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sábado, 18 de maio de 2013

Um homem “MAIS” para contrariar a pobreza reinante!

Em entrevista ao PÚBLICO, em Dezembro de 2011, declarou-se um optimista": "Eu acredito no género humano, e no género humano português muito em particular", disse então.
Já com Portugal mergulhado numa profunda crise económico, D. Manuel Clemente mostrou-se também preocupado com os efeitos na sociedade portuguesa e centrou o seu discurso na "sobrevivência digna das pessoas": "É preciso que tenham trabalho, não apenas por uma questão económica imediata, mas porque o desenvolvimento verdadeiro de cada um só se faz mediante o trabalho, e que lhes dêem condições para que possam ter filhos e educá-los. É preciso fortalecer as famílias. Enfrentamos o problema terrível de uma sociedade que não se reproduz. E é preciso restabelecer as redes de vizinhança, para que as pessoas não vivam no anonimato."
O teólogo Anselmo Borges considera que a nomeação de Manuel Clemente como patriarca de Lisboa “não foi surpresa” e salienta a sua capacidade “de estabelecer pontes com o mundo da cultura e o mundo da política”.
Lembrando que Manuel Clemente é “um homem que está enraizado nos valores fundamentais do evangelho”, o padre considera que ele se interessa “também pelo mundo da justiça social, e tem dado sinais nesse sentido, mas há também todo o mundo da cultura e ele estabelecerá pontes nesse domínio” e argumentou ainda que “aquilo que nós precisamos neste momento de crise em Portugal, na Europa e no Mundo, é certamente de uma revolução cultural”.
Não por razões de ordem religiosa, mas mais por respeito por quem defende o respeito pelas pessoas, tenho seguido e registado, algumas das posições humanistas de Manuel Clemente, que podem ser relidas (aqui no blogue), para se conhecer o homem por inteiro, em 3 vertentes:
A Cultural:
A Sociológica:
A Cidadã:
Nota – Tal como o Papa Francisco é Sócio Honorário do Rotary Club de Buenos Aires, também D. Manuel Clemente é Sócio Honorário do Rotary Club do Porto.

Ecos da blogosfera – 18 mai.

Talvez por isso “a tua cara não me é estranha”…

Dois investigadores norte-americanos estudaram os genes de 40 populações de referência do continente europeu. Conclusão: todos os atuais europeus descendem dos mesmos antepassados. Vejamos porquê.
Consideremos 2 europeus do presente, mesmo que vivam em países distantes. Por exemplo um finlandês e um francês: existem fortes possibilidades de os dois terem muitos antepassados comuns, que viveram há cerca de um milénio. É isto que demonstra uma análise dos genes de 2.257 pessoas oriundas de 40 populações de todo o continente: albaneses, ingleses, belgas, dinamarqueses, espanhóis, italianos, macedónios, russos, turcos, etc.
O estudo, que acaba de ser publicado pela [revista científica] Plos Biology, foi realizado por 2 geneticistas das populações, Peter Ralph e Graham Coop (Universidade da Califórnia em Davis). Este estudo mostra que, à escala dos últimos 3.000 anos, existe um grau de parentesco elevado entre as populações das diferentes nações europeias, apesar de estas serem construções recentes que reuniram grupos humanos distintos.
Os 2 investigadores utilizaram o genoma completo dos 2.257 indivíduos estudados. Investigaram segmentos de ADN partilhados por indivíduos diferentes. O princípio geral é que 2 indivíduos que têm um antepassado comum podem partilhar um segmento de ADN herdado desse antepassado. Quanto mais longo for esse segmento, mais recente é o antepassado comum. Analisando o comprimento dos segmentos de ADN partilhados por 2 indivíduos, os investigadores podem avaliar a distribuição no tempo dos seus antepassados comuns.
Mistura de segmentos de ADN
Por que motivo existe uma relação entre o tempo e o comprimento dos segmentos de ADN partilhados por 2 indivíduos? Para se compreender essa relação é preciso considerar a forma como os genes e, por conseguinte, o ADN – que é o seu suporte material –, se recombinam em cada geração. O genoma de um determinado indivíduo é constituído pela mistura dos genes dos seus pais e, deste modo, o seu ADN é constituído por segmentos provenientes da sua mãe e por outros provenientes do seu pai. Na geração seguinte, a mistura integra novos segmentos de ADN, e assim por diante.
Este processo desenvolve-se geração após geração. Deste modo, o genoma de uma pessoa contém segmentos do ADN dos seus antepassados, entrecortados pelos novos segmentos introduzidos em cada geração. Como o local onde as sequências de ADN se modificam é sempre diferente, o resultado é que os segmentos que são conservados são cada vez mais curtos. Assim, os primos-irmãos em primeiro grau, que têm avós comuns, partilharão segmentos de ADN mais longos do que os primos em segundo grau; estes últimos partilharão segmentos mais longos do que os primos em terceiro grau, etc.
Quando um segmento herdado de um antepassado é conservado em 2 indivíduos, ao longo de um grande número de gerações, é possível avaliar a antiguidade desse antepassado a partir do comprimento do segmento. Foi o que fizeram Peter Ralph e Graham Coop. Os seus cálculos mostram que 2 europeus de 2 países vizinhos têm entre 2 e 12 “antepassados genéticos” comuns que viveram ao longo dos últimos 1.500 anos; e têm até 100 desses antepassados, se recuarmos mais um milhar de anos.
Europeus têm os mesmos antepassados
Por mais surpreendente que isto pareça, todos os habitantes da Europa que viveram há 1.000 anos e que tiveram descendentes são antepassados de todos os europeus de hoje! Ou, se preferirmos, todos os europeus contemporâneos descendem do mesmo conjunto de antepassados, que viveram há 1.000 anos.
No entanto, os 2 investigadores concluíram que a distribuição dos antepassados comuns não é homogénea em termos geográficos: por exemplo, os italianos têm menos antepassados genéticos comuns entre si e com os outros europeus, e têm mais ligações com antepassados que remontam a 2.000 anos atrás do que com os de há 1.000. Essa diferença poderá refletir um maior grau de isolamento geográfico.
Contudo, os próprios investigadores reconhecem que, para estudar acuradamente uma história tão complexa como a da Europa, não basta analisar os genes de indivíduos contemporâneos. Será necessário utilizar igualmente ADN de indivíduos que viveram no passado, cuja antiguidade possa ser datada. E ainda recorrer a outras disciplinas, como a arqueologia e a paleoantropologia.

Contramaré… 18 mai.

Um homem de 38 anos foi preso. É autor confesso de 4 assaltos, por esticão, a senhoras com bastante idade. O homem utilizava carros roubados nos assaltos. Identificava uma vítima e, sem parar o carro, passava junto às vítimas, arrancando-lhes a carteira. Na terça-feira, realizou o último desta série de assaltos e como a senhora não largou a bolsa, arrastou-a durante largos metros.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O mesmo problema grave, 2 visões e 2 posições...

A diretora do FMI, Christine Lagarde, alertou que o aumento da desigualdade da riqueza a nível global é um risco para a estabilidade. “O aumento da desigualdade é uma preocupação crescente para os líderes políticos de todo o mundo”, declarou, durante a intervenção sobre a luta contra a pobreza, adiantando que “nos últimos 25 anos, a desigualdade na riqueza entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento tem aumentado” e realçou que atualmente 0,5% da população mais rica é dona de 35% do total da riqueza mundial.
A diretora do FMI afirmou que estas crescentes desigualdades “não passaram despercebidas” e serviram para alimentar o “descontentamento”, que deu origem, por exemplo, à Primavera Árabe.
Por seu lado, acrescentou, estudos recentes do organismo internacional demonstram que períodos prolongados de crescimento sustentado estão associados a mais igualdade na distribuição de riqueza. “Por outras palavras, as sociedades mais igualitárias têm maior probabilidade de ter um crescimento duradouro”, declarou, defendendo que o crescimento sustentado deve ser acompanhado por políticas fiscais que favoreçam o investimento público para reduzir a pobreza.
Dá gosto ouvir estas verdades saídas da boca de quem vem e que tem a faca e o queijo na mão para alterar este estado de coisas, mas é muito pouco, porque não passa da divulgação de banais estatísticas.
E reconhecer que o descontentamento que emerge na sociedade mundial, que assenta nesta estrutura socioeconómica, deu origem à “Primavera Árabe”, esquecendo outros movimentos surgidos no mundo ocidental, como os “Indignados” ou os “Occupy”, é desvirtuar a realidade contestatária, subvalorizando a consciência cívica destes últimos… Pura demagogia e estratégia política.
De sublinhar a contradição de Lagarde, quando diz que as sociedades mais igualitárias têm maior probabilidade de ter um crescimento duradouro, ao mesmo tempo de defende o crescimento sustentado acompanhado por políticas fiscais que favoreçam o investimento público (keynesiana?) para reduzir a pobreza, quando a instituição que dirige impõe, no caso das troikas, exatamente o contrário…
Realmente, constatar que, hoje, 0,5% da população mais rica é dona de 35% do total da riqueza mundial e nada fazer para amenizar as desigualdades, obriga-nos a recorrer a outra análise de quem não é materialista e está (mesmo) muito mais interessado na resolução destas assimetrias, que por “estar na moda” e no exercício das suas altas funções, garante mais verdade de sentimentos e mais vontade de ação, como é o Papa Francisco.
O Papa Francisco lançou um forte apelo para uma reforma financeira mundial, condenando a insensível "ditadura da economia" e dizendo que a crise económica piorou a vida de milhões de pessoas em países ricos e pobres. "O dinheiro precisa servir, não governar", disse aos embaixadores no primeiro discurso sobre o assunto desde a sua eleição, em março, defendendo que os governos assumam maior controlo sobre as suas economias e protejam os mais fracos.

A crise económica, segundo o papa, criou medo e desespero, reduziu a alegria de viver e contribuiu para a violência e a pobreza, já que mais pessoas tem sobrevivido de maneiras "indignas". Existe, acrescentou o Papa, "a necessidade de uma reforma financeira por critérios éticos, o que produziria por sua vez uma reforma económica para benefício de todos".
"Criamos novos ídolos. O culto ao bezerro dourado de antigamente encontrou uma imagem nova e insensível no culto ao dinheiro e na ditadura de uma economia que não tem rosto e carece de qualquer objetivo verdadeiramente humano", afirmou.
Desde o início do seu pontificado, que o Papa tem manifestado o desejo de que a Igreja defenda mais os pobres e seja mais austera. O mesmo, sugeriu, deveria valer para os governos nacionais. "Enquanto o rendimento de uma minoria está a crescer exponencialmente, o da maioria está a desmoronar", afirmou. "O desequilíbrio resulta de ideologias que preservam a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira, e assim negam o direito do controlo aos Estados, que estão por sua vez encarregados de zelarem pelo bem comum."
Sobre os mercados financeiros, disse: "Uma tirania nova, invisível e às vezes virtual está estabelecida, a qual impõe unilateral e irremediavelmente as suas próprias leis e regras." Em muitos casos, afirmou Francisco, o valor das pessoas é definido pela sua capacidade de consumo.
Entendeu Sra. Diretora do FMI, Christine Lagarde?
Só tem que fazer opções, ou mete ombros à obra ou fica calada…
O Papa perdoa-lhe… Nós é que não!

Ecos da blogosfera – 17 mai.

Estará, já, a virar-se o feitiço(s) contra o(s) feiticeiro(s)?

A economia da Alemanha registou crescimento lento de 0,1% no 1.º trimestre de 2013, superior à queda de 0,7% dos 3 meses diretamente anteriores, segundo dados divulgados pelo Destatis, um pouco abaixo da expectativa do mercado, que esperava crescimento de 0,3% (previsão Forex Factory). Em 2012, a Alemanha cresceu 0,7%, conforme dados finais.
Responsáveis alemães demarcam-se da austeridade imposta aos países periféricos como Portugal, dirigindo críticas particularmente duras contra a Comissão Europeia e o seu presidente, Durão Barroso.
Já não é só em Portugal, Grécia ou Irlanda que as receitas de austeridade impostas pelas troikas de credores internacionais estão a ser criticadas: na Alemanha, as equipas da troika também são acusadas de impor receitas erradas aos países sob programa de ajuda externa.
Mais de 3 anos passados desde o início da crise da dívida europeia, os responsáveis alemães já estão mais do que habituados, e mesmo resignados, a serem apontados como os responsáveis pelas dificuldades vividas pelos países periféricos. Esta resignação não os impede, no entanto, “de se demarcarem muito claramente do mantra da austeridade a todo o vapor que tem imperado na Europa desde 2010”, refere. O termo "austeridade" tem em alemão uma conotação particularmente negativa de sofrimento extremo, o que os responsáveis em Berlim garantem que está longe de ser o que defendem.
Um dia depois de criticar Barroso em "off", o Governo alemão elogia-o em "on", retomando o tema sobre o modo como Berlim vê a austeridade aplicada nos países periféricos da Eurolândia.
A Chancelaria germânica emitiu um comunicado na sequência das reacções de Bruxelas às críticas de altos responsáveis alemães à Comissão Europeia, liderada por Durão Barroso. Nesse comunicado, Berlim afirma que “apoia plenamente” os programas de austeridade.
Mais ano, menos ano, mais mês, menos mês, mais dia, menos dia, toda a gente sabia que a mama acabaria para os mamões, logo que o leite secasse, de tão magras que ficaram as vacas que esmifraram com “a dieta do inglês”.
Parece que está a chegar o momento e vai daí, toca a responsabilizar o Zé Manel e a troika, que sempre foram obedientes à imposição alemã de distribuírem o “sofrimento externo”, com que o luteranismo penitencia os incumpridores, embora sejam bastantes os laicos alemães que praticam burlas e manigâncias, ao arrepio da doutrina protestante, sem consequências. Mas alguém tem que pagar por eles, que são ricos e podem pagar a “carpideiras”…
Só não se entende a desfaçatez destes “beatos”, que vem agora distanciar-se da imposição de austeridade e só não assobiam para o ar porque o céu começa a cair-lhes na cabeça…
Mas, como todos os robots tem um botão que faz "on" e off", conforme o manipulador, logo vieram os “fiéis” alemães, assumir a continuidade da penitência, logicamente, por imposição deles… Então não são mesmo os 27 que decidem estas coisas, como diz o Sr. Schulz e como disse Durão Barroso, em defesa da indefesa Sra. Merkel?
Há durões e duronas, que não veem para além do umbigo de cada um e se esquecem de olhar para a barriga dos seus concidadãos “europeus”.
Até um dia…

Mais vale termos 1 ELEITO do que 27 (re)pescados…

O presidente do Parlamento Europeu tentou elevar o perfil desta instituição e fez de intermediário entre dirigentes da UE. Qual será a sua próxima etapa? Chefiar a Comissão Europeia depois das eleições de 2014. Mas não será muito fácil.
No “Parlamentarium”, o imponente centro de visitas do Parlamento Europeu em Bruxelas, estão expostos mensagens de vídeo e objetos entregues pelos principais deputados europeus. O presidente do Parlamento, Martin Schulz, escolheu um fragmento de alvenaria: um pedaço de um muro baixo que, em tempos, separava a Alemanha da Holanda. “O muro já não existe, graças à UE”, declara Schulz. A União Europeia não pode reivindicar, como a NATO, ter deitado abaixo o Muro de Berlim, mas pode vangloriar-se de ter removido barreiras internas dentro da UE.
Para Schulz, os europeus são apropriadamente ciosos das suas identidades próprias, mas, para as preservarem devem estar mais unidos. E o local para debater o seu futuro é o Parlamento. Foi o líder do Partido da Independência do Reino Unido, 
, quem abalou essa ilusão: “este é o único Parlamento do mundo que não pode lançar processos legislativos próprios”, afirma na sua mensagem de vídeo. O Parlamento era a “menos importante” das 3 grandes instituições da UE. Numa cidade com muitos presidentes, chefiar o Parlamento conta menos do que chefiar a Comissão Europeia (a função pública da UE) ou o Conselho Europeu (que representa 27 governos).
As críticas à UE estão a tornar-se mais fortes e poderão vir a ser mais numerosas depois das eleições de maio próximo. A Europa é, cada vez mais, acusada de ser responsável pela crise económica e pela imigração indesejada. A confiança nas instituições da UE atingiu o nível mais baixo de sempre. Os cidadãos sentem que não têm influência nas decisões tomadas em Bruxelas. A afluência às urnas nas eleições europeias tem vindo a cair em todos os atos eleitorais desde 1979.
Desviar os eleitores dos interesses nacionais
Em resposta, Schulz defende a realização de uma experiência política que faria das eleições uma competição à escala europeia. Os grupos políticos nomeariam candidatos à presidência da Comissão Europeia, que a disputariam em comícios e nos ecrãs das televisões. É sabido que o social-democrata alemão Schulz aspira a esse cargo. Um homem que construiu a sua carreira assumindo a posição de pedra no sapato de alguns dirigentes europeus ainda pode ter um grande papel na definição da ordem do dia desses dirigentes.
Ao pretender copiar as eleições nacionais, nas quais o líder do partido vencedor passa a ser “primeiro-ministro”, Schulz espera desviar os eleitores dos estreitos interesses nacionais. Quer que o debate deixe de ser uma discussão estéril a favor ou contra a UE e passe a ser uma discussão sobre o tipo de união que esta deve ser. Isso também tornaria mais difícil para pessoas como Farage criticarem a Comissão por “não ser eleita”.
Em tempos um homem que bebia em excesso, hoje abstémio e dono de uma livraria, Schulz abriu caminho da política municipal até ao Parlamento Europeu, onde viria a ser líder do grupo europeu dos socialistas de centro-esquerda e democratas. Fora de Bruxelas é mais conhecido pelo seu conflito de 2003 com o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que, picado pelas críticas, disse a Schulz que este ficaria muito bem num filme sobre um campo de concentração nazi, no papel de kapo.
Schulz é belicoso e impulsivo
Mesmo aqueles que o admiram dizem que Schulz é, por vezes, belicoso e impulsivo. No entanto, Schulz impressionou alguns altos funcionários norte-americanos que o consideram um político inteligente, que está a tentar fazer do Parlamento Europeu algo semelhante ao Congresso. Apesar de criticar as políticas de austeridade de Angela Merkel, Schulz tem servido de mediador entre a chanceler alemã e o Presidente francês, François Hollande. Diz-se que até um seu inimigo natural como o primeiro-ministro britânico, David Cameron, considera estimulantes os comentários de abertura de Schulz nas cimeiras da UE. Contudo, o braço de ferro e a marcação de pontos do Parlamento – o bloqueio do penoso compromisso sobre o orçamento da UE para os próximos 7 anos, a imposição de limites às gratificações atribuídas aos gestores bancários ou a defesa de um imposto sobre as transações financeiras – enfurecem compreensivelmente alguns governos.
O objetivo mais ambicioso do Parlamento é tentar impor a sua escolha para chefiar a Comissão. Até agora, essa escolha era feita pelos dirigentes nacionais, com o aval dos deputados europeus. Mais democracia poderá ser louvável, mas acarreta novos problemas. A Europa não é um país com um único povo. Em vez de um empolgante duelo de titãs, os debates poderão transformar-se num desfiar de termos de gíria entre desconhecidos. Substituir a seleção pela eleição favoreceria os iniciados de Bruxelas, como Schulz, em detrimento dos primeiros-ministros em funções, que poderiam mostrar-se relutantes em pôr em risco os seus cargos. E um presidente mais politizado ficaria mais dependente do Parlamento e seria menos suscetível de representar os interesses de todos os países da UE.
Um alemão a presidir à Comissão?
Seja como for, a eleição indireta em pouco contribuiria para dissipar o nevoeiro da complexidade. A Comissão incluiria 26 outros membros nomeados por governos. As suas propostas têm de ser aprovadas pelo Conselho de Ministros (em representação dos governos nacionais, em geral em reuniões à porta fechada) e pelo Parlamento. Este não tem voz ativa em matéria de política económica. Como diz o cartoonista belga Pierre Kroll: “Perde-se democracia quando as pessoas não percebem nada. Quem é que controla de facto o orçamento do meu país?”
Schulz está a agir habilmente para se içar até ao topo. No entanto, o sucesso exigirá o alinhamento de muitas estrelas. Os Socialistas Europeus terão de derrotar o Partido Popular Europeu, de centro-direita, ou pelo menos de obter bons resultados suficientes para clamarem vitória. Se Angela Merkel se mantiver no cargo após as eleições deste outono, na Alemanha, os social-democratas terão de formar uma ampla coligação, se quiserem influenciar a sua escolha. E, mesmo que Angela Merkel pretenda escolher Schulz, será que, preocupados com a “Europa alemã”, os outros dirigentes irão permitir que seja um alemão a presidir à Comissão?

Contramaré… 17 mai.

“A UGT gostaria que a questão do salário mínimo nacional tivesse uma acuidade já para ontem. A CIP demonstrou hoje que está disponível, a exemplo de ocasiões anteriores, para discutir com os parceiros sociais metas que sejam atingíveis - face ao quadro macroeconómico do país, que é extremamente gravoso para o tecido empresarial - para a subida do salário mínimo”, afirmou o secretário-geral da UGT, Carlos Silva. António Saraiva destacou que “a CIP está completamente disponível para elaborar um acordo durante o ano de 2013 para aplicar em Janeiro ou Fevereiro, ou quando se entender oportuno", de 2014.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Desta vez foi diferente. 2 anos de alienada austeridade!

O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, foi interrompido por cerca de uma dezena de pessoas quando se preparava para falar na apresentação de um livro. Os manifestantes ligados ao movimento “Que se lixe a Troika” gritaram “demissão!” e começaram a rir-se à gargalhada quando o ministro começou a falar, empunhando pequenos cartazes com a inscrição “Povos Unidos Contra a Troika” a convocar a manifestação internacional de 1 de junho. Calaram-se e Vítor Gaspar começou a falar.
Em comunicado, o movimento reivindica o protesto e refere que “esteve presente hoje na apresentação do livro em Lisboa para dizer a Vítor Gaspar e à sua inspiração ideológica (alegadamente fraudulenta) que a austeridade é a loucura financeira, e que aplicar a austeridade é acreditar na loucura e promovê-la, forçar as pessoas à miséria, ao desespero, à pobreza”. Acusam o ministro de ser “o representante nacional máximo da Loucura Financeira”, acrescentando que Vítor Gaspar “não tem qualquer legitimidade para estar frente a um Ministério”.
O incidente ocorreu na apresentação da obra “Desta vez é diferente. Oito séculos de loucura financeira”, de Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, economistas que conceberam um polémico estudo sobre o impacto da dívida pública no crescimento económico, que concluíam que uma dívida superior a 90% implicava um crescimento nulo do país. Vítor Gaspar que é o autor do prefácio, reconhece o erro, mas assegura que não tira o mérito à reflexão dos autores: “em minha opinião, os argumentos apresentados afetam decisivamente o artigo de Reinhart e Rogoff. Não são, no entanto, suficientes para colocarem em causa a evidência do efeito do endividamento excessivo sobre o crescimento”.
Apenas 2 comentários:
1. O “estudo” de Reinhart e Rogoff, deu origem a uma folha de Excel, com “erros”, há pouco tempo descobertos, que por omitirem determinados dados viciavam as conclusões. As conclusões, sublinha-se, relacionavam a percentagem da Dívida Pública (90%) com a recessão do país (o que é mentira) e a necessidades de medidas de austeridade (a que fomos sujeitos), porque o “estudo” era religiosamente aceite por Saüble e Gaspar e muitos outros austeritaristas.
Entretanto, os mesmos autores, pressionados por outros académicos (sérios), retificaram os dados e os cálculos e, pasme-se(!), concluíram que as conclusões são exatamente as mesmas…
Donde se conclui, que para cientistas, que nos querem convencer de que a Economia é uma Ciência Exata, quando é uma Ciência Social, marimbarem-se no princípio da causalidade e no método científico, é inqualificável!
2. Admitindo que Gaspar escreveu o prefácio antes de detetada a falcatrua, depois da denúncia, o mínimo que deveria ter feito era declinar o convite, rasgar o seu arrazoado, depois de ele próprio confirmar a falsidade da teoria.
Mas mais, em consequência, deveria reciclar a sua folha de Excel, alterar as bases teóricas da sua atuação e redesenhar todo o plano de ação, reduzindo a austeridade e procurando o crescimento.
Mas fez o contrário e veio pública e extemporaneamente defender o indefensável e mesmo reconhecendo mérito às críticas ao estudo, acaba por colar-se aos inconsistentes economistas, concordando que as conclusões são exatamente as mesmas…
Já se tinha comprovado a fragilidade do “génio” no seu campo profissional, já se tinha constado a sua insensibilidade social, já se tinha testemunhado a sua arrogância antidemocrática, mas ainda não se tinha verificado a sua caturrice comportamental em tão alto grau, que exaspera qualquer pessoa bem formada…
E por tudo isto, mereceu as gargalhadas e os apupos, que lhe quebraram a arrogância, picaram-lhe a sensibilidade e fizeram emergir a fragilidade dos prepotentes, tudo tão bem retratado naquele rosto…
Há limites para a decência, mesmo quando alguém está (seja) limitado!
Acorde!
Vítor Gaspar adormece em conferência!

Ecos da blogosfera – 16 mai.

E por que não “democratizar” tudo o que é da UE?

Com a provável designação automática do presidente da Comissão, as eleições europeias de maio de 2014 deverão proporcionar uma maior legitimidade democrática ao executivo de Bruxelas. Mas será isto o mais conveniente? Talvez não, afirma uma editorialista sueca.
Em Bruxelas, os preparativos para as eleições europeias do próximo ano estão a pleno vapor. Alguns esperam mil e uma coisas destas eleições e deixam-se levar pela euforia. Os mais entusiasmados preveem que o escrutínio de maio de 2014 constitua um importante progresso para a democracia. Cada grupo político do Parlamento Europeu deve designar o seu candidato ao cargo de presidente da Comissão, e as especulações não param.
Será Martin Schulz o candidato dos socialistas? Poderá o facto de se colocar um alemão no topo da lista ser visto como uma provocação? Poderá o PPE – grupo conservador e cristão-democrata – nomear o primeiro-ministro Donald Tusk, que deverá neste caso renunciar ao seu cargo de chefe de Governo?
Há outras questões: Será que o federalismo ortodoxo do liberal Guy Verhofstadt assusta a Europa de hoje? Por que haverá tão poucas mulheres entre os potenciais candidatos? E será que José Manuel Durão Barroso tenciona realmente ser reeleito por mais 5 anos?!
Acabar com as reuniões secretas
Esperemos, no entanto, que a politização do processo de designação do próximo presidente da Comissão seja um passo em frente na democracia.
Não se trata de uma ideia nova. Um dos mais eminentes especialistas da UE, o britânico Simon Hix, defende há muito esta evolução parcial do sistema. O seu livro, What’s wrong with the European Union & how to fix it (“Qual o problema da União Europeia e como resolvê-lo” edições Polity, 2008), foi alvo de várias reedições.
Simon Hix defende uma maior politização das decisões da UE. Segundo este, a cultura de consenso atualmente em vigor dissuade os cidadãos de pedir respostas. A democracia, afirma, deveria ser reforçada por uma concorrência aberta entre um maior número de candidatos ao cargo de presidente da Comissão.
Até à data, a designação do presidente da Comissão realizava-se à porta fechada. Os chefes de Governo negociavam e o resultado era a nomeação de um candidato geralmente pouco consistente. Sem mencionar o quão refrescante seria acabar com as reuniões e deliberações secretas.
Questões em suspenso
Mas a experiência democrática europeia atual levanta uma série de questões sensíveis que continuam sem respostas. Por exemplo, será que Martin Schulz vai estar no topo da lista social-democrata na Suécia? Não, porque os Estados-membros transformam-se em círculos eleitorais durante as eleições europeias, e é por isso que os suecos serão sempre os únicos candidatos na Suécia. Apesar de os cidadãos suecos não poderem votar em Martin Schulz, se este último se tornar o candidato dos socialistas europeus serão colocados cartazes dele por toda a Suécia. O que é desconcertante.
E como saberemos qual será a política implementada? Martin Schulz defende uma política europeia claramente mais federalista do que muitos sociais-democratas suecos, mas de que forma saberão os eleitores em que linha política estão a votar? Está longe de ser evidente.
De um ponto de vista meramente formal, o processo eleitoral não é de todo claro. Nos termos do artigo 17 do Tratado de Lisboa, o presidente da Comissão é designado “com base nas eleições no Parlamento Europeu”, mas é o Conselho Europeu (a cimeira dos chefes de Estado e de governos) que nomeia o candidato. Complicado, não?
Risco de acentuar concentração de poderes
É muito provável que a eleição de 2014 seja uma desilusão. Os dirigentes têm sempre a última palavra. Além disso, será realmente bom conceder ao presidente da Comissão a mesma legitimidade democrática de um chefe de Governo?
A Comissão é uma instituição supranacional que dispõe de um vasto poder e de várias prerrogativas. Tem o direito exclusivo de propor novas leis europeias, dispõe de um poder de decisão sobre algumas delas, garante a sua aplicação e pode intentar uma ação judicial contra os países que violam as regras.
Este modo de designação do presidente corre o risco de ter um efeito oposto ao pretendido e acentuar a concentração dos poderes ao criar expectativas legítimas em matéria de ação política. No entanto, a influência da Comissão deveria ser limitada e não aumentada.
Consolidem a democracia europeia a nível nacional ao reforçar o papel do Parlamento Europeu. Aceitem, sim, mais candidatos na corrida à sucessão de José Manuel Durão Barroso e organizem audições públicas. Mas não façam como se a Comissão fosse o governo da União.

Contramaré… 16 mai.

Nas previsões da primavera da Comissão Europeia, era esperado que a economia portuguesa recuasse 0,1% no 1.º trimestre de 2013 face ao 4.º trimestre de 2012 e 3,7% face a igual trimestre de 2012. Em ambos os casos, os dados revelados na estimativa rápida do INE revelaram-se ligeiramente piores do que as previsões da CE.
Para 2013, as previsões do Governo e da troika apontam para um recuo do PIB de 2,3%.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

A recessão de muitos é que é a solução de outro(s)…

A evidência é concludente: o cocktail de medicamentos imposto pela Alemanha desde 2010, com o objetivo de enfrentar a crise, não cura. Pelo contrário, agrava a doença. A Espanha é, neste momento, o exemplo mais óbvio desta falha.
Este cocktail, ou mix de política, consiste no seguinte: austeridade compulsiva da despesa pública, política monetária restritiva, valorização do euro, desvalorização interna de salários e reformas.
Este cocktail não consegue reduzir o défice ao ritmo que se queria e faz aumentar a dívida pública. Este resultado não nos deveria surpreender. A história oferece-nos exemplos de países sobre endividados que utilizaram esse mesmo cocktail e falhou. A teoria económica explica porquê. Tem a ver com o que se chama de multiplicador fiscal: o benefício que se espera obter com a redução da despesa pública fica anulado pela queda mais do que proporcional das receitas públicas que produz a recessão económica provocada pela redução da despesa.
A evidência do seu fracasso é tal que até aqueles que inicialmente deram apoio a este cocktail já o retiraram. Além disso, hipóteses como a de que a dívida pública impede o crescimento estão agora invertidas: a falta de crescimento é o que faz aumentar a dívida.
Se esse cocktail funciona, existe uma alternativa?
Há. É o que estão a provar os Estados Unidos, o Reino Unido e o Japão. Estes 3 países estão a experimentar um novo mix: injeção maciça de dinheiro através de medidas não convencionais, novos canais de crédito às PMEs e às famílias, uma política de despesa pública, que saiba aproveitar produtivamente essa maior liquidez monetária e desvalorização das suas moedas para exportar mais. Em termos médicos, primeiro tentam parar a hemorragia e fazer ma transfusão para recuperar os sinais vitais da economia e do emprego, e depois uma cirurgia de reformas para melhorar a sua competitividade. Por esta ordem. O contrário do que se está a fazer União Europeia.
Esta política macroeconómica alternativa tem riscos: pode provocar uma guerra de divisas, incentivar novas bolhas se não se aproveita bem a nova liquidez ou inflação descontrolada. Mas, entre optar por um mal certo ou um risco possível, escolheram o segundo. Económica e moralmente é uma decisão acertada.
Os governadores dos bancos centrais desses 3 países, o que estão a dizer com essa nova política é que estão dispostos a "fazer tudo que é imprescindível, durante o tempo necessário para salvar as suas economias e os seus cidadãos." Mas, por agora, o governador do BCE tudo o que disse é que "fará tudo que for necessário para salvar o euro". Mas salvar o euro não é sinónimo de salvar as economias europeias e os seus cidadãos.
À vista do fracasso do cocktail europeu e dessa alternativa, a pergunta que muitos se fazem é se veremos uma mudança de abordagem.
A flexibilização do período de tempo que a UE concedeu à Espanha para cumprir as metas de redução do défice parece sugerir que algo está a mudar. Mas eu acho que é uma miragem.
Ouvindo o comissário europeu de economia, o finlandês Olli Rehn, o ministro alemão Wolfgang Shaüble na sua reunião de Granada com o ministro Luis de Guindos ou a chanceler Angela Merkel, depois da reunião com o novo primeiro-ministro italiano Enrico Letta, não vislumbro qualquer vontade de mudança.
Qual é a causa desse desprezo numa política macroeconómica de inspiração alemã que torna as coisas piores? Existem duas hipóteses.
A primeira tem a ver com o pensamento económico que inspira os dirigentes alemães. Ele mostra a influência da escola austríaca de Frederick von Hayek. Nos anos 30, diante de uma crise financeira e económica como a atual, Hayek argumentou que o excesso de liquidez dos bancos centrais foi o que fomentou o sobre-endividamento das famílias e o sobre-investimento especulativo. A sua recomendação foi a política liquidacionista, deixando cair a economia e o emprego até que a austeridade e a poupança limpassem os excessos anteriores e saneassem a economia.
Da Inglaterra, John Maynard Keynes, coincidindo com Hayek no problema de sobre-endividamento, defendeu que as causas estavam na desigualdade. Opôs-se à solução liquidacionista, tanto pelos seus efeitos económicos como democráticos, derivados do auge do populismo político causado pelo desemprego prolongado. E recomendou a intervenção pública para parar a hemorragia do emprego.
Hoje, o debate está em termos semelhantes. O risco é que voltem os fantasmas dos anos 30.
A segunda hipótese é de natureza política. A nova geração de dirigentes alemães que chegou depois de Helmut Kohl desenterrou a velha questão alemã. Especialmente desde o século XIX, essa questão tem consistido em como conter um país dominante localizado na Europa central. A solução, depois de duas guerras mundiais, foi a União Europeia. Com ela procurou construir uma nova Alemanha Europeia.
Mas, de forma inesperada, a crise financeira na eurozona foi aproveitada pela nova geração de líderes alemães para tratar de construir uma Europa alemã, aproveitando-se de o euro ainda não é a moeda uma união política e que não tem por trás um verdadeiro banco central com funções de emprestador de última instância, como são os outros bancos centrais dos três países mencionados, a Alemanha impôs o seu pensamento liquidacionista em benefício próprio.
Esta é a razão por que a Alemanha não é a solução, mas parte da crise europeia. Ou nos desprendemos da síndrome de Berlim, que nos domina e falamos abertamente e sem tópicos, buscando uma solução adequada aos interesses gerais europeus, ou a crise europeia não terá saída fácil.

Ecos da blogosfera – 15 mai.

Não te rias do “coitadinho”, que o "bicho" vai-te pegar!

Que país da Eurozona está mais endividado? Os gregos esbanjadores, com as suas generosas pensões estatais? Os cipriotas e os seus bancos cheios de dinheiro sujo russo? Os espanhóis tocados pela recessão ou os irlandeses em falência? Pois curiosamente são os holandeses sóbrios e responsáveis.
Matthew Lynn
A dívida dos consumidores nos Países Baixos atingiu os 250% do rendimento disponível e é uma das mais altas do mundo. Como comparação, a Espanha nunca superou os 125%.
A Holanda é um dos países mais endividados do mundo. Está mergulhada numa recessão e demonstra poucos sinais de sair dela. A crise do euro vai-se arrastando há 3 anos e até agora só tinha infetado os países periféricos da moeda única. A Holanda, no entanto, é um membro central tanto da UE como do euro. Se não pode sobreviver na Eurozona, tudo estará acabado.
O país foi sempre um dos mais prósperos e estáveis da Europa, além de um dos maiores defensores da UE. Foi membro fundador da união e um dos partidários mais entusiastas do lançamento da moeda única. Com uma economia rica, orientada para as exportações e um grande número de multinacionais de sucesso, supunha-se que tinha tudo a ganhar com a criação da economia única que nasceria com a introdução satisfatória do euro. Em vez disso, começou a interpretar um guião tristemente conhecido. Está a estourar do mesmo modo que a Irlanda, a Grécia e Portugal, salvo que um rastilho um pouco mais comprido.
Bolha imobiliária
As baixas taxas de juros, que antes de mais obedecem aos interesses da economia alemã, e muito capital barato criaram uma bolha imobiliária e a explosão da dívida. Desde o lançamento da moeda única até ao pico do mercado, o preço da moradia na Holanda duplicou, convertendo-a num dos mercados mais sobreaquecidos do mundo. Agora explodiu estrondosamente. Os preços da moradia caem com a mesma velocidade que na Flórida quando o auge imobiliário americano murchou.
Atualmente, os preços são 16,6% mais baixos que no ponto mais alto da bolha de 2008, e a associação nacional de agentes imobiliários prevê outra queda de 7% este ano. A não ser que tenha comprado a sua casa no século passado, agora valerá menos do que pagou e inclusive menos ainda do que pediu emprestado por ela.
Por tudo isso, os holandeses afundam-se num mar de dívidas. A dívida das famílias está acima dos 250%, é ainda maior que a da Irlanda, e 2,5 vezes o nível da da Grécia. O governo já teve de resgatar um banco e, com os preços das casas em queda contínua, o mais provável é que o sigam muitos mais. Os bancos holandeses têm 650.000 milhões de euros pendentes num sector imobiliário que perde valor a toda a velocidade. Se há um dado demonstrado sobre os mercados financeiros é que quando os mercados imobiliários se afundam, o sistema financeiro não se faz esperar.
Profunda recessão
As agências de rating (que não costumam ser as primeiras a estar a par dos últimos acontecimentos) já começam a dar conta. Em fevereiro, a Fitch baixou a qualificação estável da dívida holandesa, que continua com o seu triplo A, ainda que só por um fio. A agência culpou a queda dos preços das casas, o aumento da dívida estatal e a estabilidade do sistema bancário (a mesma mistura tóxica de outros países da Eurozona afetados pela crise).
A economia afundou-se na recessão. O desemprego aumenta e atinge máximos de há duas décadas. O total de desempregados duplicou em só 2 anos, e em março passou de 7,7% para 8,1% (uma taxa de aumento ainda mais rápida que a do Chipre). O FMI prevê que a economia vai encolher 0,5% em 2013, mas os prognósticos têm o mau costume de ser otimistas. O Governo não cumpre os seus défices orçamentais, apesar de ter imposto medidas severas de austeridade em outubro. Como outros países da Eurozona, a Holanda parece fechada num círculo vicioso de desemprego em aumento e rendimentos fiscais em queda, o que conduz a ainda mais austeridade e a mais cortes e perda de emprego. Quando um país entra nesse comboio, custa muito a sair dele (sobretudo dentro das fronteiras do euro).
Até agora, a Holanda tinha sido o grande aliado da Alemanha na imposição da austeridade por todo o continente como resposta aos problemas da moeda. Agora que a recessão se agrava, o apoio holandês a uma receita sem fim de cortes e recessão (e inclusive ao euro) começará a esfumar-se.
Os demais colapsos da Eurozona ocorreram sempre na periferia da divisa. Eram países marginais e os seus problemas apresentavam-se como acidentes, não como prova de falhas sistémicas da forma como que se montou a moeda. Os gregos gastavam demasiado. Os irlandeses deixaram que o seu mercado imobiliário se descontrolasse. Os italianos sempre tiveram demasiada dívida começar. Para os holandeses não há nenhuma desculpa: eles obedeceram a todas as regras.
Desde o princípio ficou claro que a crise do euro chegaria à sua fase terminal quando atingisse o centro. Muitos analistas supunham que seria a França e, ainda que França não esteja exatamente isenta de problemas (o desemprego cresce e o governo faz o que pode, retirando competitividade à economia), não deixa de continuar a ser um país rico. As suas dívidas serão altas mas não estão fora de controlo nem começaram a ameaçar a estabilidade do sistema bancário. A Holanda está a chegar a esse ponto.
Talvez se tenha de esperar mais 1 ano, talvez 2, mas a queda ganha ritmo e o sistema financeiro perde estabilidade a cada dia. A Holanda será o primeiro país central a estourar e isso significará crise demais para o euro.

Contramaré… 15 mai.

Confrontado com as críticas dos sindicatos, que acusam o Governo de estar a promover despedimentos na função pública com o novo sistema de requalificação dos funcionários públicos e com a possibilidade de lhes pagar subsídio de desemprego, o secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino, foi claro:  “Não assumiria isso como uma crítica, assumiria como sendo uma realidade objectiva. O princípio subjacente a este conjunto de medidas é o reforço da equidade entre o sector público e o sector privado e, ao mesmo tempo, o reforço da equidade dentro do próprio sector público”, frisou no final do encontro com os sindicatos.

terça-feira, 14 de maio de 2013

‘AUSTERIDADE’ é cortar além do que é necessário…

O ministro das Finanças de França, Pierre Moscovici, disse no encontro dos ministros das Finanças do G7, que o seu país sofre de "fadiga do ajustamento" e vincou a necessidade de combater o desemprego e aumentar o crescimento, considerando que entrar em recessão é "inaceitável".
Os dados mostram que a França entrou em recessão no 1.º trimestre, com o PIB a caído 0,2%, que se segue a uma contracção de 0,3% no último trimestre de 2012. Ao mesmo tempo, a França enfrenta também um aumento do número de pedidos de subsídios de desemprego, a par de um défice de 3,9% este ano e 4,2% em 2014, segundo as previsões de Bruxelas, divulgadas no início deste mês.
"Se tivermos muito ajustamento o que é que isso vai significar? Vai significar que a nossa economia estaria em recessão, e isso não podemos aceitar", disse o ministro das Finanças, abordando directamente as diferentes perspectivas entre a França e a Alemanha, sublinhando: "Eu não gosto da palavra 'austeridade', porque a austeridade não é só um ajustamento ou um ajustamento estrutural, significa mais do que isso". Austeridade, explicou o responsável, é "cortar além do que é necessário, significa ficar mais pobre, significa quebrar o modelo social", concluindo: "É por isso que nunca uso a palavra 'austeridade'".
Portugal deverá precisar de mais ajuda da Europa numa altura em que países como a Alemanha perdem cada vez mais o entusiasmo em conceder mais dinheiro para ajudar os países periféricos. Esta é a convicção dos analistas do Credit Suisse.
No entanto, a solução mais provável para resolver este problema, segundo os analistas, não passa por um segundo resgate mas a concessão por parte das instituições europeias de uma linha de crédito a Portugal até que este regresse em pleno e na totalidade aos mercados de dívida.
Esta ajuda seria importante já que os cortes orçamentais impostos pela troika já afetaram o estado psicológico da nação, impulsionando várias demonstrações de oposição pelo país nos últimos meses com o desemprego a aumentar e com o crescimento económico estagnado, mas uma decisão final sobre este assunto não deverá ser tomada antes das eleições germânicas agendadas para setembro.
Sobre as novas medidas anunciadas pelo governo, o analista defende que "devem ser aplicadas num contexto de fraco crescimento económico, contínuo aumento do desemprego, descontentamento social e, em último caso, com riscos políticos".
O esforço dos últimos 50 anos para criar uma Europa "mais unida" tornou-se a principal vítima da crise do euro, e a União Europeia (UE) é "o novo homem doente" naquele continente, revela uma sondagem do centro de investigação Pew. O apoio à integração europeia diminuiu no último ano em 5 dos 8 países em que a sondagem foi realizada.
O rótulo de "homem doente", originalmente atribuído ao czar russo Nicolás I ao descrever o Império Otomano em meados do século XIX, aplicou-se em diferentes ocasiões nos últimos 15 anos à Alemanha, Itália, Portugal, Grécia e França, indicou a sondagem.
Apesar de sabermos que a “austeridade” tem exatamente os mesmos efeitos em qualquer país e nos seus cidadãos e que mais não é do que uma tática para quebrar o modelo social, ficamos atónitos que entre os 7 países mais “ricos”, algum deles venha queixar-se de sintomas de ”fadiga”, quando são eles que impõem as causas dessa fadiga nos países mais frágeis…
Nós, que temos sido vítimas de cortes muito para além do necessário, por 2 anos consecutivos, sem que de tal estratégia tenha resultado senão frustração, desilusão e cansaço, o que poderemos dizer?
Parece que lá fora, mais uma vez, chegaram à conclusão de que as medidas da troika (que são do governo) já afetaram o estado psicológico da nossa nação, impulsionando várias demonstrações de oposição pelo país nos últimos meses, receando-se(?) que virão ao de cima as “doenças” consequentes…
Entretanto, vão-nos apertando o garrote, até medirem a nossa capacidade de resistência ou de consentimento, até ao grito final.
O grave é que só "teremos consulta" lá para setembro e daqui até lá vai-se distraindo o povo com a TSU dos reformados e pensionistas, enquanto pensam em lhes confiscar 10%, retirando-lhes poder aquisitivo para os “remédios”… Para atenuar a “fadiga”, alguém nos há de dar umas moedinhas (a Alemanha, nada!) para nos prolongar a agonia e irem a tempo do funeral…
E no fim de toda esta tramoia, ainda acham necessário fazer sondagens, em vez usarem de meios de diagnóstico, para confirmar que a União Europeia é "o novo homem doente"…
Grandes cabeças, as destes cabeçudos!