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sábado, 26 de abril de 2014

Ex-presidente do Eurogrupo vai fazer agora o que não fez antes

O candidato do Partido Popular Europeu (PPE) a presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, havia indicado que estaria em Portugal a 5 ou 6 de maio, mas a deslocação afinal terá lugar apenas por ocasião da data de conclusão do programa de assistência financeira, a 17 e 18 de maio, de acordo com o calendário da campanha do (ex-presidente do Eurogrupo e) antigo primeiro-ministro luxemburguês.
Na sua visita a Portugal - que constitui assim uma das últimas ações de campanha antes das eleições, que se realizam entre 22 e 25 de maio -, Juncker, que é o candidato ao executivo comunitário apoiado por PSD e CDS-PP (que formam a Aliança Portugal), deslocar-se-á ao Porto no dia 17 e a Lisboa no dia 18.
Jean-Claude Juncker quer que os futuros programas de ajuda externa aos países em dificuldades financeiras não se centrem unicamente na consolidação orçamental, mas passem igualmente a ter em conta o impacto social das condições impostas.
"Há 40 anos, Portugal lutou pela liberdade democrática. Hoje, os portugueses lutam pela liberdade que provém da estabilidade democrática e pela oferta de um melhor futuro aos jovens", disse Junker, a propósito das eleições europeias de 25 de Maio.
"Se eu for o próximo presidente da Comissão Europeia, irei trabalhar com Portugal para que a Europa saia da crise junta, combinando a responsabilidade, a solidariedade e a experiência necessária para delinear o futuro", acrescentou.
As eleições europeias, disse ainda, têm para os portugueses e os outros europeus a ver com uma escolha: "irão os portugueses escolher continuar no caminho da irresponsabilidade que era seguido antes da crise, acumulando dívida e gastando dinheiro que não tinha em auto-estradas dispendiosas ou em novos estádios de futebol que estão vazios a maior parte das vezes?" ou os eleitores em Portugal preferirão "uma Europa que defende a solidez e a solidariedade, contas públicas sãs e sólidas, crescimento e bons empregos que irão também beneficiar as gerações futuras?".
Junker salientou ainda saber "que muitos portugueses sofreram e continuam a sofrer" por causa das reformas estruturais que o país teve de adoptar, mas que os resultados começam a ver-se. "Portugal está a retomar devagar mas com seriedade o caminho da responsabilidade e crescimento, enquanto se prepara para sair do programa (de ajustamento financeiro da 'troika') dentro de poucas semanas", acrescentou o ex-primeiro-ministro do Luxemburgo.
Os portugueses vão escolher os deputados ao Parlamento Europeu no dia 25 de Maio e, segundo determina o Tratado de Lisboa, os chefes de Estado e de Governo dos 28 terão de ter em conta os resultados das eleições na escolha do próximo presidente do executivo europeu.
Para além de Junker, estão na corrida à sucessão de Durão Barroso, Martin Schulz, pelos Socialistas Europeus (em que se inclui o PS), Guy Verhofstadt, pelos Liberais, Alexis Tsipras, pelo Grupo da Esquerda Unitária (em que se encontram o BE e PCP), e o francês José Bové e a alemã Ska Keller, pelos Verdes.
O antigo Presidente da República Jorge Sampaio disse que as eleições europeias de maio são um momento para “fazer renascer a esperança” em Portugal, fazendo ainda uma grande defesa do Estado social. “Este presente não pode ser o nosso futuro. 40 anos depois do 25 de Abril de 1974, a melhor maneira de o celebrarmos é usarmos as eleições europeias para fazer renascer a esperança e acreditar no futuro de Portugal e da Europa”, declarou.
“Nada será conseguido nem com opções conservadoras nem com mais políticas neoliberais. Só um novo pacto europeu social-democrata e progressista permitirá redesenhar uma nova Europa, apta a encontrar respostas certas”, advogou Jorge Sampaio.
O antigo chefe de Estado, que nunca se referiu a qualquer governo ou agente político, lamentou a “pobreza e desigualdades crescentes” em Portugal, declarando que “não há liberdade sem igualdade”, pelo que a primeira está em risco.
Para quem anda distraído com as próximas eleições europeias começará a perceber que estas visitas, em campanha eleitoral, dos candidatos a presidente da Comissão Europeia são o melhor sinal da sua maior implicância com o nosso quotidiano futuro, porque precisam que votemos nas famílias político-partidárias a que pertencem, em vez de votarmos nos “nossos” partidos.
Não é inocente a escolha da data da visita de Junker ao nosso país, no “ultimo” dia da estadia da troika, embora corra o risco de as últimas facadas deixarem sangue no local do crime e o povo ver…
E dentro das práticas hoje (in)aceitáveis de incoerência entre as promessas e a prática ou vice-versa, o Sr. Junker, ex-presidente do Eurogrupo no ciclo de Merkozy, durante o pico da crise europeia em que nos enredaram, enquanto tal, teve sempre palavras simpáticas, mas nunca teve coragem de enfrentar as políticas de austeridade de Merkel/Shaüble, deixando marchar os condenados…
Assim sendo, como pode vir agora prometer-nos cuidados com o impacto social, sem excluir, claro, mais austeridade? E não vamos continuar a ter a dupla Merkel/Shaüble (tão caldos até às eleições) à frente do pelotão? E se for o próximo presidente da Comissão Europeia, diz, irá trabalhar com Portugal para que a Europa saia da crise junta, em vez de dizer que irá trabalhar para tirar Portugal da crise, com a Europa junta…
E depois de elogiar o bom(?) trabalho do atual governo português, PSD/CDS-PP, que nas europeias concorrem coligados na “Aliança Portugal”, vem perguntar-nos se não queremos uma Europa que defende a solidez e a solidariedade, contas públicas sãs e sólidas, crescimento e bons empregos que irão beneficiar as gerações futuras, mas tudo isso é exatamente o contrário do que nos foi oferecido até agora pelos seus “familiares” políticos que nos governam… Ora bolas!
Razão tem Jorge Sampaio, quando denunciando a pobreza e as desigualdades crescentes em Portugal, remata com uma sentença óbvia: “Não há liberdade sem igualdade”. E consequentemente defende (o voto numa) outra família política, não conservadora nem neoliberal (de Junker), mas social-democrata e progressista (de Martin Schulz)…
Como se vê, começou a campanha das europeias, embora não pareça, e a 25 de maio vamos conhecer os nossos familiares mais próximos.
Não nos emocionemos, não sejamos piegas, porque somos nós que os vamos escolher!

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