem não ganham), são todos engolidos pelos especuladores, cuja ideologia é o lucro, e só! A qualquer preço… Lá se vai assim o argumento dos defensores do “rapazes de Chicago” e do seu mentor Friedman (que “ajudou Pinochet)!
E nesta conjuntura estratégica, só sobrariam os keynesianos, que por apostarem no Estado, logicamente, precisariam de um governo alinhado, o que não acontece, pela subjugação às finanças, à bolsa e aos especuladores.
E o resultado, para além das investidas contra a Segurança Social, traduz-se no empobrecimento dos cidadãos, na criação de condições para a falência das famílias e para a fragilidade e exclusões sociais, com fins político-ideológicos… Tática!
E ultrapassando a falácia, entrando no domínio da escravatura, que ultrapassa e até envergonharia qualquer ultraliberal, o Governo já vem por a hipótese de vir a ter vínculo com trabalhadores, sem lhes pagar um tostão, para os obrigar a “rescisões por mútuo acordo”… E é o Secretário de Estado da Administração Pública, de um governo eleito pelos cidadãos, que os escolheu para administrar bem os seus bens e os defender de usurpações, que vem apresentar um plano de chantagem, minuciosamente arquitetado! Batemos no fundo da Ética política e da Moral da civilização europeia…
A rua só pode ser a solução, do GOVERNO ou do POVO!
O que é exagero é o de menos!

Ecos da blogosfera – 8 mai.

E os “espertos” serão de centro-esquerda?

Um controverso estudo canadiano que compreende dados copilados ao longo de 50 anos, afirma que as pessoas com visões políticas de direita tendem a ser menos inteligentes do que os de esquerda. Ao mesmo tempo, adverte que as crianças de menor inteligência, tendem a desenvolver pensamentos racistas e homofóbicos na idade adulta.
A investigação foi levada a cabo por académicos da Universidad Brock no Ontário, e para o realizar cruzaram a informação de mais de 15.000 pessoas, comparando o seu nível de inteligência detetado na infância com os seus pensamentos políticos quando adultos.
Entre os dados analisados encontram-se dois estudos realizados no Reino Unido em 1958 e 1970. Neles mediu-se a inteligência de meninos e meninas com idades entre os 10 e os 11 anos. Depois, foram seguidos para conhecer as suas posturas políticas ao cumprir os 33 anos de idade.
Segundo as conclusões da equipa, as pessoas com um nível inferior de inteligência gravitam à volta de pensamentos de direita porque os faz sentir mais seguros, descartando que haja relação com o seu nível educacional, reconhece o diário britânico.
"As habilidades cognitivas são críticas ao formar-se impressões de outras pessoas e ser aberto de mente. Os indivíduos com habilidades cognitivas inferiores gravitam para ideologias sociais conservadoras de direita, que mantêm as coisas como estão, porque lhes dão uma sensação de ordem", afirmam no estudo publicado pelo Journal of Psychological Science.
Claro que não se trata da única conclusão polémica a que chegaram os académicos. Juntando dados de um estudo realizado em 1986 nos Estados Unidos sobre preconceitos contra os homossexuais, descobriram que as personas com baixa inteligência detetada na infância tendiam a desenvolver pensamentos propensos ao racismo e à homofobia.
"As ideologias conservadoras representam um vínculo crítico através do qual a inteligência na Infância pode prever o racismo em adulto. Em termos psicológicos, a relação entre inteligência e preconceitos pode derivar de quão propensos são os indivíduos com baixas capacidades cognitivas para apoiar com maior força as ideologias conservadoras de direita, devido oferecerem uma sensação de estabilidade e de ordem", acrescentam.
"No entanto, é claro que nem todas as pessoas de pensamento conservador são preconceituosas e que nem todas as pessoas com preconceitos são conservadoras", sentenciou a equipa de investigação.
Sem querer ser provocatório, muito menos facioso, mas tratando-se de um estudo como muitos outros, cada um acreditará nas conclusões, ou mudará de posição…

Qual é o PIIGS(C) que não se revê nesta fotografia?

5 anos de crise, 6.000.000 de desempregados e milhares de despejados das suas casas: apesar da pesada fatura social, os espanhóis aceitam a sua sorte sem se revoltarem contra o Governo e contra a UE. Porque temem perder o pouco que lhes resta, avança um sociólogo.
Estamos no 5.º ano de crise. O desemprego, a pobreza e a exclusão social aumentam; começam a aparecer casos de subnutrição em crianças; há dezenas de milhares de famílias que foram expulsas das suas casas e os salários continuam a ser reduzidos, mas o mesmo não acontece com os preços de bens e serviços. Entretanto, as pessoas perceberam que esta situação não é passageira e pode prolongar-se ainda por mais uns anos. Nestas condições, porque não se verifica uma explosão social? Porque é que o sistema não rebenta? Quanto poderá suportar a sociedade espanhola sem se verificar um conflito?
É difícil pensar numa conjugação de condições mais favoráveis para provocar uma explosão. Em primeiro lugar, os efeitos da crise são terríveis. Como pode uma população sobreviver, com 6.000.000 de desempregados? O pior é que o desemprego vai continuar a aumentar, porque a procura interna caiu a pique. As poupanças e as ajudas com que muitos se têm aguentado até agora estão a esgotar-se. Entre aqueles que têm trabalho, muitos recebem salários de subsistência na economia paralela.
Em segundo lugar, as políticas selvagens de austeridade que a Espanha e a União Europeia estão a aplicar só servem para desmantelar o país e atrasar o momento da recuperação. Em vez de o consumo e o investimento do Estado amortecerem a queda da procura das famílias, o Governo está a realizar cortes em todos os domínios de despesas da administração pública. Desta forma, a crise agrava-se e, além disso, a proteção social das pessoas afetadas pelo desemprego e pela pobreza diminui. Ainda que pareça um pouco brutal, a UE e o Governo consideraram que a saída da crise passa pelo empobrecimento geral da maioria dos espanhóis. É esse o significado de “desvalorização interna”.
Distribuição de sacrifícios terrivelmente injusta
Em terceiro lugar, é cada vez mais comum a perceção de que a distribuição de sacrifícios está a ser terrivelmente injusta. O caso mais flagrante, mas de modo algum único, é o dos despejos. O Estado desembolsa ajudas generosas e endivida-se perigosamente para sanear os bancos, mas não encontra uma solução para a situação de todos aqueles que, com a crise, se viram encurralados pelas hipotecas. A insensibilidade dos poderes públicos e dos dois grandes partidos perante esta situação contribuiu para aumentar o sentimento de indignação de boa parte da sociedade.
Em quarto lugar, neste momento, não há esperança. Apesar da propaganda do Governo sobre uma recuperação iminente, as pessoas perceberam que nos encontramos num processo muito longo de estagnação e que nos esperam anos muito difíceis.
Por último, estamos confrontados com um partido de Governo corrupto e com uma ineficácia espantosa. É incrível que, num momento tão grave como o atual, o primeiro-ministro continue a ser chantageado por causa do financiamento ilegal do partido político que dirige.
Mas, apesar de todas as calamidades que enumerei, as pessoas não se sublevam. O que é que está a acontecer?
Não há alternativas
Por um lado, deixou de haver alternativas. Hoje, não existe uma ideologia que proponha um caminho diferente daquele que estamos a seguir e que sirva para organizar uma resistência efetiva. As pessoas estão dominadas pela raiva, que se traduz pela rejeição e alienação relativamente ao sistema económico e político, mas a raiva não se cristaliza num movimento que implique uma ameaça coletiva.
Por outro lado, apesar do empobrecimento generalizado, a Espanha continua a ter um nível de desenvolvimento considerável. É sabido que as democracias desenvolvidas são extraordinariamente estáveis. Aguentam quase tudo. O padrão de sobrevivência é espantoso: nunca houve uma democracia com um rendimento per capita superior ao da Argentina em 1975 que tivesse caído. Mesmo depois da crise dos últimos anos, a Espanha tem um rendimento per capita muito superior a esse.
Por isso, é de esperar que haja tensões e incidentes violentos, mas não um conflito generalizado. Em parte, porque o Estado é muito poderoso e pode travar os protestos; em parte também, porque há muitas famílias proprietárias de apartamentos, ou que têm poupanças, que não estão dispostas a apostar em aventuras de resultado incerto. O desenvolvimento traz consigo um maior grau de conservadorismo político, a todos os níveis.
O sintoma mais claro de que, por muito irritadas que estejam, as pessoas não querem correr riscos, é a ausência de um debate público em Espanha sobre a utilidade de continuar no euro. Apesar de a união monetária se ter revelado uma ratoeira, quase ninguém quer assumir os custos a curto prazo da saída do euro. Não deixa de ser curioso que as queixas tenham por alvo os partidos e as instituições espanholas, quando boa parte do problema se situa mais acima, nas regras de funcionamento do euro e nas políticas que os países do Norte determinam.
É verdade que o apreço popular pelas instituições europeias também caiu muito, mas as consequências desse facto são poucas: o apoio ao euro continua a ser forte. Esse apoio é decisivo para se perceber por que não se verifica uma explosão.
Ou seja, continuaremos a aguentar com resignação uma situação que, vista seja por que ângulo for, é intolerável.
Será? Não é para nos salvar, a nós, que os governantes andam preocupados com os excessos de penitência…
Os primeiros-ministros, espanhol e italiano, Mariano Rajoy e Enrico Letta, que se reuniram em Madrid a 6 de maio, puseram-se de acordo para "pressionar" a UE a aprovar um plano para o emprego jovem no Conselho Europeu de junho e sublinharam a necessidade de novas políticas para lutar contra o populismo e o sentimento antieuropeu que aumentam em todos os países da UE.
O jornal La Vanguardia comenta que "a frente italo-espanhola continua viva" para manter a pressão sobre os países do Norte e Angela Merkel, a fim de lançar as medidas decididas na cimeira de Roma, em junho de 2012, incluindo a união bancária e orçamental.