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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Quando os cortes na Saúde não são feitos com bisturi…

Pela nossa Saúde: “Com o SNS empobrecido, acham que os Seguros e as Seguradoras irão tratar-vos?”, José Manuel Silva, Bastonário da Ordem dos Médicos
O estudo "Cortar ou investir na Saúde", realizado pela Associação de Inovação e Desenvolvimento em Saúde Pública (INODES), concluiu que, "com a atual crise económica e financeira, tem-se registado um desinvestimento na saúde". "A lógica dos ajustamentos financeiros em vigor - puxar intensa e abruptamente e relaxar só quando é inevitável - impede a harmonização das políticas públicas e ignora os custos sociais dos ajustamentos", lê-se nas conclusões do documento.
Portugal perdeu mais de 700 milhões de euros com a exportação de médicos e enfermeiros em 2011 e 2012, tendo em conta os custos de formação destes profissionais, de acordo com o estudo “Cortar ou investir na Saúde”, realizado pela INODES.
No estudo, é referido o custo médio, por aluno, com a formação destes profissionais: 72.436 por enfermeiro e 101.656 euros por médico.
“A «exportação» de portugueses, maioritariamente jovens qualificados, acarreta um custo económico e social brutal, sendo que muitos dos que partem não regressam, havendo um forte investimento público que é desperdiçado e aproveitado pelos países de acolhimento”, lê-se no documento.
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, marcou o 1.º dia de greve com anúncios. Primeiro, a antecipação de uma verba de 300 milhões de euros para os hospitais. Depois, um acordo “sem paralelo” com as farmácias, para que estas possam desenvolver, em parceria com a tutela, “programas de promoção e prevenção da saúde”, assinando um acordo com as farmácias que vai permitir mais apostas em áreas como a “diabetes, a taxa de genéricos e a adesão à terapêutica”. O ministro classificou este acordo como “bastante lato e sem qualquer paralelo no passado”.
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, negou hoje razões sindicalistas no apoio à greve dos médicos e disse que o que faz está previsto nos estatutos deste organismo, nomeadamente defender a saúde, os doentes e o sector, reagindo às acusações do Ministério da Saúde de uma alegada colagem da Ordem dos Médicos aos sindicatos.
Para o bastonário, o apoio da Ordem está inscrito nos estatutos deste organismo e também no código deontológico dos médicos. “O Ministério da Saúde faz acusações e furta-se ao diálogo”, disse.
Mário Jorge Neves, dirigente da FNAM, está convicto de que a generalidade dos cidadãos compreende e apoia esta greve, salientando que o protesto visa defender os interesses socioprofissionais, ao mesmo tempo que defende o Serviço Nacional de Saúde.
Os cortes na área da Saúde não são desmentidos por ninguém, são até encorajados por conselheiros de países onde se paga uma brutalidade para os Seguros de Saúde Privada, que se estão nas tintas para os direitos dos cidadãos, plasmados na Constituição… Contabilistas de manga-de-alpaca, adeptos (inexperientes) do Excel e antropomórficos.
É fácil de entender que cortando-se nas despesas, sejam de material, medicamentos ou salários dos agentes da saúde, o “cobertor” não pode tapar o que antes cobria, mesmo com os tais acertos da gestão rigorosa…
E também é fácil perceber que a transformação dos médicos e enfermeiros em “bens transacionáveis” para os países de acolhimento, só isso basta para comprometer a eficácia do presente, hipotecar o futuro e deitar pelo cano de esgoto o investimento que o país fez na formação desses profissionais de saúde, ainda por cima, muito bem formados. Os países mais ricos que os aproveitam incumbem-nos de manter as “escolinhas de formação”, o que os dispensa dos gastos assinando contratos a custo zero, como no futebol…
E por ser tudo verdade, e por haver uma greve de médicos que trouxe à tona os exageros dos cortes (sem bisturi), e as estúpidas consequências no bem-estar dos cidadãos, eis que o ministro da Saúde vem disponibilizar uns cobres para curar feridas, o que já devia ter, não para “lavar a greve” mas para mostrar o rigor da gestão e a manutenção da eficácia do SNS…
Nada mais bonito do que ver os médicos, representados na Ordem e na FNAM a defenderem o direito à saúde dos seus utentes, como Provedores dos seus concidadãos…
Se os doentes não podem lutar, que lutem os que dão saúde!

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