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sábado, 14 de junho de 2014

Estatísticas, prognósticos e conjuras de outras Copas…

O Mundial 2014 está finalmente aí. Quem passa os olhos pela tabela já marcou os dias dos jogos da sua seleção preferida e está obviamente atento às partidas de Portugal, ao reencontro entre Espanha e Holanda (1-5), aos duelos dos campeões mundiais Inglaterra, Itália e Uruguai, e, claro, aos horários em que jogam outras grandes equipas, como os favoritos Brasil e Alemanha.
Quem gosta de apostas e palpites também já começa a tentar prever os possíveis confrontos das fases finais, imaginar os duelos que só acontecerão daqui a praticamente um mês e apostar no melhor marcador, nas surpresas e nos fiascos.
Se gosta de ir ainda mais além, listamos 6 factos para estar atento durante os 64 jogos do Mundial 2014.
1. Aos 26
Uma das maiores estrelas do futebol contemporâneo, Lionel Messi chega ao seu 3.º Mundial aos 26 anos, a mesma idade com que nomes como Maradona (1986), Zidane (1998) e Ronaldo (2002) roubaram as atenções em outros campeonatos do mundo.
Até hoje, o número 10 argentino ainda não brilhou num torneio deste porte ao mesmo nível do seu desempenho no Barcelona: em 2006, ainda muito jovem, Messi foi pouco utilizado, enquanto em 2010, já protagonista, parou nos guarda-redes adversários, não marcou golos e viu a seleção ser eliminada de goleada perante a Alemanha.
No Brasil, o argentino reúne as melhores condições para se destacar, como o apoio da claque do país vizinho e uma época menos desgastante na Europa. Se não colocar a taça deste Mundial na prateleira, o próximo, aos 30 anos, poderá ser tarde demais.
2. Maldição do melhor do mundo
O italiano Roberto Baggio jogou bem, mas errou a grande penalidade que deu o tetracampeonato ao Brasil em 1994;
Ronaldo Fenómeno chegou a brilhar, mas sofreu uma convulsão e a seleção brasileira perdeu o título para a França em 1998; Luís Figo e Portugal ficaram de fora logo na fase de grupos em 2002; Ronaldinho jogou mal e nem sequer marcou golos em 2006; Messi foi eliminado com goleada também sem ter marcado nenhum golo em 2010.
É este o histórico da maldição do melhor jogador do mundo, que está sempre à espreita dos melhores jogadores do mundo das épocas anteriores desde que a FIFA oficializou o prémio da Bola de Ouro, no início dos anos 1990.
E é com esse peso que Cristiano Ronaldo chega ao Brasil. Grande nome do campeão europeu Real Madrid, CR7 foi o protagonista da classificação portuguesa ao Mundial no confronto do play-off contra a Suécia que deixou Ibrahimovic fora do Mundial.
Convivendo com lesões, Ronaldo não chegou ao país da Copa na sua melhor condição física, nem terá um grupo fácil pela frente – Portugal, que já não tem uma equipa de qualidade incontestável, enfrenta Alemanha, Estados Unidos e Gana. Desafios para Ronaldo, o Bola de Ouro em título.
3. Maratona no sábado
O adepto que acompanha todos os jogos do Mundial pela televisão acostumou-se a ver 3 partidas seguidas durante as 2 primeiras jornadas da 1.ª fase, que em Portugal serão transmitidos nos horários das 17h, 20h e 23h. Mas o 1.º sábado do torneio foge a essa rotina ao oferecer uma partida de bónus aos fãs de futebol.
Serão 4 jogos em horários diferentes, equivalentes a 6 horas (mais os descontos) de futebol em direto, de seguida, no 1.º sábado do torneio, dia 14 de junho: Colômbia x Grécia, às 17h; Uruguai x Costa Rica, às 20h; Inglaterra x Itália, às 22h; e Costa do Marfim x Japão, às 2h.
A mudança dá-se porque a organização quebrou o que vinha a acontecer nas últimas edições, deixando o jogo inaugural solitário no dia da abertura e criando um horário especial - neste caso, o das 22h - para um jogo que ficou a mais no calendário de três jogos por dia.
Isto acabou por ajudar o público japonês, que poderá assistir a esse jogo num horário mais acessível, e garantiu que o jogo entre ingleses e italianos em Manaus, onde o calor é mais preocupante, ficasse para o fim de tarde, já com um sol mais baixo.
4. Maior do que o Fenómeno?
Ronaldo Fenómeno é conhecido por ser o maior marcador da história dos Mundiais, depois de marcar 15 vezes ao longo de 19 partidas, superando o alemão Gerd Müller, que apontou 14 golos. Mas existe um outro alemão que pode superar a marca do brasileiro no Mundial 2014.
Miroslav Klose, que não tem a mesma fama do Fenómeno ou da lenda alemã Müller, chega ao Brasil com 14 golos marcados e a possibilidade real de subir ao primeiro lugar da lista, ao enfrentar Portugal, Gana e Estados Unidos na fase de grupos.
Dentro da seleção alemã, Klose já se tornou o maior marcador da história na última semana, ao fazer o 69.º golo e superar o próprio Gerd Müller, que tinha marcado “apenas” 68.
5. O fantasma de 1950
A vitória do Uruguai sobre o Brasil no jogo final do Mundial 1950 marcou para sempre a história do futebol e também dos 2 países sul-americanos.
Do lado brasileiro, talvez o principal símbolo seja a expressão “complexo de vira-lata”, criada pelo escritor Nelson Rodrigues para simbolizar o trauma sofrido pelos quase 200.000 adeptos que foram ao Maracanã naquele 16 de julho de 1950.
Pela parte uruguaia, a vitória consolidava a boa fase do país dentro de campo, onde chegava ao bicampeonato mundial depois de ser campeão olímpico pela 2.ª vez anos antes – o futebol era o orgulho local diante dos países vizinhos.
Agora, o Brasil volta a sediar um Mundial num momento em que a seleção uruguaia volta a ser respeitada. E um fantasma de 1950, ou o temor de um novo “Maracanazo”, passa pelo pano de fundo desta edição do torneio, ainda que o selecionador alviceleste, Óscar Tabárez, tente sempre minimizar.
Daquele jogo decisivo, quando o Brasil podia empatar, mas perdeu por 2-1, apenas um uruguaio ainda está vivo, precisamente o autor do gol da vitória – Alcides Ghiggia, que já está no Brasil.
6. Cabeça-de-série, eu?
O Mundial conta este ano com a participação inédita de 8 campeões mundiais. Havendo 8 grupos, bastaria colocar uma seleção em cada um deles, certo? Errado. A FIFA, usando o ranking de outubro do ano passado, acabou por promover Suíça, Bélgica e Colômbia a cabeças-de-série neste Mundial.
Das 3, a Colômbia é quem chega menos prestigiada por ter perdido o principal jogador, Radamel Falcao, avançado-centro que acabou por não recuperar a tempo de uma lesão. Mas a dupla europeia, apesar de não ter um histórico que impressione (a Bélgica tem apenas uma semifinal no currículo, e a Suíça alcançou, no máximo, os quartos de final), chega a impor algum respeito.
Falar da “nova geração belga” tornou-se mesmo um cliché na crítica desportiva, e o coletivo arrisca-se a ser a sensação deste Mundial, com jogadores como o guarda-redes Courtois (22) e o médio Hazard (23).
A equipa belga é, de facto, muito jovem, com uma média de idades de 25,5 anos, e fez uma campanha bastante sólida nas eliminatórias, com 8 vitórias, 2 empates e nenhuma derrota. Os principais nomes vêm de uma boa época europeia e a expectativa é de uma campanha de destaque no Grupo H, onde enfrenta Argélia, Rússia e Coreia do Sul.
A Suíça também passou tranquilamente pela qualificação ao Mundial, com 7 vitórias, 3 empates e nenhuma derrota. Os destaques também são jovens, como Shaqiri (22) e Seferovic (22). Conhecida pela defesa sólida, a equipa venceu Alemanha e Brasil em amigáveis recentes e conta com jogadores que levaram o título mundial sub-17 em 2009. No Grupo E, os rivais são Equador, França e Honduras.

Ecos da blogosfera - 14 jun.

Um desafio em que o povo quer ser o árbitro…

A entidade máxima do futebol precisa por os pés no chão e fazer com que a Copa do Mundo volte a ser o que era: apenas um evento esportivo.
Astrid Prange
Finalmente a Copa vai começar! E, quando a bola rolar, todas as preocupações em torno da organização do espetáculo desportivo no Brasil serão coisa do passado, é o que esperam muitos aficcionados pelo futebol. O que interessa são os golos, e o orgulho nacional dos torcedores cresce a cada vitória das suas seleções.
Mas essa expectativa será cumprida apenas em parte. Pois essa Copa mudou o Brasil antes mesmo do apito inicial. E também vai mudar a FIFA. A disposição de sediar uma Copa do Mundo dentro do "padrão FIFA" diminuiu muito, em todo o mundo, depois dos protestos no Brasil. Justamente no país do futebol, o padrão FIFA chegou aos seus limites, e é bom que seja assim.
O Brasil questionou o modelo de negócios da FIFA. Como é possível, indagaram muitos dos 200 milhões de brasileiros, que a Constituição e a legislação do país sejam parcialmente suspensas por causa de uma Copa do Mundo? Que uma lei especial aprovada às pressas suspenda a proibição da venda de álcool nos estádios? Como é possível que, para patrocinadores e dirigentes, existam leis diferentes daquelas válidas para a população? E que uma federação desportiva e os seus parceiros fechem contratos à custa do bem coletivo e restrinjam a liberdade de circulação de milhões de pessoas?
A população brasileira questionou tudo isso. E a mensagem chegou ao governo. A presidente Dilma Rousseff não se cansa de salientar que os gastos com educação e saúde aumentaram, apesar ou justamente por causa da Copa do Mundo.
Também entre algumas federações que fazem parte da FIFA, especialmente a UEFA, cresce a opinião de que, politicamente, megagastos em megaeventos são cada vez mais difíceis de serem justificados. Especialmente quando custos e lucros são distribuídos de forma desigual, como agora no Brasil.
Uma Copa do Mundo não é uma cúpula de chefes de Estado nem uma missão de paz das Nações Unidas. A FIFA deveria pôr um fim à sua ascensão política e comercial e pôr os pés no chão, deveria lembrar-se da sua tarefa original e simplesmente realizar um torneio desportivo em cada 4 anos. Os estádios de uma Copa não dependem de sala VIP ou de poltronas confortáveis para que neles seja jogado um futebol de nível mundial. Um presidente da FIFA não é um chefe de governo ou de Estado e, portanto, não tem direito a um tratamento destinado a visitas oficiais.
A população brasileira obrigou a aparentemente toda-poderosa FIFA e os seus parceiros a reconhecer esses factos. Os protestos da população acordaram os senhores do futebol do seu sono bilionário de Bela Adormecida. No futuro, para ser bem-sucedida, uma Copa deverá ajustar-se às necessidades do respetivo país anfitrião, e não só às exigências da FIFA. Esta também terá de rever o seu processo de escolha para as futuras sedes do evento. Certamente tudo isto não prejudicará a qualidade do futebol. E a Copa do Mundo pode começar. Finalmente!

Contramaré… 14 jun.

O procurador do MP José Góis não quantificou a pena, mas fez questão de pedir ao colectivo de juízes uma sanção "superior à média da moldura penal" para os 3 arguidos. Tendo em conta que essa média é justamente de 5 anos, o MP defende uma pena sempre superior a 5 anos. A acusação diz que ficou provado que Rendeiro e os 2 principais administradores do BPP, Salvador Fezas Vital e Paulo Guichard, esconderam a situação da Privado Financeiras, já em sérias dificuldades e com uma dívida de 250 milhões de euros, "enganando" e convencendo os clientes a aumentar o investimento: "Os arguidos conseguiram dar cabo de um banco e o julgamento serve para perceber se são apenas incompetentes ou se são burlões."

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Quem semeou ventos sabia que (o povo) ia colher tempestades

O chefe da ONU pediu que "sejam respeitadas as leis humanitárias internacionais e os direitos humanos nas ações para combater a violência e o terrorismo no Iraque", completou o porta-voz.
Além disso, Ban "condena fortemente o aumento da violência de grupos terroristas no Iraque, como o Estado Islâmico no Iraque e no Levante (Eiil), que assumiu o controlo de Mossul, Tuz Khurmatu, Baiji e Tikrit".
"O terrorismo não tem o direito de romper o caminho para a democracia traçado pela vontade do povo iraquiano", frisou.
De acordo com a ONU, mais de 8.860 pessoas foram mortas no Iraque em 2013 - o maior número desde o auge das insurgências no país entre 2006 e 2008. Até agora, este ano, mais de 4.700 pessoas foram mortas em ataques, muitas delas em Anbar.
O governo perdeu o controlo de grandes partes do oeste e do norte do Iraque, com o ISIS explorando a disputa entre o governo e a minoria sunita, que consideram que Maliki monopoliza o poder e os persegue com prisões em massa em nome do combate ao terrorismo.
Apesar desta oposição política e armada ao governo, e a sua incapacidade de expulsar os militantes de Anbar, a coligação formada por Maliki conquistou a maior parte dos assentos no Parlamento nas eleições de abril.
Militantes islamitas no Iraque tomaram mais 2 cidades, aumentando as áreas sobre o seu controlo no país e intensificando os temores de uma ofensiva contra Bagdad.
Os islamitas sunitas do Estado Islâmico do Iraque e Levante (ISIS, na sigla em inglês) ocuparam Saadiya e Jalawla na província de Diyala. As forças de segurança do governo abandonaram suas bases na região.
O ISIS já havia ocupado anteriormente as cidades de Mosul e Tikrit. Analistas temem que os insurgentes islamitas sunitas estejam a deslocar rumo ao sul, em direção a Bagdad e outras áreas controladas pela maioria xiita, que os militantes sunitas veem como "infiéis". O grupo pode almejar a criação de um emirado islamita na região, unindo partes do Iraque e da Síria que estão sob o seu comando.
A ascensão do ISIS poderia provocar um conflito tanto com o governo xiita do primeiro-ministro iraquiano, Nouri Maliki, como com o Irão, país também governado por uma maioria xiita.
O governo dos Estados Unidos disse estar a considerar "todas as opções" contra os insurgentes sunitas - sem descartar a possibilidade de envio de tropas ao Iraque.
O porta-voz do Estado Islâmico disse que o grupo tem contas antigas para acertar com o governo do primeiro-ministro Nouri al-Maliki em Bagdad. O líder iraquiano, um xiita, tenta manter-se no poder depois de eleições indefinidas em abril. "Marcharemos sobre Bagdad porque temos lá contas a acertar", disse conclamando os seus seguidores num áudio divulgado em sites normalmente usados pelo grupo.
O secretário de Estado americano, John Kerry, disse neste sábado que os Estados Unidos vão ajudar o Iraque "no que for possível" a lutar contra a Al-Qaeda, mas descartou que tropas americanas voltem a pisar no país árabe.
Pelo que se vai sabendo (na imprensa brasileira) o regime “democrático” implementado à força no Iraque, e sem autorização da ONU, é agora preocupação do seu chefe, quando antes nada fez para impedir a guerra, que teve como consequência direta, a morte de milhares de militares invasores e centenas de milhares de civis iraquianos, sem contar com os feridos e estropiados. Até dá vontade de pensar e dizer: o que são mais 8.860 comparado com o total das vítimas?
Só quem é inocente, nerd ou mal-intencionado poderia pensar no sucesso(?) de tal operação bélica e que fosse à força que se constrói uma democracia, que é exatamente o contrário de tal metodologia… Só interesses obscuros justificariam a invasão ou a demência de quem sonhou e desenhou tal projeto.
Semearam ventos e agora quem colhe as tempestades é o povo anónimo e inocente, como consta de todas as guerras…
Entretanto, depois da retirada acelerada das tropas estrangeiras, teria que recomeçar a luta fratricida, pelas mesmas razões que estiveram(?) na origem da intervenção, fosse de ordem étnica, religiosa, estratégica, económica ou política…
Agora, quem ficou, que se amanhe, porque a comunidade internacional só lhe promete solidariedade, mas não mais apoio militar, que não serviria para nada, ou melhor, serviria para piorar a situação e adiar a solução do que não tem outra solução…
Como em tudo, nos dias que correm, somos todos levados na conversa de alguns líderes megalómanos, que se travestem de falcões e senhores do mundo, como se houvesse donos do nosso mundo e da soberania das nossas nações…
E agora? Não há punição para os conhecidos infratores do direito internacional: George W. Bush, Tony Blair, José Maria Aznar e Durão Barroso e uns tanto mais?
Parabéns a todos por tão altos benefícios que trouxeram à humanidade e que Deus/Alá lhes perdoe!

Ecos da blogosfera - 13 jun.

O que menos interessa é a bola…

O Brasil foi a primeira Seleção a dar o pontapé de saída do Mundial com o jogo de ontem à noite frente à Croácia.
Portugal só joga na segunda-feira frente à Alemanha. Até lá conheça algumas das campanhas que, se a publicidade fosse o Mundial, teriam levado para casa o título de melhor do Mundo.
Ana Marcela
1. The Last Game
Cliente: Nike - Agência: W+K e Passion


2. The Game Before the Game
Cliente: Beats Electronic/Apple - Agência: R/GA - Produtora: The Sword Fight


3. Mineros - Para um chileno, nada é impossível
Cliente: Banco de Chile - Agência:Prolam Young & Rubicam - Produtora: Fábula


4. Samba de Portugal
Cliente: Visa Brasil - Agência: AKQA Brasil - Produtora: Krypton


5. Nico Calabria's Story of Defying Expectations
Cliente: Powerade - Agência: Wieden + Kennedy, Amesterdão - Produtora: Widescope Productions

Contramaré… 13 jun.

Chefe de Estado faz ultimato aos partidos, chamando-os para um compromisso e pedindo-lhes que ponham o “superior interesse nacional” acima dos interesses partidários.
O Presidente da República já estabeleceu o prazo: o próximo Orçamento do Estado, ou seja, o início de Outubro. Até lá, Cavaco Silva quer um “entendimento partidário de médio prazo” sobre a sustentabilidade da dívida pública e sobre as reformas para estimular a competitividade da economia. Para evitar que os portugueses tenham que voltar a “pagar um preço muito elevado”.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

A mentecapta Lealdade: "Co-o-elhinho, se eu fosse como tu…"

Teresa Leal Coelho teceu duras críticas ao Tribunal Constitucional (TC). A vice-presidente do PSD acusa o Palácio Ratton de fazer juízos políticos e diz que se os membros do TC “não aceitam críticas”, então não possuem condições para “assumir o cargo”.
Os casos continuam a acumular-se e a indicar o seguinte: o vasto complexo financeiro-especulativo que lucrou com a insustentabilidade que levou à crise continua a fazer das suas, em Portugal e fora de Portugal. Este é o verdadeiro cartel de interesses obscuros que importa desmantelar, e não a Constituição.
Sandro Mendonça
Diz-me quem respeitas, dir-te-ei quem és
Sobre o sistema de "pesos e contrapesos" da República Portuguesa já sabemos o que pensa o poder actualmente instalado na governação. Por exemplo: Marco António Costa, enquanto porta-voz do PSD, afirma que o Tribunal Constitucional arrasta o país para o passado e a vice-presidente do PSD, Teresa Leal Coelho, acusa os juízos do TC de fazerem política e de não têm condições para exercer o cargo . Estes dirigentes sabem bem o que estão a fazer: tal "bullying" é uma tentativa de condicionar os árbitros da vida institucional; são "mind games" que ocorrem fora dos 4 cantos do jogo normal do sistema da política nacional.
Sabemos como esta insubmissão interna está em contraste com o modo manso como os mesmos se curvam aos ditames dos prestamistas predadores que têm ameaçado o país na cena internacional. Estes ditames não podem ser, contudo, "razão atendível" para dobrar a lei fundamental. E, curiosamente, o clube de combate retórico que zurze contra os alicerces da ordem democrática é sempre o primeiro a auto-intitular-se adepto da sacralidade da Constituição (desde que seja a norte-americana!) e a mostrar-se timorato súbdito do Tribunal Constitucional (desde que seja o alemão!). Os hábitos estão, portanto, ao contrário. Na prática, a fonte de respaldo para a conduta do governo parece estar invertida.
A governança do sector privado é que falha demasiado
O que parece ser um facto é antes o seguinte: os problemas relacionados com a ordenação constitucional incompleta e disfuncional parecem concentrar-se mais no próprio sector privado. Uma economia de mercado não depende só de leis impostas de fora, mas também do nexo de regras que acaba por ter de desenhar por si própria e para si própria. A isso chama-se "governança societária"... e nas grandes empresas portuguesas esta tem falhado. Neste campeonato, aliás, o sector financeiro tem sido campeão.
Já sabíamos dos problemas de auto-regulação societária que permitiram que má-conduta levasse a implosões como nos casos do BPN e do BPP. E vimos, também, como desentendimentos ao mais alto nível levaram a casos como o MillenniumBCP (disputas obscuras entre Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto , o tal da "razão atendível") e o Banif (convulsões familiares e laranjas) os quais induziram também as intervenções de pronto-socorro do Estado. A organização das grandes instituições de um sector sistemicamente importante revela-se, portanto, demasiado frágil.
Banqueiros que de santo não têm nada mas de sombra têm muito
Mas tudo isto parece empalidecer com o BES. Este é o banco presidido por quem há pouco tempo se esqueceu de declarar 8,5 milhões de euros ao fisco. Este é também o mesmo gestor que ainda mais recentemente culpa o contabilista pelas irregularidades financeiras graves respeitantes a 1.200 milhões de euros que levaram a Procuradoria do Luxemburgo a abrir um inquérito. Tudo isto no mesmo banco onde agora, graças a um trabalho de jornalismo económico de investigação do Expresso, se descobriu um desvio de 5.200 milhões no seu ramo em Angola.
E, assim, o que temos aqui parece sugerir no mínimo uma falha grave de "corporate governance". Mas há talvez um défice de transparência relacionado com um problema construído e não resolvido de "risco moral". Lembremo-nos que, de acordo com a imprensa, foi Ricardo Salgado que em Janeiro de 2010 liderou o grupo de gestores de topo que tirou o tapete à reforma do "Código de Bom Governo das Sociedades" do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), a qual estava a ser proposta na altura por Rui Vilar, João Talone e António Borges.
Há cerca de um ano o ainda-presidente-do-BES, Ricardo Salgado, disse que os portugueses não querem trabalhar" e que preferem viver à sombra do "subsídio de desemprego". Pior que isso só aqueles portugueses que vivem à sombra da sombra. Talvez seja sobre estas e outras questões que o actual governo de Portugal deva exigir uma "aclaração".
Intervenção da Deputada Isabel Moreira

Ecos da blogosfera - 12 jun.

A “rede neural em modo padrão suprimida” aplica-se na política?

A pergunta mais frequente das 250.000 pessoas inscritas no meu curso de liderança online é "Como posso lidar com o meu chefe que, além de dissonante, é bastante negativo?" Esses chefes são "dissonantes" no sentido em que perderam o contacto consigo mesmos, com os outros e com o que os rodeia - e isso não é nada de novo. Dão a impressão de negativos, centrados em si mesmos, unicamente preocupados com números, e os empregados sentem-se tratados como recursos ou propriedades, e não como seres humanos.
Richard E. Boyatzis
Por que se encontram estas pessoas em posições de gestão? Muitas vezes, é porque lhes desculpamos a incompetência ou o comportamento rude, talvez por terem sido eles a angariar o melhor cliente que a empresa já teve, ou por serem filhos do dono da maior parte das ações da empresa. Outras vezes desculpámo-los com base em normas organizacionais (i.e., as pessoas podem ser excessivamente analíticas), ou políticas que dificultam tanto o despedimento que preferimos conviver com tais incompetências. Poder-se-ia pensar que, com todos os programas de MBA e formações em gestão disponíveis hoje em dia, esta dinâmica já se teria alterado. Infelizmente, a evidência empírica sugere o contrário - estes programas centram-se muitas vezes em análises que, como explico mais adiante, destroem a capacidade de abertura a ideias novas.
Até um líder ou gestor eficaz pode tornar-se dissonante (i.e. perder contacto com os outros, os clientes, o ambiente) ao longo do tempo. Normalmente, isso deve-se a serem demasiado analíticos. Concentram-se em métricas, números e análise de problemas. Ao fazê-lo, incentivam demasiado um circuito neural chamado "rede positiva da tarefa" que é útil para a concentração, a resolução de problemas e a tomada de decisões. Sabemos, da neurociência, que a ativação frequente desta rede suprime a "rede neural em modo padrão", que é fundamental para estar aberto a ideias novas, às pessoas e a preocupações morais. As pessoas com uma rede neural em modo padrão suprimida têm dificuldade em ver o que as rodeia. Por vezes, um chefe é dissonante por ser uma pessoa negativa ou egocêntrica, ou apenas assustada e defensiva. Nada disto desculpa os seus comportamentos inadequados, mas ajuda-nos a compreender porque sofrem de uma síndrome em que o stresse crónico ou o estar à defesa destruiu a sua capacidade de se renovarem e serem corteses, agradáveis e quase sempre muito mais eficazes.
Que fazer, então, se o seu chefe caiu nesta armadilha? Antes de mais, reconheça que esses chefes se estão a diminuir a si mesmos e à sua capacidade de liderar os outros eficazmente. Podem cumprir tarefas conhecidas, sobretudo de rotina, mas este estilo tem como retorno um menor índice de inovação, níveis mais baixos de empenho dos empregados e, frequentemente, fraco desempenho das equipas.
Em segundo lugar, é fundamental falar com um chefe destes. Veja se uma conversa franca pode ajudá-lo a entrar naquilo a que eu e os meus colegas chamamos Processo de Renovação. Durante um café, almoço ou jantar, peça-lhe que visualize um futuro desejado, colocando-lhe perguntas como: "Como poderia ser esta organização dentro de 10-15 anos, se tudo fosse ideal?" Pode fazê-lo perguntando-lhe qual é o propósito central da organização, ou mesmo a sua visão nobre. "Qual é o nosso objetivo?" Não pergunte, "como estamos?", mas "por que razão existimos e como servimos a nossa organização e a sociedade?" Por vezes, podemos chegar ao mesmo resultado se fizermos perguntas acerca de valores e virtudes fundamentais: "Se estivéssemos a ser consistentes com os nossos valores, como devíamos agir um com o outro? Com os nossos clientes/vendedores, comunidade?"
Do ponto de vista da neurociência, tudo isto estimulará o Sistema Nervoso Parassimpático, ativando o modo padrão, que é o estado em que o nosso corpo se pode reconstruir e a única maneira de recuperar do stresse. Sei que estará a pensar que não deve ser o terapeuta do seu chefe, o que é verdade. Mas pode ser um amigo ou conselheiro valioso, mesmo para o seu chefe.
Lembre-se de que ele não iniciou um percurso de negatividade da noite para o dia. Reverter este processo demorará ainda mais tempo. Porém, conversas breves acerca de temas positivos podem, parafraseando a ‘Guerra das Estrelas’, "trazê-lo para o lado luminoso da força". A minha experiência indica que esta abordagem resulta 20-30% das vezes. E quando resulta, terá reconstruído uma relação positiva com o seu chefe e tê-lo-á ajudado a ser novamente um líder eficaz.
Se não resultar, tente a 3.ª opção: talvez possa arranjar ajuda para o seu chefe. Pergunte-lhe se tem um "coach" ou um conselheiro de confiança. Com quem fala quando precisa de conselhos ou ajuda? Fale com alguém dos RH, que seja mais velho e refletido, sobre a possibilidade de ajudar o seu chefe.
Se nada parecer ajudar, a 4.ª opção é proteger-se a si próprio e à sua sanidade. Melhore e aumente a frequência de atividades de renovação positiva na sua vida pessoal e no dia de trabalho (i.e., meditação, ioga, oração, ajudar os outros, gracejar, sentir esperança no futuro). A sua missão é proteger-se a si mesmo, assim como ao seu pessoal e à sua unidade organizacional. Isto, porém, pode ser extremamente cansativo e esgotante. E, embora de início talvez não veja as consequências, a sua família pode começar a senti-las. E o trabalho pode tornar-se apenas isso - trabalho - e não o desafio estimulante e divertido que costumava ser.
Isto conduz a uma opção final - ir-se embora! Chega uma altura em que tem de proteger a sua criatividade e espírito e encontrar outra coisa para fazer ou outro sítio onde fazê-la. Porque a vida é demasiado curta para ser desperdiçada a lidar com um chefe sem contacto com a realidade.

Contramaré… 12 jun.

A cidade de Nova Iorque vai pagar 600.000 dólares (cerca de 443.000 euros), a um grupo de 14 manifestantes de indignados do movimento 'Occupy Wall Street' que apresentou uma queixa no tribunal pela atuação policial durante os protestos no dia 01 de janeiro de 2012. Segundo a queixa, os agentes policiais ordenaram que dispersassem, mas em vez de lhes permitirem que dispersassem, detiveram-nos.
Os advogados do grupo asseguram que se trata do maior acordo alcançado até agora em Nova Iorque relacionado com os protestos do 'Ocupy Wall Street'.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

“God bless America!” ou “God help America”?


Um aluno de uma escola de Portland, nos Estados Unidos, foi morto a tiro por um homem com uma arma semi-automática. As autoridades norte-americanas dizem que o atirador também morreu. Por enquanto são desconhecidas as razões que levaram a mais este tiroteio numa escola norte-americana. O presidente dos Estados Unidos diz que está preparado para tomar mais medidas restritivas do porte de arma.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apelou para um "exame de consciência" dos norte-americanos sobre a violência com armas, avisando que os tiroteios mortais estão a crescer de uma forma que nenhum outro país desenvolvido toleraria.

Obama manifestou-se frustrado e desapontado por não existir qualquer mobilização para a reforma legislativa sobre o porte de arma, enquanto crescem os tiroteios em massa.

"Somos o único país desenvolvido onde isto acontece e agora acontece uma vez por semana", disse Barack Obama, horas após o ataque em Oregon. "Não há outro lugar como este", afirmou, considerando que a América devia envergonhar-se por não ter sido capaz de aprovar reformas mais moderadas sobre as armas.

Obama disse que a "maior frustração" da sua presidência até agora foi Washington não ter dado "passos fundamentais" para afastar as armas das mãos de pessoas que podem causar "danos inacreditáveis".

O presidente norte-americano tentou, sem sucesso, introduzir restrições moderadas na compra de certos tipos de armas, após o massacre de Newtown, no qual 20 crianças e 6 adultos foram mortos, em dezembro de 2012. "Os nossos níveis de violência armada estão incontroláveis, não há nenhum outro país desenvolvido na terra onde isto se coloca", adiantou.

Para Obama, a única forma de o atual estado das coisas mudar seria se a opinião pública influenciasse o legislador que tem "terror" do poder do lobby da Associação Nacional de Armas.
Pelo que se vai constatando e o poder norte-americano tem consciência disso, nos EUA os tiroteios mortais estão a crescer ao ritmo de um por semana, facto que nenhum outro país desenvolvido toleraria, o que quer dizer que ou os EUA tem um conceito muito restrito de “desenvolvimento” ou não exerce o poder dentro de portas, que exige que outros países o façam.
E por isso, não se entende a frustração e o desapontamento de Obama por ainda não ter legislado sobre a limitação do porte de arma, para não permitir que as armas vão cair nas mãos de pessoas incontroláveis… Quem tem poder para decidir iniciar guerras noutros países, sempre longe do seu território, e não consegue decidir iniciar uma “guerra” interna contra o lóbi da Associação Nacional de Armas, deve fazer “um exame de consciência” para ter consciência das restrições democráticas que ainda vigoram sobre o poder político…
É fácil perceber que quem tem uma arma à mão de semear e desde criança tem por brincadeira treinar tiro ao alvo, é um potencial assassino, como demonstra a história norte-americana, desde os seus primórdios e mais recentemente… Digamos que a tão condenada “violência doméstica”, que se regista nos países mais desenvolvidos, caso não houvesse limites ao porte de arma, como nos EUA, a “coisa” seria dramática…
Acresce que a cultura de guerra, de violência, de terror e da pena de morte, que há mais de um século dá origem a gerações com stresse pós-traumático de guerra, não podia ter outro resultado, por incutir a desvalorização da vida do outro e banalizar a morte e a mortandade…
Por fim, o "terror" do lóbi da Associação Nacional de Armas, que se aponta à opinião pública, tem mais a ver com o lóbi da indústria de armamento, que contribui para a economia norte-americana, e para o enriquecimento dos respetivos lobistas, da mesma forma que o “Obamacare”, um SNS, é rejeitado por uma população que “prefere” pagar às grandes seguradoras privadas, em regra propriedade de quem está no poder e tem poder por isso…
Americanices, que só quem está longe vê, porque o deixam ver, sem manipulação nem mentiras…
“God bless America!” ou “God help America”?

Ecos da blogosfera - 11 jun.

Quando os homens (miúdos) falham só resta a fé na esperança

Um momento histórico, uma imagem indelével: o encontro de oração no Vaticano com o Papa Francisco e os presidentes israelita e palestiniano, Shimon Peres e Mahmoud Abbas, na presença do Patriarca de Constantinopla Bartolomeu I. As invocações foram proferidas em várias línguas, todas elas dirigidas para uma só prece: a paz na Terra Santa.
O local do encontro foi um cantinho relvado nos Jardins Vaticanos. O Papa Francisco, o Patriarca Bartolomeu e os 2 Presidentes ficaram no centro enquanto as delegações, os cantores, os músicos e a imprensa ladearam este encontro memorável.
Usaram da palavra os 3 protagonistas: o Papa Francisco e os presidentes Peres e Abbas.
Com grande alegria vos saúdo e desejo oferecer, a vós e às ilustres Delegações que vos acompanham, a mesma recepção calorosa que me reservastes na minha peregrinação há pouco concluída à Terra Santa.
Agradeço-vos do fundo do coração por terdes aceitado o meu convite para vir aqui a fim de, juntos, implorarmos de Deus o dom da paz. Espero que este encontro seja um caminho à procura do que une para superar aquilo que divide.
E agradeço a Vossa Santidade, venerado Irmão Bartolomeu, por estar aqui comigo a acolher estes hóspedes ilustres. A sua participação é um grande dom, um apoio precioso e testemunho do caminho que estamos a fazer, como cristãos, rumo à plena unidade.
A vossa presença, Senhores Presidentes, é um grande sinal de fraternidade, que realizais como filhos de Abraão, e expressão concreta de confiança em Deus, Senhor da história, que hoje nos contempla como irmãos, um do outro, e deseja conduzir-nos pelos seus caminhos.
Este nosso encontro de imploração da paz para a Terra Santa, o Médio Oriente e o mundo inteiro é acompanhado pela oração de muitíssimas pessoas, pertencentes a diferentes culturas, pátrias, línguas e religiões: pessoas que rezaram por este encontro e agora estão unidas connosco na mesma imploração. É um encontro que responde ao ardente desejo de quantos anelam pela paz e sonham um mundo onde os homens e as mulheres possam viver como irmãos e não como adversários ou como inimigos.
Senhores Presidentes, o mundo é uma herança que recebemos dos nossos antepassados, mas é também um empréstimo dos nossos filhos: filhos que estão cansados e extenuados pelos conflitos e desejosos de alcançar a aurora da paz; filhos que nos pedem, para derrubar os muros da inimizade e percorrer a estrada do diálogo e da paz a fim de que triunfem o amor e a amizade.
Muitos, demasiados destes filhos caíram vítimas inocentes da guerra e da violência, plantas arrancadas em pleno vigor. É nosso dever fazer com que o seu sacrifício não seja em vão. A sua memória infunda em nós a coragem da paz, a força de perseverar no diálogo a todo o custo, a paciência de tecer dia após dia a trama cada vez mais robusta de uma convivência respeitosa e pacífica, para a glória de Deus e o bem de todos.
Para fazer a paz é preciso coragem, muita mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não ao conflito; sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações e não às hostilidades; sim ao respeito dos pactos e não às provocações; sim à sinceridade e não à duplicidade. Para tudo isto, é preciso coragem, grande força de ânimo.
A história ensina-nos que as nossas forças não bastam. Já mais de uma vez estivemos perto da paz, mas o maligno, com diversos meios, conseguiu impedi-la. Por isso estamos aqui, porque sabemos e acreditamos que necessitamos da ajuda de Deus. Não renunciamos às nossas responsabilidades, mas invocamos a Deus como acto de suprema responsabilidade perante as nossas consciências e diante dos nossos povos. Ouvimos uma chamada e devemos responder: a chamada a romper a espiral do ódio e da violência, a rompê-la com uma única palavra: “irmão”. Mas, para dizer esta palavra, devemos todos levantar os olhos ao Céu e reconhecer-nos filhos de um único Pai.
A Ele, no Espírito de Jesus Cristo, me dirijo, pedindo a intercessão da Virgem Maria, filha da Terra Santa e Mãe nossa:
Senhor Deus de Paz, escutai a nossa súplica!
Tentámos tantas vezes e durante tantos anos resolver os nossos conflitos com as nossas forças e também com as nossas armas; tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas; tantas esperanças sepultadas... Mas os nossos esforços foram em vão. Agora, Senhor, ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: “nunca mais a guerra”; “com a guerra, tudo fica destruído”! Infundi em nós a coragem de realizar gestos concretos para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos Profetas, Deus Amor que nos criastes e chamais a viver como irmãos, dai-nos a força para sermos cada dia artesãos da paz; dai-nos a capacidade de olhar com benevolência todos os irmãos que encontramos no nosso caminho. Tornai-nos disponíveis para ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Mantende acesa em nós a chama da esperança para efectuar, com paciente perseverança, opções de diálogo e reconciliação, para que vença finalmente a paz. E que do coração de todo o homem sejam banidas estas palavras: divisão, ódio, guerra! Senhor, desarmai a língua e as mãos, renovai os corações e as mentes, para que a palavra que nos faz encontrar seja sempre “irmão”, e o estilo da nossa vida se torne: shalom, paz, salam! Amen.
Um sentido agradecimento foi dirigido ao Papa Francisco, quer pelo presidente Peres, quer pelo presidente Abbas por ter proposto no Vaticano este encontro. Ambos tomaram a palavra.
Ouçamos primeiro Shimon Peres que se expressou em hebraico que afirmou que se deve pôr fim “à violência” e “ao conflito”: “Dois povos – israelitas e palestinianos – desejam ardentemente a paz. As lágrimas das mães sobre os seus filhos estão ainda marcadas nos nossos corações. Nós devemos pôr um fim aos gritos, à violência, ao conflito. Nós todos temos necessidade de paz. Paz entre iguais.”
A realização da verdade, da paz e da justiça foi a prece do presidente Mahmoud Abbas que falou em árabe: “Por isso pedimos-Te, Senhor, a paz na Terra Santa, Palestina e Jerusalém, juntos com o seu povo. Nós pedimos-Te par tornar a Palestina e Jerusalém, em particular, uma terra segura para todos os crentes, e um lugar de oração e de culto para os seguidores das 3 religiões monoteístas.”
Com as palavras dos 2 presidentes, israelita e palestiniano, terminou este encontro que ficou marcado por um cordial abraço e pelo plantar de uma oliveira para a paz.
O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair foi nomeado emissário do Quarteto para o Médio Oriente - Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Nações Unidas -, promotor do processo de paz israelo-palestiniano, anunciou hoje a ONU. (27-06-2007)
Em Dezembro de 2007, Tony Blair anunciou oficialmente a sua conversão ao catolicismo, deixando a Igreja Anglicana. Numa conferência em abril de 2008 pronunciada na Catedral de Westminster perante umas 1.600 pessoas, Blair destacou a importância da religião em um mundo globalizado. Disse que a religião poderia "despertar a consciência do mundo" e a ajudar a alcançar os Objetivos do Milénio da ONU contra a pobreza e a fome, entre outras causas nobres.
E dada a inocuidade do trabalho realizado por este “cristão-novo”, reconhecendo-o, Tony Blair entregou a sua missão nas mãos de Deus…
Haja fé na esperança!
Imagem 1 e 2