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quinta-feira, 27 de março de 2014

Um retrato (in)consistente do impacto da austeridade…

O discurso dos sinais positivos por parte da maioria PSD/CDS, apesar de não ter terminado, perdeu força, como seria de esperar.
Pedro Nuno Santos
Os resultados negativos da austeridade em dobro seguida pelo governo são avassaladores e não há como escamoteá-los. São sentidos diariamente pelos portugueses e as estatísticas que vão sendo conhecidas só vêm traduzir em números uma realidade conhecida por todos. Como refere Carlos Farinha, economista especialista em questões de pobreza e desigualdade, os dados do INE publicados na segunda-feira são "a fotografia mais completa e consistente do impacto da austeridade na pobreza e na desigualdade" e os números "são extremamente preocupantes".
Em 2012, o primeiro ano orçamental da exclusiva responsabilidade da actual maioria e em que foi aplicado o dobro da austeridade que tinha sido acordada com a troika no Memorando inicial, o diferencial de rendimentos entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres aumentou, a percentagem dos portugueses que vivem em risco de pobreza aumentou para 18,7%, dos residentes em Portugal que vivem em privação material aumentou para 25,5% e em privação material grave para 11%. Estes são os resultados mais graves e preocupantes da austeridade reforçada em dobro que tem sido seguida em Portugal, a prova de que a receita é errada e tem de ser travada.
Ficamos também a saber pelo INE que em 2012 encerraram mais 60.000 empresas do que abriram e que as empresas que abriram empregaram, em média, menos trabalhadores que as que fecharam. O resultado, entre criação e encerramento de empresas, foi a destruição de 95.000 empregos.
Perante estes resultados, o primeiro-ministro vem anunciar para 2015 mais austeridade e cortes a rondar os 2.000 milhões de euros.
Em vez de olhar para a realidade, perceber que a estratégia seguida até agora fez mais mal que bem, e que é preciso negociar a reestruturação da dívida pública para parar com a austeridade, Passos Coelho ataca toda a gente que pensa de maneira diferente e promete insistir no erro. Só um governo autista, irresponsável e radical pode insistir numa estratégia que de forma comprovada conduz a estes resultados.
E apesar de se projetarem novas regras, que permitem desapertar o garrote:
Os Estados-membros da União Europeia terão chegado a acordo sobre o novo método de cálculo do saldo orçamental estrutural. As consequências poderão ser significativas para os países que têm sofrido as recessões mais profundas, como é o caso de Portugal. Para estes, o esforço de consolidação necessário ao cumprimento do Tratado Orçamental deverá ser menor do que o até agora projectado.

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