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sábado, 26 de julho de 2014

Uma crónica repetida ciclicamente… A próxima será uma cópia!

Homenagem a 1.700.000 de seres humanos sob cerco em Gaza, em que cada dia parece uma eternidade. E de nada serve dissertar sobre o silêncio do mundo, escreve este editorialista palestiniano.
Shaffaf | Hassan Khader
Cerca de 1.700.000 de seres humanos na banda de Gaza. Meninos e meninas, maridos e esposas, pais e mães, crianças, adolescentes, idosos, doentes, saudáveis, ricos e pobres: todos estão expostos a uma morte que atinge cegamente. Ninguém sabe quando vai morrer, mas as explosões que às vezes soam tão longe como perto, fazem da morte uma hipótese mais do que provável.
Não há heroísmo na guerra ou na morte. O pior não é a morte; é esperá-la. O verdadeiro heroísmo é o que 1.700.000 de seres humanos, durante 7 dias por semana, 24 horas por dia, 60 minutos por hora, 60 segundos por minuto, a fim de permanecer vivo, não enlouquecer e não cruzar a linha tênue que separa o humano do animal.
Em Gaza, não há abrigos onde se refugiar, nem sirenes para alertar as pessoas para a aproximação de um avião de combate, nem "Iron Dome" [nome do escudo antimísseis israelita], nem defesa antiaérea, nem médicos com equipamentos médicos de ponta, nem todos os tipos de outras maneiras de salvar vidas.
Nada de novo
Se uma casa desaba sobre os seus habitantes, o problema está resolvido. Mas se os habitantes sobrevivem, o problema permanece sem solução. Porque então passam por novos horrores: desprovidos, nus, condenados a encontrar um outro lugar para se abrigar.
1.700.000 de seres humanos sob um céu de chumbo, numa terra quente. Nada serve dissertar sobre a impotência árabe. Há muito tempo que já se constatou. De nada serve denunciar o silêncio do mundo e a falta de consciência internacional. Há muito tempo que isto acontece. De Nada serve falar dos crimes de guerra do Estado de Israel contra civis. Há muito tempo que se diz.
Todas essas palavras fazem parte de um universo familiar ao que o jornalista recorre quando é forçado a escrever sobre este assunto sobre o qual ele já desenvolveu todas as análises, interpretações e comentários imagináveis ​​e inimagináveis. Nada de novo. Por que a guerra atual seria diferente das anteriores e, sobretudo, das que virão daqui a um ano ou dois?
Viver no inferno
Tudo isso não tem nenhum interesse para 1.700.000 de seres humanos para que cada dia pareça uma eternidade, já que nada no mundo lhes pode garantir que esse não será o último, mas que não esperam muito da noite, que nada lhes garante ter a certeza se vão acordar no dia seguinte.
As pessoas não sabem a realidade dos horrores por que eles passam, depois de poderem respirar novamente. Só nestes momentos é que podem explicar o que significa viver no inferno. Só então é que eles entendem o heroísmo da vida quotidiana com tudo o que isso implica de banalidade, de rotina, as coisas insignificantes.
O heroísmo de se comportar normalmente, apesar da morte que ronda, entre uma mãe e os seus filhos. O heroísmo dos pais que não podem salvar os seus filhos da morte, procurando manter algo do papel paternal.
Esperando a próxima guerra
Todos nós, a diversos graus, caímos na armadilha de contos heroicos que colocam pessoas comuns ao serviço de uma causa e que querem a todo o preço tornarem-se figuras exemplares. Não entendemos que, fazendo isso, privámo-los do seu direito de serem reconhecidos pelo seu heroísmo comum.
Haverá ainda que vai morrer, ou que viverão à mercê do acaso. Depois, todo este desastre acabará por parar. Então os comentadores esquecerão o que aconteceu e os ecrãs de televisão serão ocupados por outras cenas, de outras mortes em outros lugares. Os correspondentes especiais, os fotógrafos e os jornalistas de agências noticiosas partirão para deixar no desemprego técnico os porta-vozes e outros especialistas em declarações à imprensa.
Então 1.700.000 de seres humanos tirarão a cabeça das nuvens de fumo, de poeira e de pó, depois de ter escapado à morte que atinge cegamente. Esperando a próxima guerra.
Tradução minha

Ecos da blogosfera - 26 jul.

Dando razões para se aceitar um passado irracional da História?

Incidentes antissemitas acumulam-se em manifestações pelo país e abrem debate sobre o limite entre a crítica legítima às políticas israelitas para os palestinianos e o ódio aos judeus.
"A polícia berlinense submete-se aos que odeiam os judeus." O título dado pelo jornal Berliner Tagesspiegel para um protesto contra Israel em Berlim causou alvoroço nas redes sociais. "Judeu, judeu, seu porco covarde: saia e lute sozinho", teriam gritado árabes, sem que a polícia tenha interferido.
Desde o início da ofensiva em Gaza, vários protestos em cidades europeias, iniciados pacificamente, terminaram em violência, como na França no último fim-de-semana, quando lojas judaicas e sinagogas foram alvo de vandalismo. Em Berlim, as autoridades investigam um pregador muçulmano que teria pedido a morte de judeus num vídeo no Youtube.
"Não temos nada contra manifestações nem contra a liberdade de expressão, isso é a essência da democracia", disse o embaixador de Israel em Berlim. "Mas violência contra a polícia ou contra manifestantes pró-Israel, como aconteceu neste fim-de-semana, isso não se pode aceitar. Isso também deveria preocupar os alemães. Um slogan antissemita como ‘judeus para a câmara de gás’, e isso na Alemanha?"
Na Alemanha, onde o tema antissemitismo é extremamente sensível, abriu-se a questão sobre como lidar com este tipo de manifestação. Uma série de políticos, de diferentes partidos, criticou enfaticamente as declarações anti judeus. O governo alemão, no entanto, não vê ainda motivos para elevar o estado de alerta. Ainda assim, tudo está a ser feito para proteger instalações judaicas, garante uma porta-voz da chancelaria federal.
Maior mobilização
O conflito na Faixa de Gaza chegou ao centro da Europa e, com ele, diz o cientista político Stephan Grigat, também o ódio declarado a Israel: "Não é preciso uma grande capacidade de discernimento para se dizer: isto é antissemitismo puro, como se pôde escutar provavelmente da mesma forma drástica há 70 anos nas ruas alemães."
Para o especialista do Instituto de Estudos Judaicos na Universidade de Viena, o atual clima anti Israel na Alemanha não é uma surpresa. Já nos últimos confrontos entre Israel e o Hamas, em 2012, houve protestos com milhares de manifestantes. "Nos anos anteriores, no entanto, eram especialmente pessoas de orientação esquerdista", relembra. Desta vez, diz Grigat, as manifestações foram dominadas por grupos islâmicos: "Muitos dos participantes assumem abertamente estar do lado do Hamas, do Hisbolá xiita no Líbano ou da Jihad Islâmica."
Segundo ele, por trás disto está uma tática pérfida dos islamitas: "Eles usam as imagens de civis mortos em Gaza para então poderem gritar bem alto 'Israel, assassino de crianças' na sua cruzada propagandística de clara tradição antissemita."
A novidade agora, segundo Grigat, está no caráter agressivo das manifestações e no facto de, devido às redes sociais, ser possível mobilizar milhares de pessoas num curto espaço de tempo.
Debate nas redes sociais
A questão de saber se os manifestantes são mesmo impulsionados pela preocupação com a situação humanitária em Gaza também está a ser discutida nas redes sociais. Assim como Grigat, muitos expressam a suspeita de que a crise na Faixa de Gaza está a ser instrumentalizada.
"Quando me posicionei contra a guerra no Iraque, eu gritava 'Parem a guerra no Iraque'", escreveu uma usuária do Twitter. "Se vocês são contra a guerra no Oriente Médio, porque gritam 'Abaixo Israel'?" "Mas quando se pode dizer que se trata de genocídio sem que se seja chamado de antissemita?", retrucou outra usuária. "Eu posso perfeitamente ser contra o antissemitismo nas manifestações na Alemanha e, ao mesmo tempo, ser contra os ataques israelitas em Gaza", escreveu outra.
O judeu Rolf Verlegen, ex-membro da diretoria do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, atribui a responsabilidade pelos sentimentos anti Israel principalmente ao próprio governo israelita. Segundo ele, deve ser possível criticar a política de Israel para Gaza sem automaticamente ser tachado de antissemita. "Se os nossos políticos e os nossos media dizem todos 'sim, está certo o que Israel está a fazer', e se os representantes do judaísmo na Alemanha e na França dizem 'quem for contra as medidas de Israel está contra os judeus', isso torna-se justamente um estímulo para tais slogans antissemitas", opina.
Ele diz também não entender o facto de políticos alemães terem receio de criticar Israel por causa do passado da Alemanha. "O que tem a ver os familiares mortos com o facto de agora estar a acontecer uma injustiça no Oriente Médio? Não se pode permitir que uma injustiça aconteça hoje apontando para coisas terríveis que aconteceram no passado", afirma Verlegen.
Com tais palavras, ele fala por muitos alemães. Segundo uma pesquisa de opinião da revista Stern, mais da metade dos alemães culpa tanto os radicais do Hamas como o Estado de Israel pelo conflito. Para 86% dos alemães, Berlim não deveria tomar abertamente partido em favor de Israel neste conflito.
Em todo caso, as manifestações pró-Gaza deverão continuar, na Alemanha como também em outros países europeus. Nesta sexta-feira, elas deverão atingir um ápice no dia de celebração do Al-Quds. O "Dia Mundial de Jerusalém" é usado anualmente para se realizar grandes manifestações contra Israel, nas quais se exige a "libertação de Jerusalém da ocupação sionista."

Contramaré… 26 jul.

O Tribunal da Relação de Lisboa anulou hoje a coima de 40.000 euros aplicada a Armando Vara, por violação negligente do dever do mercado, na qualidade de vice-presidente da CGD. A 5.ª Secção da Relação de Lisboa aceitou os argumentos de Armando Vara para anulação da coima e indeferiu também hoje o recurso do Ministério Público contra a absolvição do administrador da CGD, em 2006 e 2007. A absolvição foi decretada a 09 de maio deste ano pelo Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, depois de a Relação de Lisboa ter decidido anular a 1.ª sentença, proferida a 15 de julho do ano passado, que condenava Armando Vara a coima única de 50.000 euros, suspensa em 25.000 euros na sua execução por um prazo de 2 anos.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Inocente até velhas suspeitas (com)provadas…

Foi uma denúncia anónima que levou a Polícia Judiciária a visitar, na sexta-feira passada, as duas salas no Hotel Palácio Estoril onde Ricardo Salgado montou um escritório improvisado desde que deixou de ser presidente do BES, há 2 semanas. Alguém foi dizer à PJ que o banqueiro estaria a eliminar documentação levada do banco. Debaixo de fogo nos últimos tempos por causa da ocultação de dívidas nas sociedades com que controlava o banco, Salgado tem estado a ser investigado em vários processos-crime e a polícia resolveu tirar as coisas a limpo.

Ecos da blogosfera - 25 jul.

Quem está na proa, na ré ou na cesta da gávea da Lusofonia?

A cimeira da CPLP que decorreu em Díli ficou marcada pela adesão da Guiné Equatorial à organização, que é agora um Estado membro de pleno direito.
O facto em si, nada tem de marcante. Organizações que se formaram agregando países que falam a mesma língua receberam no seu seio Estados que não têm qualquer afinidade linguística. Moçambique faz parte da Commonwealth e a Guiné-Bissau integra o bloco da Francofonia. Estes 2 exemplos podem repetir-se às centenas.
O que marca a adesão da Guiné Equatorial à CPLP é o alarido feito por membros das elites preconceituosas portuguesas. Em Lisboa surgiram numerosas vozes contra a adesão. Muitas são daquelas que nunca chegarão aos céus. Mas entre os contestatários estão políticos e líderes de opinião que se dizem democratas. O que revela uma contradição insanável eivada de ignorância e uma tendência inquietante para criar um “apartheid” nas relações internacionais. De um lado os democratas puros, os fiéis. E do outro os impuros e infiéis.
Ninguém percebe de onde vem a pureza e a fidelidade dos representantes das elites preconceituosas à democracia. Nem se compreende a soberba com que tratam a Guiné Equatorial e o Presidente Obiang. Em Lisboa é esgrimido um argumento muito débil: o país tem a pena de morte. Muitos estados dos EUA executam todos os dias condenados à pena capital e nem por isso os porta-vozes dessas elites querem expulsar o seu aliado da NATO. Pelo contrário, quando Washington anunciou que ia sair da Ilha Terceira, por já não ter interesse na Base das Lajes, todos se puseram de joelhos, implorando que a base aérea continue.
Outros parceiros políticos e económicos de Portugal têm a pena de morte e isso não impede que os portugueses façam grandes negócios e brindem em Lisboa com o sublime Vinho do Porto. Os argumentos, mais do que débeis, são primários. E mais do que isso: escondem hipocrisia e também muita pressuposição baseada em velhos conceitos coloniais. A CPLP, já aqui o escrevemos, pode ter uma influência grande na política da Guiné Equatorial. O decreto presidencial que suspende a pena de morte até à produção de legislação que determine a sua abolição é um exemplo concreto dessa influência. Se a partir de agora o Governo daquele país se aproximar dos modelos constitucionais que vigoram nos outros Estados membros, então está justificada a adesão.
A questão da Língua Portuguesa também é levantada pelas elites portuguesas ignorantes e corruptas. A Guiné Equatorial adoptou o português como língua oficial, a par do castelhano e do francês. Portanto, esse argumento deixou de valer a partir desse momento. Mas nunca valeu mais do que a caspa que povoa as ideias dos contestatários portugueses à adesão daquele país à CPLP. Explicamos pormenorizadamente.
Parte do território da Guiné Equatorial já foi colónia portuguesa. Só no século XVII passou para a soberania espanhola. A ilha de Fernando Pó recebeu o nome do navegador português que lá aportou. A Ilha de Ano Bom (Ano Novo) está nas mesmas condições. Mas na pequena ilha está um tesouro da lusofonia: fala-se crioulo (fá d’ambô) que tem por base o português arcaico e que chegou quase incólume aos nossos dias.
As ilhas da Guiné Equatorial, está provado, foram povoadas por escravos angolanos. Nós queremos ir lá render homenagem aos nossos antepassados. Agora que Fernando Pó e Ano Bom fazem parte da CPLP, mais facilmente podemos cumprir esse dever. Mas sem a companhia das elites estrábicas, que nem sequer foram capazes de defender a dulcíssima Língua Portuguesa do Acordo Ortográfico.
Os angolanos querem saber mais sobre a Língua Portuguesa e na ilha de Ano Bom, território da CPLP, temos muito que investigar a cultura. Os portugueses deviam ter o mesmo interesse, mas pelos vistos só estão interessados em dar lições de democracia, quando dentro das suas portas há crianças a morrer de fome.
Os Media em Portugal praticam diariamente atentados contra a Língua Portuguesa. Nos jornais já se escrevem mais palavras em inglês do que em português. Nas rádios e televisões a situação é ainda pior. Escrever e falar o português contaminado de anglicismos e galicismos é uma traição a todos os que falam a língua que uniu os países da CPLP.
A Guiné Equatorial já está a preparar o ensino da Língua Portuguesa. Dentro de pouco tempo, os novos parceiros da CPLP vão falar melhor do que as elites portuguesas preconceituosas. O mesmo vai acontecer quando outros países que tiveram contacto com o português no advento dos “descobrimentos”, entrarem para a organização.
Os portugueses têm um grande orgulho na expansão marítima da qual resultou o seu império. Mas agora há países e povos que guardam a memória desse passado comum e querem pertencer à CPLP. Alguns renegam esse passado e opõem-se ao alargamento da organização. São demasiado pequenos para a grandeza da Língua Portuguesa.

Contramaré… 25 jul.

Ricardo Salgado, antigo presidente executivo do BES foi esta manhã detido na casa onde reside, no Estoril, numa operação desencadeada pelo Ministério Público com o apoio de inspectores tributários. A detenção foi levada a cabo no âmbito do envolvimento do ex-banqueiro na chamada Operação Monte Branco.
Em causa está um conjunto de movimentos financeiros, ocorridos entre 2006 e 2012, realizados no quadro de um esquema de ocultação da origem dos fundos e da sua conversão em numerário, abrangendo montantes, na totalidade, “superiores a 30 milhões de euros”.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Vem aí mais uma “carta de chamada” e Moedinhas escuras…

O défice orçamental das administrações públicas quadruplicou em apenas 1 mês e atingiu os 4.192 milhões de euros nos primeiros 6 meses do ano, sendo mesmo superior em 149 milhões de euros ao registado no 1.º semestre do ano passado, informou a Direção-Geral do Orçamento.
No comunicado sobre a síntese de execução orçamental dos primeiros 6 meses do ano, o Ministério das Finanças justifica o aumento do défice com a despesa com o pagamento dos subsídios de férias (que no ano passado aconteceu apenas por altura do subsídio de natal) e do aumento da despesa com salários, após o chumbo do Tribunal Constitucional aos cortes salariais, e o pagamento de juros.
O maior agravamento nas contas foi no subsetor Estado, onde se contam os serviços do Estado sem autonomia financeira (como os Ministérios e institutos), que viu o seu défice agravar-se em mais de 3.000 milhões de euros de maio para junho.
Os gastos da Administração Pública estão acima da previsão do Governo. O chumbo do Constitucional e o pagamento do subsídio de Férias não são os únicos motivos. Há mais rubricas a derrapar nos primeiros 6 meses do ano.
A dívida pública no 1.º trimestre deste ano ascendeu aos 132,9% do PIB, segundo as contas da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), que apontam para um rácio superior ao estimado pelo Banco de Portugal
De acordo com uma nota da UTAO, em contas nacionais (a ótica que conta para Bruxelas), a dívida pública portuguesa atingiu os 132,9% do PIB, valor que supera em 4% o registado no final de 2013 (128,9% do PIB) e que "excede em 2,7% o objetivo previsto para o final de 2014 no Documento de Estratégia Orçamental 2014-2018".
O nome de Maria Luís Albuquerque corre insistentemente em Bruxelas e nos meios financeiros como forte hipótese na calha para comissária. A ministra está de férias até dia 4 de Agosto e fontes das Finanças admitem sinais de mudanças no Ministério.
Passos regressa de Timor no domingo e ficou de falar com Carlos Moedas no início da semana sobre o futuro do seu secretário de Estado adjunto no pós-troika. Caso se confirme a saída de Maria Luís para Bruxelas, o nome de Moedas corre nos meios citados como hipótese para lhe suceder nas Finanças. 
Sobre o aumento do défice, usando apenas a matemática e fazendo contas de “gestora do lar”, já que os especialistas não nos elucidam, se em 2014 não houve novas despesas, como é que se pode ter gasto mais? Isto a propósito da “desculpa” de tal se dever ao com o pagamento dos subsídios de férias (que no ano passado também foram pagos), ao aumento da despesa com salários (que não houve aumentos, mas um chumbo do TC aos cortes) e ao pagamento de juros (aí sim, talvez, pois…, mas não só).
Pelos vistos, como veria um merceeiro, o maior agravamento nas contas foi nos serviços do Estado, nos Ministérios e Institutos. Claro!
Entretanto também a Dívida Pública continua a subir, apesar dos “sucessos”, tornando-se cada vez mais impossível pagá-la dentro ou fora dos prazos (está sempre a subir), fazendo do Documento de Estratégia Orçamental 2014-2018, ainda com a “ajuda” da troika, um apêndice às profecias de Nostradamus…
Bom! No fim de toda esta baralhada e insucessos, e tendo em conta o passado próximo, com Vítor Gaspar a derrapar nas previsões, que o levou à demissão explicada em carta, teremos muito em breve mais uma carta da ministra das Finanças a despedir-se do governo, promovida a Comissária Europeia (talvez das Finanças), como prémio pelo trabalhinho que tão bem fez, à imagem do seu antecessor…
O elogio “fúnebre” será excessivamente elogioso, e pronto!
Vamos passar a ter Moedas a circular no ministério das Finanças à falta de notas… Se os economistas não dão conta do recado, pode ser que um engenheiro (com bons contactos) consiga uma implosão espetacular(mente)…
O futuro é redondo!

Ecos da blogosfera - 24 jul.

Um casamento modernaço com um dote “à antiga”…

Ah, sim, o discurso de Cavaco. Talvez, talvez, depende, "eu avisei". Sempre tarde. Adiante.
Daniel Deusdado
Falemos de coisas concretas e consumadas: o casamento da ANA, uma historieta que tem tudo para sair muito cara. Passo a explicar: a ANA geria os aeroportos com lucros fabulosos para o seu pai, Estado, que, entretanto falido leiloou a filha ao melhor pretendente. Um francês de apelido Vinci, especialista em autoestradas e mais recentemente em aeroportos, pediu a nossa ANA em casamento. E o Estado entregou-a pela melhor maquia (3.000 milhões de euros), tornando lícita a exploração deste monopólio a partir de uma base fabulosa: 47% de margem de exploração (EBITDA).
O Governo rejubilou com o encaixe... Mas vejamos a coisa mais em pormenor. O grupo francês Vinci tem 37% da Lusoponte, uma PPP (parceria público-privada) constituída com a Mota-Engil e assente numa especialidade nacional: o monopólio (mais um) das travessias sobre o Tejo. Ora é por aqui que percebo por que consegue a Vinci pagar muito mais do que os concorrentes à ANA. As estimativas indicam que a mudança do aeroporto da Portela para Alcochete venha a gerar um tráfego de 50.000 veículos e camiões diários entre Lisboa e a nova cidade aeroportuária. É fazer as contas, como diria o outro...
Mas isto só será lucro quando houver um novo aeroporto. Sabemos que a construção de Alcochete depende da saturação da Portela. Para o fazer, a Vinci tem a faca e o queijo na mão. Para começar pode, por exemplo, abrir as portas à Ryanair. No dia em que isso acontecer, a low-cost irlandesa deixa de fazer do Porto a principal porta de entrada, gerando um desequilíbrio turístico ainda mais acentuado a favor da capital. A Ryanair não vai manter 37 destinos em direção ao Porto se puder aterrar também em Lisboa.
Portanto, num primeiro momento os franceses podem apostar em baixar as taxas para as low-cost e os incautos aplaudirão. Todavia, a prazo, gerarão a necessidade de um novo aeroporto através do aumento de passageiros. Quando isso acontecer, a Vinci (certamente com os seus amigos da Mota-Engil) monta um apetecível sindicato de construção (a sua especialidade) e financiamento (com bancos parceiros). A obra do século em Portugal. Bingo! O Estado português será certamente chamado a dar avais e a negociar com a União Europeia fundos estruturais para a nova cidade aeroportuária de Alcochete. Bingo! A Portela ficará livre para os interesses imobiliários ligados ao Bloco Central que sempre existiram para o local. Bingo!
Mas isto não fica por aqui porque não se pode mudar um aeroporto para 50 quilómetros de distância da capital sem se levar o comboio até lá. Portanto, é preciso fazer-se uma ponte ferroviária para ligar Alcochete ao centro de Lisboa. E já agora, com tanto trânsito, outra para carros (ou em alternativa uma ponte apenas, rodoferroviária). Surge portanto e finalmente a prevista ponte Chelas-Barreiro (por onde, já agora, pode passar também o futuro TGV Lisboa-Madrid). Bingo! E, já agora: quem detém o monopólio e know-how das travessias do Tejo? Exatamente, a Lusoponte (Mota-Engil e Vinci). Que concorrerá à nova obra. Mas, mesmo que não ganhe, diz o contrato com o Estado, terá de ser indemnizada pela perda de receitas na Vasco da Gama e 25 de Abril por força da existência de uma nova ponte. Bingo!
Um destes dias, acordaremos, portanto, perante o facto consumado: o imperativo da construção do novo grande aeroporto de Lisboa, em Alcochete, a indispensável 3.ª travessia sobre o Tejo, e a concentração de fundos europeus e financiamento neste colossal investimento na capital. O resto do país, nada tem a ver com isto porque a decisão não é política, é privada, é o mercado... E far-se-á. Sem marcha atrás porque o contrato agora assinado já o previa e todos gostamos muito de receber 3.000 milhões pela ANA, certo? O casamento resultará nisto: se correr bem, os franceses e grupos envolvidos ganham. Correndo mal, pagamos nós. Se ainda estivermos em Portugal, claro.
O Estado terá de pagar uma indemnização à Vinci caso não chegue a um acordo com a empresa que ganhou a privatização dos Aeroportos de Portugal, para avançar com um novo aeroporto em Lisboa. O alerta foi feito pelo deputado socialista Paulo Campos, durante a audição no Parlamento da comissão de acompanhamento à privatização da ANA.
Bruxo!

Contramaré… 24 jul.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Enfermeiro ou Técnico de Marketing, €550. É pegar ou emigrar…

A taxa de desemprego tem vindo a cair de forma consistente desde fevereiro do ano passado e o mercado começa a dar sinais de alguma vitalidade. Os números mais recentes do IEFP apontam para uma redução do número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego, menos pedidos de emprego e mais empregos oferecidos. O problema? É que aumentam também os empregos que ninguém quer. Resultado? Há mais emprego, mas também há mais emprego por preencher.
Os números do IEFP mostram que no final de junho estavam sem emprego 614.982 portugueses, tendo sido registado um total de 870.448 pedidos de emprego - 70,7% por pessoas desempregadas. Por seu turno, as ofertas disponíveis cresceram 24,5% em junho face ao registado em maio do ano 2013, ainda que a tenha havido menos 2.000 vagas do que em maio. Mas, de acordo com os mesmos dados de junho, ficaram por preencher 22.290 ofertas de emprego disponibilizadas pelo IEFP, o que representa uma subida de 38,1% face ao mesmo período do ano passado, a subida relativamente ao mês de maio, é de 6,2%.
Este aumento das vagas de emprego por preencher é fruto do aumento das vagas disponíveis e de uma redução do número de pessoas que as procuram, mas a oferta ainda está bem longe de se adequar à procura o que aumenta o peso de um outro factor: a qualidade do emprego oferecido, e que se degradou com a crise. São mal remunerados, de curta duração e, muitas vezes a tempo parcial. Pior: deixam de fora os jovens sem experiência, tal como as pessoas bem qualificadas.
Os números do IEFP mostram que a maior parte das colocações feitas nos últimos meses têm recaído nos trabalhadores não qualificados que, em junho, representaram 24,4% do emprego criado em Portugal (2.056 empregos criados).
Exemplo disso mesmo é, por exemplo, uma oferta visível no site do IEFP para um Enfermeiro de cuidados gerais, no Barreiro, cujo contrato oferecido é a tempo parcial e a termo certo (6 meses) a uma remuneração de 550 euros. Em Lisboa pode observar-se uma oferta para a área da Publicidade e Marketing, onde se exige pelo menos uma licenciatura, se oferece um contrato por 12 meses, a tempo completo e, em troca, os mesmos 550 euros.
Já não dá vontade de contestar as razões da “descida” da taxa de desemprego, mas, tal como o governo, não desistimos de denunciar as manipulações, dos números e do cidadão…
Quanto aos dados mais recentes do IEFP, que apontam para uma redução do número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego, é bom lembrar que os cortes nos subsídios, até ao zero, vão eliminando aos poucos o batalhão dos condenados… E ainda vale a pena falar dos emigrados, que mandaram o país e o IEFP às malvas, reduzindo as bichas nas sucursais…
Pela mesma razão, é lógico que cada vez mais há menos pedidos de emprego, como concluiria o Sr. de La Palisse, embora não se entenda que tenha havido 870.448 pedidos de emprego, quando há (dizem) 614.982 portugueses sem emprego… Quererá dizer que há 255.466 portugueses que, estando empregados, querem mudar? Bestial!
Só falta “justificar” por que há mais oferta de empregos, embora esteja implícito nas condições oferecidas:
1 - São mal remunerados;
2 - São de curta duração e, muitas vezes a tempo parcial;
3 - Deixam de fora os jovens sem experiência;
4- Excluem as pessoas bem qualificadas.
E por isso, a maior parte das colocações feitas nos últimos meses têm recaído nos trabalhadores não qualificados, contrariando a filosofia reinante sobre o trabalho e a riqueza do país, que aposta na qualificação e na inovação, tentando impingir-nos o (tal) ensino dual e insistindo no paleio de a baixa de salários não ser a opção dos nossos governantes…
Para contrariar as bases filosóficas do governo sobre a área laboral e a falta de procura dos empregos disponibilizados, eis 2 exemplos reais, ofertas visíveis no site do IEFP e que se pode extrapolar seguramente:
1 . Enfermeiro de cuidados gerais, a tempo parcial e a termo certo (6 meses), por 550 euros/mês;
2. Técnico de Publicidade e Marketing, com licenciatura, contrato por 12 meses, a tempo completo, pelos mesmos 550 euros/mês.
Ou seja, licenciados especialistas, a tempo inteiro ou parcial, ganham o mesmo, a brutalidade de 550 euros. Trabalhadores não qualificados, que ganhem o SMN ganham 485 euros, até o próximo aumento para 500 euros, que pelo andar da carruagem deverá ser em 2020…
Valerá a pena estudar, licenciar-se e qualificar-se para trabalhar e receber uma remuneração que ronda o limiar da pobreza?
Vamos enriquecer os argumentos e deixar de pensar que os cidadãos têm antolhos?

Ecos da blogosfera - 23 jul.

Confissão de um terrorista

Mahmoud Darwish ou Mahmoud Darwich (Al-Birweh, 1942 - Houston, 2008) foi um poeta e escritor árabe nascido na Palestina, à época do Mandato Britânico.
Nascido num vilarejo, a 10,5 quilómetros de Acre, na Galileia, era o segundo dos 8 filhos de uma família sunita de proprietários de terras. A vila árabe foi inteiramente arrasada pelas forças israelitas, durante a guerra de 1948 e a família Darwish refugiou-se no Líbano, onde permaneceu por um ano, e, ao retornar clandestinamente e descobrir que o vilarejo tinha sido substituído pelo colonato agrícola judaico de Ahihud.
Entre 1961 e 1967, foi preso diversas vezes, até 1970, quando passou a viver como refugiado até ser autorizado a retornar, para comparecer a um funeral, em maio de 1996.
Darwish é o autor da Declaração de Independência Palestina, escrita em 1988 e lida pelo líder palestiniano Iasser Arafat, quando declarou unilateralmente a criação do Estado Palestino.
Integrante da OLP, Darwish afastou-se da organização em 1993, por discordar da posição da organização no tocante aos Acordos de Oslo.
Darwish é considerado o poeta nacional da Palestina. O seu trabalho, que evoca a dor do deslocamento com paradoxos subtis, foi traduzido em mais de 20 línguas. Na obra do poeta, além da angústia do exílio, a Palestina aparece como metáfora do "paraíso perdido", nascimento e ressurreição.

terça-feira, 22 de julho de 2014

O Facebook e o Twitter hoje são armas. Usemo-las "With love"...

Enquanto fotos de vítimas civis palestinianas inundam a internet, o governo e organizações israelitas usam o Facebook e o Twitter para tentar reverter a opinião pública sobre a mais recente ofensiva na Faixa de Gaza.
Em 2006, crianças israelitas escreviam mensagens nas
bombas que seriam lançadas sobre os palestinianos:
"From Israel with love". Hoje são adultas…
Nas 2 últimas semanas, as redes sociais como o Facebook e o Twitter vêm recebendo uma enxurrada de imagens sobre a ofensiva israelita na Faixa de Gaza. As fotos do banho de sangue aparecem de forma tão imediata, que mesmo aqueles que nunca foram a Israel e não têm qualquer ligação com os palestinianos acabam por se envolverem emocionalmente.
Foi assim, por exemplo, na semana passada, quando 4 crianças palestinianas foram mortas por um bombardeio israelita quando brincavam numa praia em Gaza. Outras 3 crianças foram levadas à pressa a uma varanda próxima do hotel Al-Deira, onde jornalistas realizavam medidas de primeiros-socorros para tentar salvar a vida de uma delas, ferida por um estilhaço no peito.
Incidentes como estes, que aparentam ter as crianças como alvos indiscriminados, geram revolta em boa parte da opinião pública. Sabedor disso, Israel decidiu contra-atacar também na guerra da propaganda online, que, até ao momento, parece estar a ser vencida pelos palestinianos.
Conflito online
Num campus tranquilo e arborizado, localizado numa bucólica faixa do litoral do mar Mediterrâneo, está o acanhado laboratório de computação da universidade IDC Hertzliya. Dentro do edifício, o norte de Tel Aviv, encontra-se o centro de comando da nova contraofensiva nas redes sociais promovida por Israel.
Um grupo de 400 estudantes trabalha para diminuir a crescente onda de simpatia pelos palestinianos em Gaza, utilizando o hashtag #IsraelUnderFire ("Israel sob fogo"). Angariam apoio para uma guerra que entendem ser inevitável, provocada, segundo eles, unicamente pelos mísseis lançados pelos militantes do Hamas. A base da contraofensiva dos media ficou conhecida como a "Sala Hasbara" - ou a "Sala das Explanações".
Do lado palestiniano, o hashtag #GazaUnderAttack ("Gaza sob ataque") perdeu credibilidade após a descoberta pela rede de notícias BBC de que algumas das imagens postadas eram de episódios mais antigos da violência entre palestinianos e israelitas, ou ainda de outros locais de conflito no Médio Oriente, como o Iraque e a Síria.
Entretanto, o jornal americano New York Times denunciou que imagens divulgadas pela “Sala Hasbara” também teriam sido falsamente identificadas ou até forjadas.
"Uma das imagens mais postadas pelo #IsraelUnderFire mostra uma manifestante muçulmana a segurar um cartaz com os dizeres: ‘Parem com o terrorismo do Hamas em Israel’ e ‘Liberte Gaza do Hamas’. No entanto, essas imagens parecem ter sido forjadas digitalmente, através da manipulação de uma fotografia de um protesto de novembro de 2012 em Sarajevo”, afirmou o diário nova-iorquino.
Abaixo, a imagem como foi divulgada:
E aquela que seria a foto original:
A estudante de Relações Internacionais Chenli Pinchevskey, de 22 anos, mergulhou de cabeça na campanha, na qual trabalha em tempo integral. Ela administra os voluntários e a equipe da Sala Hasbara, que funciona através do financiamento da sua universidade e de doações.
"Hoje em dia, o mundo é dominado pelos media, e o que se vê é o que se sabe. Nós aprendemos com o passar dos anos que o mundo não ouve Israel o suficiente e não conhece o nosso lado da história", afirma. "Toda a história tem 2 lados, e nós temos a nossa própria história para contar. Passamos por tantas mentiras, discursos de ódio e propagandas, que sentimos que temos de fazer alguma coisa."
Os 2 lados da história
Ela diz que o seu grupo não faz propaganda de guerra: "Penso que o que fazemos é contar a nossa história, do modo como a sentimos todos os dias. Estou a contar ao mundo como é viver em Israel, como é não poder sair de casa em razão do medo de que as sirenes sejam acionadas."
Ao ser indagada se sente alguma simpatia pelos inocentes mortos ou feridos em Gaza, afirma: "Em Gaza as crianças tem tanto medo como o meu irmãozinho; quero que o mundo saiba que o Hamas está a fazer isto com todos nós, e que pode e deve ser detido."
O presidente da União Nacional de Estudantes, Yarden Bem-Youssef, e o estudante Lidon Bar David criaram a “Sala Hasbara” há 2 anos, durante a última investida de Israel na Faixa de Gaza.
Na época, os estudantes não foram convocados como reservistas do Exército para participar da operação contra o Hamas. Estimam que em 2012 as suas mensagens atingiram cerca de 21.000.000 de pessoas em todo o mundo. Recentemente, a dupla criou o website israelunderfire.com.
O seu grupo defende a ofensiva de Israel em Gaza através da divulgação de vídeos, imagens, anúncios, pósteres, comentários e dos chamados "memes" nas redes sociais Facebook e Twitter.
No seu website, as postagens do blog são adicionadas e escritas por um roteirista de Hollywood, reservista do Exército de Israel. Os vídeos trazem argumentos sobre o direito israelita à autodefesa e estabelece ligações entre os projéteis lançados pelos militantes de Gaza com ataques terroristas como o 11 de Setembro.
Ali Abunimah, fundador do website Electronic Intifada, a versão palestiniana dos portais israelitas, afirmou ao New York Times que se surpreendeu com forma com que os estudantes israelitas se identificam abertamente como partidários trabalhando em conjunto com seu governo, para justificar o uso da força em Gaza.
Netanyahu no Twitter
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apoia a equipe do Israel Under Fire. Ele próprio iniciou o que chamou de "sala de guerra diplomática", que opera de modo semelhante à Sala Hasbara – com a diferença de que está localizada no seu gabinete.
O chamado "Masa Israel Journey" diz ser um esforço conjunto para aumentar a consciencialização sobre o conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, e para explicar ao mundo que o país embarcou numa operação de defesa sob o lema "Israel Under Fire".
O escritório de imprensa do governo não revelou o valor do financiamento estatal destinado à máquina de propaganda israelita, mas sabe-se que a iniciativa é parcialmente apoiada pela Agência Judaica, a organização que serviu como autoridade para os judeus no que hoje é o Estado de Israel.
Se a iniciativa funciona de facto ou não, já é outra história. No entanto, o Twitter está repleto de postagens do primeiro-ministro, como a abaixo, em que é dito que o Hamas esconde mísseis em escolas da ONU em Gaza no intuito de atingir escolas e crianças em Israel.
Ontem dizia eu que a diplomacia é uma arma (antiga), hoje regista-se que há outras armas não convencionais, como as redes sociais (os blogues demoram mais tempo a produzir efeitos), usadas por ambas as partes…
Constata-se no entanto que a manipulação e a mentira desvalorizam o efeito pretendido, e que quem mente uma vez mente 100 e que a verdade não passa por aí…
Assim, podemos entrar no campo de batalha, em defesa dos nossos valores e em defesa dos mais vulneráveis, ou não…
Mas era bom que convencêssemos Netanyahu de que não tem o apoio forte da comunidade internacional…
Imagem 1, 2 e 3

Ecos da blogosfera - 22 jul.

Quando a supervisão for do BCE já não haverá mais “BES”?

À medida que os episódios se sucedem é muito evidente que Ricardo Salgado não pode ser o único vilão; que Carlos Costa e Carlos Tavares não são os heróis que alguns apregoaram; e que o Governo – e a troika - sabem há muito que uma bomba poderia rebentar.
Rui Peres Jorge
A novela Espírito Santo seria simplesmente espectacular não fossem os riscos que coloca à retoma, às contas públicas e à confiança sobre o sector financeiro e as reformas implementadas durante os anos da troika. Os desenvolvimentos das últimas semanas confirmam que muita coisa está a mudar em Portugal, sem dúvida. Mas são também a prova de que muitas outras teimam em mudar demasiado devagar, com destaque para o comportamento irresponsável de gestores financeiros de topo, para a mão suave do Banco de Portugal e da CMVM, e para as dificuldades de cooperação entre os 2 supervisores no controlo de um sector que insiste em desiludir.
Esta lentidão é mais extraordinária porque ao contrário do que aconteceu nos anos que antecederam os casos BPN, BCP e BPP, a história recente ensinou-nos (relembrou-nos) os muitos perigos que o sistema financeiro coloca à economia. Se isso não bastasse, a sucessão de escândalos internacionais já pós crise "sub-prime" e a resistência das instituições financeiras à mudança deveria chegar para uma lógica de tolerância zero em relação às práticas de gestão bancária.
À medida que os episódios se sucedem é muito evidente que Ricardo Salgado não pode ser o único vilão; que Carlos Costa e Carlos Tavares não são os heróis que alguns apregoaram; e que o Governo – e a troika - sabem há muito que uma bomba poderia rebentar. Percebe-se agora melhor porque é que os 6.400 milhões de euros do empréstimo internacional não podiam ser usados, mesmo após a conclusão do programa de ajustamento.
É cedo para tirar conclusões sobre o que se passou. Mas é já tempo de definir algumas das perguntas que deveriam ter resposta para que se possam apurar responsabilidades e, como prometeu Vítor Bento aos seus trabalhadores, conquistar a confiança dos mercados. Aqui ficam 11:
1. Na sequência da recusa do BES de recorrer a capital público durante o programa de ajustamento, o Banco de Portugal e o Governo garantiram que a decisão era baseada em critérios financeiros e acautelaram o risco de ser uma tentativa de fugir a controlo adicional?
2. Que mudanças materiais ocorreram para apenas numa auditoria de final de 2013 terem sido identificados riscos relevantes na exposição do BES ao GES?
3. A identificação dos riscos, só no final do programa de ajustamento, deve-se a dificuldades de obtenção de informação com os instrumentos e equipas de supervisão disponíveis, a má avaliação da informação apurada nas várias auditorias, ou a complacência dos reguladores face às fragilidades identificadas?
4. O financiamento de empresas do grupo através da venda de dívida nos balcões e gabinetes do banco foi avaliado pelos reguladores antes do final de 2013?
5. Qual o conhecimento que o ROC de há muitos anos (a KPMG) tinha sobre as contas e as práticas do banco, nomeadamente a relação com o GES?
6. O que sabe o Banco de Portugal sobre as contas do BES Angola (BESA) nos últimos 4 anos? E sobre a situação actual?
7. Onde está a garantia legal do Governo angolano sobre as perdas no BESA? O que diz exactamente? Em que jurisdição legal pode ser exercida e contestada?
8. Se o BES exercer a garantia sobre as perdas no BESA, o que recebe em troca o Estado Angolano?
9. Se Angola não cumprisse o definido na alegada garantia, qual o impacto para as contas do BES?
10. Qual a exposição das instituições financeiras nacionais às várias empresas do GES e à dívida subordinada do BES?
11. Que medidas estão a ser tomadas para garantir que o BES mantém um funcionamento regular na concessão de crédito à economia?
Perante tudo isto e mais o que se vai passando nas barbas dos supervisores nacionais, não dá para entender o regozijo e a fé que tantos experts na matéria depositam na supervisão do BCE, que vai ser sobre 200 bancos, garantindo-nos que vai funcionar como uma peneira fina, gerando a transparência de dados que tem falhado e produzindo a fluidez atempada da informação…
Matematicamente, a qualidade da supervisão não é diretamente proporcional à quantidade dos números do trapalhão?
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