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sábado, 24 de maio de 2014

Verdade ou mentira? Contraditório ou contra-ataque?

A melhor opção para reduzir o sobreendividamento público, diz em exclusivo ao Expresso o autor do best-seller "Capital no século XXI", é um imposto extraordinário progressivo sobre o valor líquido das fortunas acima de 1.000.000 de euros.
Jorge Nascimento Rodrigues
A austeridade é a pior solução para diminuir o excesso de dívida pública, diz o professor francês Thomas Piketty. Ele é autor de "Le Capital au XXI siècle" (editora Seuil, 2013, cerca de 1.000 páginas) cuja tradução em inglês ("Capital in the Twenty-First Century", Harvard University Press, 685 páginas, abril de 2014) se tornou rapidamente líder da lista de best-sellers na Amazon e esgotou nas livrarias norte-americanas. Alguns economistas, como o norte-americano Larry Summers, já o consideram um forte candidato a um Prémio Nobel.
A austeridade implicará décadas de sacrifícios para a maioria da população e só será benéfica para os grandes portefólios detentores de obrigações do Tesouro. O que aconteceu no Reino Unido entre 1810 e 1910 é bem ilustrativo dos malefícios de uma tal opção política por uma austeridade prolongada, sublinha o autor recorrendo a um caso de antologia histórica.  
A melhor opção, diz o fundador da École d'Économie de Paris, é um imposto extraordinário progressivo sobre o valor líquido das fortunas acima de €1 milhão, com uma taxa de 1% entre 1 e 5 milhões e de 2% acima de 5 milhões, aplicado ao longo de um período de tempo como medida fiscal de emergência.
€300 mil milhões por ano
A taxa anual progressiva sobre as fortunas (avaliadas em termos líquidos, insiste o autor para não assustar as classes médias) acima de €1 milhão, poderia abranger, no caso da União Europeia (UE), uma minoria de 2,5% da população adulta e permitir uma arrecadação fiscal anual na ordem de €300 mil milhões, equivalente atualmente a 2% do PIB. Essa taxa deve aplicar-se a todo o tipo de ativos detidos por esses escalões de contribuintes.
Se for politicamente difícil, a sua 2.ª escolha é aumentar a inflação para fazer diminuir o sobreendividamento público, apesar das desvantagens que acarreta.
Leia mais na edição impressa hoje nas bancas.
Porque queremos (e devemos) acreditar em tudo quanto antes se dizia e constatava sobre o aumento das desigualdades e a concentração de riqueza, que agora se quis provar com uma análise histórica, o resumo da entrevista bastava-nos para mantermos a visão do mundo que nos foi fornecida e não contestada, antes de ser colocada a solução de taxar os mais ricos (e responsáveis) em vez de sacar aos mais pobres (irresponsáveis)…
E por isso, o Financial Times diz que há erros nos dados de Thomas Piketty, pela palavra do seu “editor de Economia, que afirma que erros detetados nos dados do livro "O Capital no século XXI" colocam em causa a tendência para o aumento da desigualdade depois de 1970. A parcela no rendimento por parte dos muito ricos teria permanecido estável nos últimos 30 a 40 anos.
As observações de Chris Giles e de alguns comentadores internacionais alegam alguma similitude entre estas críticas aos dados de Piketty e a crítica no ano passado aos erros de Excel e metodológicos encontrados por uma equipa da Universidade de Massachusetts, Amherst, num artigo de Carmen Reinhart e Ken Rogoff, datado de maio de 2010, sobre a questão do limiar vermelho dos 90% da dívida pública no PIB.”
Para já, uma grande diferença nas consequências: enquanto o Excel de Carmen Reinhart e Ken Rogoff, granjeou defensores e foi aplicado de imediato sobre os países e cidadãos contribuintes. Neste caso, gera-se um contra ataque, sem que seja um contraditótio…
Entretanto, ao contrário de Reinhart e Rogoff, atempadamente, Thomas Piketty vem responder às críticas de Chris Giles, sem analisar caso a caso as críticas que lhe faz, mas desafia o Financial Times a publicar estatísticas e rankings sobre a riqueza, prometendo analisar o material e confessando ficar muito satisfeito se mudar de opinião, concluindo com ironia: "Mantenham-me informado".
E vai mais longe, quando “refere ainda que as estimativas da concentração de riqueza por ele apresentadas pecarão até provavelmente por defeito. Piketty refere no livro uma investigação de Gabriel Zucman, publicada na revista científica "Quarterly Journal of Economics", no ano passado, em que se concluía que uma boa parte da riqueza detida pelo topo não é reportada nas estatísticas nacionais pois se encontra em offshores, parcela que deve representar cerca de 10% do PIB mundial ou 7 a 8% dos ativos líquidos financeiros globais.”
Pois é!
Entretanto, vem-nos à memória aquele apelo inscrito em todas as “alminhas” do nosso país, que diz: “Ó vós que ides passando (ganhando), lembrai-vos de nós que estamos penando”

Ecos da blogosfera - 24 mai.

Já não vai a tempo nem iria, mesmo que houvesse muito tempo!

Senhoras e senhores candidatos às eleições europeias: hoje é (era) quarta-feira dia 21 de Maio. A campanha começou há 10 dias. Dentro de 4 vamos às urnas. Acham sinceramente que alguém está esclarecido relativamente ao que pensam e defendem sobre a Europa e o nosso futuro dentro dela (leia-se União Europeia/UE)?
Paulo de Almeida Sande
  • O que pensam e defendem sobre a eleição do Presidente da Comissão Europeia, em especial o que deve acontecer se o Conselho Europeu não respeitar os candidatos apresentados pelo Parlamento Europeu e propuser outros?
  • E já agora, se isso acontecer e o Parlamento Europeu fizer finca-pé – recusando esses candidatos alternativos -, o que se deve passar? Que solução preconizam?
  • E como deve agir o próximo Presidente da Comissão: que atitude tomar face aos Estados mais poderosos; como servirá os interesses comuns dos 28?
  • Já agora, se não for pedir muito, expliquem as propostas concretas dos candidatos dos vossos grupos políticos – no caso em que os têm – e em que se distinguem da concorrência?
  • O que deve a Europa como um todo fazer relativamente à austeridade: mecanismos a utilizar, recursos disponíveis, que alterações ao funcionamento das instituições poderão contribuir para o objectivo?
  • E o que pensam sobre a Ucrânia e a sua ameaça à estabilidade europeia? Como deve a Europa proceder, o que fazer?
  • É ou não verdade que fazer parte da UE ainda garante alguma segurança? É que alguns membros da União fizeram parte da URSS, e o seu destino, pelo menos para já, é bem distinto do da Ucrânia.
  • O que pensam sobre a solidariedade europeia: qual a sua importância no actual contexto, como deve ela ser assegurada na prática (que medidas)?
  • Afinal, o euro é uma boa ou uma má coisa para Portugal? Não se trata de brandir chavões, como se sairmos do euro a nossa dívida aumenta exponencialmente ou sem o euro recuperamos competitividade via desvalorização cambial, mas de discutir a essência da questão.
  • Como pode o país colocar os seus interesses próprios no plano dos interesses comuns da União, com isso beneficiando os portugueses?
  • Que avanços na integração económica e monetária defendem? Até onde se pode ir? União bancária, união orçamental, união política? Limites (quais, concretos)
  • De quem é a responsabilidade pelo desinteresse e aparente animosidade da opinião pública: da própria integração, dos discursos nacionais que cultivam uma imagem negativa da Europa, dos eurocratas, dos políticos das instituições europeias, dos políticos nacionais, de outros?
  • O que é preciso fazer para convencer os cidadãos da bondade da UE?
Acreditem, tenho mais umas 50 questões que gostava de ver respondidas. Mas se responderem a estas, haverá cidadãos mais esclarecidos e compelidos a votar. Se vos falta o tempo, escolham algumas. 2 ou 3. Façam-no com profundidade e clareza (sim, é possível). Se não o fizerem e se a abstenção for elevada, não cedam à tentação de, como de costume, culpar… a União Europeia.
Por favor: DISCUTAM A EUROPA. Ainda há tempo; não muito, mas há.
Já sabemos que não vai a tempo, mas se tempo houvesse as questões nunca teriam resposta, pela simples razão de não haver quem saiba ou queira responder. Só o voto, amanhã, poderá dar sentido às preocupações elencadas e abrir caminho à discussão que não foi feita…
Estas eleições foram banalizadas, para não dizer violadas, na razão direta da sua crescente importância.
O objetivo dos que podiam responder não era outro senão o da sua vitoriazinha, o seu joguinho de interesses, que a nós não nos aquenta nem arrefenta…
The game is over! Mas vamos continuar com a brincadeira…

Contramaré… 24 mai.

A dívida pública portuguesa subiu para os 132,4% do PIB no final do 1.º trimestre, acima dos 129% registados no final de 2013, informou o Banco de Portugal.
A dívida pública na ótica de Maastricht alcançou os 220.684 milhões de euros em março deste ano, mostra o Boletim Estatístico do banco central português. No final de 2013, a dívida pública portuguesa correspondia a 129% do PIB, o equivalente a 213.631 milhões de euros.
O governo prevê que a dívida pública atinja no final deste ano 130,2% do PIB e que começará diminuir em 2015.
Dívida Pública Portuguesa - setembro de 2011

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Balanço parcial (provisório) das Eleições Europeias a decorrer…

Os resultados globais das eleições europeias só poderão ser publicados após o encerramento das urnas em Itália. Ou seja, depois das “22 horas (hora de Lisboa) do dia 25 de maio”, nos termos de uma nota difundida pela Direção-Geral de Administração Interna.
Depois de Reino Unido e Holanda, as eleições prosseguem esta sexta-feira na República Checa e na Irlanda. No sábado votam os eleitores de Eslováquia, Letónia e Malta. Os demais 21 países-membros completam o processo no domingo.
A Holanda e o Reino Unido deram o tiro de partida para um escrutínio que se vai realizar até ao próximo domingo. Ao todo, mais de 380.000.000 de cidadãos são chamados a definir o próximo Parlamento Europeu, numa altura em que a instabilidade económica e o descontentamento social ameaçam polarizar os votos nos movimentos mais resistentes à própria Europa.
Perante as mudanças que estão em jogo, estima-se que a afluência às urnas volte a cair. Nas últimas eleições, o balanço geral situou-se nos 43%. Para colmatar este fenómeno, 4 países impõem o voto obrigatório: Bélgica, Luxemburgo, Grécia e Chipre.
2 países dos 28 já votaram. A extrema-direita esperava melhor resultado na Holanda e o Governo inglês levou um sério “cartão amarelo”.
Na Holanda e em Inglaterra já se votou para as eleições europeias esta quinta-feira. A extrema-direita ficou em 3.º nos Países Baixos e os eurocépticos lideram no Reino Unido.
(Na Holanda) a extrema-direita, do Partido da Liberdade (PVV), de Geert Wilders, não atingiu o objectivo pretendido – a vitória – mas terá ficado em 3.º lugar depois de ter liderado as sondagens nos últimos 2 meses. A sondagem da IPSOS, para a televisão pública, aponta ao PVV 12,2%, atrás de 2 partidos pró-europeus. Geert Wilders culpou a grande abstenção para o mau resultado do seu partido.
Já na Inglaterra a vitória sorriu aos eurocépticos do UKIP, que quer a saída da União Europeia e controlos mais apertados da imigração. Os conservadores, do primeiro-ministro David Cameron levam um “cartão amarelo” e ficam em 3.º lugar ultrapassados pelos Trabalhistas.
O Partido Popular Europeu deverá conservar o maior número de lugares em Estrasburgo e eleger Jean Claude Junker para a Comissão Europeia. Por cá, a votação guina à esquerda. O PS recolhe 36,4% das intenções de voto, segundo a Aximage
Os portugueses darão a vitória ao PS nas eleições do próximo domingo, mas, a nível europeu, a escolha recairá sobre os conservadores do Partido Popular Europeu (PPE), que preserva a maioria no Parlamento.
Certamente que a calendarização das eleições foi por sorteio, caso contrário até ficaríamos desconfiados por os PIGS estarem todos agrupados no último dia para não sermos manipulados pelos “resultados” anteriores…
E pelo que se começa a ver, mais uma vez, as sondagens, que davam ótimos “resultados” à extrema-direita, para já não estão a confirmar-se, o que nos leva a desconfiar que estávamos a ser, mais uma vez e de outra forma, a ser manipulados com esse papão, que afinal é de papelão…
As sondagens a nível europeu parecem querer apelar ao voto nos potenciais vencedores (PPE), o que poderá não ser tão linear, como tudo o previsto nas sondagens não o foi, tanto mais que seria incompreensível que se premiasse os algozes da austeridade, que seria o mesmo que dizer que a maioria dos europeus são masoquistas... A ver vamos!
Como se confirma, a abstenção continua a ser o “partido” mais votado, o que enviesa todas as sondagens, inclusive as feitas em Portugal, o que nos leva a esperar pelos “prognósticos” para o dia 25 para saber se continuamos na mesma ou isto dá uma volta…
Esperemos não voltar ao mesmo, mas vamos esperar até domingo!

Ecos da blogosfera - 23 mai.

Mas votemos! Para ver se os PIGS não ficam tão porquinhos!

Hoje, a União Europeia é um monstro híbrido e perigoso, controlado por uma burocracia que detesta a democracia e que acha que “ela” é que sabe como se deve “governar” a Europa e cada país em particular.
Nas eleições europeias não se discute a Europa porque a Europa que existe não interessa aos seus apoiantes que seja discutida. E a discussão da Europa que se pretende fazer, nas candidaturas do “arco da governação”, na comunicação social ainda mais europeísta, nos meios dos negócios, no “arco dos fundos”, não tem objecto, nem existe, é uma fábula. É a Europa virtual dowishfull thinking para os bem-avontadados e aquela cuja retórica serve os empregos e os negócios dos que estão “por dentro”.
A ficção mais completa sobre a Europa é falarmos da União Europeia como sendo a Europa fundada por Monnet, Schumann, Gasperi, Adenauer e outros. Não é. Esta acabou algures na década de 90, entre a queda do Muro de Berlim, a unificação alemã, a entrada dos países do Centro e Leste para União, a guerra na ex-Jugoslávia. Parece paradoxal que o processo de autodestruição da Europa comunitária, tal como existia no pós-guerra, tenha tido origem naquele que parece ter sido o seu maior sucesso: a “unificação” da Europa dividida pela Guerra Fria, e a extinção da superpotência URSS, cujos tanques permaneciam onde tinham parado no final da guerra. Mas, desde início, estava-se na pura ilusão. A derrota da URSS na Guerra Fria deveu-se aos EUA, principalmente à Administração Reagan, culminando um longo processo de resistência militar, de “inteligência” e político, para qual a maioria dos países europeus, com excepção do Reino Unido, pouco contribuiu e que, em vésperas da própria queda do Muro, contestava recusando-se ao burden sharing que os americanos lhe pediam. A principal contribuição europeia veio de um país que estava do lado errado da Cortina de Ferro, a Polónia, e de uma força que a Europa laica personificada na França, nunca valorizou, o Papa João Paulo II.
Os europeus rejubilaram e um período de grandes ilusões e crescentes egoísmos substituiu o realismo dos “pequenos passos” de Monnet. Passou a considerar-se os EUA o objecto da competição europeia, num remake do gaulismo, acelerou-se a entrada das nações do antigo Pacto de Varsóvia na União, mesmo quando elas estavam escassamente preparadas, ou, pior ainda, quando as nações da União, como a França, não estavam dispostas a dar-lhes o que tinham direito a receber. Pouco a pouco, os efeitos da “unificação alemã”, em conjunto com a pressão da globalização e a necessidade de encontrar uma nova fórmula política, que era de natureza bem distinta daquela que fundara a Europa, visto que introduzia critérios de desigualdade, começaram a fazer estragos no “espírito” inicial.
O Tratado de Nice, o tratado maldito, foi o melhor retrato desse processo, onde se conjugava uma fuga para a frente com um upgrade insensato e imprudente, das instituições europeias, em que a retórica grandiloquente sobre a Europa escondia o retorno a um cada vez maior egoísmo nacional. A Constituição, o mais alto ponto do optimismo europeísta, soçobrou no fantasma do “canalizador polaco” – estava tudo dito e explicado para quem o queria ver. Mas a maioria dos governantes europeus não só não o queria ver como começou uma deriva antidemocrática na União, em que o modus faciendi do Tratado de Lisboa é exemplar.
Hoje, a União Europeia é um monstro híbrido e perigoso, controlado por uma burocracia que detesta a democracia e que acha que “ela” é que sabe como se deve “governar” a Europa e cada país em particular. Os parlamentos nacionais são para esses burocratas o local da irracionalidade da política produzida pelos “incompetentes” dos políticos. A troika foi uma das faces dessa burocracia, que em Bruxelas, Frankfurt, e no Luxemburgo, está encostada ao poder do dia, como sempre esteve. Neste caso, o poder do dia começou por ser um directório França-Alemanha, hoje é só alemão. Se amanhã, por absurdo, fosse inglês ou russo, a mesma burocracia lá estaria encostada a legislar sobre tudo e todos, com uma única racionalidade: a Lei de Parkinson.
A burocracia é um dos aspectos do monstro europeu. Manda muito, mas tem um comando que interioriza como seu, até porque muitos aspectos desse comando encaixam bem no seu modo de actuar. Esse comando reforça-se à medida que a democracia se extingue no processo europeu. De há muito, nenhuma decisão fundamental da União foi levada ao voto popular e, quando o foi, perdeu. A resposta de governos, aliados aos grandes negócios que precisam da União como de pão para a boca, foi retirar deliberadamente e com dolo o processo de decisão europeu do controlo democrático. Esta é a história do Tratado de Lisboa, aprovado sobre a traição de promessas referendárias feitas em muitos países europeus. A partir dessa génese envenenada era só esperar que a União mostrasse uma face agressiva para com alguns dos seus membros, o que aconteceu com a chamada “crise das dívidas soberanas”, criada em grande parte pela sua própria resposta autoritária ao caso da Grécia. A mesma Grécia que se tinha permitido entrar no euro sem para tal ter condições, para maior glória da Europa.

Contramaré… 23 mai.

Acórdão deve ser conhecido antes de 10 de junho e arrisca provocar um enorme rombo orçamental. Salários na Função Pública devem regressar aos níveis de 2010. Cortes deste ano estão em risco de serem devolvidos.
Segundo o jornal, "se o TC chumbar o artigo 33º ‘tout court’, terá como consequência automática a reposição dos salários nos níveis em que estes estavam em 2010, antes mesmo da chegada da troika (excluindo a inflação)".

quinta-feira, 22 de maio de 2014

A tradição das contradições das sondagens. 25 de maio, VOTE!

Marinho e Pinto surpreende
 na vitória europeia do PS
 
(i)
 
Sondagem dá ligeira
vantagem ao PS
 
(DN)
Tendo em conta as percentagens de abstenção registadas e as que em situações anteriores são colossalmente maiores, só quer dizer que estas sondagens devem sair todas “furadas” e que as verdadeiras só as teremos no próximo dia 25 de maio, já neste domingo…
VOTE! É em si e no futuro dos seus que vai apostar…

Ecos da blogosfera - 22 mai.

Os mesmos atores e os mesmos partidos vão mudar a “coisa”?

A troika passou mesmo por aqui. Há mais desempregados, há mais exportações. Mas escutando os nossos líderes, foi como se ela não tivesse passado por cá.
Rui Ramos
A conclusão do programa de ajustamento provou mais uma vez que a oligarquia política portuguesa pode, quando quer, ser divertida.
As oposições andaram 3 anos a bradar contra a troika. Estávamos sob tutela, sem soberania, ocupados, oprimidos. A troika invadira-nos, a troika escravizava-nos. Era quase um episódio de ‘Allo ‘Allo! Ora bem, a troika faz as malas, compra os últimos souvenirs, entra na fila do aeroporto, vai-se embora. E em vez do previsível dia da libertação, Paris em 1944, temos uma indiferença digna da cidade do Porto quando o Benfica ganha o campeonato. As oposições encolhem os ombros: nada mudou, está tudo na mesma. Afinal, segundo a oposição, a troika não tinha importância.
Com o governo, foi ao contrário. Durante 3 anos, tratou a troika como parte da solidariedade europeia que mantinha abertas as portas de escolas e hospitais. A troika nada nos mandava fazer que nós não tivéssemos de fazer de qualquer maneira. Em público, nenhum governante deu a entender que não se sentia livre. Mas eis que o programa chega ao fim, e o que vemos? Festa, champanhe, a ideia da soberania recuperada, um novo 1.º de Dezembro. Subitamente, correm histórias de resistência, de patriotismo de gabinete, de heroísmo de dossier. Afinal, segundo o governo, a troika oprimia-nos.
Mas talvez estas contradições finais não sejam o aspecto mais curioso da crónica dos últimos 3 anos. O primeiro facto importante é este: ninguém esperava o que aconteceu. Nem o governo, nem as oposições. Esta história foi uma sequência de imprevistos. Ninguém antecipou o desemprego, mas também ninguém adivinhou as exportações, nem sequer a paciência dos contribuintes para pagarem, ordeiramente, os equilíbrios orçamentais. Todos os vaticínios falharam: muita gente, com a Grécia à frente, marcou a hora do fim do euro; pouca gente, em Julho de 2012, antecipou o efeito das garantias de Mario Draghi. Andámos de surpresa em surpresa.
Quando começámos, não sabíamos. E agora, que acabámos, o que aprendemos?
O governo desenrola a lista da sua azáfama legislativa – poupando-se, no entanto, a qualquer meditação sobre as metas originais que nunca foram alcançadas, as brutalidades fiscais, as reformas empurradas para dias melhores, as dificuldades políticas, os obstáculos constitucionais. A crise ministerial de Julho de 2013 nunca existiu. Parece que tudo correu bem.
O Partido Socialista passeia novamente José Sócrates e insiste: Portugal tem um único problema — os “neoliberais”. Com os socialistas restituídos aos palácios e aos ministérios, acabam-se os aumentos de impostos e voltam todos os salários e pensões. A concentração sistemática de recursos no Estado não resultou antes de 2011? Resultará agora. Parece que tudo vai correr bem.
A troika passou mesmo por aqui. Há mais desempregados, há mais exportações. Mas escutando os nossos líderes, foi como se não tivesse passado. Porque o outro grande facto desta história é que a oligarquia política sobreviveu à maior crise do regime nos últimos 30 anos. Os mitológicos poderes económicos dão sinais de abalo e recomposição. Os cidadãos corrigiram hábitos e expectativas (poupam mais, por exemplo). Mas no palco político, as mesmas personagens e os mesmos partidos aguardam as eleições europeias do próximo domingo como a repetição de uma velha rábula, sem as dores de cabeça que, noutros países, são a Frente Nacional francesa ou o UKIP inglês. Porque é que haveriam de mudar? O que é que têm para aprender?
Entretanto, uns quantos cidadãos subscrevem uma petição a exigir que “isto” não aconteça “nunca mais”. Nada está menos garantido.

Contramaré… 22 mai.

Caso a proposta da CSU – partido conservador que integra coligação de Angela Merkel – ganhe a forma de lei, os imigrantes que estejam no desemprego por um período entre 3 e 6 meses devem ser repatriados. Isto afetaria 5.600 portugueses atualmente sem emprego na Alemanha.
Segundo números da agência federal do trabalho alemão, 4,4% dos imigrantes portugueses que estão no país estão sem trabalho. Em causa, estão 5.600 num universo de 127.000 cidadãos europeus de origem portuguesa.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Um cardápio variado(?) para escolher nas eleições de domingo

O que têm em comum um alemão, um luxemburguês, um belga e um grego? A ambição de ser o próximo presidente da Comissão Europeia. Martin Schulz, Jean-Claude Juncker, Guy Verhofstadt e Alexis Tsipras são os 4 principais candidatos à sucessão de Durão Barroso.
Pela primeira vez na história da União Europeia, o presidente da Comissão vai ser escolhido tendo em conta o resultado das eleições europeias, ou seja, entre os nomes indicados por cada família política (partidos europeus que agregam os partidos nacionais ideologicamente semelhantes). Até agora, o presidente foi sempre escolhido em negociações de bastidores entre os governos dos vários Estados-membros.
Além destes 4, há mais dois candidatos indicados por famílias políticas, a alemã Ska Keller e o francês José Bové, candidatos pelos Verdes, mas não têm apoio expresso de nenhum partido português.
É um dos presidentes do Parlamento Europeu mais populares de sempre. O emprego jovem é a sua maior bandeira de campanha.
O que pensa sobre:

Emprego e crescimento
Até 2020, os socialistas querem 10 milhões de novos empregos criados a partir de tecnologias da informação, energias renováveis, transportes sustentáveis e investigação. Um acordo a nível europeu, que envolva a coordenação das ações que promovam o crescimento em cada país da União Europeia, é a ideia de Schulz para travar as altas taxas de desemprego.

Disciplina orçamental
Schulz tem vindo a pedir um compromisso entre a política de disciplina orçamental e o investimento no crescimento e no emprego. Os socialistas defendem que os níveis de endividamento e de défice público precisam de ser controlados, mas alegam que, quando a despesa pública é cortada rapidamente, acaba por causar danos sociais, podendo conduzir a uma recessão profunda.

Dívida
É um dos maiores apoiantes da união bancária por considerar que os contribuintes não devem pagar as dívidas contraídas pelos bancos e por afirmar que na Europa se salvaram os bancos, mas ficaram por salvar as pessoas. É um adepto moderado dos “eurobonds” e apoia o fundo de mutualização de dívida.
Federalismo
Sim.
É o candidato da direita e um dos políticos mais experientes na Europa. Foi um dos negociadores de Maastricht, ex-Presidente do Eurogrupo e detém o recorde de 18 anos como primeiro-ministro na UE.
O que pensa sobre:


Emprego e crescimento
“Tão sociais como os socialistas” parece ser o lema de Juncker para o centro-direita europeu. O ex-primeiro-ministro luxemburguês não quer que seja o PPE a carregar todas as culpas da austeridade, enquanto os socialistas têm o “monopólio do coração dos europeus”. Assim, crescimento e emprego também estão no seu programa, mas dependem de reformas profundas nos setores da saúde, sistema de pensões, mercado de trabalho e sistemas fiscais. Com isto, quer estimular a produção industrial, o empreendedorismo e a inovação. A aposta é ajudar os privados, especialmente as pequenas e médias empresas.

Disciplina orçamental
Para Juncker, não há “pausas” na disciplina orçamental. Ela veio para ficar. Especialmente quando países como França estão em perigo de ultrapassar novamente o limite de défice de 3% com que se comprometeram. Despesa pública não equivale a mais desenvolvimento para o ex-governante que, no seu programa, avisa que rejeita gastos “imprudentes” do dinheiro dos contribuintes.

Dívida
A dívida é para ser paga, mas há lugar para solidariedade europeia se for necessário. Para Juncker, acumular mais dívida é antissocial e antidemocrático.
Federalismo
Sim, é um federalista assumido.
É um dos maiores defensores dos Estados Unidos da Europa e isso tem-lhe valido alguns dissabores, mas Guy Verhofstadt não desiste. Quer uma Europa unida e promete lutar contra o euroceticismo.
O que pensa sobre:

Emprego e crescimento
Verhofstadt quer dar mais condições ao setor privado para prosperar, ao mesmo tempo que defende que a aplicação de verbas do orçamento comunitário deve ter como prioridades a inovação e a captação de investimento.
Disciplina orçamental
O nível de disciplina comunitário é suficiente para o candidato, embora ainda não seja “o ideal”.

Dívida
Para Verhofstadt, o mais importante é ter um sistema que permita descer as taxas de juros dos países da zona euro e, para isso, tanto os eurobonds como um fundo de mutualização da dívida são propostas que lhe agradam.
Federalismo
Sim, é um dos mais acérrimos defensores do federalismo europeu.
É um fenómeno de popularidade, não só na Grécia, onde é líder da oposição, mas na maior parte dos países do Sul da Europa. Quer resgatar a União da austeridade imposta por Berlim.
O que pensa sobre:
Emprego e crescimento
Com os atuais níveis de desemprego jovem, Tsipras diz que a Europa está a “assinar a sua carta de suicídio”. Para este candidato, os empregos a criar na UE têm de ser sustentáveis e financiados pelos fundos comunitários.
Disciplina orçamental
A política fiscal europeia em vigor, que obriga à apresentação de orçamentos equilibrados, é “uma ideia perigosa”, segundo Tsipras. O candidato quer suspender a legislação europeia nesta área e instaurar uma política mais flexível consoante a situação económica dos países.

Dívida
Para resolver a crise das dívidas soberanas dentro da União Europeia, Tsipras quer organizar uma Convenção da Dívida Europeia. O político grego considera que o Acordo de Londres no pós-segunda-guerra Mundial (que perdoou parcialmente a dívida alemã e suavizou o pagamento dos juros) é o modelo a seguir na resolução deste problema.
Federalismo
Sim. Tsipras considera que a Europa precisa de um sistema mais parecido com aquele que vigora nos Estados Unidos da América e estruturas federais para manter a sua coesão.

Ecos da blogosfera - 21 mai.

Há uns americanos que ajudam, depois vêm outros e atrapalham

Desde o lançamento da Iniciativa Global de Erradicação da Pólio, liderada pelo Rotary e os seus parceiros – Organização Mundial da Saúde, Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, Unicef e Fundação Bill e Melinda Gates – os casos de Pólio diminuíram em 99%. Em 2013 foram registados apenas 406 casos no mundo. Em 1985, quando o Rotary começou a luta contra a poliomielite, a doença era endêmica em 125 países; hoje, existe em apenas 3: Nigéria, Afeganistão e Paquistão.

Na verdade nem o dinheiro trazido pelos rotários para a Rotary Foundation, nem o dinheiro de celebridades do mundo inteiro, nem o dinheiro da Fundação Bill e Melinda Gates resolve o drama da Pólio na Nigéria.
Na Nigéria, em 2003, o programa de imunização contra a Pólio foi suspenso no norte do país por conta de boatos de que a vacina estava contaminada. Como resultado disso, o vírus nigeriano alastrou-se para vários outros países que já se tinham livrado da Pólio. 
Representantes de organizações internacionais da saúde, e o próprio Bill Gates, encontraram-se com líderes nigerianos e o esforço passou a ser de aumentar e melhorar a cobertura e vacinar o maior número possível de crianças.
Entretanto voluntários rotários, que aplicavam a vacina, foram mortos devido às tensões entre tribos; acreditavam que a vacina seria algo maléfico enviado pela tribo oponente para dizimar as crianças da tribo.
A conclusão a que se chega é que a má informação, associada ao medo de invasões camufladas, promovidas pelos EUA, a exemplo da captura e morte de Bin Laden, fecham as portas para o bem. Eles imaginam que o suposto ingresso de vacinas no país, é um meio de dissimular o ingresso de tropas, de armamento, só para mudar o foco, mudar a atenção.
Até aqui, tudo mais ou menos bem… depois vem o reverso da amedalha:
A CIA, a agência de inteligência dos EUA, comprometeu-se a não voltar a usar campanhas de vacinação falsas nas suas operações de inteligência, como ocorreu há 3 anos durante as buscas por Osama bin Laden, informou o Washington Post, citado pelo portal Terra.
A assessora de Segurança Nacional do presidente Barack Obama, Lisa Monaco, fez tal afirmação numa carta de resposta a outra na qual os decanos de 12 faculdades de saúde pública do país se queixavam do prejuízo que esse tipo de prática representa para toda a comunidade de saúde do país.
Além de Monaco, o Washington Post cita como fonte a porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, Caitlin Hayden. Os decanos escreveram uma carta a Obama em Janeiro de 2013 para protestar pela operação na qual a CIA usou o médico paquistanês Shakil Afridi para conseguir amostras de ADN que pudessem confirmar a presença de Bin Laden em Abbottabad através de uma falsa campanha de vacinação contra a Polio no local.
Essa controvertida operação fracassou e Afridi foi condenado a 23 anos de prisão por traição. "Encobrir operações de inteligência com serviço público humanitário provocou consequências colaterais que afectaram toda a comunidade da saúde pública", escreveram os decanos na sua carta ao presidente.
Segundo o Washington Post, o governo respondeu aos decanos na última sexta-feira e prometeu que a CIA não repetirá esse tipo de prática. "A agência não fará uso dos programas de vacinação para as suas operações, o que inclui os trabalhadores dessas campanhas. Também não buscará obter ou utilizar - para suas operações - as amostras de ADN, ou de outro material genético, que forem recolhidas nesses programas", prometeu o governo na sua carta.

Contramaré… 21 mai.

Portugal está entre os 10 países mais seguros para os recém-nascidos, com uma das taxas de mortalidade neonatal mais baixas do mundo, revela um estudo publicado na revista The Lancet.
Ainda assim, em Portugal morreram 170 recém-nascidos em 2012, revelam os dados da Lancet.
Segundo a revista, o país teve uma redução de 74% na taxa de mortalidade neonatal entre 1990 e 2012 e é o 7.º país do mundo onde aquela taxa mais caiu anualmente.